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Conheça as primeiras eleitas comprometidas com a Agenda Marielle Franco

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Foto: Divulgação

Na primeira eleição municipal após o assassinato da vereadora Marielle Franco, o Instituto Marielle Franco criou a agenda que leva o nome da vereadora, na intenção de continuar o seu legado “Do ‘Falar Marielle’ ao ‘Fazer Marielle’.” é o slogan do projeto.

A intenção da Agenda Marielle Franco é encontrar candidatos dispostos a seguir os compromissos com práticas e pautas antirracistas, feministas e populares a partir do legado de Marielle para as eleições 2020

Conheça as primeiras eleitas da agenda:

Bia Caminha (PT) candidata a vereadora mais jovem da história Belem- PA
Tássia Castelli (PT) PR – Coronel Vivida
Coletiva Bem viver Floripa (PSOL) SC- Florianópolis
Duda Salabert (PDT) MG- Belo Horizonte
Carol Dartora (PT) PR – Curitiba
Vivi Reis (PSOL) PA- BELÉM

Através de análises da produção legislativa do mandato de Marielle realizadas nos últimos meses pela equipe do Instituto o projeto foi estudado e dividido em 4 etapas:

1-Estudo das falas de Marielle do plenário da Câmara de Vereadores e de outros discursos; 

2 – Entrevistas com assessoras de Marielle de diferentes áreas do gabinete; 

3-  Estudos das justificativas de Projetos de Lei e outros documentos produzidos por Marielle;

 4- Sistematização das observações colhidas em 7 práticas e 7 pautas, sendo elas:

7 Práticas Marielle Franco:

Diversificar, não uniformizar
Ampliar, não limitar 
Honrar, não apagar
Coletivizar, não individualizar
Puxar, não soltar
Escancarar, não se encastelar 
Cuidar, não abandonar

7 Pautas Marielle Franco:

Justiça Racial e Defesa da Vida
Gênero e Sexualidade 
Direito à Favela
Justiça Econômica
-Saúde Pública, Gratuita e de Qualidade 
Educação Pública, Gratuita e Transformadora 
Cultura, Lazer e Esporte

Para mais informações sobre a Agenda Marielle Franco clique aqui

Ex-presidente Barack Obama participa do Conversa com Bial

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O Conversa com Bial exibe, nesta segunda-feira (16), uma entrevista feita com o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Em conversa, realizada por videoconferência, com o jornalista e apresentador Pedro Bial, Obama fala sobre o novo livro “Uma terra prometida“, feito com base nas memórias à frente da Casa Branca. Obama também fala sobre as perspectivas de seu país e do mundo, inclusive aos olhos do Brasil, em relação a Joe Biden e Kamala Harris, recém-eleitos para o posto que ele ocupou por oito anos.

“Minha esperança é que, com a nova administração de Biden, há uma oportunidade de redefinir essa relação. Sei que ele vai enfatizar que a mudança climática é real, que Estados Unidos e Brasil têm um papel de liderança a desempenhar. Sei que ele vai valorizar a ciência sobre a Covid-19, e o fato de que o vírus é real.”

Flávia Barbosa, editora executiva do jornal O Globo que cobriu todo o segundo mandato de Obama, também participa da entrevista que vai ao ar depois do Jornal da Globo.

A obra, feita com base nas memórias de Obama à frente da Casa Branca no decorrer de oito anos, será publicado, nessa terça-feira (17), simultaneamente em 25 idiomas no mundo todo. Este é o primeiro de uma série de dois volumes.

Capa do livro 'Uma terra prometida' do ex-presidente Barack Obama

Desde a volta do Conversa com Bial, o programa tem sido mais curto e com entrevistas feitas remotamente. Na estreia com Gloria Maria, a jornalista falou sobre racismo e a história dela no telejornalismo brasileiro. Também falou pela primeira vez sobre a doença que enfrentou, criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro com a imprensa e disse que já teria dado um basta nisso.

A cozinha da diáspora africana pelas Américas

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Aline Chermoula: é a nova colunista do Mundo Negro. Ela é cozinheira e pesquisadora da culinária afrodiaspórica pelas Américas

A identidade cultural de um povo age como sustentação e manutenção de suas tradições, hábitos e costumes. Os traços peculiares permitem a produção, fomento e difusão do conhecimento, e a comida mantém ligação intrínseca aos significados atribuídos aos alimentos e ao ato alimentar, criando assim, símbolos que moldam os hábitos culturais de um grupo.

A diáspora carrega em si a ideia de dispersão, assim também como a possibilidade de regresso. Os africanos da diáspora buscaram, na criatividade e na organização, as formas de resistir mantendo suas culturas vivas, principalmente a culinária, que carregou muitas características de sua origem.

Uma das principais romantizações que se faz da história brasileira é a contribuição dos povos africanos escravizados para a gastronomia nacional. Importante lembrar que a população da diáspora executava trabalhos forçados nas colônias. Portanto, é impossível pensar que essa construção da cultura alimentar se deu de bom grado como uma troca de saberes.  Internamente, a cultura e a religiosidade de matriz africana, transmitidas com resiliência entre gerações, é um dos pilares da gastronomia do país – se não a principal influência, e era, infelizmente ainda é, uma religião que sofre ataques dos intolerantes.                                                                                

A imigração forçada dos africanos destruiu ainda nossas referências históricas com nossos antepassados. Os reinos devastados, sociedades desenvolvidas e com tecnologia desconhecida foram roubadas pelos europeus, que também levaram nossas riquezas. Mas a cultura viajou junto com as pessoas e a culinária é uma das maiores representações culturais de um povo. O comportamento relativo à comida liga-se diretamente ao sentido de nós mesmos  e à nossa identidade social.

Quando você come uma moqueca, por exemplo, sente que ali tem a mão de algum descendente do continente africano. A pamonha também tem um pouco de África em si, se aproxima muito dos acaçás e aberéns. Posso citar até mesmo a maniçoba é um prato indígena, mas que tem registro de preparos parecidos na mãe África.

A culinária possui significados e simbolismos diversos nas diferentes formas de cultura. A comida transcende seu significado para algo além do satisfazer-se biologicamente (nutrir o corpo com o essencial para sobrevivência), mas o ato de comer está entre o que é natural, social e cultural no homem. No processo de transformar o alimento em comida ocorre a introdução de crenças, costumes, saberes de um determinado grupo. A forma que os povos se alimentam está diretamente relacionada historicamente à sua cultura, às condições geográficas, recursos econômicos e até mesmo a religião. E foi em torno desta última que inicialmente os africanos recém chegados ao Brasil se organizaram e fortaleceram para resistir à escravização e perpetuar alguns saberes ancestrais africanos  E as religiões de matrizes africanas trazem consigo um arsenal de referências culturais pertencentes a nossos ancestrais.

Por isso, a cultura alimentar é  um aspecto importante para recuperação da humanidade de muitos indivíduos.

Foto: Reprodução Instagram Aline Chermoula

A culinária da diáspora africana pelas américas tem como principal objetivo promover e resgatar memória ancestrais, por meio da pesquisa sobre comida africana e suas representações em países do continente americano. Esse tipo de fazer é conhecido como culinária afrocontemporânea, uma cozinha que utiliza como principais ingredientes alimentos que fazem parte das dietas alimentares de vários países continente Africano.  Essa cozinha que chamo diaspórica pelas Américas, não é um conceito muito conhecido ainda. A defino a partir de minha visão e conhecimentos.

Receitas como Gumbo, prato da culinária cajun do Sul dos EUA, Ropa Vieja comida emblemático de Cuba, assim como Acarajé, comida que representa o povo de santo no Brasil, acredito que muitos outros são importantes e serão ainda revelados.

Esta culinária das Américas tem como principal característica a grande diversidade de origens, que se dão a partir das misturas de ingredientes, técnicas de preparo e conservação dos alimentos, além das influências dos nativos, exploradores, outros imigrantes escravizados e conquistadores.

A comida afro contemporânea se define pela utilização de ingredientes em comum como o inhame, a banana da terra, a pimenta malagueta, o coco, o tamarindo, os feijões, os camarões secos, as ervas frescas e as especiarias.

Com apenas 10 negros, o Prêmio Contigo 2020 revela a lista de indicados

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Foto: Divulgação

Em um ano tão problemático para a comunidade negra, marcado pelas manifestações e luta do movimento negro percebemos que pouca coisa mudou, e ainda ficamos de fora das grandes homenagens. O Prêmio Contigo que por muito tempo foi considerado o Oscar da TV brasileira divulgou a lista de indicados do ano de 2020 que tem o total de 9 pessoas negras

A redação da Contigo ao longo do último mês trabalhou na listagem de 5 pessoas ou programas de TV para cada uma das 28 categorias que serão premiadas, são no total, 20 categorias envolvendo premiações diretamente a pessoas, 100 pessoas foram indicadas e 10 são pretas. 

Confira a lista de pessoas negras indicadas e suas categorias:

1 -Iza foi indicada na categoria de Melhor Cantora

2-Thiaguinho indicado na categoria de Melhor Cantor

3- Jéssica Ellen indicada na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante

3 – Agnes Nunes na categoria Revelação Musical

4-Taís Araújo indicada na categoria Atriz de novela

5 – Lázaro Ramos indicado na categoria de Ator de Série

6 – Maju Coutinho na categoria de Âncora de Telejornalismo

7 – Roberta Rodrigues indicada na categoria de Atriz Coadjuvante

8 – Taís Araújo indicada na categoria Atriz de série

9 – Ludmilla indicada na categoria Melhor Cantora

10- Any Gabrielly indicada na categoria Revelação Musical

É claro, consideraremos a baixíssima representatividade de pessoas negras na televisão brasileira, o que é a problemática central, mas, além disso, muitos nomes de artistas e influenciadores negros nem sequer foram considerados pela redação da premiação que trabalhou em torno de um mês para selecionar uma lista 90% branca.

Abaixo listamos alguns artistas e influenciadores que marcaram o ano de 2020 e foram bem recebidos pelo público:

O ator mirim 

Pedro Guilherme, que emocionou o telespectador por diversas vezes em suas cenas com a Atriz Taís Araújo

TikToker do Ano

A influenciadora Camilla De Lucas que animou a quarentena dos brasileiros com os seus vídeos super originais e cômicos .

Atriz Revelação

A atriz e rapper Gabz que atuou em Malhação “Toda Forma de Amar” e protagonizou uma das cenas da novela que mais repercutiu

https://globoplay.globo.com/v/8050380/

Ator de Novela/Ator de série

O ator David Junior, que interpretou Ramon Bernardes em “Bom Sucesso” e Mauro em “Sob Pressão” e teve vários momentos inspiradores em ambas tramas, na novela das 7 as cenas do ator com a filha foi muito comentada nas redes sociais, e o papel de chefe da equipe em “Sob pressão” é de arrepiar e isso foi comprovado somente em 2 episódios especiais

Atriz Coadjuvante

Erika Januza que deu vida a tenista Marisa na novela “Amor de Mãe” e levou muita emoção ao público com as reviravoltas da sua personagem que enfrentou muitas dificuldades na busca por um sonho.

Atriz de Série

A atriz Paty de Jesus da série “Coisa Mais Linda” nos proporcionou um dos melhores diálogos sobre ser mãe solo, preta e periférica no Brasil, e na segunda temporada da trama a atriz se entregou com a mesma dedicação enquanto enfrentava o puerpério.

Melhor Cantor

O rapper Djonga, que fez história ao se tornar o primeiro brasileiro a ser indicado à Premiação Americana de Rap no ano de 2020.

Casal do Ano

Taís Araújo e Lázaro Ramos, que durante o ano postam seus sutis momentos de amor e cuidado e dão um belo exemplo da leveza que traz um amor preto.

E poderíamos citar muitos outros artistas, influenciadores e profissionais… Em um país em que somos a maioria da população como é possível a comunidade negra ser sempre minoria em grandes momentos? Como afirmou a jornalista Maju Coutinho, “Somos ótimos em outras coisas também”, então por que somos lembrados somente quando o assunto é racismo? Queremos ser capa de revista, queremos ser referência, e receber grandes prêmios e homenagens.

Flávia Diniz e Marcelo Zig, fundadores do Quilombo PcD, ocupam Instagram de Rodrigo França

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Nesta segunda-feira (16) os fundadores do Quilombo PcD, Flávia Diniz e Marcelo Zig, ocupam o Instagram do dramaturgo Rodrigo França. “Estamos super felizes por fazermos está linda travessia por temas tão importantes para a sociedade“, celebram Flávia e Marcelo.

Flávia Diniz é produtora cultural e fundadora do Resenha das Pretas, já Marcelo Zig é filósofo e fundador do Projeto Mergulho Cidadão, ambos fundadores do Quilombo PcD. Na ocupação, eles abordaram assuntos como: Educação, moda, paternidade, maternidade, lazer, cultura e afetividade. Sempre trazendo a perspectiva da pessoa preta com deficiência.

Flávia explica por que esse recorte é tão importante: “Porque nós enquanto pessoas pretas com deficiência somos empurrados para a margem uma vez que nossos corpos pretos são expropriados pelo racismo única e exclusivamente como mão de obra porem somos ainda mais acachapados para a margem da margem quando o capacitismo diz que nem esta serventia nossos corpos com deficiência possuem”.

Tão importante quanto dar voz a pessoas PcD´s é também ouvi-las. Os fundadores do quilombo PcD fazem o convite mas lembram “não somos nossas deficiências somos pessoas“.

Serviço

Ocupação PcD
Onde: Instagram @rodrigofranca
Quando: Segunda-feira, 16 de novembro e terça-feira (17)
Venha sorrir, chorar, prosear, refletir, trocar, construir, nos conhecer, se conhecer, e juntas e juntos identificarmos saídas para questões históricas que nos distanciam a todos nós, sem distinção, da nossa própria humanidade”.

Mulher negra e suas versões: nossas histórias contadas pelos nossos cabelos

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Foto: Fatima Amaral

Não é novidade que a relação da mulher negra com seu cabelo raramente inicia sendo das melhores: a ditadura do liso como única alternativa, as piadas racistas, o bullying e a falsa ideia de um “cabelo ruim” ou “cabelo difícil”. Quantas de nós maltratamos nossos cabelos até que não sobre alternativa além da transição capilar seguido do big chop (grande corte)  – sem contar aquelas que passam por esse processo mais de uma vez. 

Aquela velha história do racismo que nos fez odiar nossos traços e o nosso crespo/cacheado está incluindo nisso. A falta de representatividade nas novelas, o padrão de beleza imposto de mulher branca, magra e lisa, bem como a ausência de produtos específicos para cabelos cacheados e crespos corroborou por anos a afiliação de possuir um cabelo afro. Nos fez acreditar que possuir um cabelo afro era sinônimo de desleixo, desarrumação ou dificuldade. Como se fosse inerente aos crespos e cachos estar sendo preso. Mentiram para nós por anos. E nós, infelizmente, acreditamos. 

Hoje em dia, para algumas mulheres negras, está mais fácil aceitar os cabelos de raízes e texturas mais grossas, mas houve um tempo em que corríamos para diversas soluções para simplesmente escondê-los.  

É claro que podemos usar nosso cabelo da forma que nos sentimentos mais confortáveis, box braids, lace, twists, nagô e até alisados, encontramos diversas versões e mantemos a que nos faz radiar. Mas, o ideal é entendermos o porquê de não nos sentimos confortável justamente com a forma original dele, o que está por trás disso já sabemos e o importante é que mesmo que indiretamente cada vez mais mulheres negras estão aceitando suas versões originais e ganhando confiança para aderir outras.

Porque cabelo de negro não é só resistente

É resistência. (2016, p.11). Mel Duarte

Enquanto mulheres negras, nosso cabelo fala mais por nós do que imaginamos, quando estamos acanhadas, ele mostra presença e deixa recados, através de algumas versões além de contar nossas histórias, ele conta a de nossos antepassados. Já passou a época em que nos envergonhávamos dele, hoje eu arrisco dizer, que o cabelo da mulher preta é o que mais lhe dá orgulho.

No mês de novembro, a nossa intenção é contemplar a beleza de mulheres negras, crespas, cacheadas, trançadas, em transição, carecas, das laces e quantas mais versões de nós existir. Porque a nossa beleza é plural, para isso conversamos com algumas seguidoras do Mundo Negro, para saber a atual relação com seus cabelos.

Para as crespas:
Por muito tempo o cabelo crespo foi diminuído “cabelo duro, cabelo ruim, bombril” eram apelidos usados pelos racistas para nos ridicularizar e fazer com que odiássemos nossos traços, porque eles sabiam que desde o momento que olhássemos nosso crespo com outros olhos e notássemos a potência dele, nada mais poderia nos ofender. O cabelo crespo é resistência, foi por muito tempo o caminho que guiava nossos ancestrais e a história que o cabelo crespo carrega é do trajeto para nossa liberdade! Por isso, devemos nos gabar dos nossos crespos, sim e ter muito orgulho dele!

“Tenho muito orgulho, por conta de todo preconceito que já enfrentei por conta do meu crespo. Hoje em dia aceitar ele do jeito dele é uma superação. Eu levei 30 anos para aceitar meu cabelo natural e hoje em dia não trocaria por nenhum outro cabelo do mundo” contou a seguidora Viviane @vivifragoso

Para as alisadas:

Há um mito de que a mulher negra precisa usar o seu cabelo natural, independente se prefere de outra forma ou não. Mas acontece que a mulher negra pode usar o seu cabelo como prefere e se sente bem, e não deixará de ser negra por isso, como já dito o importante é entender o que está por trás do “não gostar do natural” e trabalhar em cima disso. Mas nós não saímos da ditadura do liso há alguns anos para entrarmos na ditadura dos cachos a essa altura.

“Entendo que mesmo sendo negra meu cabelo pode ser uma referência mesmo não utilizando ele de maneira natural.” Contou nossa seguidora, Morgana Tays (@morganatays8)

Para as em transição:
Estamos juntas! Muitas mulheres negras se sujeitam as químicas desde cedo, e nós sabemos o quanto o processo de transição capilar pode mexer com a gente, o famoso dia de lutas e dias de glória. Um dia acordamos feliz com mais um cachinho que se formou e no outro estamos indignadas com uma parte que não cacheia de jeito nenhum, mas ainda assim, o processo é de muita descoberta!

“O processo de transição capilar me abriu portas para o autoconhecimento e aceitação. Eu vivia inserida na cultura branca, (…) a falta de representação negra com cabelos cacheados e crespos nesse mundo fazia com que eu não me aceitasse da forma que sou, principalmente na questão com meus cabelos. Foi quando decidi passar pelo processo de transição capilar, pesquisei muito, conversei com muitas pessoas e decidi iniciar essa caminhada. Certamente foi a melhor escolha que fiz, estou há quase um ano e pude me conhecer como nunca antes. Durante esse processo, conheci pessoas como eu que me inspiram e me interessei em buscar artistas e personagens que me representassem também. O processo de aceitação não é do dia para a noite, mas posso dizer que a transição tem me ajudado de forma diária a buscar o melhor de mim, a me olhar no espelho e aceitar os meus cachos cheios como são.” Contou nossa seguidora Nicolle Moraes (@transicaodanic)

Para as trançadas:

As tranças – de seus variados modelos – são um grande símbolo de resistência. É histórico e, sobretudo, cultural. Grande símbolo de nossos ancestrais que utilizavam das tranças para diversas situações.

“Usar trança pra mim sempre foi muito além de só um estilo, trança sempre foi identidade. Graças à elas, consegui me libertar do cabelo alisado, graças a elas recuperei minha autoestima e me empoderei. A minha relação com as tranças sempre foi algo além, é uma sensação de poder, de autoestima, de força… quando me vi de box braids pela primeira vez foi um misto de sensações que nem sei explicar. Botei na minha cabeça que ia aprender a trançar meu próprio cabelo, tentei, tentei até que consegui e hoje em dia trabalho com isso. É maravilhoso, ajudar mulheres negras, aumentar a autoestima delas como a minha foi aumentada, parece que eu volto em 2015 e me vejo em cada reação das minhas clientes ao se ver no espelho. Acredito que tenho um dom ancestral e me orgulho dele.”  Declarou a seguidora e trancista, Flávia Trindade (@ffflav) 

Para as carecas: 

A liberdade capilar também estar em não ter cabelos! Sim! Podemos raspar nossos cabelos e não seremos menos femininas, tampouco menos negras. A liberdade capilar de escolher ser e estar como queremos. Às vezes o ato de raspar o cabelo traz uma força inimaginável para a mulher preta. Além de ser super estiloso!

Ter meu cabelo curto para mim significa coragem, significa não me basear em padrões, significa acordar pronta, significa me ver no espelho (já que não tenho cabelo para “me esconder”), significa olhar para o meu rosto e pensar: “como sou linda”, significa mostrar às meninas que elas podem ter o cabelo que quiserem, significa mostrar que a beleza não se resume num cabelo.” Desabafou a seguidora, Jade Lima (@jadels100)

Muitas versões né, e tudo isso para mostrar que somos quem queremos ser e somos lindas de todas essas formas, por isso, abrace as suas versões e tire o melhor delas!

Orquestra Sinfônica Juvenil Carioca apresenta ópera ‘O Morro Canta Canudos’ com participação de Toni Garrido

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Foto: Divulgação

A partir do dia 16 de novembro, segunda-feira, as orquestras do Programa Orquestra nas Escolas, se apresentam em locais públicos do Rio de Janeiro. Crianças e jovens do projeto, promovido pela Secretaria Municipal de Educação e com patrocínio da Uber, vão às ruas do Largo da Carioca, Central do Brasil, Praça Mauá e Cinelândia às 16h30; e em Cais do Valongo onde a apresentação acontece às 10h30.  

Nos dias 23 e 25 de novembro, a Orquestra Sinfônica Juvenil Carioca vai executar a ópera ‘O Morro Canta Canudos’, às 19 horas, com a participação especial do cantor Toni Garrido, diretamente da Cidade das Artes (RJ), com transmissão ao vivo pelo Canal do YouTube do Programa Orquestra nas Escolas. Músicas como, Pelo telefone (Donga, 1917), Suíte Pixinguinha, 5º mov: Ainda me Recordo (Anderson Alves), O Morro Não Tem Vez (Tom Jobim), Alguém me avisou (Dona Ivone Lara) e O sol nascerá (Cartola), fazem parte do repertório do Concerto.

“A música e a arte são instrumentos potentes que nos ajudam a refletir e  transformar a nossa maneira de pensar e entender o mundo. Trouxemos, para exaltar a Semana de Consciência Negra, o musical “O Morra Canta Canudos”, para que de maneira poética possamos cantar e contar nossa história, memória e raízes ancestrais.”, reflete Moana Martins, Coordenadora Geral do Programa Orquestra nas Escolas

O Morro Canta Canudos reúne música de concerto e música popular, para contar parte da história da nossa ancestralidade, bem como a importância da matriz africana para a formação sociocultural do Brasil. A partir da relação entre a ambulante Dona Zilá e sua neta Dandara, que estuda para ser advogada, o espetáculo passeia por diferentes eventos históricos, tais como: a travessia dos navios negreiros; a criação do Morro da Favela pelos soldados de Canudos; a população do cortiço Cabeça de Porco; a apresentação do maxixe de Chiquinha Gonzaga no Palácio do Governo; o nascedouro do samba pela Gamboa e arredores (incluindo Tia Ciata e o samba de roda baiano).

Para finalizar, uma grande celebração carnavalesca. Contada por meio de esquetes, com fragmentos desses eventos, o espetáculo inclui também um grupo de dança, que acompanhará algumas das músicas da OSJC. Vídeos de alunos da rede pública carioca de ensino ao lado de seus professores e familiares, levando ao público mensagens de liberdade, igualdade e esperança no futuro.

SERVIÇO

Programa Orquestra nas Escolas exalta a Semana da Consciência Negra

Orquestra vai às ruas

16/11 (2af), 16h30: Largo da Carioca | OSJC Santa Cruz

17/11, 3af, 16h30: Central do Brasil | Jazz Sinfônica

18/11, 4af, 16h30: Praça Mauá | OSJC Rivadávia Corrêa

19/11, 5af, 16h30: Cinelândia | OSJC Carneiro Felipe

20/11, 6af, 10h30: Cais do Valongo   | Camerata de Choro Orsina da Fonseca

Concerto Orquestra Sinfônica Juvenil Carioca, pat. Toni Garrido

23/11 (2af), 19h: Ópera O Morro Canta Canudos

25/11 (4af), 19h: Ópera O Morro Canta Canudos

Transmissão online: www.youtube.com/orquestranasescolas

REPERTÓRIO ÓPERA O MORRO CANTA CANUDOS

1.                 Sinfonieta Secconda “Samba” (Ernani Aguiar)

2.                 O Morro Não Tem Vez (Tom Jobim) + A Voz do Morro (Zé Keti) (1955)

3.                 Gaúcho, o Corta-Jaca (Chiquinha Gonzaga, 1914)

4.                 Tico-Tico no Fubá (Zequinha Abreu, 1917)

5.                 Navio negreiro (Moana Martins)

6.                 Sambas de roda (domínio público)

7.                 Pelo telefone (Donga, 1917)

8.                 Suíte Pixinguinha, 5º mov: “Ainda me Recordo” (Anderson Alves)

9.                 Alguém me avisou (Dona Ivone Lara)

10.              O sol nascerá (Cartola)

11.              Canta, canta minha gente (Martinho da Vila)

12.              Sinfonieta Secconda “Carnavale” (Ernani Aguiar)

No Mês da Consciência Negra o site Amazon.com.br destina parte das vendas para ONG Desabafo Social

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Foto: Divulgação

No Mês da Consciência Negra, a Amazon.com.br promove uma ação organizada pelo Black Employee Network (BEN). O grupo de afinidade de funcionários negros da empresa irá apoiar a luta pela igualdade racial com uma curadoria de produtos que terá 15% do valor das vendas destinados para a ONG Desabafo Social. 

A ONG Desabafo Social criou uma comunidade para resolução de problemas da sociedade, incluindo a desigualdade racial, em campos de tecnologia, comunicação e educação, com ações de geração de renda, projetos editoriais, treinamentos e consultoria criando possibilidades para novos negócios sociais. 

Para conferir todos os produtos incluídos na ação, os clientes podem acessar a página amazon.com.br/consciencia negra. 

Entre os livros e eBooks participando na ação estão: 

• Mulheres, raça e classe, de Angela Davis 

• Minha História, de Michele Obama 

• Pequeno manual antirracista, de Djamila Ribeiro 

• Olhos d’água, de Conceição Evaristo 

• Hibisco Roxo, de Chimamanda Ngozi Adichie 

• Torto arado, de Itamar Vieira Junior 

• Ideias para adiar o fim do mundo, de Ailton Krenak 

• Kindred : laços de sangue, de Octavia E. Butler 

• De bala em prosa: Vozes da resistência ao genocídio negro, vários autores 

• Sulwe, de Lupita Nyong’o 

• Sinto o que sinto: e a incrível história de Asta e Jaser, de Lázaro Ramos 

Os títulos acima estão disponíveis na Amazon.com.br em livro físico e na versão em eBook Kindle.

Além desses, há diversos eBooks gratuitos sobre diversidade e com temáticas raciais para o público jovem e infantil. Também é possível encontrar itens de beleza para a pele negra e os cabelos crespos e cacheados; álbuns e uma playlist da Amazon Music valorizando artistas negros; brinquedos com representatividade; filmes com protagonistas negros e outras formas de contemplação da cultura negra; como camisetas com personagens negros e lápis de cor com seis tons de pele disponíveis. 

O período da campanha com a doação para a Desabafo Social será até o dia 30 de novembro. 

Mostra de contos e mitos afro-brasileiros fará 3h de transmissão ao vivo

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Boniface Ofogo - Foto: Divulgação

No Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, acontece a terceira edição do projeto literário “Reconto cada qual no seu Recanto”, com histórias tradicionais africanas, além de contos e mitos afro-brasileiros. Serão três horas de transmissão ao vivo, das 15h às 18h. Cada convidado contará três histórias intercaladas entre canções, parlendas e poemas. Ao final, acontece um bate-papo com o público.

Destinada para crianças de todas as idades, a mostra internacional de contadores de histórias tem intenção de fazer a economia criativa girar e promover encontros antes impossíveis presencialmente. As rodas de histórias temáticas recebem três convidados nacionais de estados diferentes e um convidado internacional, e, como diz o título, “cada qual no seu recanto”.

A idealização e direção artística são de José Mauro Brant, premiado ator, autor teatral, com quase trinta anos dedicados ao ofício de narrar histórias, que divide a curadoria com Benita Prieto, experiente contadora de histórias e produtora de eventos na área da leitura e literatura. Ambos também serão os apresentadores da mostra.

Os convidados da terceira edição são, Boniface Ofogo, de Camarões/África, Rogério Andrade Barbosa e Daniele Ramalho, do Rio de Janeiro; e Madu Costa, de Belo Horizonte.

SERVIÇO

Reconto cada qual no seu Recanto – Contação de histórias

  • Data: 20 de novembro
  • Horário: 15h às 18h
  • Formato: Online
  • Ingresso: R$ 20 pelo site Go Free
  • Informações e descontos para professores, grupos e alunos da rede pública, mande um e-mail para: recontocadaqualnoseurecanto@gmail.com

Influência da arte na descolonização da educação

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Duda Cristino e Gabriellê - Foto: Eliza Lombardi

*Por Gabriellê

Quando criança, eu sentia algo que não sabia explicar. Não me via nos livros, nas bonecas e na maioria dos desenhos e, se tinha alguém parecido comigo, poucas vezes era a protagonista. Eu me olhava no espelho e não entendia. Eu ia para a escola e não entendia. Tinha um vão dentro de mim que só mais tarde fui entender como uma consequência do racismo que, desde cedo, seguindo uma lógica de educação eurocêntrica, nos fez acreditar que éramos feias, que nossos antepassados tinham menos história ou conhecimento, que estávamos designadas a ser coadjuvantes e não protagonistas. 

Pois bem, anos se passaram e aquele vão que eu sentia dentro de mim começou a ser aos poucos preenchido quando comecei a conhecer mais da nossa história, vasculhando tudo o que eu podia para também saber mais da história da minha família. A música preta teve um papel fundamental nisso. Sempre amei ouvir Djavan, também sentia algo que não sabia explicar, mas que era um misto de admiração com vontade de morar dentro das canções que eu ouvia, e que de alguma forma, também preenchiam o vão em mim. Os sambas, pagodes e coreografias de axé que eu fazia com minha irmã e meu primo, somados às batidas de funk, ao meu pai tocando violão e cantando com sua voz mansa, e às vozes das minhas tias cantando louvores, me tocavam e ecoavam dando preenchimento a esse vazio em mim. 

Na música, eu finalmente me senti fazendo parte, senti que eu cabia ali também, que minha voz se encaixava com as dos que vieram antes, e possivelmente com os que estariam por vir. Eu não precisava refletir muito sobre isso, eu simplesmente sentia. Talvez essa sensação foi o que me conduziu nos anos seguintes a trabalhar como educadora pelo viés da arte, e principalmente da musicalidade preta. 

Os cânticos vissungos, as loas de maracatu, a nota blues de um negro espiritual, a força de um partido alto, a magia das cirandeiras, os improvisos do jazz, as melodias do pagode, as rimas de um rap ou de uma embolada, tudo isso e mais ecoam a história, a força e a beleza que há na trajetória do povo preto. Eu vejo e reconheço por meio da música, da arte e da educação, uma possibilidade de recontar a história pelo nosso viés e também de ressignificar o nosso presente, além de imaginar futuros mais dignos.  

Como artista-educadora busco levar essas referências para as aulas de música que dou e tenho vivenciado trocas incríveis. Um dos lugares onde trabalho como educadora de música é a Associação Vida Jovem, que tem um projeto de cultura voltado para adolescentes das regiões do Ipiranga, Heliópolis, Parque Bristol, Jardim São Savério e entornos. Levar o Hip Hop, especificamente o rap, paras as nossas aulas é sempre muito potente, pois os convida a falarem sobre suas vivências, seu contexto, seus territórios, suas raízes e também de suas particularidades. Não necessariamente todos que foram meus alunos e passaram por uma oficina de rap vão querer se tornar MC, cantor ou músico, mas eu espero que o fato de exercitarmos a escrita e fala sobre a nossa história, sobre quem nós somos, o que gostamos ou não, quais os nossos sonhos, contribua para o processo de autoconhecimento e afirmação de cada um.

Mostrar e exaltar compositores e compositoras negras, musicistas, gêneros musicais, histórias de resistência, valores e heranças culturais, é muito mais do que suprir a valorização cultural da população preta e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira, mas é fundamentalmente ecoar caminhos possíveis dentro de nós, lugares de pertencimento, nos reconhecer tanto quanto potência coletiva, quanto individual. 

Hoje, com 24 anos, acredito que a arte e a educação quando caminham juntas, se tornam uma ferramenta poderosa. Enxergar por outras perspectivas, questionar a lógica branca, eurocêntrica e hegemônica, espalhar histórias de luta a fim de nos encorajar, resgatar o orgulho de ser quem somos, criar imaginários mais bonitos onde possamos existir para além da dor, não é um trabalho simples. Entretanto, pelos que vieram antes de nós e semearam coragem e fé em nós e nos nossos sonhos, isso se torna uma realidade  possível. A educação por si só, tem de ser antirracista, ou ela simplesmente não está educando, e sim mantendo uma estrutura hegemônica que nunca nos coube e cada vez menos será engolida.

Gabriellê é cantora, compositora e arte-educadora da zona Sul de São Paulo.

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