A atriz e produtora Viola Davis será homenageada com o prêmio ‘Women In Motion 2022’, concedido pelo Kering Group e pelo Festival Cannes. Classificada pelos organizadores do prêmio como uma das atrizes mais influentes de seu tempo, o compromisso de Viola com as minorias e com os direitos das mulheres também foram colocados em destaque para a concessão da honraria.
“Seu talento, trabalho duro, escolha de papéis e a maneira como ela os interpreta lhe renderam os mais altos reconhecimentos da indústria cinematográfica”, destacou o comunicado.
Desde seu lançamento em 2015, o ‘Women In Motion‘ premia e destaca a criatividade e a singularidade de mulheres que, no campo das artes e da cultura, contribuem, por meio de suas obras, para transformar a visão de mundo da sociedade. “Viola é uma das poucas personalidades de Hollywood que ganhou um Globo de Ouro, um BAFTA, quatro SAG Awards e conquistou o que Hollywood chama de Tríplice Coroa de Atuação: dois Tony Awards, um Oscar e um Emmy”, destacou o Kering Group. “Essas conquistas fazem dela a única atriz afro-americana a receber tantas indicações e prêmios por seus papéis no teatro, televisão e cinema”.
Com ‘papel transformador’ na sociedade, Viola Davis será homenageada pelo Festival Cannes 2022. Foto: Allure Magazine.
Ativista fervorosa, Viola Davis tem se manifestado regularmente para defender a inclusão na indústria cinematográfica, além de lutar pela igualdade de gênero. Para além da sua luta a favor das mulheres e das minorias, Davis também combate os efeitos da pobreza, através do seu empenho desde 2014 como voz ativa do projeto ‘Hunger Is‘, arrecadando alimentos para comunidades em situação de vulnerabilidade econômica pelo mundo.
Viola Davis receberá o ‘Women In Motion‘ em Cannes, no dia 22 de maio.
As notas de corte do Sisu (Sistema de Seleção Unificada) são maiores para cotistas do que para os candidatos de ampla concorrência, em 25,3% do total de graduções disponíveis do programa, em uma ou mais “subcotas”, segundo levantamento feito pela Folha de S. Paulo.
No total, 6.014 vagas são afetadas, ou seja, 5,2% das reservadas ao sistema de cotas, criado para garantir o acesso de pessoas pretas, pardas, indígenas, com deficiência, e de baixa renda nas universidades. Os números foram com base de 6.146 cursos, do primeiro semestre de 2022.
Ainda segundo o levantamento, desde 2019, ano com dados mais antigos disponibilizados pelo MEC, 26.892 vagas de cotistas tiveram essa característica.
O Sisu oferece cursos em universidades públicas e institutos federais de todo o país, com pelo menos oito tipos de cota, resultantes da combinação de quatro categorias, previsto por lei: tipo de escola de ensino médio, renda, cor e existência ou não de deficiência.
Por exemplo, no ato da inscrição, um candidato preto com deficiência, renda de até 1,5 salário e egresso de escola pública, por exemplo, está habilitado para as oito categorias, já que se enquadra em todos os critérios de ação afirmativa, mas só pode escolher uma. só pode escolher uma dessas modalidades de cota, ou “subcotas”, mesmo que esteja habilitado para outras.
Para a Folha, o MEC afirmou apenas que o candidato que atenda aos critérios das cotas pode escolher se quer concorrer pela reserva de vagas e dispõe de informações para tomar a decisão.
“Um estudante que atenda aos critérios exigidos pela Lei de Cotas verá no sistema informações da nota de corte dos cursos, por modalidades de concorrência, durante todo o período de inscrição, podendo escolher se quer disputar uma vaga pela modalidade de ampla concorrência, lei de cotas ou ação afirmativa própria das instituições que ofertem essa última opção”, diz a pasta em nota.
Após cinco anos de hiato desde o lançamento do seu bem sucedido álbum ”Damn.” e da trilha sonora de Pantera Negra, Kendrick Lamar está de volta. O rapper irá lançar seu próximo disco, ”Mr Morale & The Big Steppers” já no próximo dia 13.
E o lead-single do projeto já chegou fazendo barulho. The Heart Part 5 chega acompanhada de um videoclipe dirigido por Dave Free, onde o artista faz deepfakes (animações onde troca de rosto) de nome como Kobe Bryant, O.J Simpson, Kanye West, Will Smith, Nipsey Hussle e Jussie Smollett. Essa parte do vídeo ficou sobre os cuidados do mesmo estúdio da animação de South Park.
A faixa que é produzida por Beach Noise, conta com o sample da faixa I Want You, de Marvin Gaye, começa com um monologo: ”Conforme fui envelhecendo, percebi que a vida é perspectiva. E a minha perspectiva, talvez seja diferente da sua. Eu quero agradecer a todos que estiveram comigo, à todos os meus fãs, todos os meus lindos fãs. À todos que me escuta, todo o meu povo” ASSISTA
É possível imaginar que todas as criações e invenções do mundo vieram de um único lugar? Falando assim, a gente tende rapidamente a dizer que não, mas será que não é assim que aprendemos na escola durante toda a vida? Todas as maiores invenções em todas as áreas do conhecimento são apresentadas a nós como nascidas na Europa, mais especificamente, na Grécia.
Para transformar essa realidade e trazer referências afrocentradas para crianças negras, a professora e cientista Bárbara Carine Soares Pinheiro escreveu o livro “História pretinha das coisas: as descobertas de Ori”. A obra é um livro infantil que apresenta uma narrativa fictícia que se passa nos dias atuais. Localizada entre a cidade de Salvador, na Bahia, e a cidade histórica de Meroé, no Sudão, a história remonta a invenções e personalidades reais históricas africanas e afrodiaspóricas.
“Eu transitei por espaços onde eu não me via em nenhuma das referências ali possíveis. Fiz uma graduação em Química, um mestrado e um doutorado sem ter tido uma professora negra, sem nunca ter lido intelectuais negras, sem nunca ter conhecido, na história da ciência, uma cientista negra. É nesse lugar que eu me formmo e que eu projeto a minha escrita para construiruma história diferente para essas crianças, essas pessoas que estão vindo depois de mim e precisam se construir subjetivamente a partir da positivação da sua ancestralidade”, explica a autora.
“Ori” é uma palavra da língua iorubá que significa literalmente “cabeça”. Refere-se à intuição espiritual e destino, sendo a força pessoal de regimento da nossa inteligência pela espiritualidade. Por esta razão, esta menininha tão linda e inteligente será para nós um elo entre passado e futuro, que irá nos transportar para uma realidade africana muito diferente daquela largamente apresentada pelo Ocidente.
Trata-se de uma literatura formativa para as crianças com relação a temas importantes, como a valorização da intelectualidade negra nas ciências e suas tecnologias, a relevância de mulheres cientistas e a naturalização da existência de famílias fora dos padrões heteroafetivos.
O livro pode ser adquirido em livrarias físicas e digitais.
É oficial, Ncuti Gatwa foi confirmado como o novo Doutor em ‘Doctor Who’. A informação foi anunciada neste domingo (8) pela BBC, emissora responsável pela produção da icônica série. “Não há palavras que possam descrever o que estou sentindo. É uma mistura de profundamente honrado, mais do que empolgado e, claro, com um pouco de medo”, disse Gatwa em comunicado. “Esse papel e essa série significam tanto para tantas pessoas ao redor do mundo, inclusive para mim, e cada um dos meus talentosos antecessores lidaram com essa responsabilidade única e privilégio com o máximo cuidado. Vou me esforçar ao máximo para fazer o mesmo”.
Ncuti Gatwa será o 14º Doutor e o primeiro ator negro a interpretar o papel. ‘Doctor Who’ é uma série de ficção científica britânica, transmitida desde 1963. A série mostra as aventuras do Doutor, um Senhor do Tempo alienígena do planeta Gallifrey, que explora o universo em sua máquina do tempo. A obra possui forte impacto dentro da cultura popular, principalmente para os britânicos.
O estilista Ibrahim Kamara foi anunciado como novo diretor de arte e imagem da Off-White. Fato acontece após a inesperada morte deVirgil Abloh, em novembro de 2021, criador da marca e um dos nomes mais influentes da moda mundial ao longo dos últimos anos.
O novo papel de Kamara segue as intenções da Off-White em reunir um grupo de profissionais criativos para supervisionar a direção artística e servir como um conjunto coletivo. Como diretor, Kamara “desenvolverá ainda mais sua influência e visão sobre as coleções, imagem e conteúdo da marca”, de acordo com o anúncio oficial da grife.
Ibrahim Kamara. Foto: Dazed Magazine.
“Virgil estará para sempre conosco. Comigo”, compartilhou Kamara em um post recente no Instagram. “Ele mudou o mundo e deixou uma marca indelével em quem o encontrou e além. Generoso com seu tempo, mente e criatividade – ele viu todos e criou com todos os humanos em mente. Estou honrado em vincular ainda mais meus laços com Off-White como seu diretor de arte e imagem e fazer parte da equipe que contará o resto da história que Virgil começou a escrever para todos nós.”
Jornalista e estilista de moda, nascido em Serra Leoa mas com base em Londres, Ibrahim Kamara vem sendo considerado como um verdadeiro fenômeno no mundo da moda. Atuando como editor-chefe da Dazed, foi ainda ex-editor geral da i-D. O profissional também colaborou com uma variedade de marcas de luxo ao longo dos anos, incluindo Burberry e Louis Vuitton.
Ibrahim Kamara. Foto:Vogue Magazine.
“Após o trágico falecimento de Virgil, trabalhamos incansavelmente para manter seu legado vivo e a marca relevante como ponto de referência e plataforma em constante evolução”, disse Andrea Grilli, CEO da Off-White, em comunicado oficial. “Inspirados pela visão e abordagem de Virgil em sua arte, nutrimos um coletivo de mentes criativas que representam o melhor em sua categoria e têm uma conexão forte e pessoal com Virgil. Ter Ibrahim a bordo, que faz parte da família Off-White há anos estilizando nossos shows, para supervisionar a arte e a criatividade da marca neste próximo capítulo é uma grande honra. Com seu talento e visão, estamos ansiosos para assumir o próximo capítulo da Off-White juntos, sempre lembrando a criatividade e os valores inovadores que Virgil tinha no coração e que são o núcleo da nossa marca”.
Como mãe negra, se você já teve qualquer contato com alguma das obras da Carolina Maria de Jesus, provavelmente você se identificou com ela em algum momento.
Mãe de três filhos, Carolina publicou o livro Quarto de Despejo, em 1960, mas ele ainda atravessa tanto a nossa realidade, que parece ter sido sido escrito por alguma mãe negra e favelada atualmente. O racismo, a falta de moradia digna, a fome, a pobreza, a saúde precária, muitas dessas notícias ainda atuais e continuamos lutando pelos direitos básicos para nós e nossos filhos.
Quando fui à exposição da Carolina Maria de Jesus no IMS(Instituto Moreira Salles), na Avenida Paulista (SP), uma frase específica me chamou a atenção: ‘Pobre não tem direito de criar filhos’.
Enquanto achávamos que a nossa principal luta seria o direito a matricular nossos filhos nas creches, o país teve um “boom” de famílias inteiras com crianças, que vão morar nas ruas, passam fome ou sofrem algum grau de insegurança alimentar, desde o início pandemia da covid-19.
Segundo o Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), cerca de meio milhão de brasileiros podem estar morando nas ruas hoje, principalmente, por não terem dinheiro para pagar moradia. O coletivo pontua que mulheres e crianças tem sido uma parcela bem expressiva.
Em 2018, o Brasil voltou ao Mapa da Fome e em 2020, de acordo com a pesquisa da Rede Penssan, 55,2% dos brasileiros vivem com a insegurança alimentar.
No ano passado, em diversos noticiários do país, foi possível ver pessoas fazendo filas para ganhar ossos, até que os açougues passaram a vender esses ossos, que chegam a custar R$4 o quilo, nas periferias de São Paulo, que continuam sendo uma realidade atual.
Nada diferente da realidade do Dia das Mães da Carolina, escrito na década de 50. “Ontem eu ganhei metade de uma cabeça de porco no Frigorífico. Comemos a carne e guardei os ossos. E hoje puis os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus filhos estão sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles não são exigentes no paladar”.
Carolina também diz: “Quando uma criança passa fome, é problema de todo mundo”, mas parece que ninguém se importa.
Dia 8 de maio é Dia das Mães, mas nem todas as mães estão felizes, assim como Carolina também não estava quando escreveu Quarto de Despejo: ‘Parece que até a Natureza quer homenagear as mães que atualmente se sentem infeliz por não poder realisar os desejos dos seus filhos’.
Lizzo em 'About Damn Time'. Foto: Reprodução / Youtube.
A cantora Lizzo está vivendo um ótimo momento em sua carreira. Após o lançamento do single ‘About Damn Time’, os números da artista nas plataformas de streaming dispararam numa crescente impressionante. O registro já está entre as 10 canções mais reproduzidas do mundo no Spotify, maior plataforma de música do planeta.
De acordo com a própria Lizzo, ‘About Damn Time’ é um “hino para curar, seguir em frente e refletir sobre todas as lutas contra depressão e ansiedade”. Cantora reflete que incentiva os ouvintes a falarem sobre seus sentimentos e lutarem por dias melhores, mesmo em momentos sombrios.
“Eu fiz a música do verão com ‘About Damn Time’. Estou na minha arte, e minha arte é a música. Eu sou boa em música. É o que eu faço“, contou Lizzo através das redes sociais. “‘About Damn Time’ pode levar a muitas conversas. Já está na hora de me sentir melhor, está na hora de sair dessa pandemia. Já está na hora de termos a primeira juíza negra da Suprema Corte. São tantas coisas. Já era hora de estourar o champanhe. Já era hora da tequila chegar aqui“.
Confiante com sua arte, ela realmente lançou a música do verão norte-americano. Pela primeira vez na carreira, Lizzo entrou no TOP 10 Global do Spotify, além de atingir o topo do TikTok, com milhares de vídeos virais sendo criados utilizando o áudio da canção. Nos Estados Unidos, a cantora também segue quebrando recordes, colocando a música entre as 5 mais escutadas do país. ‘About Damn Time’ fará parte de seu novo álbum ‘Special’, a ser lançado no próximo dia 15 de Julho.
“Eu acho que a música realmente vai falar por si mesma. Estou escrevendo músicas sobre o amor de todas as direções, e espero poder transformar um pouco do medo que está correndo solto neste mundo, energeticamente em amor“, comentou Lizzo sobre ‘Special’. “Essa é a questão. Eu tinha muito medo, e tive que fazer o trabalho em mim mesmo, e essa música é um pouco desse trabalho para transformar esse medo em amor. Espero que quando as pessoas ouvirem este álbum, isso torne o dia deles um pouco melhor, um pouco mais cheio de amor”.
Glaucia Batista, 41, é mãe de duas crianças atípicas. O Thales, 10, diagnosticado com TDL (Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem) e Breno, 6, com TEA (Transtorno de Espectro Autista).
O TDL trata-se da dificuldade persistente em expressar linguagem e pode se manifestar de forma sutil. Já o TEA, é um distúbrio do neurodesenvolvimento que causa déficits na comunicação, na interação social e padrões de comportamentos repetitivos.
“Comecei a perceber que meu filho não falava como as outras crianças da mesma idade antes mesmo dos 2 anos. Fiquei muito assustada porque nunca tinha ouvido falar de TDL (antes conhecido como DEL)”, relata Glaucia sobre o filho mais velho.
Como tudo era muito novo, ela começou a pesquisar sobre o tema e se tornou Embaixadora pela Conscientização do TDL no Brasil. “Esse conhecimento foi fundamental para que eu pudesse ajudar meu filho a se desenvolver, pois estimular o desenvolvimento dele potencializava os efeitos das intervenções da fonoaudióloga que o acompanhava na época”. E completa, “ano passado ele obteve alta e hoje se expressa bem”.
O filho mais novo também apresentava “[Ele] também estava demorando a falar, mas ele tinha características e personalidade bem diferentes. Ele recebeu o diagnóstico de autismo aos 2 anos”, relembra.
Pela experiência de já ser uma mãe atípica, desta vez, Glaucia conseguiu lidar de uma forma mais tranquila. “Me senti aliviada por ter um nome para buscar orientação, direitos e o que fazer a partir de então. Preocupada com o futuro, comecei a correr atrás de um tratamento mais intensivo para ele e viável para o nosso orçamento”.
Depois do dignóstico do Breno, a mãe optou por trabalhar apenas em home office para ter mais flexibilidade de horário e acompanhá-lo nas sessões, consultas e reuniões.
“É muito corrido, cansativo e dispendioso lidar com tudo isso sem rede de apoio. E quando eu digo rede de apoio, não falo da ajuda de familiares. É uma questão política. A estrutura não foi feita para acolher a diversidade humana. Os espaços de convivência, a mobilidade urbana, as escolas, a saúde pública, nada é pensado incluindo as nossas crianças, uma população que só aumenta paralelo ao avanço da conscientização”, desabafa.
Quando se trata de rede apoio, o SUS (Sistema Único de Saúde) é o que mais deixa a desejar. “Não existe terapia, não existe exames, consultas, tudo é muito demorado. Quem depende exclusivamente, está lançado a própria sorte”.
“Uma cidade aqui do lado, São Gonçalo, eles sorteiam vagas para tratamento de autismo. Chega a ser violento você olhar. ‘Se inscreva seu filho no sorteio’ pra saber se ele vai poder ser tratado”, relata.
Por essas razões, apesar das dificuldades, Glaucia optou para que os filhos realizassem todo o tratamento por meio de um plano de saúde.
O LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social), pagam um salário mínimo para famílias que tenham um membro com deficiência ou algum tipo de transtorno, mas a mãe diz o quanto é injusto as regras do programa.
“Pra você passar num programa desse, você tem que ser miserável, ter uma renda muito baixa. Às vezes a pessoa tem o salário um pouco acima, ganha dois salários mínimos pra família inteira, já não é aprovado pra receber o auxílio. A família que tem pessoa com deficiência de classe média, a renda dela vai toda em medicação, deslocamento, em consulta médica e tratamentos. E se um dia ela foi classe média, ela não é mais”, explica.
Esses desafios faz a Glaucia perceber como podem ser diferentes as lutas entre mães atípicas negras e brancas. “Muitas vezes não nos identificamos com as pautas da comunidade autista. A maioria da população com deficiência que é ouvida como autoridade é branca”.
Segundo a Glaucia, pela medicina ainda ser marjoritariamente branca, isso também reflete no atendimento das crianças negras. “É mais fácil dizer que o menino é agressivo, do que considerar alterações sensoriais relevantes. É mais fácil rotular uma menina negra de incapaz, do que adaptar o conteúdo escolar para que ela aprenda de forma mais acessível. A cor da pele aparece antes de um transtorno oculto, e é a partir do impacto do racismo, que esta criança estruturalmente sofrerá, que será traçado um prognóstico quanto ao seu potencial de desenvolvimento”.
No Instagram @humaninhoTDL, Glaucia luta pela visibilidade das mães atípicas que batalham, seja pela saúde ou por uma educação inclusiva: “Pensa o Marcos Mion vivendo a minha vida… É bem diferente”.
Glaucia também é coautora do livro Maternidades Plurais, onde ela relata junto com outras seis mães, as próprias vivências sobre ser mãe atípica negra.
E reforça que sua luta maior é pela inclusão e bem-estar das crianças atípicas. “Meus filhos são incríveis, inteligentes e precisos para nós. E eu escolheria ser mãe deles em todas as vidas”.
Após repercussão de uma decisão judicial que condenou uma enfermeira negra a apagar uma publicação no Facebook com a frase ‘Fogo nos Racistas‘ e pagar uma indenização no valor de R$5mil por danos à imagem da loja, onde a irmã foi vítima de racismo, em Mogi Guaçu, São Paulo, o rapper Djonga acionou sua equipe de advogados, segundo o jornal Alma Preta.
A equipe se uniu às advogadas que já estavam fazendo a defesa da enfermeira e entraram com um recurso contra a decisão do juíz Schmitt Corrêa, da 3ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, responsável pelo julgamento em 2ª instância, no dia 29 de abril, alegando contradições, vícios e pontos obscuros.
“É como se dissesse que a imagem de uma loja, onde aconteceu um caso emblemático de racismo que causou traumas numa família inteira, é mais importante do que o sentimento e a liberdade de expressão de uma mulher negra”, esclarece Karina Galvão, uma das advogadas do Djonga.
O outro advogado do rapper, Ariel Chacão, aponta o problema na condenação. “O racismo estrutural também tem está presente no sistema jurídico e afeta cada vez mais as decisões, gerando uma jurisprudência enraizada na discriminação. A condenação que estamos tentando reverter é muito perigosa para a luta antirracista. É uma forma de silenciar a comunidade negra que se posiciona contra o racismo. Aliás, o racismo é crime”.
A frase ‘Fogo nos Racistas’ ganhou repercussão nacional após lançamento da música ‘Olho de Tigre’, do Djonga. Indignado, o rapper desabafou no Instagram, um dia antes dos advogados entrarem com recurso contra a decisão judicial.
“No mesmo país que o presidente fala que uma mulher ‘não merece ser estuprada porque é feia’, que fala frases como ‘bandido bom é bandido morto’, você não pode gritar ‘FOGO NOS RACISTAS’.
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Entenda o caso
Em junho de 2020, a enfermeira fez campanha no Facebook para denunciar um caso de racismo contra a sua irmã, em uma loja no centro de Mogi Guaçu, mas o juiz Schmitt Corrêa determinou no início de abril, que a imagem de um cartaz escrito “Fogo nos Racistas” publicada fosse excluída.
Ela enfermeira também foi condenada a pagar R$5 mil por dano moral à mulher que agrediu fisicamente e verbalmente a sua irmã.
Segundo a enfermeira, a irmã tinha sofrido um problema capilar e estava careca, por isso foi até a loja e comprou um adereço para a cabeça que custava R$100. No entanto, ao chegar em casa, ela notou que deram para ela um produto que custava R$70, então ela voltou na loja para fazer a troca. A dona da loja não quis fazer a troca.
A enfermeira contou que a dona da loja disse que “não era problema dela que a minha irmã era negra, careca e uma cadela”. A proprietária do estabelecimento teria pego um ferro e bateu na cliente além de fazer ofensas como “sai daqui sua cadela” na frente de funcionários e de outros clientes. A dona da loja teria expulsado a moça, puxado sua peruca moça, deixando ela constrangida diante das pessoas.
Nove meses depois, a enfermeira fez um post no Facebook pedindo justiça. “A delegacia da cidade não fez nada para ajudar a minha irmã, liberou a dona como se nada tivesse acontecido. Gente, por favor, isso é um crime, me ajudem, quero justiça. Me ajudem, não ao racismo, vamos compartilhar para que a justiça seja feita”.
A dona da loja entrou com um pedido de dano moral com uma indenização de R$13,8 mil, retratação na rede social e em um veículo de comunicação de grande circulação para “recuperação de sua imagem e honra”, pois a postagem teve repercussão na internet e em programas de televisão.
Na sentença, o juiz Schmitt Corrêa acatou em parte o pedido de dano moral e determinou a exclusão do post, pois segundo ele, a frase “Fogo nos Racistas” gerou uma situação de ameaça para a dona da loja.