O Mercado Livre anunciou nesta quarta-feira (24) o lançamento de patches antirracistas em apoio a Vini Jr, que foi vítima de racismo durante uma partida do La Liga, campeonato de futebol espanhol. De acordo com a empresa, 100 mil patches serão distribuídas gratuitamente em compras aleatórias feitas pelos clientes da marca.
“Quem se omite na luta contra o racismo não merece destaque”, declarou a empresa. “Por isso, criei o patch antirracista. Pra qualquer pessoa aplicar sobre o símbolo da instituição que permite comportamentos preconceituosos. Quem usa a camisa de time é porque gosta de futebol”. La Liga é a principal divisão da liga espanhola de futebol profissional entre clubes da Espanha. A organização chegou a publicar uma nota minimizando a presença de racistas no futebol.“Existe uma pequena porcentagem de racistas em nosso futebol e não cabem em nossos estádios”, publicou a divisão nas redes sociais.
Em nota, o Mercado Livre destacou indignação com o caso. “Estamos indignados com os ataques contra o jogador Vinicius Jr. Engajados na luta antirracista, dentro e fora da empresa, decidimos nos posicionar claramente sobre o assunto”, publicou a empresa. “A partir do envolvimento dos nossos líderes e colaboradores, estamos convocando usuários, brasileiros e brasileiras e a comunidade internacional a mostrar sua indignação contra a postura adotada por parte dos torcedores, sociedade e dirigentes do futebol espanhol. Ao propor o novo patch, com um símbolo antirracista, queremos engajar qualquer pessoa nesta luta pela igualdade racial”.
Além do envio, que deve acontecer até o final do mês de maio, o Mercado Livre vai disponibilizar a arte digital do patch gratuitamente.
A Netflix lançou no dia 17 de maio uma série documental narrada por Barack Obama que mergulha no significado do trabalho e na conexão humana. Intitulada “Trabalho”, a série explora as diferentes formas pelas quais encontramos sentido no trabalho e como nossas experiências e lutas nos conectam como seres humanos.
Na produção, Obama visita pessoas comuns em suas casas e locais de trabalho e apresenta uma visão íntima de suas vidas profissionais. Desde o setor de serviços até os cargos de diretoria nas indústrias de cuidados com a saúde, tecnologia e hospitalidade, em “Trabalho”, Obama acompanha uma variedade de pessoas em diferentes áreas e posições hierárquicas.
Foto: Divulgação
A inspiração para a série remonta aos tempos de universitário do ex-presidente dos Estados Unidos, quando ele se deparou com o livro “Working” escrito pelo historiador norte-americano Studs Terkel, lançado em 1974. Esse livro revolucionou a conversa sobre o trabalho ao explorar o que pessoas comuns faziam em seu dia a dia profissional. Agora, a série traz essa mesma ideia para a atualidade, fornecendo retratos autênticos do cotidiano de trabalhadores e proporcionando aos espectadores uma nova compreensão e apreciação pelos trabalhos que realizam todos os dias.
Com produção executiva de Barack e Michelle Obama e direção de Caroline Suh, “Trabalho” é uma produção da Higher Ground e Concordia Studio, prometendo uma abordagem única e inspiradora sobre o trabalho e sua importância em nossas vidas. A série convida o público a refletir sobre o que realmente dá alegria, propósito e satisfação em suas carreiras, ao mesmo tempo em que destaca a conexão humana e a variedade de experiências que moldam nosso mundo profissional.
Vários anos se passaram desde as colonizações, mas parece que ela ainda deixa alguns rastros nos dias atuais. Nesta semana, a família real britânicase recusou a devolver os restos mortais de um príncipe africano para os seus descendentes na Etiópia. O governo etíope tenta repatriar o corpo há 150 anos.
O príncipe Alemayehu foi capturado pelo Reino Unido em 1868, junto com sua mãe que não resistiu à viagem até as terras inglesas, após a Rainha Vitória dominar sua terra natal. Ele viveu por 10 anos infeliz na Grã-Bretanha e morreu aos 18 anos.
O corpo do príncipe etíope foi enterrado no Castelo de Windsor a pedido da Rainha. O castelo faz parte das residências reais do atual Rei do Reino Unido, Charles III, e é um local tradicional de funerais e casamentos reais.
Há anos o governo da Etiópia tenta repatriar os restos mortais e os artefatos que foram levados pelos ingleses, mas o pedido foi recusado diversas vezes. Agora, com a coroação do novo rei, houve mais um pedido recusado.
Um dos descendentes reais de Alemayehu, Fasil Minas, disse ao BBC que “não era certo” ele ser enterrado no Reino Unido. “Queremos seus restos mortais de volta como família e como etíopes, porque esse não é o país em que ele nasceu”, disse Fasil Minas.
Mas segundo um comunicado enviado à BBC pelo Palácio de Buckingham, a retirada dos restos mortais afetaria os outros enterrados no local, na Capela de São Jorge. “É muito improvável que seja possível exumar os restos mortais sem perturbar o local de descanso de um número substancial de outras pessoas nas proximidades”, disse o porta-voz do palácio.
Segundo o porta-voz, as autoridades da Capela gostariam de honrar a memória do príncipe, mas há a “responsabilidade de preservar a dignidade do falecido.”
“Ele teve uma vida triste. Quando penso nele, choro. Se eles concordarem em devolver seus restos mortais, pensarei nisso como se ele voltasse vivo para casa”, disse Abebech Kasa, também descendente real do príncipe.
A captura de Alemayehu aconteceu após seu pai, o imperador Tewodros II, tentar uma aliança com a Rainha Vitória, em 1862, mas não obteve retorno, o que acabou dando início a uma crise diplomática. Anos depois, em 1868, soldados britânicos invadiram Maqdala, no norte da Etiópia, que levou ao suicidiou do imperador.
Após a vitória, os soldados saquearam artefatos – coroas de ouro, manuscritos, colares e vestidos – e tudo que era de valor. Levaram para as terras da rainha, onde até hoje se encontram espalhados em diversos museus e aposentos reais.
Para Andrew Heavens, autor do livro “The Prince e o Plunder”, que fala sobre a vida de Alemayehu e o ataque britânico na Abissínia, esta é uma questão “emocional”, por ser uma criança que nunca foi autorizada voltar para casa.
“Emocionalmente, a maioria das pessoas que conhece a história de Alemayehu sente que seus restos mortais devem ser devolvidos. Ele deixou tão claro antes de morrer que queria voltar”, falou à NBC News.
Segundo os relatos, o príncipe e sua mãe foram levados para o Reino Unido por “temerem” a segurança deles nas terras recém-invadidas por eles. Chegando lá, Alemayehu conheceu a Rainha Vitória que simpatizou com o órfão e ajudou financeiramente, mas sua vida lá foi infeliz.
Ele foi para uma escola pública de Rugby, onde não se adaptou. Depois foi transferido para o Royal Military College, em Sandhurst, onde sofria bullying. Até que teve que receber aulas particulares.
“Sinto por ele como se o conhecesse. Ele foi deslocado da Etiópia, da África, da terra dos negros e permaneceu lá como se não tivesse casa”, contou Abebech.
Segundo Heavens, o príncipe tinha o desejo de voltar para casa, o que não foi concebido. Ele pegou pneumonia e depois de um tempo se recusou a se tratar. Em 1878, morreu aos 18 anos.
A Rainha, que simpatizava com o jovem, se pronunciou em seu diário sobre a morte dele. “Muito triste e chocada ao saber por telegrama que o bom Alemayehu faleceu esta manhã. É muito triste! Sozinho, em um país estranho, sem uma única pessoa ou parente pertencente a ele”, lamentou Vitória.
“Sua vida não foi feliz, cheia de dificuldades de todo tipo, e era tão sensível, pensando que as pessoas olhavam para ele por causa de sua cor… Todos lamentam muito”, logo após, ela providenciou seu enterro na Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor.
Na última terça-feira (23), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, com apoio da Open Society Foundations, realizou o Seminário Empoderamento Negro para Transformação da Economia, onde o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, assinou uma portaria que instituiu um Grupo de Trabalho Negro para a Transformação da Economia.
A formação do grupo tem como objetivo propor medidas que fortaleçam a equidade racial no BNDES. O grupo de trabalho é formado por 14 empregados do órgão público e terá entre suas atribuições acompanhar a elaboração e execução de um novo censo para identificar a composição étnico racial dos empregados do BNDES, além de propor medidas que tenham como objetivo impulsionar a diversidade, equidade e inclusão de pessoas negras no ecossistema do banco.
Outro ponto a ser trabalhado pelo grupo será a apresentação de propostas que adequem a atuação do BNDES a legislações ligadas à Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância e o Estatuto da Igualdade Racial.
Ao abrir o evento, Mercadante destacou que: “Essa é a primeira iniciativa para tratar o tema da igualdade racial, do empoderamento dos negros, do combate ao racismo, da diversidade e da inclusão racial na história de 71 anos do BNDES”, disse ele, se desculpando pelo que chamou de “silêncio histórico”.
O evento também discutiu a Lei de Cotas e as ações de equidade racial encabeçadas por empresas de modo voluntário no Brasil. Com a presença do embaixador da África do Sul, Vusumuzi W. Mavimbela, o seminário também destacou a Política de Black Economic Empowerment do país como uma referência para o Brasil ao avaliar a evolução das empresas em relação à equidade racial em cargos de chefia e no quadro de funcionários das empresas em território sul-africano.
“Seguramente serei bastante criticado, nós seremos a partir de hoje, mas faço questão de ter essas críticas no meu currículo. Nós precisamos abrir essa porta, acabar com o silêncio sobre a questão racial no Brasil e hoje é um dia para esse banco liderar pelo exemplo. Nós temos que fazer na casa o que nós queremos que os outros façam”, pontuou Mercadante.
“Próximo dia 20 de novembro, data de Zumbi, vamos lançar um documento para incluir nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs) a questão do racismo. Queremos colocar essa agenda em discussão na ONU”, adiantou o presidente do BNDES, afirmando que a agenda precisa estar em discussão na Organização das Nações Unidas.
O Presidente dos Conselhos Deliberativos (CEDRA) e da Oxfam Brasil, Hélio Santos comentou sobre o papel do capital frente à equidade racial. Ao iniciar sua fala, ele lembrou a medida de Deodoro da Fonseca, primeiro presidente do Brasil, que em 1891 decidiu trazer imigrantes europeus e determinou que estes deveriam ser bem tratados. O que não aconteceu com os negros e fundamenta as desigualdades raciais e sociais no Brasil. “Temos que customizar as coisas para o Brasil”, destacou ele chamando a atenção de Mercadante para a necessidade de olhar para os problemas sociais do país considerando os mecanismos de desigualdade que foram estabelecidos ao longo da história. “Não adianta, presidente Mercadante, a vestimenta da Noruega ou da Bélgica para o Brasil porque eles não tiveram três séculos e meio de escravismo e nenhum Fonseca, imagine dois. Essa é a diferença desses lugares”.
Ele também pontuou que “o empreendedorismo negro não pode ser visto como uma iniciativa liberal atrasada, como alguns setores do próprio movimento negro vê. Aqui, o empreendedorismo deve ser visto como um forte fator democrático”. E ressaltou que o BNDES deve investir no desenvolvimento tecnológico avançado em concomitância com o investimento na equidade racial.
O evento também realizou o lançamento da Iniciativa Valongo, que terá coordenação executiva do BNDES. O Cais do Valongo foi o maior porto receptor de escravizados do mundo. O Cais foi encontrado em 2011 durante escavações feitas para a reforma da zona portuária do Rio de Janeiro e recebeu o título de Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO em 9 de julho de 2017 por ser o único vestígio material da chegada dos africanos escravizados nas Américas.
Mercadante afirmou que o BNDES vai destinar um aporte de R$ 10 milhões para fortalecer o Museu do Valongo e o movimento que luta para preservação do local. “Nosso desafio é organizar a resistência da memória que está lá para fazer coisas que agreguem, que acrescentem e ampliem”, destacou ele.
O presidente da Fundação Palmares, João Jorge Rodrigues, a Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco e a Ministra da Cultura, Margareth Menezes estiveram no evento e participaram da cerimônia de encerramento.
A atuação e o vocal da Halle como princesa Ariel é marcante e incomparável. Ela nasceu para este papel e só discorda quem realmente é racista. Mas a presença de outras sereias negras, suas irmãs, e da rainha negra Selina (Noma Dumezweni), mãe do príncipe Eric, fortalecem ainda mais a naturalização o que significa beleza, poder, e ressignifica o imaginário de sermos o que quisermos, pois não nos sentimos fora do padrão estipulado por décadas pelos contos de fadas clássicos da Disney.
Apesar de algumas adaptações nas músicas e nos personagens, a trama sobre a Ariel continua a mesma. Uma jovem que deseja desbravar o mundo fora do oceano e acaba se apaixonando por um humano, a ponto de desafiar o Rei Tritão, seu pai, e fazer um acordo com a vilã Úrsula, sua tia. Ela aceita ficar sem voz para ir atrás do seu amor e está disposta a viver como humana, ao lado dele.
Foto: Disney/Entertainment Weekly
Mas diferente do clássico de 1989, Ariel encontra no Eric a verdadeira razão para se apaixonar por ele: ambos têm o mesmo desejo de conhecer o mundo e percebem que ainda possuem muito o que viver para além do que lhes foi imposto pelos pais.
A ingenuidade, o otimismo e a coragem de Ariel, é magia mais potente para meninas negras que assistirem ao filme. Pois, por muito tempo, esse papel nos foi negado no cinema, nos colocando apenas como coadjuvantes, preteridas ou agressivas – quando aparecíamos.
Foto: Disney/Divulgação
Mas para além da representatividade negra, o live-action também é marcante com os efeitos visuais e muito mais colorido do que demonstra nas fotos divulgadas. A experiência de assistir em 3D vale muito a pena para as cenas que se passam no oceano. No início, com os movimentos mais rápidos, nos traz uma leve sensação de estar debaixo d’água, entre os peixes.
Os musicais apresentados são espetaculares, até para quem possa não curtir muito esse estilo de filme. A performance de Halle ao cantar ‘Part of Your World’ é encantadora, e o som se repete por diversas vezes ao longo do filme, marcando o desejo incansável da princesa para morar fora do mar, que ela já tinha antes de se apaixonar.
Ultimamente, uma quantidade considerável de pessoas negras têm procurado os serviços de psicologia clínica com uma queixa frequente: o esgotamento oriundo do trabalho. Todos os sintomas do Burnout são evidenciados como: cansaço excessivo, alterações de apetite, insônia, problemas com a memória, estados de ansiedade, depressão e em casos mais graves, a depressão grave e estados de catatonia. O resultado é a hipermedicalização da vida e o torpor para aguentar a lógica capitalista. O Burnout está classificado no CID 11 como uma doença resultante da atividade laboral e pode acarretar depressão grave sendo necessário o afastamento imediato e tratamento com equipe multidisciplinar.
No entanto, quando se trata da pessoa negra em ambiente de trabalho, existe um componente central que deve ser levado em conta: o racismo. Este artigo tem o objetivo de levantar uma questão extremamente séria, o racismo no ambiente de trabalho como principal causador do que vou nomear de Burnout Racial. Segundo os relatos, as experiências se repetem e montam quase que uma colcha de retalhos de episódios desagradáveis e adoecedores. O Burnout tradicional é resultante de um acúmulo de funções laborais e de um ambiente tóxico com condições questionáveis para o trabalhador, já o Burnout Racial é um adoecimento que pessoas negras enfrentam e tem como base o racismo nas experiências laborais.
Essa semana o caso do jogador brasileiro Vini Jr. radicado na Espanha e integrante do time do Real Madrid, veio à tona e tornou-se um escândalo internacional. Ele tem enfrentado desafios inimagináveis em sua atividade laboral e já possui um acúmulo de vários episódios de Burnout devido às tensões que é submetido em seu dia a dia. Este caso ilustra muito bem como as instituições/empresas promovem o adoecimento de pessoas negras por serem ambientes que permitem a desumanização, tratam negros ainda como corpo trabalho e submetem essas pessoas a um profundo sofrimento e experiência de desamparo. Sim, é no DESAMPARO vivido pelo negro a maior fonte do adoecimento e a principal causa do Burnout Racial. Em todos os relatos, pessoas negras se veem sozinhas em seus enfrentamentos.
Esses ambientes tóxicos, perversos, possuem a lógica do abandono, da responsabilização da vítima e a total negligência quando se trata de pessoas negras. É na experiência do desamparo que o negro se vê numa situação impraticável, visto que a todo momento as soluções paliativas são sempre baseadas na idéia de que aguentamos sofrer mais violência. O desamparo neste caso foi evidenciado através das atitudes de toda a equipe e das autoridades do clube. Em nenhum momento o sofrimento do Vini foi considerado. Ele estava desamparado.
A exposição à humilhação pública e as demonstrações de ódio não foram suficientes para a equipe solidarizar-se com ele naquele momento, e ao contrário disso, ele ainda foi punido. Os conselhos de seus colegas de equipe foram: “deixa isso pra lá”. Pessoas negras são frequentemente desestimuladas a se posicionarem, são incentivadas ao silenciamento e quando denunciam as violências costumam sofrer retaliações e são abandonadas, jogadas ao total desamparo em seus ambientes de trabalho.
Pois é, o Vini estava trabalhando e é no trabalho que ele vê a cada dia o racismo tomar contornos significativos, e a estrutura racista ao qual ele está submetido pactua deslavadamente a fim de garantir a superioridade branca. Um elemento-chave nessa trama é a animalização do negro, ser chamado de macaco é um resgate da tecnologia colonial que implementou o esvaziamento da humanidade do negro para assim justificar qualquer violência direcionada aos nossos corpos. Quando todo negro é desumanizado e desamparado em seu ambiente de trabalho, o que está por trás é a naturalização da idéia de animalização do corpo trabalho.
O Burnout Racial tem algumas características diferentes do Burnout tradicional. Pessoas negras geralmente apresentam não só uma exaustão oriunda do trabalho e sim, uma exaustão oriunda do racismo. A interdição, a situação de duplo vínculo, o silenciamento e a pressão que o sistema faz para que essa pessoa negra desista de estar naquele ambiente causam, além dos sintomas tradicionais do Burnout, alguns outros sintomas tais como sentimento de desesperança e não pertencimento, vergonha, baixa autoestima, incertezas, sensação de fracasso e não merecedor de seu lugar no mercado de trabalho. Pessoas negras costumam chegar no consultório com uma grande tristeza e um vazio existencial.
Esse desastre digno de tempos coloniais, demonstra o quão os brancos estão despreparados para acolherem pessoas negras visto que são racistas por excelência e nem se dão conta disso. As pioneiras Virgínia Bicudo e Neusa Santos já alertavam que a mobilidade social não é uma garantia, um negro, independente da posição social que ocupa, como diz Fanon, é e sempre será um negro.
E como podemos nos proteger para não sucumbir? Como não adoecer? Jovens negros no Brasil encabeçam o ranking dos casos de suicídios e sabemos bem o porquê. A consciência crítica, a denúncia, atuar em rede e o cuidado com a saúde mental são componentes que ajudam a enfrentar os sofrimentos oriundos do racismo. De qualquer forma, nossa saúde mental é inegociável, devemos sempre pleitear nossos direitos às pausas e aos descansos sempre que for necessário. A nossa responsabilidade é garantir nossa humanidade mesmo que os opressores pensem ao contrário.
Toda solidariedade ao nosso irmão Vini Jr., jovem, negro, periférico, talentoso. Acredito que coletivamente sentimos em seu rosto a dor de não poder protegê-lo naquele momento. A dor dele e seu possível adoecimento é mais uma história de um jovem negro brasileiro, que sofre racismo em seu próprio país e é hostilizado em sua condição de imigrante nas terras coloniais.
Que comecem os protestos!
Shenia Karlsson é Psicóloga Clínica, Especialista em Diversidade, Escritora, Colunista, Palestrante, Consultora em D&I e Mediadora de Conflitos em Instituições e Empresas em casos de racismo e discriminação, é Diretora no Instituto da Mulher Negra de Portugal e Ativista da Saúde Mental.
Nesta terça-feira (23), os rappers MC Caverinha e Kayblack assumiram o topo do Spotify Brasil, principal parada de sucessos do país, com a música ‘Cartão Black’. Ao todo, o hit já acumula mais de 12 milhões de reproduções na plataforma de streaming. O feito marca uma importante conquista para o cenário do Hip-Hop e do Trap no Brasil.
MC Caverinha é um verdadeiro fenômeno. Com apenas 15 anos, o jovem trapper, nascido Kauê de Queiroz Benevides Menezes, é um dos principais nomes em ascensão da cena urbana nacional. O artista, que estourou aos 11 anos com a track “Só Não Pisa No Meu Boot”, atualmente mora em uma casa que comprou para a família aos 12 anos de idade, com o dinheiro do próprio trabalho na música – um feito e tanto para quem, além da pouca idade, viu a família ser despejada quando tinha nove anos.
A música mais escutada do Brasil, ‘Cartão Black’ é uma parceria de MC Caverinha com seu irmão, Kayblack, que já possui uma trajetória consagrada no cenário brasileiro. O clipe do sucesso foi gravado apresentando uma estética em família, com destaque para a força negra e as novas conquistas dos artistas. No Youtube, o registro visual também assumiu o topo, com mais de 12 milhões de visualizações.
A nova série de drama ‘The Idol’, cocriada porThe Weeknd em conjunto com Sam Levinson, não agradou a crítica especializada. Com certificado de ‘tomate podre’, a obra da HBO Max recebeu apenas 14% de aprovação no Rotten Tomatoes, site que traça uma média geral de análises entre a comunidade global da televisão. Jornalistas definiram a produção como “superficial, previsível, decepcionante e sem graça”.
The Weeknd em ‘The Idol’. Foto: Eddy Chen/HBO.
De acordo com a sinopse, em ‘The Idol’, a estrela pop Jocelyn (Lily-Rose Depp) está disposta a tudo para alcançar um patamar nunca antes visto em uma celebridade. Após sofrer um colapso nervoso em sua última turnê ela conhece Tesdros (Abel “The Weeknd” Tesfaye), um dono de boate com um passado sórdido que se torna seu guru e agente. A produção é banhada com cenas de nudez e sexo, características que também foram amplamente reprovadas pela crítica. “O que a série como provocativo e subversivo é bastante decepcionante. Como pode um programa com tanta nudez, sexo e erotismo ser tão sem graça? Não há substância”, disparou a revista Collider.
Para o site Hollywood Reporter, ‘The Idol’ não cumpre com sua promessa de inovar e se torna apenas mais um clichê. “No final, o que deveria parecer chocante e revestido de apelo sexual é apenas uma velha história sobre fama”, destacou a revista. Com uma das piores avaliações de 2023, ‘The Idol’ estreia mundialmente no dia 4 de junho.
A Embaixada e Consulado dos Estados Unidos no Brasil está lançando um edital que vai financiar em até U$ 25 mil, cerca de 125 mil reais, projetos voltados para a área de cultura, educação e imprensa.
As inscrições pode ser realizadas até o dia 31 de julho no site da embaixada e o resultado deve ser divulgado no dia 31 de outubro de 2023. O edital deverá financiar em até US$ 5 mil propostas individuais e em até US$ 25 mil os projetos enviados por organizações.
De acordo com o consulado norte-americano, o Edital de Projetos EUA-Brasil deve selecionar propostas que “promovam objetivos e políticas estratégicas, destacando valores compartilhados ou melhores práticas e fortalecendo os laços entre os dois países, além de abranger uma das iniciativas especificadas no edital”.
Os projetos inscritos devem incluir um elemento relacionado aos EUA, ou conexão com especialista(s), organização(ões) ou instituição(ões) norte-americana(s) que promovam uma maior compreensão da política e perspectivas do país. Ainda segundo a embaixada, temas como Diversidade, Equidade, Inclusão e Acessibilidade (DEIA) são de importância para o governo norte-americano.
Além disso, as propostas devem ser avaliadas com base em critérios como adequação estratégica, qualidade e viabilidade da ideia do projeto, sustentabilidade, orçamento e capacidade (que irá avaliar se o candidato e organizações inscritas possui experiência ou conhecimento apropriado para desenvolver o projeto inscrito).
O próximo final de semana em São Paulo, está repleto de artistas negros na programação da Virada Cultural 2023. Nos dias 27 e 28 de maio, haverá 12 palcos espalhados pela capital paulista e contará com um total de 500 apresentações gratuitas, de diversos gêneros.
Entre os artistas negros mais aguardados, estão confirmados:Tasha e Tracie, Gaby Amarantos, Salgadinho, Liniker, Fundo de Quintal, Baiana System, Paula Lima, Mc Soffia, Carlinhos Brown, Tássia Reis, ÀTTOXXÁ e Larissa Luz.
As atrações serão divididas pelas seguintes regiões: Brasilândia (Zona Norte), Butantã (Zona Oeste), Campo Limpo (Zona Sul), Cidade Tiradentes (Zona Leste), Itaquera (Zona Leste), M’Boi Mirim (Zona Sul), Parada Inglesa (Zona Norte), São Miguel Paulista (Zona Leste), a região do Vale do Anhangabaú (Centro), além de Parelheiros, Heliópolis e Capela do Socorro, os três na Zona Sul.
O palco do centro terá apresentações durante 24 horas, enquanto os palcos das outras regiões irão terminar às 22h no sábado e retornam às 10h no domingo. As atrações também serão espalhadas em unidades do Sesc e Casas de Cultura.
Entre as demais atrações negras, o público também poderá acompanhar os shows de: Jonathan Ferr, Edson Gomes, Black Pantera, Jup do Bairro, Psirico, Raça Negra, Pixote, Mart’nália, Bia Doxum, Toni Garrido, DJ Bia Sankofa, Olodum, Luccas Carlos, Marcelo Falcão, Thaíde, Mc Luanna, Rico Dalasam, Araketu, Quintal dos Prettos, Ellen Oléria canta Beyoncé, Xanddy Harmonia, Quebrada Queer, entre outros.
A programação também conta com diversos bailes e atividades em referência a cultura africana e afro-brasileira, incluindo atividades para crianças. Veja os detalhes completos da programação aqui!