A série de quadros cômicos indicada ao Emmy®, A BLACK LADY SKETCH SHOW, retorna em sua segunda temporada com pré-estreia na sexta-feira, 23 de abril, na HBO GO, a partir das 23h30, e uma semana depois na HBO, no dia 30 de abril, às 23h30. Os seis episódios serão exibidos na HBO e estarão disponíveis via streaming na HBO GO .
Os esquetes acompanham um elenco de mulheres negras vivendo experiências empáticas e hilárias em uma realidade mágica que contraria as expectativas tradicionais.
Na segunda temporada teremos nomes como Laci Mosley e Skye Townsend, e traz de volta as protagonistas Robin Thede, Gabrielle Dennis e Ashley Nicole Black no elenco. (Quinta Brunson, uma das protagonistas da primeira temporada, não participará desta segunda por questões de cronograma decorrentes das medidas relativas à Covid-19.)
A série também inclui celebridades convidadas, como a produtora executiva Issa Rae (indicada ao Emmy® e ao Globo de Ouro® por INSECURE, da HBO), Gabrielle Union, Jesse Williams, Miguel, Skai Jackson, Laz Alonso, Omarion, Kim Wayans, Ayesha Curry, Lance Gross, Wunmi Mosaku, entre outras.
Com roteiro de Robin Thede, Lauren Ashley Smith, Ashley Nicole Black, Holly Walker, Akilah Green, Rae Sanni, Kindsey Young, Shenovia Large e Kristin Layne Tucker, a série tem direção de Lacey Duke e Brittany Scott Smith.
A primeira temporada de A BLACK LADY SKETCH SHOW recebeu três indicações ao Primetime Emmy® nas categorias: Melhor Série de Variedades (Esquetes), Melhor Direção de Série de Variedades e Melhor Atriz Convidada em Série de Comédia (Angela Bassett).
Na continuação da série, Robin Thede atua como criadora, showrunner, produtora executiva, roteirista e protagonista. A produção executiva é de Issa Era, pela HOORAE, de Dave Becky e Jonathan Berry, pela 3 Arts Entertainment, e de Tony Hernandez e Brooke Posch, pela JAX Media. Lauren Ashley Smith é a roteirista principal e coprodutora executiva. A produção é de Deniese Davis e Montrel McKay, pela HOORAE, e John Skidmore, pela JAX Media.
Organizada pela Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP), a premiação concedida aos cidadãos afro-americanos mais influentes do cinema, televisão e música do ano atribuiu a ela Beyoncé a vitória em 4 das 7 categorias em que estava indicada – somando agora um total de 22 estatuetas. Antes, a vencedora era Whitney Houston, que exibia em casa 18 prêmios. O que pode, ou não, causar certa surpresa é o fato de que Beyoncé repetiu a boa performance do Grammy e se tornou, com as vitórias desta edição, a artista que mais recebeu troféus na história da honraria, entregue há 52 anos de forma ininterrupta.
Conheça os vencedores das principais categorias
Melhor artista feminina Beyoncé
Melhor artista masculino Drake, por “Laugh Now, Cry Later”
Melhor duo, grupo ou colaboração (tradicional) Chloe x Halle, por “Wonder What She Thinks Of Me”
Melhor duo, grupo ou colaboração (contemporâneo) Megan Thee Stallion e Beyoncé, por Savage Remix
Melhor álbum Jhené Aiko. por “Chilombo”
Melhor música de soul/R&B Chloe x Halle, por “Do It”
Melhor música de rap/hip hop Megan Thee Stallion e Beyoncé – “Savage”, Remix
Melhor artista revelação Doja Cat, por “Say So”
Melhor produtor do ano Hit-Boy
Melhor videoclipe/álbum visual Beyoncé, WizKid, SAINt JHN e Blue Ivy Carter, por “Brown Skin Girl”
Melhor trilha sonora/álbum de compilados Trent Reznor, Atticus Ross, Jon Batiste and Tom MacDougall, por “Soul”
Melhor música gospel/cristã Tamela Mann, por “Touch From You”
Melhor álbum gospel/cristão The Clark Sisters, por “The Return”
Melhor álbum de jazz instrumental Jon Batiste, por ” Music from and Inspired by Soul”
Melhor álbum de jazz vocal Somi, por “Holy Room Live at Alte Oper”
Melhor música internacional Original Koffee, por “Lockdown”
Melhor série de comédia “Insecure”
Melhor ator em série de comédia Anthony Anderson, por “black-ish”
Melhor ator coadjuvante em série de comédia Deon Cole – “black-ish”
Melhor atriz coadjuvante em série de comédia Marsai Martin – “black-ish”
Melhor ator coadjuvante em longa-metragem Chadwick Boseman – “Da 5 Bloods”
Melhor atriz coadjuvante em longa-metragem Phylicia Rashad – “Jingle Jangle: A Christmas Journey”
Melhor elenco de longa-metragem “Ma Rainey’s Black Bottom”
Melhor desempenho e inovação em longa-metragem Madalen Mills – “Jingle Jangle: A Christmas Journey”
Melhor progresso criativo em longa-metragem Nadia Hallgren – “Becoming”
Melhor filme independente “The Banker”
Melhor filme internacional “NIGHT OF THE KINGS”
Melhor série de drama “Power Book II: Ghost”
Melhor Ator Coadjuvante em Série Dramática Clifford “Method Man” Smith – “Power Book II: Ghost”
Melhor Atriz Coadjuvante em Série Dramática Mary J. Blige, por “Power Book II: Ghost”
Melhor filme para televisão, série limitada ou especial dramático “Self Made: Inspired by the Life of Madam C.J. Walker”
Melhor ator coadjuvante em filme de TV, minissérie ou especial de drama Blair Underwood – “Self Made: Inspired by the Life of Madam C.J. Walker”
Melhor atriz coadjuvante em filme de TV, minissérie ou especial de drama Octavia Spencer – “Self Made: Inspired by the Life of Madam C.J. Walker”
Falcão e o Soldado Invernal está no ar. A história tem como objetivo narrar as consequências e o legado do Capitão América, Steve Rogers, após ter entregue o escudo para Sam Wilson, o Falcão, ao final de Vingadores: Ultimato.
É de se esperar que a história tenha um grande teor político em sua execução, afinal estamos falando do Capitão América, mas além disso existe uma expectativa com relação a um teor racial presente na narrativa. Isso porque Sam Wilson é um homem negro, mas não apenas isso. Nick Spencer, em 2015 trouxe muito do debate racial para a HQ do personagem em que ele assume o manto de Capitão América.
Em Capitão América: Sam Wilson, o herói precisa enfrentar não apenas a Hidra e outros vilões, mas campanhas difamatórias contra sua imagem, por ser um homem negro. O racismo transcendeu o quadrinho e uma parcela grande do público também passou a criticar o fato de um homem negro ter assumido o manto de Capitão América.
Considerando todos esses fatores era de se esperar que a discussão racial também fosse presente na nova série do Disney+ e isso realmente vem acontecendo, de forma surpreendentemente explícita.
ATENÇÃO, A PARTIR DESSE MOMENTO TEREMOS SPOILERS, LEIA POR SUA CONTA E RISCO
O primeiro episódio da série trouxe de forma muito sutil algumas questões raciais. Muito sutis mesmo.
Sam Wilson indo visitar sua irmã e família em DeLacroix Island, que fica ao Sul os Estados Unidos me fez pensar sobre a escolha dessa região que é marcada por discussões raciais.
O estado de Luisiana, assim como boa parte do Sul Norte Americano, é marcado por debates e tensões raciais até os dias de hoje.
A forma como a irmã de Sam, Sarah, fala sobre como ele sempre foi muito exigente consigo mesmo, revelando uma faceta da cobrança social sobre corpos negros que propiciam a Síndrome do Impostor que parece afetar Sam Wilson e o fazer devolver o escudo do Capitão ao governo e visita ao banco onde, mesmo sendo um dos heróis responsáveis por salvar todo o universo, o empréstimo para salvar as economias da família, é negado. São elementos que abordam sutilmente questões raciais.
Nesse momento da história tive receio de que a série tivesse medo de aprofundar essas discussões e fizesse isso apenas de forma superficial, mas no segundo episódio me surpreendi com um panorama racial muito melhor apresentado.
Toda a sequência envolvendo a visita de Bucky e Sam ao supersoldado Isaiah Bradley é muito mais importante do que muitos imaginam.
Primeiro gostaria de destacar a potência do diálogo entre Sam e o jovem negro que o reconheceu nas ruas.
Meu Deus, é o Falcão Negro.
Só Falcão
Meu pai disse que é Falcão Negro
Por quê ? Por que eu sou o Falcão e sou Negro?
Sim…
Você é um garoto ou o Garoto Negro?
Nesse momento, além da óbvia crítica ao fato de personagens negros sempre precisarem ter isso em destaque, eu gostaria que vocês lembrassem que o rapaz negro o reconheceu de imediato.
Em seguida nos é apresentado dois grandes nomes do universo Marvel, Eli Bradley, que passa a ser conhecido como Patriota nos quadrinhos e líder dos Jovens Vingadores, e seu avô Isaiah Bradley.
Carl Lumbly como Isaiah Bradley
Isaiah Bradley foi criado nos quadrinhos para uma minissérie que foi inspirada em um caso real, um experimento médico que envolveu 600 homens negros sem o consentimento deles para teste do tratamento de sífilis. Mais de 300 homens negros infectados com a doença foram selecionados para monitoramento. O objetivo do Estudo Tuskegee, nome do centro de saúde onde foi realizado, era observar a evolução da doença, livre de tratamento. Ou seja, não foi dito aos participantes do estudo de Tuskegee que eles tinham sífilis, nem dos efeitos desta patologia. O diagnóstico dado era de sangue ruim. Esta denominação era a mesma utilizada pelos Eugenistas norte-americanos, no final da década de 1920, para justificar a esterilização de pessoas portadoras de deficiências, inclusive.
De 1932 a 1972 o Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos da América realizou essa pesquisa e devido a doença muitos dos participantes tiveram danos cerebrais.
Inspirado por essa história o roteirista Robert Morales criou em 2003 a minissérie ‘Capitão América — Verdade: Vermelho, Branco e Negro’.
Nela Isaiah foi um dos 300 homens selecionados como cobaia para testes na tentativa de replicar o soro do Super Soldado do Capitão América e foi o único sobrevivente.
Com isso o governo americano passou a utilizar Isaiah em missões durante a guerra. Em uma de suas missões Isaiah rouba o escudo e o uniforme do Capitão América para concluir sua missão e mesmo sendo um herói ele acaba sendo pego pelo governo americano e preso.
Ele se torna uma lenda na comunidade negra. Heróis negros como Luke Cage, Pantera Negra e Tempestade o reverenciam além de nomes históricos como Malcolm X, Nelson Mandela e Angela Davis.
Percebem a potência da introdução desse personagem no universo Marvel?
Aqui vai um fato extremamente curioso em paralelo a vida real. No mesmo dia em que esse herói, com esse Background, foi introduzido no universo Marvel, tivemos a polêmica envolvendo a fala de Xuxa Meneghel sobre ser favorável ao uso de presidiários como cobaia pela indústria farmacêutica para produção de medicamentos.
E é importante lembrar que 2 a cada 3 pessoas presas, são negros no Brasil. O que reflete diretamente na discussão sobre a fala eugenista de Xuxa ter também impacto racial.
Xuxa Meneghel, 58 Anos
Isaiah Bradley, seu background e a introdução de sua história no universo Marvel, acaba por ser algo extremamente atual.
Continuamos nessa cena, onde Bucky e Sam são expulsos da casa de Bradley e discutem a existência de um Super Soldado negro escondido pelo governo americano, o que impacta diretamente Sam.
Baltimore é considerada uma das cidades mais perigosas dos Estados Unidos e também do mundo, naturalmente em um bairro negro haveria um maior monitoramento policial e aí vemos a sequência em que o policial não só não reconhece Sam Wilson, como também trata ele de forma completamente diferente da forma que trata Bucky, um homem branco.
Capitão América e o Soldado Invernal, nesse segundo episódio, deixa claro que a questão racial será muito presente nessa série e nos anima para o futuro do universo Marvel.
Será que teremos finalmente o Capitão América Sam Wilson? Um homem negro assumindo o manto do maior herói americano?
Qual será a importância de Isaiah Bradley no universo Marvel? Eli Bradley irá se tornar o Patriota e líder dos Jovens Vingadores como nos quadrinhos?
Jovens Vingadores liderados por Patriota, Eli Bradley
Muitas perguntas para serem respondidas e esperamos que as respostas sejam boas.
Empreender não é uma missão fácil, muito menos quando seu trabalho é braçal e você tem que dividir seu tempo em fazê-lo, captar novos clientes, marcar horários, mandar seu trabalho via redes sociais e etc. Muitos grupos de trabalhadores vivem exatamente dessa maneira e um deles são as trancistas – por ter uma grande quantidade de mulheres que trançam, usaremos o pronome feminino –.
Pensando nisso, o programador e estudante de analise e desenvolvimento de sistema, Gabriel Nogueira (28) pensou e projetou um aplicativo que pode facilitar a vida dessas trancistas. Gabriel percebeu a deficiência na parte de atendimentos de quem trabalha com tranças em geral e criou o “Real Braids”, um aplicativo para controlar e agendar com as clientes o dia e modelo pedido.
“Muitas trancistas trabalham sozinhas e não tem uma pessoa para ficar administrando as Redes sociais e marcações, ás vezes você entra em contato com a profissional e ela não está disponível. Com isso, você automaticamente busca por outro Profissional. Mas com o aplicativo, tudo se torna mais fácil, pois, basta você acessar o perfil do profissional desejado e realizar a marcação.” Comentou o criador do app.
Imagem: Reprodução/Google
Na versão “trancistas” do aplicativo, após ela baixar ele e acessar o cadastro, vai ser direcionado para que coloque os trabalhos que já fez, algo como a “vitrine do trancista”, logo em seguida, a pessoa que quer fornecer o trabalho, deve preencher horários disponíveis, endereço, forma de pagamento e produtos que são vendidos por elas.
Segundo Gabriel, o aplicativo é muito simples de ser usado e pode ser compreendido pela maioria das pessoas. “nas categorias de penteado, por exemplo, são apenas os nomes daquilo que é feito por cada transcista – como box braids, tranças nagô e etc –, podendo colocar os valores, cores de jumbo disponíveis, matérias que são usados e o que mais ela achar necessário”.
A expectativa é de que o aplicativo se torna-se bem mais que um agendador, mas também um localizador e facilitador pra trancistas e clientes, se tornando realmente um ponte acessível entre eles.
“Quando o cliente baixar a versão dele, vai chegar todas as informações necessárias que o transcistas precisa saber e é só o cliente preencher. Qual penteado, modelo, cor, forma de pagamento, dia e horário e todas as outras informações. Após o cliente dizer a maneira que quer, isso chegará até o trancista e ele apenas apertar o botão de confirmar par que a informação chegue até o cliente, dizendo que ele aceitou ou não o serviço. É bem simples”. Completou ele, que, com toda certeza, facilitará a vida de muitos trabalhadores na área.
Gabriel Nogueira; desenvolvedor do aplicativo; Imagem/Arquivo pessoal
“O pagamento é feito entre trancistas e clientes, faço apenas a conexão entre os dois e depois disso é um com o outro.”
Hoje o aplicativo já está em 20 estados brasileiros e filtra por cidade, mostrando ao cliente apenas os transcistas daquela região e o pagamento é realizado entre trancistas e clientes, tendo o real braids apenas como conexão de encontro entre eles.
Para Gabriel, a versão de clientes é até mais simples que a da trancista. “O cliente faz o cadastro e ele tem acesso a todos os trancistas conectados no app da sua região, ali ele busca um trancista próximo e é só clicar em um botão e terá todas as informações colocadas no aplicativo e agendar o atendimento”.
“Fico grato e feliz por muitas pessoas estarem gostando e outras compartilhando, acredito que é, principalmente, por ser uma plataforma de beleza afro, destinado ao nosso povo.” Finalizou Gabriel.
Se ainda estivesse fisicamente entre nós, Luiza Bairros completaria, neste sábado, 68 anos de idade. Conhecida por muitos por ser militante, intelectual, e ministra de estado da Igualdade Racial, minha primeira memória de Luiza Bairros é bem mais afetiva. Eu devia ter 12 ou 13 anos e me revoltava em ter parar de me divertir para fazer tarefas domésticas. Mais especificamente, lavar louça.
Luiza, foi a primeira pessoa adulta – além dos meus pais – que me disse que a luta das mulheres por independência, liberdade e reconhecimento político, passava por ter condição e autonomia de “lavar sua própria louça”. “Você também não vive aqui? Será que você não pode colaborar um pouco em manter essa casa tão bonita?”, disse ela com aquele vozeirão inesquecível.
É claro que eu fiquei indignada! Como é que aquela visita vinha na minha casa fazer coro com os meus pais de que eu tinha que lavar a louça? Mal sabia eu, que aquela visitante era uma das grandes. Uma inesquecível, que lutava por vida e dignidade de pessoas e meninas pretas como eu.
Em reconhecimento e memória ao legado de Luiza, a Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB) lança, neste sábado (27) o documentário Tributo a Luiza Bairros, realizado numa parceria com o Acervo Cultne, dentro da programação do #MarçoDeLutas.
Entre os pontos altos do filme, estão a fala de Luiza por ocasião do oitavo Encontro Feminista Latino Americano e do Caribe, em 1985; no primeiro Encontro Nacional de Mulheres Negras, em 1988, na cidade de Valença; e o discurso da então ministra de estado na III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, em novembro de 2013. Sobre Luiza Bairros, em depoimentos de 2020, falam Sueli Carneiro, Mônica Oliveira e Vilma Reis.
O vídeo vai ficar disponível no canal da AMNB no Youtube.
Esse episódio fortuito me marcou tão profundamente que orienta minhas condutas até hoje. Nos nossos mais velhos e nos espaços pretos de convivência, como as casas de axé, estão as chaves para seguirmos a caminho das conquistas que elas e eles sonharam, lutaram e plantaram para nós.
Para o dia de hoje, que possamos honrar Luiza Bairros e aprendamos a “limpar as nossas casas”, que são nossas condutas, nossos modos de ser e estar neste mundo, e o posicionamento que temos diante da vida e suas batalhas. Luiza Bairros vive!
Não foi nosso primeiro encontro, mas foi a primeira vez que realmente a conheci. Rachel Maia é para mim um colosso de representatividade que vai muito além dos cargos incríveis que essa executiva ocupou ao longo dos anos. Os 30 anos da sua trajetória profissional compõem boa parte do seu primeiro livro “Meu Caminho Até a cadeira número 1” (Editora Globo). Cria da periferia de São Paulo, Rachel já foi CEO no Brasil da grife Lacoste e das joalherias Pandora e Tiffany & Co. e atualmente faz parte dos conselhos do grupo Soma, CVC e Unicef Brasil.
Para mim, uma mulher negra madura que abriu caminho para alguns, mas carece de representatividade no mundo dos negócios, Rachel é uma mulher admirável por dentro e por fora. É aquela luz que guia a gente.
Em março, durante o mês das mulheres, tive a oportunidade de entrevistá-la. Rachel estava um com uma agenda corrida por conta da maratona de eventos relativos ao lançamento do seu livro. A obra de Rachel é realmente voltada para todo mundo, sendo uma leitura leve, mas nada superficial, onde a super executiva conta detalhes da sua trajetória profissional, mas também pessoal e isso faz com que toda mundo possa de identificar com pelo menos um capítulo do livro. “Eu recomendo que as pessoas leiam como convém, mas ler capítulos de forma aleatória, pode fazer com que algumas partes do livro, não façam muito sentido” recomenda a autora.
Rachel notou que eu estava usando um brinco da coleção da Pandora, que comprei durante a gestão dela e não por acaso, usei durante a entrevista como uma forma homenagem.
Dessa conversa de um pouco mais de uma hora, extrai alguns pontos principais:
As conquistas pessoais sempre inspiram mais do que as materiais
Viver sem referências para gente se inspirar gera um vazio. Oprah Winfrey, Barack Obama e Nelson Mandela, o que ela chamou em tom de brincadeira de “santíssima trindade”, são as grandes inspirações de Rachel, sem contar claro, sua própria mãe. Voltando aos ídolos estrangeiros, não é o lado de gestão que captou a atenção da executiva brasileira. “Olha no caso da Oprah, muitos pensam que gosto dela por causa da fortuna e da maneira que ela administra os negócios, mas não. Eu gosto da forma que ela viveu a vida, de como ela superou as dificuldades. Eu a vi a primeira vez assistindo ‘A cor púrpura’ e a figura dela, desde lá me chamou a atenção. Ela sofreu várias violências, foi estuprada e mesmo assim dedica a vida em prol do outro, inspirando as pessoas”.
Luxo pode ser bom, mas se apegar a ele, não é importante
A presença de Rachel é puro luxo. Ela é alta, anda e se porta como a autoridade que é, e sempre está impecavelmente vestida. Conversando com ela sobre luxo, vem a surpresa: ela circula nesse mundo das grifes, marcas de luxo e prestígio de forma bem ponderada, pelo menos em uma perspectiva mais pessoal.
“Eu faço faxina na minha igreja. Minha relação com o luxo sempre foi tranquila. Uma vez durante um voo acabei perdendo joias que comprei durante todos os anos que trabalhei na Tiffany & Co., algo irrecuperável, mas eu vou fazer o que? Eu compro as coisas das empresas que trabalho, como essa que estou vestindo (era uma camiseta da Lacoste), mas eu não vivo em função do luxo, na minha infância nunca nem imaginei fazer parte desse mundo”, detalha Rachel.
Foto: Claudio Gatti
Servir a comunidade sim, mas sem pirar
Rachel é bem humilde ao avaliar sua importância como o maior nome da comunidade negra dentro do mundo corporativo, “Estrela da comunidade é a Tais Araújo”, disse ela em tom de brincadeira. “Eu tenho muita gente que precisa da minha atenção, que esperam respostas minha, mas é complicado poder atender todo mundo. Isso até é algo que trabalho em terapia, mas é impossível poder ouvir todo mundo. Nossa comunidade tem muitas necessidades”.
É difícil crescer sem rede de apoio
Pela conversa ficou evidente que sem uma rede de apoio, Rachel não seria essa mulher que a gente conhece. Ela é Sarah Maria e de Pedro Antônio. “Sempre contei muito com o apoio da minha mãe e da minha família para cuidar das minhas coisas. Minha casa tem sempre gente circulando, pessoas que me ajudam com as crianças e que confio integralmente, que ensinam coisas para os meus filhos e não fico em cima”, explica a executiva. E ao contrário de muitas mulheres de uma geração educada de uma forma que a dupla jornada é fonte de culpa, Rachel não tem nenhuma relutância em delegar funções. “Não tenho nenhum complexo de culpa quando deixo meus filhos com pessoas que confio para poder trabalhar. Acho que nós mulheres temos que nos livrar disso em algum momento”. Em relação aos filhos, ela é mãe de um casal, a mãe Rachel estimula a independência dos filhos. “Minha filha já sabe lavar louça desde que alcança a pia. Aqui em casa incentivo a independência e não tem isso de ficar esperando tudo ser servido, de mão beijada”, detalha.
Rachel Maia e sua filha Sarah Maria – Foto: Reprodução Instagram
Oportunidades para negros não podem ser esnobadas
A geração de Rachel e a minha também nem sabia o que eram ações afirmativas e programas de inclusão de pessoas negras. O racismo era visto como parte da sociedade, mas raramente problematizado como uma questão estrutural. Só a militância e ativismo negro via o mercado de trabalho de forma racializada. Se hoje temos grandes empresas como Bayer, Avon e Magazine Luiza implementando programas históricos para o aumento de pessoas negras nessas empresas, temos que focar também nesses jovens negros para que eles não deixem a oportunidade passar. Rachel é bem enfática sobre isso. “Não dá para ter essa mentalidade de que ações afirmativas são favores e que, portanto, a gente não precisa. A gente precisa se oportunidades sim e coisas assim nunca aconteceram. Não importa se você acha que é favor, se inscreva, participe dessas oportunidades que a gente não sabe se acontecerão novamente. Tem que se inscrever sim, tentar, participar e aproveitar essas chances feitas especialmente para pessoas da comunidade negra. Não é sobre ser coitadinho e precisar de ajuda, é sobre ter chance de mudar a sua vida”.
O teatro precisa se permitir a readaptar os estereótipos que não representam o negro na sua contemporaneidade. Afirmo isso, pois o rótulo de rapaz diferente do padrão ainda me me persegue. Minha narrativa é de um filho único, de pais separados, que sempre chamava atenção com seu jeito performático por onde passava. Eu era o que dançava nas festinhas, imitava personagens e vestia roupa de mulher. Sim, eu era “aquele” menino. O rotulado “negrinho”, ‘pretinho” e “bichinha”, que veio da periferia de São Paulo, e que mesmo sob toda hostilização, hoje a “bichinha pretinha” fala cinco línguas é ator, cantor, compositor, dançarino, apresentador e empresário.
Minha adolescência foi muito silenciada, pois não se tocava nas pautas de bullying ou de racismo. E apesar da falta de entendimento social sobre as agressões que sofria, eu nunca perdi a percepção do que me permitia sobreviver mentalmente a tantos ataques: a liberdade da qual a expressão artística me possibilitava e que me fez seguir o caminho para o teatro.
Esse Dia Mundial do Teatro, me leva a lembrar de como iniciei minha trajetória nesta arte, presenciando aos oito anos de idade a minha primeira peça teatral, quando morava no bairro de Pirituba, Zona Oeste de São Paulo. Me lembro que, na escola pública, onde estudava houve a apresentação de um espetáculo musical. Como não havia mais espaço na plateia, acabei ficando próximo da coxia – local onde os atores se preparam. Lembro até hoje da minha fascinação ao assistir a transformação dos atores, de como aquilo transformou a realidade daquelas crianças e viria também a mudar a minha.
De um lado, não me sinto valorizado quanto pessoa negra nas representações de personagens que o teatro me propõe. Mas de outro, a perspectiva de estudos e aprofundamento nas personagens me proporcionou conhecer diferentes tipos de narrativas que até então estavam foram do meu alcance. Esse engrandecimento intelectual, me fez crescer quanto indivíduo e hoje posso dizer que fui além do que a sociedade previu para mim. Graças ao teatro, pude me apresentar em lugares que nunca havia imaginado, como Amsterdam, Bruxelas e Nova York. Adquiri bagagem artística que me possibilitou atuar em um curta metragem premiado em Cannes, interpretar papel do renomado dramaturgo Nelson Rodrigues e trabalhar na televisão belga como apresentador residente. Mas como nem tudo são flores, uma vez que os textos e produções, em sua maioria, ainda não refletem e representam as evoluções sociais, mas sim repetem e reafirmam estereótipos ultrapassados.
Em 1944, quando Abdias do Nascimento fundou o Teatro Experimental do Negro, iniciou-se um movimento em prol da importância da abordagem das temáticas sociais, até então invisibilizadas, mas fundamentais para a valorização da cultura e imagem social do negro. Este movimento teve início a partir de um grave acontecimento em um espetáculo no teatro Municipal de Lima no Peru, “O Imperador Jones”, de Eugène O’Neill, em que um ator branco pintava o rosto de preto para interpretar um personagem negro. Tal prática atualmente conhecida como “Black Face”, acaba por nos ridicularizar, desumanizar e coloca em cheque o protagonismo negro. Vemos isso por meio da ínfima quantidade de textos e espetáculos que contam nossas histórias de resistência, sobretudo por estamos no ano de 2021, e ainda parecer distante o reconhecimento do negro em posições de poder como uma prioridade nas produções teatrais. Um exemplo que denuncia essa necessidade de mudança, é a performance ‘’A Babá quer Passear” da atriz global Ana Paula Cavalcanti em que retrata a inversão do papel da babá negra que cuida, para a babá negra que quer ser cuidada. Assim como também é importante ressaltar coletivos brasileiros fundados por atores e outros profissionais da dramaturgia negros, que também buscam fazer este contraponto no cenário teatral, como a Cia Os Crespos e o Coletivo Preto.
Mesmo nesse contexto de quase ausência de valorização negra no teatro, me orgulho da trajetória que venho construindo, que se iniciou no Brasil e que me levou à Europa, onde resido atualmente, e que também me traz diversos desafios culturais como brasileiro. Com o teatro aprendi a me questionar, a reavaliar e a transmutar a realidade social que a sociedade nos coloca. Eu sobrevivi momentos desesperadores em que pensei que mais nada valeria a pena, mas ao parar para decorar um texto e estudar um personagem, eu conseguia recarregar as baterias. Quando estou no palco, eu sou. E é essa mágica e o poder que o teatro tem, e que me impulsionou a construir um novo eu na música. Hoje, posso dizer que essa multipotencialidade artística tem me permitido contar novas histórias, de ser o protagonista negro e não estereotipado que sinto falta nesse cenário, e de agregar teatro e música em produções artísticas e culturais que farão parte dessa nova narrativa de pessoas negras críticas e cientes de seu papel na arte.
*Leonardo Alan é ator, cantor, compositor, dançarino, apresentador e empresário brasileiro radicado na Bélgica.
O rapper Lil Nas X quebrou a internet na madrugada dessa sexta-feira, com o tão esperado lançamento de seu single Montero ( Call Me By Your Name). Além da música em si, o que chamou a atenção do público foi também a estética do clipe, dirigido por ele mesmo ao lado de Tamu Muino, diretor de Up, da Cardi B. A capa da canção também fez bastante sucesso entre os internautas, que exaltaram o artista por entregar algo realmente bem produzido, coisa que nem sempre acontece com artistas masculinos do mainstream ultimamente. O responsável pela arte foi o artista espano-croata Filip Custic, que já trabalhou com artistas como Rosalía. Mesmo com pouco tempo de carreira, Lil Nas X já é lembrado não só por seus sucessos, mas também por ter construído um visual bem característico -até mesmo nas roupas. Sua presença em um red carpet por exemplo é sempre sinônimo de aclamação, pois assim como nas letras de seus hits, ele costuma quebrar o paradigma da masculinidade tóxica imposta aos homens negros.
O vídeo já começa com uma frase bastante impactante: “Na vida, escondemos as partes de nós mesmos que não queremos que o mundo veja. Nós os trancamos, dizemos ‘não’. Nós os banimos. Mas aqui, não. Bem-vindo a Montero.” O nome da canção, ”Montero”, faz alusão ao nome verdadeiro de Lil Nas X que pouca gente sabe mas é Monteiro Lamar Hill.
Confira o vídeo clipe de Monteiro (Call Me By Your Name)
Helio de La Peña foi entrevistado por Luana Genot no programa Sexta Black do canal GNT no Youtube - Foto: Reprodução Youtube
Programas de entrevista são uma ótima forma da gente conhecer mais profundamente as pessoas que a gente gosta, como elas pensam, como respondem questões pessoais e profissionais. Acontece que quando jornalistas brancos entrevistam pessoas negras, o que vemos as vezes são perguntas que reduzem nossa vivência ao território do racismo e da violência.
Se você como eu, gosta de ver entrevistas, mas também gosta de ver pessoas negras como entrevistadoras , selecionei 5 programas no Youtube de entrevistas com esse perfil. Uns mais antigos e outros mais recentes, mas todos com pessoas negras do outro lado, conduzindo a conversa.
Programa Espelho com Lázaro Ramos
Esse é programa é antigo, mas ao mesmo atemporal. Cada entrevista um retrato do tempo que vivemos e muitas delas foram verdadeiras aulas. Mesmo tendo entrevistados de todas as origens, Lázaro Ramos sempre priorizou a comunidade negra para contar suas histórias no seu programa.
Sexta Black com Luana Genot
A fundadora do ID-BR, Luana Genot, em parceria com o GNT apresenta do Sexta Black no Youtube com muitas entrevistas que debatem a questão racial no Brasil dando a oportunidade da comunidade negra falar sobre si mesma.
Entrelinhas com Silvio de Almeida
Um dos intelectuais mais celebrados na nossa geração, Silvio de Almeida, mostra que também tem talento para entrevistar. No seu programa Entrelhinhas em seu canal de Youtube o acadêmico fala sobre política, filosofia, de direito e até economia por meio de entrevistas bem originais.
Guia Negro Entrevista com Guilherme Soares Dias
Em parceria com a produtora Terra Preta Produções o jornalista Guilherme Soares Dias presenteia sua audiência com entrevistas repletas de axé e ancestralidade. Inclusive elas também podem ser assistidas no nosso Instagram e aqui no Youtube as conversas estão disponíveis no Youtube.
Trace Papos
O Canal da Trace Brasil traz para o Youtube conversas incríveis com um monte de artista que a gente gota no quadro Trace Papos com Alberto Pereira Junior e Ad Junior.
No ano de 2016, Ludmilla desfilava como rainha da bateria do Salgueiro e a socialite Val Marchiori era uma das apresentadoras do Carnaval na RedeTV. Em um determinado momento, Marchiori, ao comentar sobre o visual de Ludmilla disse: “A fantasia está bonita, a maquiagem… agora, o cabelo… Hello! Esse cabelo dela está parecendo um bombril, gente”. Foi aí que Ludmilla abriu um processo contra a socialite. Veja aqui
Val Marchiori recorreu ao processo em 2020 alegando se tratar de um mal-entendido e hoje (26) foi divulgado que a socialite venceu o processo e de acordo com a decisão publicada, a 14ª Câmara Cível julgou que Val Marchiori usou do seu “direito de crítica” ao fazer os comentários sobre o cabelo de Ludmilla
“Em que pese ter sido proferida uma observação de natureza ácida, veiculando opinião em tom de crítica dura, não é possível se extrair dos fatos supracitados qualquer intenção de desqualificar ou ofender a autora em decorrência de sua cor de pele, tampouco de ridicularizá-la ou depreciar a pessoa. O que se vê, em verdade, é que a conduta da apelante se insere no exercício do seu direito de crítica, derivado da liberdade de informação e de expressão”, diz um trecho da decisão.
A cantora Ludmilla deverá arcar com honorários advocatícios aos advogados da empresária, no valor de 10% sobre o valor da causa inicial de R$ 300 mil.
“Não vou desistir e nem é só por mim. Eu tenho visibilidade, tenho provas e ainda assim tô passando por isso. Imagina quem é anônimo? Não posso e não podemos desistir” afirmou a cantora em nota divulgada pela assessoria.
Nas redes sociais internautas repercutem o caso e a cantora Ludmilla desabafou sobre o assunto:
por isso e infelizmente não sou a única. Eu não me faço de vítima não. Eu sou! Tá provado. Mas a estrutura desse país é tão racista, que eles tem a audácia de recorrer e ainda por cima comemorar vitória no Instagram. ++
Nas redes sociais, a socialite celebra a vitória no processo com os seus seguidores.
A assessoria da cantora também falou sobre o caso e informou que “a assessoria jurídica de Ludmilla está analisando a decisão para eventual recurso.”
Confira a nota da assessoria:
Recebemos com surpresa a informação que após ser chamada de “Cabelo de bombril” e vencer processo, Val Marchiori tenha recorrido e ganhado a ação e informamos que a assessoria jurídica da artista está analisando a decisão para eventual recurso.
É lamentável, ainda, que a ré comemore uma vitória sobre o preconceito como vem fazendo em suas redes sociais. É lamentável que a branquitude celebre o o horror que é o racismo. Esta decisão mostra o quão difícil é lutar contra o racismo que atinge todas as estruturas do país.
Por fim, Ludmilla, que, como sabido, é sistematicamente vítima de crimes de injuria racial, reitera que jamais desistirá de batalhar pelos seus direitos e dos seus. “Não vou desistir e nem é só por mim. Eu tenho visibilidade, tenho provas e ainda assim tô passando por isso. Imagina quem é anônimo? Não posso e não podemos desistir”