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Prove que vidas negras importam: Artistas pedem que Hollywood deixe de investir na polícia dos EUA e invista em conteúdo antirracista

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A carta aberta endereçada a “Nossos aliados em Hollywood” chamou de um “legado da supremacia branca” a indústria, e disse que Hollywood “encoraja a epidemia de violência policial e a cultura antinegritude”. Lançada nesta terça-feira (23), a carta é assinada por mais de 300 atores e cineastas negros, incluindo Idris Elba, Viola Davis, Queen Latifah e Billy Porter, pede que Hollywood deixe de investir recursos na polícia dos Estados Unidos e invista em conteúdos antirracistas.

Organizada pelo grupo Hollywood 4 Black Lives, a carta foi escrita em meio ao processo de reconhecimento político e cultural sobre o racismo sistemático nos Estados Unidos e aos protestos em massa por conta de assassinatos de pessoas negras pela polícia. 

Demandas específicas pedem o fim da contratação de policiais nos sets de filmagem e pressão sobre as autoridades municipais de Los Angeles para reduzir o orçamento destinado à polícia.

A carta pede que a indústria de cinema e televisão “acabe com a glorificação intencional da brutalidade policial e da corrupção nas histórias contadas”, e que estúdios empreguem mais pessoas negras com poderes executivos, orçamentários e decisivos. 

Programas policiais que eram exibidos há décadas, como “Cops” e “Live PD”, foram cancelados no início deste mês. Várias celebridades, incluindo os apresentadores Jimmy Kimmel e Jimmy Fallon e a criadora da série “30 Rock” Tina Fey, emitiram pedidos de desculpas públicos por terem feito “black face” no passado.

Pesquisa mostra que bairros de São Paulo com mais pretos e pardos têm mais mortes por covid-19

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Segundo o relatório da ‘Rede Nossa São Paulo’, os bairros paulistanos com as maiores proporções de pessoas que se autodenominam pretas e pardas acumulam os maiores números de mortes decorrentes da covid-19. O mesmo paralelo se dá em relação à moradia: os distritos que mais possuem favelas em relação ao total de domicílios concentram mais vítimas do que os bairros que não registram moradia irregular.

Os dados foram compilados a partir do Mapa da Desigualdade de 2019 e dos registros da prefeitura da capital de mortes pelo coronavírus por bairro. Os termos preto e pardo são usados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em suas pesquisas.

Os bairros com o maior número de mortes são:

Sapopemba (zona leste) – 300 mortes
Brasilândia (zona norte) – 277 mortes
Grajaú (zona sul) – 267 mortes
Jardim ngela (zona sul) – 240 mortes
Capão Redondo (zona sul) – 237 mortes
“São regiões que, além de mais vulneráveis, despertam menos atenção do ponto de vista do poder público, tanto estadual quanto municipal. E não é só ter o equipamento [hospitais, UBS, UPA], a eficiência da saúde pública passa pelo investimento nas equipes”, argumenta a médica Carolina Castiñeira, diretora do Simesp (Sindicato dos Médicos de São Paulo).

Três dos bairros que elencam o maior número de mortes por covid-19 em São Paulo (Jardim ngela, Grajaú e Capão Redondo) estão também entre os oito distritos com maior número proporcional de população preta e parda na cidade.

A média em São Paulo é de 32,1%. Todos os cinco bairros estão acima desta média, o único entre eles que não tem maioria de negros é Sapopemba.

Proporção de pretos e pardos:

Jardim ngela (zona sul) – 60,1% e 240 mortes
Grajaú (zona sul) – 56,8% e 267 mortes
Capão Redondo (zona sul) – 53,9% 237 mortes
Brasilândia (zona norte) – 50,6% e 277 mortes
Sapopemba (zona leste) – 41,7% e 300 mortes
Entre os dez bairros mais atingidos pela pandemia, com a maior concentração de casos e mortes, sete estão na zona sul da capital. O Grajaú é considerado o principal vetor da região; ontem, uma pesquisa epidemiológica feita pela Prefeitura de São Paulo projetou o distrito com o maior número de casos. As autoridades estimam que 11.032 tenham o vírus no bairro, com 93,6% dos casos considerados leves.

Com cruzamento feito pela Rede Nossa SP, a correlação entre o número de favelas, proporcionalmente ao total de domicílios de cada bairro, e o número de casos e mortes em decorrência da covid-19. Cinco dos dez bairros com os maiores índices de vítimas da doença também figuram entre os bairros com proporção de habitações irregulares.

São eles:

Brasilândia – 277 mortos e 29,7% de favelas
Sacomã – 226 mortos e 27,98% de favelas
Capão Redondo – 237 mortos e 27,66% de favelas
Jardim ngela – 240 mortos e 25,83% de favelas
Jardim São Luis – 235 mortos e 24,09% de favelas
Os 11 distritos que não reúnem domicílios em favelas, de acordo com dados oficiais, têm baixo número de óbitos por Covid-19, em comparação com a média da cidade. São eles: Alto de Pinheiros, Bela Vista, Brás, Cambuci, Consolação, Jardim Paulista, Moema, Perdizes, República, Santa Cecília e Sé”, diz a Rede Nossa SP, estabelecendo o contraponto nos bairros ricos.

Facebook se compromete a investir 200 milhões de dólares para apoiar a comunidade negra globalmente

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(Mark Zuckerberg, CEO do Facebook. Fonte: Divulgação)

Na última quinta-feira o Facebook anunciou um aporte de 200 milhões de dólares para apoiar a comunidade, empresas e organizações lideradas por pessoas negras em todo o mundo.

O anúncio foi feito pela diretora de operações da empresa Sheryl Sandberg, em sua rede social: “As últimas semanas nos obrigaram a enfrentar a realidade de violência e injustiça que os membros da comunidade negra enfrentam diariamente”. […] “Compartilhamos palavras de apoio aos nossos amigos, colegas, comunidades, mas precisamos agir também.”

(Sheryl Sandberg, COO do Facebook. Fonte: Divulgação)

Dos 200 milhões prometidos, 25 milhões serão investidos em criadores de conteúdo negros, 75 milhões serão direcionados a subsídios em dinheiro ou crédito em anúncios para organizações e instituições sem fins lucrativos e que atendem à comunidade negra e 100 milhões serão destinados a contratação de fornecedores, como agências de propaganda e marketing. O programa é global e tem início nos Estados Unidos, onde é a sede da companhia.

A empresa também se comprometeu a aumentar a representatividade negra nas posições de liderança. A proposta é ter 30% a mais de negros, nos próximos 5 anos.

De acordo com o Relatório de Diversidade do Facebook de 2019, atualmente 3,8% dos colaboradores são negros e 3,1% assumem cargos de liderança.

Além dessa iniciativa, o Facebook está desenvolvendo uma nova seção na rede social chamada de “Lift Black Voices” (na tradução livre para o português, “Levantar Vozes Negras”), que vai destacar histórias de pessoas negras e trazer conteúdos educativos.

(Fonte: Divulgação Facebook)

“Este é apenas o começo de como planejamos ajudar nessa luta” […] “Continuaremos ouvindo e tomando medidas para apoiar o sucesso a longo prazo da comunidade negra”, conclui Sandberg.

Nos últimos dias também, a rede social anunciou que vai revisar o seu algoritmo para apoiar e proteger a comunidade negra em todo o mundo.

Hoje, a Facebook Company possui em seu catálogo de produtos marcas como o próprio Facebook, Instagram, Messenger, WhatsApp, Oculus entre outros.

“Negros são criminosos”: Grupo entra com ação para que o Ministério Público investigue Luísa Nunes pelo crime de racismo

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Um grupo de advogados levou ao conhecimento do Ministério Público (MP) de São Paulo uma representação com um pedido para que Luísa Nunes Brasil, dona de uma conta com quase 60 mil seguidores no Instagram, seja investigada por publicar uma sequência de vídeos cujo conteúdo foi identificado como racista. 

No início de junho, Luísa que também é influenciadora e mantém um canal no Youtube disse que o “racismo sempre vai existir enquanto a maioria dos crimes for causada pela população negra”. Ela afirmou ainda que o preconceito racial é “algo natural, um instinto de defesa”. Os comentários, publicados no Instagram, foram feitos em referência à campanha “Vidas Negras Importam”, retomada no mundo inteiro em reação ao assassinato de George Floyd em Minneapolis, nos Estados Unidos.

A peça é assinada por três advogados negros, com atuação no Distrito Federal e em Minas Gerais. Eles são: Nauê Bernardo Pinheiro de Azevedo, Asaph Correa e Teles e Carlos Augusto de Souza Santos. Também integram o pedido o infuenciador digital e engenheiro civil Levi Kaique, cuja atuação na internet é voltada para a causa negra e a igualdade racial, e o servidor público Thallis Luiz Souza Ramos, que também faz publicações sobre o tema.

O documento sobre as declarações de Luísa foi encaminhado às promotorias cível e criminal de São Paulo, bem como às especializadas em direitos humanos e combate ao crime cibernético. Caberá ao MP decidir se irá investigar a influenciadora e, caso encontre indícios de que ela violou a lei, levar o episódio ao conhecimento do Judiciário.

Viola Davis comemora 17 anos de casamento com “o homem mais bonito do mundo”

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Atriz e produtora norte-americana, Viola Davis, usou seu Instagram para celebrar os 17 anos de casamento “com o homem mais bonito do mundo”, como ela escreveu em legenda da foto do dia do seu casamento com Julius Tennon.

“Você fez minha vida mais doce e meu coração maior. Orei por você e Deus disse: “Sim! Eu tenho a pessoa certa para você !!!!”, completou.

Em 2016, Viola Davis renovou os votos de casamento. Nas redes sociais, a atriz partilhou uma fotografia em que anunciava “renovando votos com o amor da minha vida em breve!”. Viola e Julis casaram-se em 2013.

Davis começou sua carreira atuando em peças de teatro e em papéis coadjuvantes no cinema. Seus primeiros papéis de destaque vieram pelos filmes Kate & Leopold (2001) e Far from Heaven (2002), e pela série de televisão Law & Order: Special Victims Unit da NBC. Em 2001, ela venceu o Tony Award de Melhor Atriz Coadjuvante em Peça pelo seu papel como Tonya na produção original de King Hedley II.

No entanto Davis alcançou maior sucesso pelo seu desempenho no drama Doubt (2008), que lhe rendeu diversas indicações, incluindo Oscar, Globo de Ouro e SAG Award, todos na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante.

Bispos e pastores Angolanos tomam o controle de templos da Igreja Universal e os acusam de racismo e imposição da prática de vasectomia

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Um grupo de bispos e pastores da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola informou ter assumido na segunda-feira (22) o controle de 35 templos da instituição em Luanda e cerca de 50 em outras províncias do país, como Lunda-Norte, Huambo, Benguela, Malanje e Cafunfo. Os religiosos angolanos declararam ruptura com a gestão brasileira. É um movimento sem precedentes, que começou em novembro de 2019, com a divulgação de um manifesto com críticas à direção da igreja no Brasil.

Os líderes angolanos acusam direção brasileira de evasão de divisas, expatriação ilícita de capital, racismo, discriminação, abuso de autoridade, imposição da prática de vasectomia aos pastores e intromissão na vida conjugal dos religiosos.

Em nota oficial, a Igreja Universal do Reino de Deus de Angola afirmou que ex-pastores teriam usado a violência e promovido “ataques xenófobos”, além de agredir pastores, esposas de pastores e funcionários “com objetivo de tomar a igreja, com propósitos escusos”. A Igreja Universal do Reino de Deus é liderada pelo bispo brasileiro Edir Macedo e tem hoje 10 mil templos espalhados em mais de 100 países. Reúne 500 mil fiéis em Angola.

O controle da Universal em Angola será assumido a partir de agora, segundo o grupo rebelado, pelo bispo Valente Bezerra Luiz, então vice-presidente da igreja. Os bispos e pastores dissidentes dizem que a igreja no país passará a ser chamada de Igreja Universal de Angola e afirmam já ter o comando de 42% dos templos.

A suposta obrigatoriedade de pastores serem submetidos a cirurgia de vasectomia, segundo a Universal, é um exemplo de fake news “facilmente desmentida pelo fato de que muitos bispos e pastores da Universal, em todos os níveis de hierarquia da Igreja, têm filhos”. O que a Instituição estimula, conforme a nota, “é o planejamento familiar, debatido de forma responsável por cada casal”.

“Mentiras absurdas, como essa acusação de racismo”, para confundir a sociedade angolana. “Basta frequentar qualquer culto da Universal, em qualquer país do mundo, para comprovar que bispos, pastores e fiéis são de todas as origens e tons de pele, de todas as classes sociais. Em Angola, dos 512 pastores, 419 são angolanos, 24 são moçambicanos, quatro vieram de São Tomé e Príncipe e apenas 65 são brasileiros”, diz nota divulgada pela Igreja Universal.
O manifesto com a assinatura de 320 bispos e pastores Angolanos, foi encaminhado ao principal líder da igreja no país, o bispo brasileiro Honorilton Gonçalves, ex-vice-presidente da TV Record.

Os religiosos dizem não ter sido atendidos no manifesto, já pediam aos líderes brasileiros da igreja que deixassem o país para que a instituição passasse a ser administrada apenas por angolanos.

Silvio Almeida no Roda Viva: Conheça os livros indicados e citados pelo professor durante o programa

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Professor Silvio Almeida

Nesta segunda (22), o professor e jurista Silvio Almeida foi o entrevistado do Roda Viva. O programa debateu sobre racismo, e a comunidade negra como seus efeitos na economia, politica e no direito social.

Silvio, um dos maiores intelectuais que o Brasil formou, marca a história do programa, assim como marcou Milton Santos, quando foi entrevistado no Roda Viva em 1997.

Um dos assuntos mais comentados nas redes sociais, a noite de segunda-feira foi sinalizada por frases e pensamentos que mostravam ao público que o debate sobre igualdade e direito faz-se preciso em uma sociedade que deslegitima a maioria e mais vulnerável da sua população.

Além de seu livro ‘Racismo Estrutural’, Silvio indicou autores e livros que relatam e discutem sobre os temas abordados no programa.

São eles:

Armadilha da Identidade – Livro do historiador Asad Haider, que discute a política contemporânea, falando sobre Raça e Classe nos dias atuais.

Necropolítica – do filósofo Achille Mbembe, onde ele fala sobre a noção de necropolítica e de necropoder e suas várias maneiras de explicação.

Pele Negra, Máscaras Brancas – Frantz Fanon. O livro é um clássico que fala do pensamento sobre a diáspora africana e a negação do racismo.

Casa-Grande & Senzala – Gilberto Freyre. Clássico brasileiro, mostra a importância da senzala e da casa-grande na formação sociocultural brasileira.

Silvio também citou intelectuais, como:

Milton Santos – Autor de diversos livros, entre eles ‘Urbanização Brasileira’ ‘Por Uma Outra Globalização’.

Abdias do Nascimento – O poeta escreveu ‘O genocídio do negro brasileiro’ ‘O negro revoltado’ e outros.

Kabengele Munanga – Autor de ‘Redescutindo a Mestiçagem No Brasil’ e de ‘Negritudes – usos e sentidos’

Lélia Gonzalez –  Mulher política, professora e antropóloga brasileira.

Cornel West – Autor de livros como ‘Questão de Raça’ e ‘Democracia Importa’.

Hannah Arendt – Uma das escritoras mais influentes do século XX. Autora dos livros ‘Origens do Totalitarismo’ e ‘Homens em tempos sombrios’.

 W E B Du Bois – Sociólogo e autor do livro ‘A conservação das Raças’.

Guerreiro Ramos – autor de ‘Mito e Verdade da revolução Brasileira’ e outros.

A entrevista completa com Silvio Almeida está no canal do Roda Viva – Youtube.

Essa matéria teve contribuição do post/twitter do jornalista Raife Salles.

Jodie: Tracee Ellis Ross dublará personagem principal

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attends the 24th Annual Screen Actors Guild Awards at The Shrine Auditorium on January 21, 2018 in Los Angeles, California. 27522_010

Spin-off da série Daria, será produzido pela MTV Studios e teve seus direitos comprados pela Comedy Central. Apesar de ainda não ter data de estreia decidida, já se sabe que o projeto será desenvolvido pela mesma roteirista de ”Unbreakable Kimmy Schmidt”.

De acordo com o portal The Hollywood Reporter, serão abordados entre outras coisas, temas de empoderamento de gênero e raça, explorações de privilégios e questões pessoais e profissionais que as jovens mulheres negras enfrentam hoje. Tracee Ellis Ross, deverá emprestar sua voz para a protagonista da animação Jodia Abigail Landon, uma adolescente de 16-18 anos de idade, estudante do ensino médio de Lawndale. A atriz que é filha da cantora Diana Ross, tem em seu currículo prêmios como um Globo de Ouro para Melhor Atriz de série de comédia ou musical.

Nos traços de Samuel de Saboia, Teresa Cristina é capa da Vogue Brasil

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Recentemente, falamos aqui sobre a Vogue Britânica que homenageou em suas capas duas profissionais negras em serviços essenciais na ultima edição da revista. Uma motorista de trem, e uma assistente de supermercado.

Hoje, voltamos para falar da Vogue Brasileira que leva em sua capa Tereza Cristina na edição de julho/agosto desse ano. Tereza, também vem desenvolvendo um trabalho bem importante desde o começo da quarentena: Entretenimento, com suas lives recheadas de homenagens e participações especiais.

Para desenvolver o projeto, Samuel disse para a revista Vogue ter vivido uma verdadeira imersão na vida de Teresa Cristina, acompanhando as lives e ouvindo os trabalhos da cantora no Spotify. Ele ainda disse que não costuma fazer retratos, então pensou em trazer as emoções de sua musa inspiradora para dentro da obra. ”Pensei em uma imagem que trouxesse a energia dela, e o sorriso que ela tem sempre. Por isso, coloquei muita luz.”

No Instagram, a cantora se pronunciou dizendo: ”Eu que já brinquei de estar na capa da revista, agora estampo esse espaço de verdade. Posso falar?Tô toda orgulhosa, me sentindo”.

“Micareta Racial”: O interesse pelas vidas negras já passou

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É curioso ter que escrever isso aqui. Não porque eu já não imaginasse que fosse necessário, mas justamente por ser algo que nós sabíamos que iria acabar acontecendo…

Desde o dia em que George Floyd foi assassinado (25/05/2020) até hoje (23/06/2020), muita coisa aconteceu. Passou-se um mês e o mundo, principalmente para nós negros, virou de cabeça para baixo… A onda de protestos iniciada em Minneapolis, nos EUA, que se estendeu ao redor do mundo gerou certas movimentações sociais que pareceram muito promissoras. E não, não estou dizendo que não tenham sido. Avanços significativos e importantes foram feitos, mas poderíamos ter alcançado mais, não acham?

Bom, vou direto ao ponto: O interesse das pessoas por discussões raciais diminuiu drasticamente. Eu entendo e esperava que o furor daquelas semanas não se estendesse para todo o sempre com a mesma intensidade, mas o rápido desinteresse das pessoas pelo assunto é bem sintomático.

Posso dizer que sou um produto da grande onda de indicações de perfis negros daquela semana afinal, apesar de já produzir conteúdo online há alguns meses, eu saltei de 25 mil seguidores para 150 mil em poucos dias. Não posso reclamar da visibilidade que meu trabalho conquistou nessa situação e não reclamo aqui porque o engajamento diminuiu após algumas semanas, o ponto é notar que o interesse das pessoas pelas pautas raciais foi algo meramente midiático.

Não quero ser injusto com quem ainda mantém interesse nessas discussões e promove esses debates. Temos sim pessoas interessadas, mas a grande maioria dos que continuaram já o fazia antes disso.

Bruno Gagliasso, por exemplo, já tinha interesse em promover discussões raciais em suas redes muito antes disso tudo acontecer e apenas continuou e ampliou seus trabalhos. Já outros da mesma classe de artistas promoveram uma ou duas ações naquela semana e já voltaram a fazer o que sempre fizeram: nos ignorar.

Existe uma linha muito tênue entre tudo isso que estou falando, muitos podem interpretar de forma totalmente equivocada, como aconteceu há alguns dias quando questionei a diminuição do interesse das pessoas em nós. Algumas pessoas me acusaram de esperar muito de pessoas brancas e me preocupar mais com eles do que com nossas lutas… O que, além de injusto, é simplista.

Simplista porque não consigo imaginar uma forma de resolver tensões raciais excluindo um dos grupos das discussões (os brancos, nesse caso), e cobrar interesse está longe de se fazer valer apenas de uma preocupação com eles e não conosco.

Dentro dessas percepções, observando o interesse e desinteresse rápido dos brancos pelas pautas raciais, é no mínimo curioso observar que as coisas parecem avançar muito pouco, do ponto de vista geral. Considerando que quero me valer de uma percepção coletiva do que vem acontecendo, não me basear no individual, falei com alguns outros influencers que me confirmaram o mesmo sentimento.

Silvio Almeida, durante sua brilhante participação no Roda Viva, usou o termo “Micareta Racial” para se referir ao que seria esse furor momentâneo pelas pautas raciais: “Não podemos deixar que essa movimentação seja apenas uma antecipação do 20 de novembro ou um 13 de maio fora de época”. Isso porque, no Brasil, as pessoas parecem se interessar pelas pautas raciais somente nessas datas e logo depois voltam a contribuir com as dinâmicas raciais de opressão.

Apesar da vontade de tudo ser diferente agora, nós já prevíamos que isso fosse acontecer. O que surpreende é a exatidão dessa previsão.

Ainda temos pessoas negras assumindo perfis de pessoas brancas de grande relevância, mas até que ponto existe realmente uma troca equivalente para ambos os lados? Não consigo olhar para isso tudo sem imaginar que as conquistas tenham sido tão inócuas e superficiais que se esvairão em questão de dias. A estrutura, aqui falando das estruturas das dinâmicas nas redes sociais, continua a mesma.

Não quero me fazer hipócrita e criticar os irmãos e irmãs que assumem tais perfis, afinal de contas eu mesmo fiz contribuições no perfil da atriz Flávia Alessandra. O que estou dizendo aqui é que o furor inicial que demanda essa presença de pessoas negras irá passar e retornaremos ao ponto anterior a tudo isso. Até que ponto as dinâmicas sociais estão realmente dispostas a colocar pessoas negras em posição de destaque? Não através de um perfil branco, mas dentro de seus próprios perfis?

E as marcas? Será que temos conquistado espaço o suficiente para que estas nos olhem de uma forma diferente? Ou estão interessadas somente nos perfis brancos que nos exibiram durante essas semanas e aumentaram o engajamento? Fico pensando em até que ponto a nossa presença causou impacto e trouxe retornos para nós e até que ponto servimos apenas de bibelô e imagem representativa para famosos brancos.

Toda essa discussão permeia não somente a falta de estratégia e interesse em alçar negros a categorias de influência, mas também no desinteresse dos consumidores e marcas em nós. A movimentação nas redes, aparentemente, se deu muito mais pela influência de brancos – e outros brancos os acompanhando – do que pelo interesse real na causa.

Eu costumo pensar que mudar uma única vida faz o meu trabalho valer a pena, mas observar que existiu um potencial muito maior para ampliar isso e foi desperdiçado pelo esvaziamento das discussões é frustrante.

Espero que eu esteja errado e a movimentação tenha gerado retornos significativos para alguns grupos que eu não tenha contato, embora eu ache difícil. Mas fica a reflexão para que tenhamos um pouco mais de cautela ao comemorar algo que aparentemente foi tão anormal quando a pandemia e pode ser tão passageiro quanto um amor de carnaval.

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