Para a felicidade de toda a comunidade, o filme M8 – Quando a Morte Socorre a Vida chegou nesta quarta-feira (24) na Netflix.
A direção é de Jeferson De que ganhou projeção internacional com Bróder, película selecionada no 60º Festival de Berlim. Ao lado de outros realizadores negros, foi responsável pelo lançamento do Dogma Feijoada, onde se inseriu o manifesto Gênese do Cinema Negro Brasileiro.
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M8 – Quando a Morte Socorre a Vida foi vencedor do Festival do Rio 2019, por voto popular, concorrendo na categoria de Melhor Filme de Ficção. A obra é baseada no livro homônimo de Salomão Polakiewicz.
A SEGUIR, CONTÉM SPOILER
No filme, somos apresentados à Maurício, um jovem negro que começa a estudar na renomada Universidade Federal de Medicina. Em sua primeira aula de anatomia, ele conhece M8, o cadáver que servirá de estudo para ele e os amigos e se dá conta que ele e os cadáveres são os únicos corpos pretos naquele ambiente.
Ainda nos primeiros dias de aula, Maurício tenta se entrosar com os colegas de classe brancos e ricos, e passa por situações constrangedoras de racismo, desde o sútil (quando é confundido com o faxineiro da faculdade pelo seu colega de classe) ao explícito (quando no retorno de uma festa na Zona Sul do Rio de Janeiro é brutalmente abordado por policiais e tem sua presença questionada naquele parte da cidade).
Durante o semestre, Mauricio vai ficando cada vez mais incomodado e intrigado com o fato dos cadáveres, quase sempre, serem de pessoas pretas e sem qualquer tipo de identificação. É como, literalmente, aqueles corpos pretos fossem apenas objetos de estudo.
Entre as idas e vindas da universidade Mauricio sempre avista um grupo de mães, que me lembram as mães de maio. São todas mulheres pretas que dedicam seus dias indo para o semáforo da cidade com cartazes e fotos de sus filhos desaparecidos. A cada contato com M8, Maurício se questiona sobre a possibilidade daquele corpo ser um desses jovens desaparecidos.
O filme “M8- Quando a morte socorre a vida” traz um forte elo entre a ancestralidade viva, ancestralidade espiritual e o corpo negro perante a sociedade. A forma como os corpos negros são marginalizados em vida e facilmente esquecidos na morte traz uma perturbadora reflexão sobre os diversos pilares do racismo.
Ao assistir o longa também é possível refletir sobre quantos corpos pretos somem diariamente, nossas crianças pretas que desaparecem e morrem de “bala perdida”. Bala essa que só encontra tais corpos pretos. O filme de Jefferson De ainda deixa um questionamento para o telespectador, é impossível assistir M8 e não refletir sobre os corpos pretos que somem diariamente, sobre a necropolítica que decide o destino de jovens e crianças pretas.
O longa conta com grandes nomes na atuação como: Zezé Motta, Mariana Sousa Nunes, Lazaro Ramos, Juan Paiva (Personagem : Maurício), Raphael Logam, Henri Pagnoncelli, Fabio Beltrão entre outros. Vale muito apena assistir e apoiar o cinema negro brasileiro.
Confira o trailer:
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