ViDançar: há 10 anos o projeto leva balé clássico para jovens da periferia

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ViDançar: há 10 anos o projeto leva balé clássico para jovens da periferia
Luís Fernando atualmente é bailarino da Companhia Jovem, da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Joinville (SC). Foto: Alinne Volpato

O projeto idealizado por Ellen Serra completa 10 anos em 2020 e em conversa com o Mundo Negro a diretora do ViDançar contou suas motivações para a criação do projeto e o impacto deixado nas dezenas de crianças que já passaram por lá.

Pensando em mudar a realidade da grande taxa de evasão escolar e gravidez na adolescência Ellen se juntou a uma professora de balé e iniciou o projeto, atendendo inicialmente 14 meninas da antiga comunidade da Skol. Como requisito para a participação das aulas de balé clássico, as inscritas precisam mostrar a carteira de vacinação em dia, estar matriculada em uma rede de ensino e comprovar assiduidade.

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Após algum tempo de projeto e acompanhamento das crianças, Ellen notou que havia potências naqueles espaços, e acreditando no potencial daquelas crianças, passou a inscrevê-las em escolas profissionais de dança. Luís Fernando Rego e a Larissa foram os primeiros jovens do projeto a serem aprovados na escola de dança Maria Olenewa do Teatro Municipal (Primeira e mais importante instituição de ensino  de  balé  no  País) e atualmente mais de 20 crianças já foram aprovadas em outras instituições profissionais.

Balé na pandemia:

Fotos: Arquivo Pessoal

“O balé clássico é uma atividade que exige muito muita disciplina.” Conta Ellen Serra

O projeto vem crescendo mais a cada ano, e em 2020 não foi diferente. Porém, com a pandemia como obstáculo as idealizadoras precisaram se reinventar para que as crianças não ficassem paradas, decidiram também realizar ações para impactar ainda mais vidas em um momento tão delicado. As aulas on-line foram anunciadas e mais de dezenas de crianças de outras comunidades do Rio de Janeiro foram contempladas com o ensino de balé clássico a distância.

O projeto não se limita a dança, as idealizadoras do ViDançar mantêm um comprometimento com a comunidade como um todo, e durante os piores momentos da pandemia movimentaram redes de doações através de parcerias com Instituições filantrópicas como Gerando Falcões e Voz das Comunidades e a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Cestas básicas, cartão vale mercado e kits de higiene básica para a prevenção do coronavírus foram distribuídos pela comunidade. E outros suportes são dados através da visita de um coordenador local, que auxilia as pessoas que não tem acesso à internet.

Impacto do projeto ViDançar:

“Nós tivemos durante 3 anos 97% de aprovação nas escolas por conta das exigências do projeto.” Conta Ellen, orgulhosa.

Ter crianças pretas e periféricas se interessando e atuando em uma área tão elitizada quanto o balé clássico é de muito orgulho, e o projeto ViDançar é responsável por tirar a ideia de um caminho único de vida da cabeça de muitas crianças e jovens favelados e apresentar a eles um mundo de opções.

Ellen nos contou que o impacto do projeto se estende, além de apresentar opções para as crianças, famílias são aproximadas e através da dança algumas crianças podem ter o mínimo, que é a alegria de um lar saudável. 

Grata com os resultados, a idealizadora do projeto ainda contou sobre o desempenho de seus bailarinos:

“(…) Além de conseguirem acessar com talento, com persistência, com garra, com resiliência, eles acabam se tornando os melhores alunos dessas escolas.”

A diretora do ‘Projeto ViDançar’ falou sobre a gratidão dos alunos ser demonstrada através de seus resultados, no olhar de Ellen, que citando Nelson Mandela reforçou que acredita na educação como única forma de mudar o mundo, a vontade dos jovens em almejar uma mudança na vida através da dança traz os melhores resultados.  

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