Load na Marvel! O influenciador de cultura geek e hip hop, Givanildo Santos, conhecido como Load Comics, apareceu na última edição da HQ do Capitão América lançada no final de junho.
Ele, que sempre se mostrou apaixonado pela Marvel, e o influencer Cauê Moura (que foi desenhado como negro) aparecem na HQ “Capitão América: Símbolo da Verdade #14″, lançada no final de junho nos Estados Unidos. Os dois aparecem em uma festa surpresa para Sam Wilson, o atual Capitão América, e foram recriados pelo quadrinista Zé Carlos. A edição ainda não está disponível no Brasil.
O fato curioso foi percebido por um seguidor do Load que reconheceu a semelhança e o boné escrito “Load”, uma marca registrada do influenciador. O apresentador do “Desce a Letra Show”, além de se mostrar bastante feliz, brincou com a situação e disse “ser canônico” na Marvel. Será que vem participação especial nos filmes?
Cleissa Regina Martins estreia como diretora na nova série “Preto Tá Na Moda/Black is Fashionable”. Toda semana, será exibido um episódio no canal Futura, a partir desta terça-feira (4), com um designer de moda negro falando sobre seu trabalho, processo criativo e trajetória navegando a indústria da moda brasileira. Durante a temporada, foram ouvidos estilistas com diferentes características, vindos de diferentes locais do Brasil e do continente africano e com diferentes processos criativos e visões sobre moda.
Ao todo são 8 episódios, sendo exibido um por semana, às 21h, que também serão disponibilizados no Globoplay. Integram o elenco Hisan Silva e Pedro Batalha (Moda pra Todos os Corpos); Jal Vieira (Moda Feita de Gente); Isaac Silva (Moda com Axé); Tenka Dara (Moda que Conecta); Diego Gama (Moda é Forma); Izabella Suzart (Moda nos Pés); Weider Silveiro (Moda é Paixão); e Angela Brito (Moda é Individualidade).
Ainda em desenvolvimento, o projeto foi apresentado num encontro de cineastas ibero-americanos na Guatemala. Onde, para a roteirista, foi incrível ver o interesse das pessoas de outros países latinos na série, mesmo em países onde a população negra é bem menor do que no Brasil. Cleissa viu de perto pessoas interessadas em conteúdo com diversidade.
“Eu sempre gostei bastante de moda. É uma área na qual é bem difícil para pessoas negras entrarem e se manterem. Então me interessou saber quem está conseguindo furar essa bolha e como estão fazendo isso. A ideia surgiu quando comecei a conhecer alguns designers negros brasileiros que estavam ficando conhecidos na cena e quis muito saber o processo deles, entender como criavam e como tinham chegado ali. Apesar de achar importante falar sobre as dificuldades em entrar nessa estrutura, minha intenção foi ouvir os entrevistados como artistas, entender o que é único nas criações deles. Acho que moda é arte e é política também e busquei na série equilibrar esses dois pontos.”, explica a roteirista.
Tenka Dara/ Foto: Divulgação
Cleissa é o nome responsável pela criação e roteirização dos Especiais de Natal “Juntos a Magia Acontece” e “Juntos a Magia Acontece 2”, o primeiro a ter uma família negra como protagonista, e, através desse trabalho, se tornou a primeira roteirista negra a ter um projeto autoral na TV Globo. Atualmente, é colaboradora em Terra e Paixão, novela atual das 21h. Nesta nova série documental, além de roteirista, Cleissa faz estreia também como diretora.
“Eu dirigi e produzi a série, então foi um desafio muito grande, mas também muito gratificante ver o resultado agora. Aprendi muito com esse projeto e acho que pude experimentar algumas coisas que não conseguiria se a série não fosse totalmente autoral. Vemos agora uma pressão por mais profissionais negros no mercado, mas na maioria das vezes para ocuparmos esses espaços não conseguimos arriscar, experimentar, temos que entregar algo num formato já pré-concebido. Acho importante fazer algo diferente, mesmo que seja pra fazer melhor aquilo que é o comum.”, conta.
Trazendo no próprio nome a referência ao tema da moda, a série também se propõe a fazer uma brincadeira com a ideia de que os negros estão em evidência. “Agora todo mundo precisa estar próximo dos temas das negritudes, mas a verdade é que não somos esse bloco homogêneo que tem sido pintado. Apesar dos personagens terem questões similares, são todos muito diferentes. Cada episódio é muito diferente do outro pela singularidade dos entrevistados. Tem personagem que diz que não viveria se a moda acabasse amanhã, tem personagem que diz que acharia ótimo. Não à toa, o título do último episódio diz que moda é individualidade e a personagem traz com força essa ideia de que pessoas negras não são iguais, somos indivíduos”, explica Cleissa.
Com uma equipe majoritariamente negra e jovem e com um bom balanço de gênero, esse também é primeiro projeto de Cleissa realizado pela sua própria produtora, a Gêmeos Filmes, localizada na periferia do Rio, em Magalhães Bastos. Giulia Santos, designer da zona norte do Rio, responsável pela identidade visual da série e Rodrigo Caê, músico e produtor de Belford Roxo, compositor da trilha sonora original, são alguns dos outros jovens negros que compõem a equipe.
Cleissa ganhou o Prêmio Next Generation, do fundo holandês Prince Claus Fund para realização da série. “O financiamento era direcionado a pessoas jovens, mas também fiz questão de trazer jovens negros para a equipe, porque por mais que hoje em dia algumas portas estejam se abrindo, muitas vezes os ambientes de trabalho são bem difíceis, ainda majoritariamente brancos, masculinos e onde a gente não consegue se expressar por completo. Uma das coisas mais legais da produção da série foi que a gente conseguiu criar um ambiente acolhedor, justamente por estarmos numa maioria jovem e negra. Fez diferença também para os personagens, que sabiam que a gente entendia os desafios que eles estavam abordando”, ressalta Cleissa.
Hisan Silva e Pedro Batalha, criadores da “Dendezeiro”/ Foto: Divulgação
Sobre a importância de ter um espaço para não apenas mostrar seu processo de trabalho, Hisan Silva e Pedro Batalha, criadores da reconhecida marca de moda agênero “Dendezeiro”, afirmam que mais que visibilidade, a série abre espaço para refletir as batalhas de ser um negro empreendedor de moda no Brasil fora do eixo Rio-São Paulo.
“Salvador sempre foi visto como um poço criativo, mas o que aconteceu durante muitos anos? As pessoas iam pra Salvador, colhiam tudo que podiam colher, ideias de várias pessoas, e levavam pra outro lugar. Sem a cara e sem a histórias dessas pessoas. Acho que esse é um momento bom em que a gente tem várias marcas avançando porque a gente consegue não só mostrar nossas criações, mas falar sobre o contexto dessas criações, o que aquela peça significa.”, explica Hisan na série.
Angela Brito, estilista nascida em Cabo Verde e vivendo no Brasil, fala na série sobre sua trajetória como mulher negra, sonhos e processo criativo. Sobre a moda e o mercado no Brasil e afora para artistas negros, a artista reflete: “No mercado da moda existe muito uma coisa de considerar o que é cool, bonito, chique e sofisticado. Isso para mim nunca fez sentido. Primeiro porque eu venho de um país africano, sou uma mulher negra, fora do estereótipo do que é considerado chique, legal, inteligente, sofisticado, bonito. Eu sempre estive fora de qualquer um desses padrões, então a indústria nunca me contemplou. Se eu for criar uma moda pensando em tudo isso… eu nem teria criado. Eu tento criar o que eu acredito. Eu acredito que a gente é bonito, que a gente é sofisticado, é chique, é inteligente.”, declara Angela em seu episódio.
De Nova Friburgo, RJ, mas vivendo em SP, o estilista Diego Gama, acredita que no último ano tem-se conseguido quebrar algumas barreiras e chegar mais no mainstream. “Acredito que muito disso vem acontecendo pós-George Floyd. Acho que muito da atenção que as modas pretas vêm recebendo veio depois do meio de 2021, depois que a mídia começou a ser cobrada com mais empenho. Após uma tragédia que fez com que pessoas talvez entendessem uma necessidade de mudança”, expõe.
Louison Mbombo, um aluno congolês de 27 anos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), anunciou sua candidatura à presidência do Congo, país localizado na África Central. Na última quarta-feira (28), Mbombo anunciou que deve protocolar oficialmente sua candidatura no dia 10 de julho. As eleições no país devem acontecer no dia 20 de dezembro deste ano.
“Acredito firmemente que este país está pronto para a grandeza, mas precisa de líderes visionários e dedicados que possam conduzi-lo a um futuro melhor. Como candidato, trago comigo uma vasta experiência e um profundo conhecimento dos desafios que nossa nação enfrenta”, disse o aluno de medicina ao divulgar sua candidatura nas redes sociais.
O candidato à presidência do Congo também prometeu trabalhar para acabar com a corrupção no país. “Irei implementar medidas anti-corrupção robustas, reforçar os mecanismos de responsabilização e promover uma cultura de transparência e governação ética”.
A trajetória de Louison Mbombo é marcada por conquistas notáveis. Em 2019, aos 23 anos, ele foi reconhecido como um dos três vencedores do Prêmio de Melhor Inovação Humanitária concedido pela Coalizão Holandesa de Inovação Humanitária (DCHI). Ele desenvolveu um projeto para erradicar a malária no Congo, utilizando inteligência artificial e outras ferramentas tecnológicas para prever surtos da doença.
Além disso, Mbombo foi incluído na lista dos 15 jovens líderes mais influentes do mundo pela União Europeia no mesmo ano. Sua atuação como pesquisador na área de medicina e seu compromisso com a melhoria das condições de vida para os congoleses levaram-no a criar a ONG Solidariedade na Mokili durante sua estadia no Brasil a partir de 2013.
Ao ingressar no curso de medicina na UFMG, seguindo os passos de seu pai, proprietário de um hospital no Congo, Mbombo demonstrou sua determinação em fazer a diferença no mundo. Sua pesquisa sobre a malária, que utiliza ferramentas de inteligência artificial da Microsoft e do Google, proporcionou avanços significativos no combate à doença, que afeta mais de 25 milhões de pessoas em seu país de origem.
Um dos clássicos do cinema brasileiro, “O Auto da Compadecida” ganhará uma sequência em 2024. No começo desta semana, a atriz Taís Araujo anunciou que fará parte do segundo filme inspirado na obra de Ariano Suassuna. Ela será Nossa Senhora, papel interpretado por Fernanda Montenegro no primeiro filme.
O anúncio foi feito pela própria atriz nas suas redes sociais que revelou que recebeu em êxtase o convite dos diretores do filme, Guel Arraes e Flávia Lacerda, para substituir Fernanda Montenegro, que não participará da sequência por conta da sua agenda.
Taís Araujo também disse que o convite não é para substituir Montenegro, mas sim representar outra versão de Nossa Senhora. “E aí eu fui chamada para fazer não uma substituição, porque Fernanda Montenegro é insubstituível, e como a Nossa Senhora tem muitas representações eu vou fazer uma outra representação”, comentou a atriz.
Até o momento, não há muitas informações sobre “O Auto da Compadecida 2”. Apenas Matheus Nachtergaele e Selton Mello, que interpretam João Grilo e Chicó, e Taís Araujo estão escalados para o filme.
Com uma extensa programação, os Movimentos de Mulheres Negras deram início à 11ª edição do Julho das Pretas que este ano tem como tema ‘Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver’. O evento, que teve abertura no sábado, 1, reúne 446 atividades coordenadas por 230 organizações de mulheres negras ou mistas em 20 estados brasileiros e no Distrito Federal.
As atividades, que ocorrerão nos formatos presencial, virtual e híbrido, abrangem uma variedade de eventos, como rodas de conversa, festivais, exposições e ciclos de formação política. Além disso, cerca de 50 atividades do Julho das Pretas nas Escolas estão previstas em parceria com professores, gestores e estudantes da rede pública e privada.
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O tema central desta edição, “Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver”, faz referência à construção da 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras, que está agendada para 2025. Além disso, destaca o debate sobre a necessidade de reparação histórica para a população negra e a busca pelo Bem Viver, um paradigma que orienta a ação de diversos movimentos de mulheres negras no Brasil desde a mobilização para a Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo e pela Violência e pelo Bem Viver, realizada em Brasília em novembro de 2015.
A mobilização da 11ª edição do Julho das Pretas – Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver é liderada pela Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), Rede de Mulheres Negras do Nordeste e Rede Fulanas – Negras da Amazônia Brasileira. Essas organizações têm desempenhado um papel fundamental na promoção dos direitos e no fortalecimento das mulheres negras no país.
O Julho das Pretas tem como objetivo central dar visibilidade às pautas e demandas das mulheres negras, bem como promover a reflexão sobre o racismo, a discriminação e a violência de gênero que afetam essa população. Através da mobilização e engajamento de diversas organizações e ativistas, o evento contribui para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e inclusiva para todas as mulheres negras brasileiras.
Para mais informações sobre a programação completa do Julho das Pretas – Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver, acesse o site oficial do evento (CLIQUE AQUI).
Com uma vida marcada pela luta contra a misoginia e a favor dos direitos civis nos Estados Unidos, Maya Angelou é uma referência para pessoas negras em todo o mundo e deixou um legado literário bastante celebrado. Em um lançamento inédito no Brasil, a editora Nova Fronteira trouxe o livro “Não Trocaria Minha Jornada por Nada”, escrito pela norte-americana e com prefácio assinado pela escritora Vilma Piedade.
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A obra, lançada na última sexta-feira, 30, traz experiências e lições da autora em uma narrativa sensível e intimista. Em seus breves ensaios, Angelou aborda temas relevantes como racismo, solidão da mulher negra, poder das palavras e a importância de se conhecer para se afirmar no mundo.
“Não trocaria minha jornada por nada” oferece reflexões que despertam orgulho, pertencimento e um senso de coletividade. A escritora, que manteve uma amizade com os líderes ativistas na luta contra a segregação racial, Martin Luther King Jr. e Malcolm X, promove uma reconexão com a essência de cada leitor, transmitindo valiosas lições de autenticidade e sabedoria.
“Maya tece sua escrita imprimindo sabedoria, amor, amabilidade, comunhão, fé, e ainda compartilha testemunhos autobiográficos com franca generosidade”, afirma a escritora Vilma Piedade, que assina o prefácio desta edição.
O lançamento deste livro inédito no Brasil representa uma oportunidade de se conectar com a trajetória e o legado de Maya Angelou, falecida em 2014 aos 86 anos, uma figura inspiradora para pessoas negras em todo o mundo.
São Paulo recebeu em maio a primeira edição do África Fashion Week, evento configurado para conquistar as raízes profundas do sentimento de ser brasileiro, preenchendo uma lacuna histórica e projetando o estilo africano na sociedade brasileira. Uma iniciativa do Instituto Internacional FEAFRO, agora os organizadores do evento estão sendo acusados de não ter pago a equipe que trabalhou na produção, como modelos e recepcionistas.
A informação sobre o possível calote foi compartilhada pelo modelo e casting director, Carlos Cruz, que também trabalhou como vice-presidente do evento. No início da tarde deste domingo, 02, ele publicou uma nota pessoal em seu Instagram para falar sobre assunto, afirmando que recebeu mensagens de pessoas que trabalharam no evento e que não haviam recebido seus pagamentos. “Hoje recebi algumas mensagens de colabores e pessoas que trabalharam no África e gostaria de deixar informado que minha posição no evento não gera poder de responsabilidade financeira e nem de tomada de decisões, eu também fui contratado, minha responsabilidade é limitada.” Ele afirma que foi procurado por recepcionistas e modelos que não tiveram seus pagamentos efetuados no prazo.
Os pagamentos estão atrasados desde a última sexta-feira (30), onde terminava o prazo acordado pelo evento para pagar as empresas fornecedoras que contrataram os funcionários. Segundo a CEO do Instituto Internacional FEAFRO, que organizou a semana de moda, Silvana Saraiva, houve um problema com o recebimento da verba de patrocinadores e o evento não conseguiu cumprir com parte do pagamento realizado às empresas prestadoras de serviço, responsáveis pela contratação das equipes. “Eu não paguei mesmo, não entrou o recurso”, afirmou ela em entrevista para o Mundo Negro.
A CEO do Instituto Internacional FEAFRO contou que deveria receber recursos vindos de Angola, mas que por um problema de câmbio o dinheiro não pode ser enviado. Ela afirma que a verba chegará. “Vai entrar. Porque são duas coisas, se o cliente não mandar o dinheiro, eu consigo vender as máquinas que já estão prontas. Então de qualquer jeito eu vou ter o dinheiro, [porque] ou o cliente paga e eu vou ter dinheiro ou eu vendo as máquinas e vou ter dinheiro de novo, entendeu?”.
Nas redes sociais do próprio evento profissionais que trabalharam no África Fashion Week estão cobrando nos comentários por seus pagamentos. “Paguem e se pronunciem”, cobrou uma pessoa. Outra denunciou “Trabalhamos e não fomos pagos”.
Foto: Reprodução/Instagram
Ao ser questionada se o que precisava agora é que as pessoas que não receberam aguardem um novo prazo, Silvana afirmou que sim e disse que as pessoas poderiam ajudar a ‘sensibilizar os patrocinadores’: “Aguardem o novo prazo e ao contrário de nos detonar nos ajudem a sensibilizar os patrocinadores porque a gente quer fazer a edição de 2024, mas sem ter esses problemas financeiros que tivemos em 2023, na primeira edição. A gente quer ampliar esse evento para que a gente possa envolver as crianças”, falou.
Ela também contou que esperava que as pessoas entendessem a situação: “Eu juro que eu esperava um pouco das pessoas entenderem o que está acontecendo com a gente e talvez fazer esses stories não massacrando a gente, o evento, como se tudo foi ruim porque não foi. Talvez pedindo aos patrocinadores que falassem assim ‘olha, gente, porque que vocês não patrocinaram nosso evento? Porque que vocês, já que vocês patrocinam o São Paulo Fashion Week e vários outros eventos aí, porque que vocês não patrocinam um evento que é pra nós’? Porque isso seria o legal, porque essas empresas deram não pra gente.”, disse.
“[As empresas] Não quiseram nem saber, recurso pequeno, R$ 30 mil, R$ 50 mil, que nos ajudaria a pagar essa conta. Porque, claro, a de convir que eu sou a CEO que cuidei disso, eu acreditei muito nesse discurso de que a gente tem que enfrentar o racismo e que as empresas estavam preocupadas com diversidade e as empresas brasileiras dentro da questão racial, eu acreditei muito nisso. Mas esse compromisso desse jeito que é fazer inclusão do empreendedorismo preto etc. e tal, infelizmente não é um compromisso que existe na real. Eles fazem um trabalho que é muito pontual, nichado, mas não para atender uma massa grande. Porque a gente sabia que não ia ganhar nenhum dinheiro com isso, tanto é que gastamos do nosso bolso e vamos continuar gastando, já perdemos tudo que a gente tinha”, afirma.
Ao falar sobre um novo prazo de pagamento, Silvana afirma que só entenderá a partir de amanhã. “Eu só vou entender prazo a partir de amanhã porque eu vou negociar com todos os meus credores, com todas as pessoas que me devem pra ver que prazo eles me dão e como que eu recebo, porque eu só tenho como pagar essas pessoas a partir de outros processos que eu tô fazendo. Porque esse linchamento digital aí já atrapalhou, por exemplo, de eu vender 20% da marca África Fashion Week para pagar essas contas. Eles não imaginam o quanto que eles estão nos prejudicando e ao rebote se prejudicando, entendeu?”, pontuou.
Silvana justifica que entende que os colaboradores que não receberam precisam entrar em contato com seus contratantes. “Eu até compreendo que eles têm que reivindicar seus pagamentos, mas eles precisam reivindicar isso junto aos seus contratantes. Porque nós fizemos acordos com esses contratantes e estamos conversando com esses contratantes. De pessoal de maquiagem a pessoal que cuidou da segurança”, revelou.
“Só que nós pagamos metade para eles e como eles se organizaram para pagar essa metade a gente não sabe. A gente não sabe nem quanto custa o cachê dessas pessoas, porque a gente contratou a empresa”, afirma Silvana Saraiva.
O África Fashion Week aconteceu entre os dias 25 e 27 de maio no Expo Center Norte, na zona norte de São Paulo.
Por Kelly Baptista, diretora executiva da Fundação 1B.
O termo “desigualdade étnico-racial” pode ser definido como a diferença de oportunidades e condições de vida em função da etnia, precisamos colocar essa pauta para entender que em um país de dimensões continentais, o racismo estrutural se expressa em outras dimensões da nossa realidade brasileira, a seguir vamos observar alguns dados que fazem parte do nosso contexto, mas que ainda não abrangem toda a estrutura do racismo que atinge pessoas negras.
Insegurança alimentar
Os dados foram obtidos pelo 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (VIGISAN), com uma dimensão mais exata da fome no Brasil, que atingiu 33,1 milhões de pessoas em 2022.
Uma em cada cinco famílias chefiadas por pessoas autodeclaradas pretas e pardas no Brasil sofre com a fome (20,6%) – o dobro em comparação aos lares chefiados por pessoas brancas (10,6%). A situação é ainda mais grave quando se leva em conta o gênero: 22% dos lares chefiados por mulheres autodeclaradas pretas e pardas sofrem com a fome, quase o dobro em relação a famílias comandadas por mulheres brancas (13,5%).
O recorte de raça e gênero, também revela que mesmo as mulheres negras com maior escolaridade (8 ou mais anos de estudos), sofrem com a insegurança alimentar moderada ou grave, sendo um terço delas (33%), comparado com 21,3% de homens negros, 17,8% de mulheres brancas e 9,8% de homens brancos.
Falta de acesso a saneamento básico
No ano 2018, verificou-se maior proporção da população preta ou parda residindo em domicílios sem coleta de lixo (12,5%, contra 6,0% da população branca), sem abastecimento de água por rede geral (17,9%, contra 11,5% da população branca), e sem esgotamento sanitário por rede coletora ou pluvial (42,8%, contra 26,5% da população branca), implicando a condição de vulnerabilidade e possibilitando maior desenvolvimento de doenças, segundo (IBGE, 2019).
Internet
Conforme dados da pesquisa TIC Domicílios (2019), quase 30% dos lares brasileiros não possuem acesso à internet, e apenas 39% têm computador. Nas classes sociais D e E, que são justamente as que já sofrem com outros tipos de exclusão social, o percentual de domicílios sem acesso à web é de nada menos do que 50%. No que diz respeito ao uso, 59% dizem não utilizar a internet para estudar e trabalhar. Apenas 31% das pessoas que usam computadores afirmam ter manipulado uma planilha de cálculo, por exemplo.
Para além do ensino de tecnologia, é importante atentar para as desigualdades que cercam os grupos minorizados. Hoje, quando falamos e olhamos para o mercado de maneira geral, o subconsciente projeta um setor intelectualizado, embranquecido e machista, não enxergamos pessoas negras neste lugar exatamente pela falta de diversidade e representatividade. Isso faz com que, por exemplo, os algoritmos permaneçam sendo criados para classificar pessoas negras de forma negativa. As expressões são muitas, como “Cabelo ruim”, “Pessoa feia”, entre outros termos pejorativos.
Moradia adequada
Segundo a pesquisa Educação já da Ong Todos pela Educação, nos dois maiores municípios brasileiros, São Paulo e Rio de Janeiro, a chance de uma pessoa preta ou parda residir em um aglomerado subnormal é mais do que o dobro da verificada entre as pessoas brancas (IBGE, 2019).
“A abolição da escravidão não extinguiu a desigualdade e o preconceito. Ainda hoje, é necessário reconhecer, com tristeza e indignação, que o racismo ainda é forte no Brasil. Silvio de Almeida define o racismo estrutural como um componente orgânico da própria sociedade, refletido na cultura e nas instituições que, sistematicamente, tendem a discriminar grupos racialmente identificados”.
Antes mesmo da chegada da internet, do acesso massivo a sites e blogs, da existência das redes sociais, Zica Assis começava a movimentar um mercado onde poucas empresas tinham investido. Falar sobre o cabelo de mulheres negras pode ser mexer em uma “ferida” emocional que impactou e ainda impacta a autoestima de muitos de nós.
Ao fundar um pequeno salão no fundo do quintal de casa, no bairro da Muda, região da Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, para realizar relaxamento em cabelos crespos, talvez Heloísa Assis não tivesse ideia de que três décadas depois celebraria a expansão nacional do seu trabalho não só com os espaços de beleza, mas com o lançamento de diferentes linhas de produtos que são queridas do público e que hoje valorizam os crespos, os cacheados e os alisados e relaxados.
Foto: Arquivo Pessoal
Atualmente, ela divide a sociedade do seu negócio com o irmão, Rogério Assis e com o marido Jair Conde, que foi o primeiro investidor. O sucesso veio pela criação de uma fórmula super-relaxante, fruto de anos de pesquisa feitos por Zica para encontrar o produto ideal para cachear os cabelos nos anos 90.
A marca foi se atualizando com as mudanças e colaborando com o empoderamento de mulheres crespas e cacheadas ao entender que além dos produtos para relaxamento também era necessário criar linhas para quem desejava valorizar os fios naturais.
Hoje, os espaços do Beleza Natural recebem mensalmente cerca de 100 mil clientes por mês, atendidas por 1.500 colaboradores divididos em 29 unidades de negócios, localizadas no Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Bahia e Minas Gerais.
Foto: Divulgação
Zica Assis concedeu uma entrevista exclusiva para o Mundo Negro e falou sobre a trajetória que a coloca como uma das principais empresárias negras do ramo da beleza a criar produtos nacionais voltados para o cuidado com o cabelo crespo e cacheado nos últimos 30 anos. “A minha história de empreendedorismo nasce do orgulho que eu tinha do meu próprio cabelo”, ressalta.
Ela reconhece a importância de movimentos liderados por pessoas negras no fortalecimento da autoestima e valorização da estética negra ao longo das três últimas décadas. “As mudanças estão diretamente ligadas à força dos movimentos sociais liderados por pessoas negras e nos frutos que estamos colhendo durante todos esses anos”.
Confira a entrevista completa:
Mundo Negro – Qual é a importância de promover a autoestima e a valorização da cultura e estética negra por meio do cuidado com os cabelos ?
Zica Assis – A minha história de empreendedorismo nasce do orgulho que eu tinha do meu próprio cabelo. Naquela época, não existiam produtos e serviços especializados e com preço acessível para tratamentos de cabelos cacheados, crespos e ondulados. Hoje, temos uma realidade bem diferente, com o crescimento de novos produtos e serviços voltados para este público, onde o empreendedorismo negro tem uma parcela importante.
Tenho muito orgulho de fazer parte desta transformação na vida dessas pessoas que viram na minha história motivos para acreditar que a mudança está, antes de tudo, dentro de cada um de nós. E para mim, a importância está justamente em criar um ambiente onde a gente tenha a liberdade de usar o nosso cabelo como queremos, de termos a autoestima elevada, achar lindo o que vemos no espelho. Porque é essa compreensão e aceitação de quem nós somos nos ajuda a chegar onde queremos.
O nosso cabelo é a nossa coroa! É a nossa história! É poder, é autoestima! É muito gratificante para mim ser reconhecida como pioneira neste segmento e ser uma das pessoas à frente deste movimento.
MN – Ao comparar a aceitação do cabelo crespo há trinta anos e nos dias atuais, quais mudanças percebe entre as pessoas negras?
ZA – As mudanças estão diretamente ligadas à força dos movimentos sociais liderados por pessoas negras e nos frutos que estamos colhendo durante todos esses anos. É um processo contínuo que passa de geração para geração, especialmente no questionamento de estereótipos e padrões de beleza. Esses questionamentos e o nosso trabalho coletivo de empoderamento nos fortaleceu de tal maneira que, hoje, a gente não precisa se submeter a padrões. Não queremos parecer com ninguém, hoje nós somos quem queremos ser!
MN – Mulheres negras têm aberto mão do uso de produtos que promovem a transformação dos fios e estão valorizando mais a estrutura natural dos crespos. Quais mudanças o Beleza Natural fez para atender esse público?
ZA – Gosto de dizer que nossos institutos são laboratórios vivos, estamos sempre atentos aos pedidos das nossas clientes nos institutos e às observações dos nossos colaboradores, e em busca de inovações para atender o maior número de mulheres negras. Entre outras iniciativas também estão as parcerias com Universidades. Temos muito orgulho de ter um histórico robusto de parcerias com o Instituto BioRio, com a Universidade de Brasília (UnB) e com escolas de Negócios reconhecidas mundialmente, como o MIT. Nos cercamos sempre dos melhores pesquisadores para entender as especificidades de cada curvatura e entregar o que realmente o que nossos clientes desejam.
A junção de todo esse universo – clientes, colaboradores e institutos de pesquisas – resultam em uma constante atualização e renovação dos nossos serviços e das linhas de produtos. Atualmente temos uma variedade de tratamentos que ajudam a cuidar do cabelo crespo, cacheado e ondulado, sejam eles naturais ou com algum ativo de fórmula. Também oferecemos várias opções de coloração, cortes e penteados. Nesses últimos 3 anos, por exemplo, tivemos mais de 40 lançamentos entre produtos e serviços, criados e pensados para atender a todas as crespas e cacheadas.
Tudo isso feito por uma equipe de especialistas que entendem do nosso fio. Também temos no nosso portfólio 80 sku’s com formulações exclusivas e desenvolvidas especialmente para as necessidades dos nossos cabelos.
MN – Colorir os cabelos já foi um problema para muitas mulheres negras pela agressão causada aos fios por conta do processo químico. Fale um pouco sobre a técnica de clareamento exclusiva do Beleza Natural.
ZA – Uma premissa para a criação de todos os serviços e produtos do Beleza Natural tem como regra número 1 manter a saúde da fibra capilar. E a nossa equipe de Pesquisa e Desenvolvimento realizou diversas pesquisas, buscou tecnologias e após muitos testes, lançamos alguns serviços que possibilitam colorir os cachos e crespos, preservando a curvatura do fio. São diversas opções para quem usa química de transformação ou não.
O bn.LOIROS é um serviço de clareamento associado a um blend protetor e a uma reposição ultra concentrada de queratina, que proporciona todos os cuidados necessários para manter a saúde da curvatura. São quatro opções que a cliente pode escolher: Californiana, com as pontas dos fios iluminadas para um visual bem natural; Ombré Hair, degradê natural com mechas loiras em diferentes alturas; Mechas Iluminadas, ideal para bem busca um clareamento mais sutil por todo o cabelo; e, as Mechas, com o loiro da raiz às pontas para arrasar!
Outro serviço com cores vibrantes e com muito estilo e personalidade é o bn.COLORS. Com uma fórmula especial que se adapta a todas as curvaturas, a coloração está disponível em seis cores ainda mais vibrantes: Laranja, Azul, Rosa, Amarelo, Verde e Vermelho. E, o melhor: com uma tecnologia inovadora que protege enquanto colore, garantindo proteção dos crespos, cachos e ondulados, maciez, melhora na resistência e mantêm as cores mais vivas!
E, mais recentemente, lançamos a nossa coloração definitiva bn.FEST com 16 cores maravilhosas. Ela possui uma fórmula especial, o que garante o mais alto nível de perfeição de cores, sem danificar o couro cabeludo e os cabelos. Proporcionando resultados fiéis às expectativas, com cobertura perfeita de cabelos brancos e reflexos intensos.
Foto: Divulgação
MN – Uma mulher negra com uma marca relevante que celebra 30 anos é algo que ainda vemos pouco. Quais conselhos você daria para mulheres negras empreendedoras que desejam abrir seus negócios?
ZA – Antes de tudo, temos que acreditar que somos capazes de aprender e realizar. É importante também cercar-se de profissionais que te ajudem e tenham conhecimento em diversas áreas. Porque ninguém faz nada sozinho. Procure, por meio do seu trabalho, ajudar pessoas à sua volta. Não adianta começar um negócio pensando apenas em ganhar dinheiro. Se for bom para o outro a probabilidade de sucesso é grande e o dinheiro virá como consequência.
Nunca perca o olho no olho com o cliente, nunca deixe de ouvir o que ele quer, seus anseios, suas reclamações. Este contato é fundamental. Ao mesmo tempo, não perca o foco do que é realmente o seu objetivo. Ou seja: fique de olho no todo, mas sempre com o foco em seu negócio. Assim você entenderá o caminho a ser percorrido. Busque conhecimento e ame esta atividade verdadeiramente, seja apaixonada pelo que faz! E, mais do que tudo, sonhe alto e nunca deixe de acreditar nos seus sonhos.
MN – Quais são os planos futuros do Beleza Natural para continuar promovendo a autoestima e o empoderamento das mulheres negras?
ZA – Eu sempre penso em crescer mais, aprender mais para poder inovar no Beleza Natural, por isso que a gente constantemente lança produtos e serviços. Eu sou empresária, mas me considero uma empreendedora ainda, estou sempre em busca de novidades e atenta ao que está acontecendo ao meu redor, e não quero perder isso nunca. Eu quero chegar em todo esse Brasil e no mundo. Levar essa autoestima para todas as crespas, cacheadas e onduladas. Só neste mês especial dos 30 anos do Beleza Natural vamos trazer duas novidades. A edição comemorativa do Pentear Explosão de Pérola Negra 1kg. A minha equipe foi buscar esse ativo raro e precioso, e desenvolveu esse finalizador com ação remineralizante que restabelece a elasticidade natural do fio. E a reformulação da nossa profissional bn.PRO, que oferece em casa um cuidado de salão.
Manoel também pede aos fãs que não dêem engajamento a essas notícias, que estão causando tristeza em amigos e familiares e alega o racismo por trás das acusações. “Eu não sou o primeiro nem o último homem com minhas origens que vai ser alvo de ataques dessa forma. Há séculos usam a estratégia de alegar comportamento abusivo para desqualificar homens negros, já vi isso muitas vezes. E meu compromisso de vida é combater o racismo, a desigualdade e injustiças. não poderia ser diferente agora”.
O apresentador também nega qualquer problema com a emissora. “Minha saída em comum acordo com a Globo reflete nossa trajetória juntos, de respeito, profissionalismo e consulta de integridade. Como toda relação trabalhista, esta chegou ao fim e da melhor forma possível, com pagamento integral do contrato, e não com justa causa, como era de se esperar em casos de conduta inadequada.
E completa: “do ponto de vista pessoal, reafirmo minha gratidão ao Grupo Globo, que fez parte de uma longa jornada que me permitiu sair das ruas de porto alegre e chegar ao lares de milhões de brasileiros para levar uma palavra de conforto e dignidade a tantas pessoas que raramente viram um igual em um espaço tão disputado”.
Para finalizar Manoel ainda reafirma o quanto está indignado com as notícias, mas diz que está tranquilo com a verdade de suas ações. “Sigo com carinho e orgulho da trajetória que me trouxe até aqui e logo nos encontramos nos próximos projetos. O propósito de levar alegria e contar a história deste povo brasileiro segue firme e forte”, finaliza.
Em nota divulgada pela Rede Globo, Manoel Soares deixou os programas ‘Encontro com Patrícia Poeta’ da TV Globo e do ‘Papo de Segunda’ do GNT, nesta sexta-feira, após seis anos de trabalho na empresa.