Envio de textos, voz e imagens podem ser feitos pelo celular direto para blog sites (Foto: CN-Divulgação)
Por Silvia Nascimento – A informação é uma grande arma do combate às injustiças. Hoje, por meio das novas tecnologias, qualquer um pode presenciar um fato que em poucos minutos vira notícia por meio da Internet sendo compartilhado por milhares de pessoas. E o celular, que de acordo com o IBGE faz parte da vida de 115 milhões de brasileiros, tem sido cada vez mais usado para denunciar descasos de órgãos públicos e mostrar flagrantes de violência, por exemplo, sobretudo em lugares que” a grande mídia” nunca geralmente não dá muita importância.
No dia 25 de outubro, 20 jovens da comunidade quilombola Porto dos Cavalos, na Ilha de Maré, Salvador (BA) receberam a certificação do projeto “Vojo Brasil: ampliando vozes quilombolas por meio do celular”. A tecnologia VOJO chega ao país pela primeira vez e permite que qualquer pessoa possa enviar informações para sites e blogs, mesmo que ela não possua computador ou Internet em seu aparelho celular.
Alunos do projeto no dia da certificação (Foto/CN-divulgação)
O projeto foi realizado pelo Instituto Mídia Étnica (IME), que também é responsável pelo portal Correio Nagô, em parceria com o Center for Civic Media, do Massachusetts Institute of Technology (MIT),
“A seleção dos jovens foi feita pelas lideranças do território, atendendo aos critérios de representação das diversas comunidades da Ilha, capacidade de replicar a tecnologia e interesse no projeto. A média de idade dos participantes é de 18-25 anos.” explica Paulo Rogério Nunes, diretor executivo do Instituto Mídia Étnica responsável pela realização do projeto.
A primeira experiência prática dos jovens recém-certificados foi à cobertura da III Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial (III CONEPIR). Utilizando seus aparelhos celulares, os jovens fizeram entrevistas e fotos com os participantes e postaram nas mídias sociais. Os quilombolas das comunidades de Bananeiras, Martelo, Porto dos Cavalos, Maracanã e Praia Grande integram o projeto Vojo.
Mas afinal, como enviar informação, sem Internet? “Existe um número especial (via tecnologia VOIP) que compramos e habilitamos como se fosse uma central de 0800, onde as pessoas ligam e recebem opções para ouvir conteúdo ou gravar conteúdo. Além disso, caso o celular tenha câmera, as pessoas podem enviar fotos e até mesmo vídeo”, detalha Paulo Rogério.
Envio de textos, voz e imagens podem ser feitos pelo celular direto para blog sites (Foto: CN-Divulgação)
O projeto contou com a doação de U$15 mil do Institute of International Education, além de outras parcerias estratégicas que fizeram com que o Instituto Mídia Étnica pudesse oferecer bolsas para os jovens, realizar palestras e treiná-los para estarem aptos a usar nova plataforma. “Trata-se de um projeto de baixo custo e alto potencial de empoderamento”, finaliza Paulo Rogério.
Está acontecendo na capital paulista até o dia 1º de novembro, o São Paulo Fashion Week, um dos principais eventos de moda do mundo e na última segunda-feira (28) a marca Tufi Duek, apresentou sua coleção Outono/Inverno 2014. Com a presença da jornalista Glória Maria na plateia e tendo África com inspiração como não ficar ansiosa para ver a coleção criada pelo estilista Eduardo Pombal, baseada no continente que está dentro de todos nós?
Um pouco antes do desfile, corri para página da grife eu fui dar uma espiada na inspiração do criador e me deparo com fotos maravilhosas, de africanas, com marcas tribais pelo corpo, peles escuras com pinturas faciais, ossos grandes pendurados nas orelhas, tão primitivo, tribal e maravilhoso.
A jornalista Glória Maria empolgada na fila A do desfile da Tufi Duek (Foto: TD/FB)Backstage do desfile de Tufi Duek durante o SPFW – Inverno 2014. Foto : SERGIO CADDAH/ FOTOSITE FOTOSITE
Pombal disse que outra fonte de inspiração foi o talentoso fotógrafo maliano Malick Sadibe que ficou famoso nos anos 60 por fotografar moda urbana africana em preto e branco. Seria uma moda africana primitiva ou moderna? A euforia só aumentou.
Foto de Malick Sidibe / Dress Me Network
Minha alegria durou pouco. A presença africana estava presente, na costura, texturas, estampas dos tecidos, acessórios, mas não na aparência das modelos da passarela.
(Foto: TD/FB)(Foto: TD/FB)
Não era de se esperar obviamente, uma presença maciça de modelos negras, o que poderia tornar o desfile caricato que é o temor de qualquer um que trabalha com moda. Fugir do óbvio é a regra. Todavia falar da África em um evento realizado em um país de maioria negra e não ter ao menos uma modelo de características étnico-raciais africana é inaceitável e fora da realidade. Eu pude ver uma ou duas modelos que não posso afirmar se eram negras de pele clara e cabelo alisado ou morenas.
(Foto: TD/FB)(Foto: TD/FB)
A modelo Naomi Campbell tem levantado a bandeira contra o racismo na indústria da moda e me parece que os responsáveis pelo casting da marca Tufi Duek ignoraram o apelo da top model. Eles se apropriaram riqueza cultural do continente africano para vender roupas, mas dispensam a beleza autêntica das suas descendentes. Estranho, né?
*Silvia Nascimento é jornalista e Diretora de Conteúdo do Site Mundo Negro
O desenvolvimento da pesquisa no campo das relações raciais evidencia o quão complexo é este assunto, tanto que hoje o racismo como fenômeno social passa a ser visto a partir de suas derivações e, portanto, a ser analisado por diferentes flancos. Assim se constroem as novas terminologias como “racismo institucional” e “racismo ambiental”. Quanto a esta última, que é o foco deste modesto artigo, vale destacar a sua relevância em uma conjuntura na qual o perene inchaço das grandes cidades causa estarrecimento.
Diante dessa situação, podemos observar que a questão ambiental é mais complexa do que muitos imaginam. Embora o argumento que reitera a superação da pobreza como algo imprescindível à melhoria do meio ambiente pareça consensual, há que se pensar mais detidamente acerca das pessoas que formam os contingentes de despossuídos nos arredores dos grandes centros urbanos, pois não se trata de uma massa sem rosto.
Foi-se o tempo em que reduzir a exclusão social às classes econômicas respondia às inquietações de grandes parcelas da sociedade brasileira. A atual conjuntura também dá indícios de que o país finalmente inicia um processo de construção democrática da perspectiva da alteridade racial e de gênero. Talvez a referência mais concreta a esse respeito se consubstancie nas políticas públicas focadas nas diferenças, as quais denominamos ações afirmativas.
Paulatinamente a nação vai compreendendo que classe social não é categoria absoluta e tampouco responde sozinha pelas mazelas da humanidade. Assim sendo, pensar a questão ambiental hoje exige que percebamos também os vínculos estabelecidos entre ela e determinados problemas que constam na pauta nacional, sem os quais limitaremos sobremaneira nossas possibilidades de encontrar soluções.
De acordo com esse entendimento, gostaria de destacar o conceito, ainda pouco usual, chamado de racismo ambiental, posto que ele é de extrema valia para os novos olhares em torno da exclusão social. A compreensão de seu conteúdo pelo conjunto da sociedade ainda é precária. No que concerne ao contexto urbano, entende-se por racismo ambiental todo o processo de alijamento de populações para áreas periféricas, sem saneamento básico e, portanto, insalubres, nas quais os riscos de adquirir doenças e ter reduzida a expectativa de vida são inevitáveis. Ocorre que as pessoas que integram tais contingentes não são seres abstratos; elas possuem características fenotípicas que evidenciam seus pertencimentos a segmentos étnico-raciais, cujas identidades culturais também não devem ser subestimadas.
Olhar a pobreza de maneira homogênea sem querer identificar aqueles que são os alvos preferenciais da exclusão é tangenciar o debate sobre a natureza do racismo produzido neste país. Tal fenômeno não atua apenas no campo do simbólico, mas afeta as relações entre as pessoas de várias origens, na medida em que hierarquiza as variações comuns entre seres humanos.
Quando defendemos uma vida melhor para o planeta, podemos denunciar os efeitos mais danosos do aquecimento global, podemos criticar o triunfo do capital sobre a chamada economia verde, enfim, contestações não faltam. Todavia, se não prestarmos atenção no local e nas necessidades humanas mais emergentes que estão diante de nós, o discurso ecologicamente correto não terá a eficácia necessária. Além disso, a saúde do planeta depende da saúde daqueles que nele vivem.
Se o desmatamento das florestas não pode ser visto de forma natural, a presença maciça de afro-brasileiros, por exemplo, nos bolsões de miséria também não. A questão ambiental está inexoravelmente ligada às questões sociais. É nesse sentido que o debate sobre racismo ambiental e as demandas das coletividades por ele atingidas se tornou algo fundamental para a formação de uma consciência ecológica crítica que pense as condições humanas, considerando a sua diversidade, articuladas às urgências ambientais.
A discussão sobre racismo ambiental explicita o desmazelo com as periferias urbanas, bem como a ocupação ilícita das reservas indígenas e das terras quilombolas, denuncia a situação-limite de populações ribeirinhas, entre outros propósitos. A partir desta provocação, é possível compreender que segregação étnico-racial e segregação espacial andam a par e passo. E é justamente por esse motivo que o debate ora proposto se tornou impostergável.
* Nelson Inocêncio é professor da Universidade de Brasília e coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros, vinculado ao Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam/UnB). Ex-secretário da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN).
Artigo publicado originalmente na edição nº 1 da revista ECO Brasília.
Embora a maioria das mulheres brasileiras tenha os cabelos cacheados e crespos, a falta de referências midiáticas ainda é gritante. De acordo com uma pesquisa do Data Popular para o Instituto Patrícia Galvão, 83% dos entrevistados enxergam mais mulheres com cabelos lisos nas propagandas de TV. A pesquisa foi feita com 1.500 pessoas (homens e mulheres) de 100 municípios do país.
Entretanto, essas pessoas gostariam que as propagandas tivessem mais mulheres com cabelos crespos e cacheados. Vale ressaltar que a população enxerga que na vida real, a maioria das mulheres tem cabelo liso. Acredito que isso aconteça devido à quantidade de mulheres que utilizam de artifícios para esticar os fios, seja chapinha, escova progressiva, ou outros métodos. É raro encontrar uma cacheada ou crespa assumida na rua, e quando eu acho, geralmente no metrô, é uma agulha no palheiro.
O mesmo acontece em relação às mulheres negras. 80% dos entrevistados afirmam que as mulheres brancas são maioria nas propagandas de TV, entretanto, cinco em cada 10 gostariam de ver mais mulheres negras nos anúncios televisivos. Resumindo: as propagandas não nos representam, ou melhor, não representam a realidade do país. De acordo com a última Pesquisa Nacional de Domicílios, do IBGE, 51% da população brasileira se declara negra ou parda.
Georgia Pedro, jornalista
e blogueira
“Não me sinto representada em nenhum aspecto, infelizmente o preconceito impera na mídia e em pleno ano de 2013, ainda sentimos falta de ver negros e negras na TV. Claro que podemos citar Taís Araújo, Sheron Menezes que são lindas, mas perto de um Brasil que possui a maior população negra fora do continente africano, temos a sensação que não existem negros no país. Não vejo negros em comerciais, programas de TV, novelas… não vejo em lugar algum. Então o que resta é admirar os belos artistas americanos”, desabafa a blogueira negra, Georgia Pedro, do blog Modismos e Makes.
Segundo o presidente do Data Popular, Renato Meirelles, especialista em mercados emergentes, a visão da elite, que aprova o anúncio publicitário, ainda segue o padrão de beleza europeu:
Renato Meirelles, presidente do
Instituto de Pesquisas Data Popular
“ Isso acontece porque as pessoas que criam e aprovam os anúncios pertencem às classes A e B. E essa elite é branca, tem olhos claros e ainda dialoga com esses padrões que sempre foram privilegiados no mercado consumidor. Entretanto, nada justifica a questão racial: os negros são mais da metade da população e movimentam R$ 720 bilhões em consumo por ano, e o seu aspiracional não é ser branco”, explica.
Essa visão elitizada dos publicitários, pode ser vista claramente na nova propaganda do Boticário como me alertou a blogueira, Juliana Ferreira, do blog O preto nada básico. A propaganda fala sobre a beleza da mulher brasileira, mas só mostra biotipos europeus, como loiras de olhos azuis. Alguém viu alguma negra? Enfim, estamos na Suécia, ora bolas, ou o IBGE deve ter se enganado…
Juliana Ferreira, advogada
e blogueira
“O Boticário possui diversas franquias espalhadas no Brasil e, mesmo assim, insiste em não reconhecer a diversidade nos tons de pele da brasileira. O negro só é visto de forma ‘cuspida’ na mídia, geralmente, na época do carnaval, onde as ‘mulatas’ são exaltadas como um produto. A única exceção são os negros famosos na música, artes ou esportes, os quais têm vaga garantida em comerciais, para que demonstrem que ‘não existe preconceito no Brasil'”, destacou Juliana.
Douglas Rodrigues, 17, morto por um policial no dia 27 de outubro
Por Douglas Belchior
Douglas Rodrigues podia ser meu aluno. Cursava o terceiro ano do ensino médio e trabalhava em uma lanchonete. Tinha só 17 anos. Nesta segunda (28), passava com o irmão de 13 anos em frente a um bar quando foi abordado por policiais, quando sofreu um disparo certeiro no peito. “Por que o senhor atirou em mim?”, teria perguntado ao PM, segundo a mãe, Rossana de Souza. Douglas foi levado a um hospital da região, mas não resistiu.
Os agentes averiguavam uma suposta denúncia de “perturbação de sossego”, segundo o Boletim de Ocorrência, por conta do som de um carro que tocava funk. “Ele deu o tiro dentro do carro. Não falou nada, não teve nem reação”, disse uma testemunha. Já o policial afirmou que o tiro foi acidental. Ele foi autuado em flagrante por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
A equipe da Secretaria de Juventude de São Paulo e do Juventude Viva está em contato com a família e informou que oferecerá todo o apoio e orientação.
httpv://www.youtube.com/watch?v=_SMWGLu83AM
Quem pode ajudar a responder a pergunta do Douglas?
Ele perguntou ao estado, ao poder, aos governantes: Por que atirou em mim? Estavam na Vila Medeiros para garantir o “sossego” da comunidade. O que isso tem a ver com tiros, truculência e terror? O tiro foi acidental? De novo? E no peito? Travestidos como acidentes, o fato é que a violência e a morte tem uma estranha predileção etária, étnica, social e geográfica: as vitimas são sempre jovens, negros ou pobres e moradores de periferias.
Queria mudar de assunto, como sugere o verso do Racionais, relembrada acima. Mas a realidade não deixa! Uma das principais reivindicações dos movimentos populares hoje no Brasil é justamente a desmilitarização das polícias e a consequente extinção da PM. Está provado que, em nome do Estado e dos interesses privados que o dirige, a PM existe para reprimir e matar negros e pobres.
Aliás, esse é o argumento jurídico do Estado Brasileiro para negar o genocídio de sua juventude: “Não há a intenção”, apensar dos fatos. Mas o que importa ao morto ou a família do morto se houve ou não a intenção de matar? O que importa a intenção, se os velórios e a dor são irreversíveis?
Transfiro a pergunta de Douglas para vocês, Governador Alckmin e Presidenta Dilma, que preferiram o conforto do Palácio dos Bandeirantes a participação no lançamento do Plano Juventude Viva no último dia 25, no Campo Limpo, quando poderiam ouvir de nós as angustias e talvez – a partir de uma ação concreta, caro governador, evitar mais um assassinato.
Por que o policial atirou? Por que sempre atiram? A tropa obedece, o comando treina, a direção ordena e os chefes de estado se responsabilizam. Então respondam Alckmin e Dilma, porque Douglas foi assassinado? E até quando outros serão? E vocês, que se solidarizaram à PM imediatamente após a agressão sofrida pelo Coronel Rossi, o que tem a dizer agora?
Chega de hipocrisia. A PM mata negros e pobres todos os dias!
Participe da Audiência Pública Sobre o Genocídio da Juventude Negra em SP
Nesta terça-feira (29) acontece o segundo debate do ciclo “Conversas sobre África” promovido pelo O Instituto Lula em parceria com o Sindicato dos Bancários de São Paulo e com o apoio do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
No evento que tem início às 17h30, será exibido o primeiro documentário da série “Presidentes Africanos”, criado e apresentado pelo jornalista Franklin Martins. O trabalho, com duração de 50 minutos, faz uma apresentação geral da situação do continente africano no século 21, revelando seu processo de desenvolvimento econômico e de avanços na construção da paz e da democracia.
Após a exibição do documentário, o jornalista Franklin Martins participará de um debate responderá as perguntas dos presentes.
O evento é aberto e não é necessário fazer inscrição prévia.
Data: 29 de outubro Horário: 17h30 Local: Sindicato dos Bancários de SP, Rua São Bento, 413, Centro, ao lado da Estação São Bento do Metrô.
Nesta terça-feira (29) acontece o segundo debate do ciclo “Conversas sobre África” promovido pelo O Instituto Lula em parceria com o Sindicato dos Bancários de São Paulo e com o apoio do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
No evento que tem início às 17h30, será exibido o primeiro documentário da série “Presidentes Africanos”, criado e apresentado pelo jornalista Franklin Martins. O trabalho, com duração de 50 minutos, faz uma apresentação geral da situação do continente africano no século 21, revelando seu processo de desenvolvimento econômico e de avanços na construção da paz e da democracia.
Após a exibição do documentário, o jornalista Franklin Martins participará de um debate responderá as perguntas dos presentes.
O evento é aberto e não é necessário fazer inscrição prévia.
Data: 29 de outubro Horário: 17h30 Local: Sindicato dos Bancários de SP, Rua São Bento, 413, Centro, ao lado da Estação São Bento do Metrô.
De acordo com o site americano TMZ, o cantor americano Chris Brown foi preso nas primeiras horas da manhã deste domingo (27) por supostamente ter agredido um homem com um soco no rosto.
O cantor foi preso juntamente com seu guarda costa que também estava presente no local. A perícia confirmou que ambos não estavam sob influência de drogas ou álcool. A vítima foi levada para o hospital para avaliação e tratamento.
Se condenado, Brown pode pegar até quatro anos de prisão pelo incidente, o que viola sua liberdade condicional, obtida em 2009 depois da condenação de agressão contra a cantora Rihanna, sua namorada na época. Brown também esteve envolvido em brigas com o rappers Drake e mais tarde com Frank Ocean, nenhum deles deu queixa contra o cantor.
Quatro mulheres negras se apresentam em discursos encharcados de dor, desespero e revolta. Histórias de vida que denunciam o racismo praticado por brancos em posições de poder. Mulheres marcadas por estereótipos que recaem sobre os diferentes tons da pele negra que logo rememoram a escravidão e o passado, nem tão distante, de privações. Assim, a cantora Nina Simone apresenta sua canção Four Women.
Áspera e enternecedora, a música não conta explicitamente a história de uma mulher solitária, mas sim traz a própria solidão como pano de fundo. Esse abandono, sem dúvidas, tem uma carga social e afetiva sendo muitas vezes protagonizado por um homem negro.
Entender esse homem negro e como ele também padece dos efeitos do racismo e do machismo parece ser necessário para aprofundar essa questão.
No Brasil o racismo se dá, dentre outros, marcadamente pelo tom da pele, então a visão do corpo masculino e as noções de corporeidade – maneira pela qual o cérebro reconhece e utiliza o corpo como instrumento relacional com o mundo- podem dar pistas sobre os processos sociais e afetivos vividos pelo homem negro.
Afinal, como o corpo do homem negro é visto pela a sociedade? As imagens que se tem acesso da época da escravização sempre revelam corpos expostos em tarefas corriqueiras do dia a dia ou corpos mutilados e violentados nos açoites em praça pública. A ultra exposição do corpo negro começa nesse momento.
Para Alex Ratts – Professor da Universidade Federal de Goiânia e Doutor em Antropologia que estuda masculinidades -, corpos negros são geralmente racializados e subdivididos. “Os corpos racializados estão em toda a parte, nos livros, nos textos e ilustrações, nas músicas, em tudo”, considera ao destacar que essa racialização embute uma desumanização, a ideia de um corpo à deriva a ser dominado.
As mulheres bem sabem o quão devastadora pode ser a permissividade com que esse corpo, visto como público, é tratado. Com os homens não é diferente. A violência física e simbólica sofrida pelo corpo negro tem bases sólidas nas relações das posições de gênero, no racismo, na estrutura de classes, entre outras formas de opressão.
Não raro o viés de gênero é identificado pelo elevado número de jovens negros mortos pela violência urbana nas grandes capitais. Esse corpo negro mais facilmente encarcerado e morto tem sua subjetividade (e processo de construção da identidade) constantemente bombardeada.
O antropólogo Osmundo Pinho – Doutor em Ciências Sociais -, em seu texto “Qual é a identidade do homem negro?”, afirma: “O corpo negro masculino é fundamentalmente corpo-para-o-trabalho e corpo sexuado. Está fragmentado em partes: a pele; as marcas corporais da raça (cabelo, feições, odores); os músculos, ou força física; o sexo, genitalizado dimorficamente como o pênis, símbolo falocrático do plus de sensualidade que o negro representaria e que, ironicamente, significa sua recondução ao reino dos fetiches animados pelo olhar branco”.
O fetiche lançado sob o corpo negro masculino influenciaria as relações interpessoais e de cunho afetivo. Para o ator e pesquisador da afetividade negra e questões de gênero, Sidney Santiago essa fragmentação do corpo negro acarreta na tentativa de anulação das subjetividades e recusa do processo afetivo. “A partir do olhar do outro, o homem negro se molda socialmente para dar prazer e tem um processo de construção da identidade que perpassa pela hiperssexualização de sua imagem”, considera.
Vale destacar que nessa visão está-se incluindo as relações homoafetivas. Sobre isso, Santiago pontua: “Os homens negros não têm possibilidade histórica de pensar sua afetividade, sem ser pelo recorte da heteronormatividade”.
O homem negro, assim é condicionado a ser mais forte (psíquica e fisicamente) e mais viril que os demais.
Santiago considera que as relações afetivas do homem negro, principalmente as interraciais, estão carregadas do culto ao exotismo. “É o desejo, o fetiche pelo corpo negro e, claro, a idealização do pênis que imperam”, opina.
Paixão peniana
“Identificar o pênis sempre e unicamente como força, como sendo um instrumento de poder, uma arma primeiro e acima de tudo, é participar no reverenciamento e perpetuação do patriarcado. É a celebração da dominação masculina.”
A escritora afro-americana e teórica feminista, bell hooks*, em seu texto intitulado “Pennis Passion”, fala sobre como a visão do falo como ferramenta de força é falha e conservadora e, acima de tudo, aprisiona homens e mulheres. “O texto ousado de bell hooks mostra as questões de poder e subordinação atreladas ao simbolismo do órgão masculino e quando falamos de um corpo negro a referência da hiperssexualização sempre se dá pelo enfoque no falo”, comenta Alex Ratts.
No texto bell sugere a ressignificação peniana como forma de libertação de homens e mulheres. “Mudar a forma como falamos sobre o pênis é uma poderosa intervenção que pode questionar o pensamento patriarcal. Muitos homens sexistas temem que seus corpos percam significado se nós avaliarmos o pênis mais pela sacralidade da sua existência do que pela sua capacidade performática”, indica.
O que homens negros podem aprender com as mulheres negras
Na década de 1990, uma grande militante feminista negra falava a cerca dos aspectos políticos, sociais e afetivos da solidão da mulher negra que já era preterida inclusive pelo homem negro.
Beatriz Nascimento escreveu artigo ressaltando o quanto a atração sexual e afetiva está impregnada de modelos raciais. A escolha da mulher negra pelo homem passava pela “crença de que seja mais erótica ou mais ardente sexualmente que as demais, crença relacionadas às características do seu físico, muitas vezes exuberantes”, registrou.
Há muito anos a mulher negra padece da estereotipização de seu corpo. Porém, a história de luta das mulheres negras, vem trabalhando na ressignificação desse corpo. Sobre isso, Osmundo Pinho escreveu: “Elas têm desenvolvido, com maior grau de consciência crítica, uma relação com o próprio corpo, para resguardá-lo, reinventá-lo, dignificá-lo, apropriar-se dele, negar significados estereotipados…”
Esse acúmulo das mulheres negras está sendo acessado por alguns homens negros, porém, muito timidamente. Os homens também são formados dentro da lógica do patriarcado regida pela relação de superioridade e dominação. “Poucas vezes na vida de um homem ele é levado a questionar a sua subjetividade pessoal que está atrelada ao coletivo, econômico e cultural. Isso precisa mudar”, conclui Ratts.
* bell hooks tem seu nome grafado em letras minúsculas, sobre isso diz: “o mais importante em meus livros é a substância e não quem sou eu”.
Imagem 1: Jean-Baptiste Debret
Bibliografia
____ Ratts, Alex. Corpos negros educados: notas acerca do Movimento Negro de base acadêmica. Nguzu, Londrina – PR, Ano 1, n. 1, março/julho de 2011. Revista do Núcleo de Estudos Afro-Asiáticos (NEAA) da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Leia aqui.
_____ Pinho, Osmundo, Qual é a identidade do homem negro?. Democracia Viva, nº22, junho/julho de 2004. Revista do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase).
Geralmente crianças a partir de 3 anos já tem o cabelo mais definido, porque muito novinhas ainda tem aquelas partes de cabelo de neném!
Na verdade este cabelo novinho que fica em volta de toda a cabeça (Testa e nuca) demora para engrossar. Por isso tem que ser avaliado na prática, o profissional deve evitar o uso de lã e barbante se o cabelo for muito fininho para não arrebentar ao destrançar. E o mais importante a tração tem que ser mínima! Lógico para não machucar, para não ficar apertada demais e para não arrebentar esses fios mais frágeis da frente.
Crianças que tem o costume de pentear os cabelos com frequencia, são mais calminhas e não se importam de ficar quietinhas. Mas também tem as crianças que as mamães fazem do dia de pentear os cabelos o carma da vida, com essas nunca será fácil, por isso sempre repito por aqui:
“PENTEAR OS CABELOS DE UMA CRIANÇA NEGRA É MUITO MAIS QUE ISSO, É AUTO-CONHECIMENTO E ACEITAÇÃO”