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Kelis acusa Beyoncé de roubo após música do ‘Renaissance’ ser lançada

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Kelis e Beyoncé. Foto: Jason LaVeris / FilmMagic / Divulgação.

A cantora Kelis utilizou suas redes sociais para criticar Beyoncé o recente lançamento da música ‘Energy’, presente no álbum ‘Renaissance’. De acordo com Kelis, ela não foi notificada e nem permitiu o uso do sample da música ‘Get Along With You’, canção lançada no ano 2000.

Denomina-se sample uma amostra de sons, sendo trechos ou partes inteiras de uma música já existente. Neste caso, Beyoncé utilizou ‘Get Along With You‘ como sample para a nova música do álbum ‘Renaissance‘. “Minha mente explodiu hoje por conta do nível de desrespeito e ignorância de todas as partes envolvidas nisso”, escreveu Kelis numa publicação. “Eu ouvi sobre isso da mesma forma que todo mundo. Nada é o que parece, algumas pessoas neste negócio não têm alma ou integridade e enganam a todos. Não é uma colaboração, é roubo”, continuou ela em outro comentário.

Comentário da cantora Kelis no Instagram. Foto: Reprodução.

Apesar de ter lançado a música ‘Get Along With You’, Kelis não é creditada como compositora e produtora da faixa. O registro foi escrito e produzido por Pharrell Williams, juntamente com Chad Hugo, artistas que estão trabalhando com Beyoncé no ‘Renaissance’. “Estou vindo para o que é meu e quero reparações”, disse Kelis através de um vídeo no Instagram. “Isso não é sobre Beyoncé ou algo do tipo. Realmente disse o que disse… Pharrell faz vídeos sobre o direito das pessoas mas é hipócrita na realidade”.

Pharrell Williams não se manifestou sobre o caso.

Kenia Aquino, fundadora do Quilombo Aéreo, abre boletim contra motorista da 99 por racismo: “Tinha que ser preto”

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Foto: Reprodução/Instagram

Kenia Aquino, aeromoça e fundadora do coletivo Quilombo Aéreo, publicou uma live no Instagram nesta tarde (28), para falar que foi vítima de racismo por um motorista da 99 no dia 19 de julho, em Porto Alegre (RS). “Eu conversei com o meu terapeuta, com os advogados que estão me acompanhando para fazer essa live”, inicia o vídeo.

Como diretora do ODABÁ – Associação de Afroempreendedorismo de Porto Alegre, Kenia estava a caminho da Câmara Municipal de Vereadores da cidade, para participar da primeira reunião sobre a inscrição da organização na comissão de aferição da heteroidentificação de cotas raciais nos concursos na casa legislativa. Ela solicitou a corrida pelo aplicativo, mas se atrasou para chegar no carro.

“Eu mandei uma mensagem pra ele dizendo que estava chegando lá embaixo [do prédio] e ele mandou que não era pra eu ter pressa. Quando eu cheguei, a corrida já tinha sido cancelada porque eu levei mais de três minutos para descer e a corrida é cancelada automaticamente. Automaticamente também chega uma multa, R$ 5, tudo certo”, explica como tudo começou.

“Fiquei esperando o próximo motorista chegar, ele viria no carro vermelho. No que eu estou sentada esperando, para um carro prata na frente do meu prédio. Esse motorista decidiu olhar pra mim e falar algumas coisas que eu não entendi. Como eu estava aguardando o motorista do carro vermelho, eu não prestei atenção nele, continuei olhando o celular. Mas ele insistiu em falar alguma coisa”, diz.

Só depois que ela percebeu que o homem era o motorista do primeiro carro solicitado pela 99. “É natural que a gente desça de um prédio para pegar um carro por aplicativo e por ventura se atrase e já pra isso que existe a multa e a corrida é cancelada. Não tem nenhum problema com isso. Quando eu não entendi o que ele falou, ele falou mais alto. Proferiu as seguintes palavras: ‘Tinha que ser preto’. Com todas as palavras. Quando eu entendi o que ele falou e me assustei, ele fechou o vidro e saiu”, lembra ainda assustada.

“Ele voltou ao meu endereço, voltou pra porta da minha casa pra ser racista comigo. Na certeza de que esse país é um país que não tem impunidade para crime de racista”. E completa: “Na hora, a minha ficha demorou pra cair. Quando eu entrei no segundo carro, eu sentei e comecei a chorar copiosamente de nojo, de raiva. Essa pessoa voltou pra minha casa e me agrediu”.

A violência deixou Kenia ainda bem reflexiva antes de tomar uma providência contra o motorista. “Agora eu já fiz o boletim de ocorrência, denunciei na plataforma e eu estou aguardando uma posição oficial da 99 e é pra isso que eu estou fazendo esse vídeo”. E explica: “Perguntaram obviamente se eu tinha testemunhas, vídeos, prints. Estamos na batalha para conseguir porque tem mais esse agravante. O racismo é o crime perfeito. Ele é cometido e dificilmente a gente consegue uma prova, mas eu vou conseguir. A única pessoa da minha rua que viu o carro retornando até a porta da minha casa, se recusou a depor. Disse pra mim que não seria minha testemunha. Eu não vou me conformar, me silenciar”. 

Segundo a aeromoça, o 99 informou que está analisando o perfil do motorista. “Eu tô atrás das câmaras da minha rua, porque o meu prédio, infelizmente, ainda não tem câmera. Era um movimento importante na minha vida, um dia importante pra mim. Eu ainda choro quando eu lembro. É como um tapa na cara”, desabafa aos prontos.

E lamenta: “A minha palavra deveria ser o suficiente. Eu não acordaria um dia de manhã e decidiria abrir um um boletim de ocorrência contra uma pessoa. A 99 tem que se responsabilizar pela conduta dos seus motoristas. Eu espero que vocês tirem esse monstro racista que presta serviço pra vocês”.

Kenia diz que está em contato com a plataforma do 99 desde o dia 22, um dia depois do ocorrido e até o momento, a única medida tomada foi o bloqueio no perfil do motorista. Em nota ao MUNDO NEGRO, a 99 ainda não garantiu o desligamento do mesmo. Leia na íntegra:

“A 99 lamenta profundamente o ocorrido com a passageira Kenia Aquino Garcia. Assim que o relato foi registrado, foi aplicado o bloqueio no perfil do motorista e uma equipe foi mobilizada e está tentando contato com a Kenia para oferecer todo o suporte e acolhimentos necessários. A plataforma se coloca à disposição para suporte. A plataforma também está disponível para colaborar com as investigações das autoridades, se preciso.

A empresa tem uma política de tolerância zero em relação a qualquer tipo de discriminação e repudiamos veementemente o caso. O respeito mútuo é a base de tudo e é obrigatório para utilização do app. Todos os usuários, sejam eles motoristas ou passageiros, devem se tratar com educação, boa-fé e profissionalismo, independente de sua religião, credo ou raça. Em comportamentos como esse, que vão contra os Termos de Uso e o Guia da Comunidade 99 e medidas cabíveis são adotadas, podendo resultar em bloqueio definitivo”.

“Nada do que eu fazia estava bom o suficiente”: IZA fala sobre o racismo no mundo da música

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IZA em 'Fé'. Foto: Guilherme Nabhan.

Em recente entrevista para a Vogue Brasil, IZA contou detalhes sobre seu atual momento no mundo da música, suas inspirações e produções artísticas. Capa da revista, a cantora falou sobre o racismo e sobre as barreiras invisíveis que precisou vencer para se tornar uma das artistas mais influentes do país. “Depois que fiquei famosa, revisitei inseguranças, as formas como me comparava e achava que nada do que eu fazia estava bom o suficiente… Tudo isso é fruto do racismo“, disse IZA.

IZA para a Vogue Brasil. Foto:Lufré.

“O sentimento de que não se pode errar. Uma noia que você aplica em todos os trabalhos feitos. Existem barreiras invisíveis que o racismo cria”, continuou a artista. “Infelizmente no Brasil, a partir do momento em que você é uma pessoa negra bem-sucedida e famosa, você não deixa de sofrer racismo, mas as pessoas passam a te olhar de forma diferente, o que é lamentável. Todos merecemos respeito.”

A intérprete de ‘Fé’ também comentou sobre autoestima e a forma como encontrou beleza em sua própria existência, principalmente tratando sobre o cabelo. “Eu não queria lidar com o meu cabelo crespo. Comecei a alisar aos 12, era uma tentativa de fuga. Cresci achando que tinha dado azar na loteria genética e que o meu cabelo era ruim, um defeito que precisava ser consertado“, contou IZA. “Só com 21 anos, depois que vi uma menina negra ganhando um concurso de estilo na faculdade, fui mudando a percepção de beleza. Coloquei trança para ter uma transição capilar e poder ver como era o meu cabelo de verdade. Foi quando percebi a importância de poder me enxergar em um lugar de admiração”.

Meta e PretaHub celebram a potência do empreendedorismo de mulheres negras com fotografias de Helen Salomão e Wendy Andrade

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Jêniffer de Paula, São Paulo-SP (Foto: Helen Salomão)

A fotógrafa baiana Helen Salomão e o carioca Wendy Andrade se uniram em uma parceria inédita para retratar e celebrar as histórias de 15 mulheres empreendedoras negras espalhadas pelo Brasil. São mulheres que fazem parte da Aceleração de Negócios de Empreendedoras Negras, iniciativa idealizada pela Meta e pela PretaHub, que está desenvolvendo capacidades de negócios e gestão em 50 empreendedoras negras espalhadas pelo país.

Reconhecidos pelo olhar sensível e pela valorização da população negra, sua estética e os diferentes corpos pretos, Helen Salomão e Wendy Andrade estão viajando por todo o país para contar as histórias dessas empreendedoras que conseguiram criar um negócio de sucesso e impactar positivamente suas comunidades, inspirando e gerando empregos.

“Tem sido muito potente trabalhar junto com o Wendy pela primeira vez nessa jornada de descobrimento de mulheres tão inspiradoras pelo Brasil. Acredito muito nessa linguagem documental e poder agregar nosso olhar a favor da história de vida dessas empreendedoras visionárias é muito enriquecedor.”, conta Helen Salomão.

Para Wendy Andrade, a experiência também foi impactante, ainda mais quando se considera o olhar de um homem preto sobre a luta das mulheres negras: “Fotografar mulheres pretas empreendedoras em regiões tão diferentes tem sido muito potente. Pude ver de perto que a mulher preta, quando empreende, não busca somente o próprio enriquecimento, mas o empoderamento de toda a sua comunidade. Sou muito fã da Helen e poder registrar essas histórias juntos tem sido uma experiência transformadora”, diz o fotógrafo.

O projeto mistura arte, cultura e empreendedorismo e os fotógrafos tiveram total liberdade criativa, o que tem proporcionado registros documentais que enaltecem as lutas, memórias e conquistas das empreendedoras, numa rota inversa ao apagamento histórico tão comum na vida da população negra no país.

“É muito importante darmos visibilidade a pessoas negras que empreendem, ao longo do ano todo, celebrando suas trajetórias e estimulando seus negócios. Nesse contexto, é um privilégio contar com o olhar apurado do Wendy e da Helen para retratar a história dessas mulheres negras, que tão bem representam a potência e a luta dessa comunidade pelo Brasil.”, explica Carolina Caser, gerente de Impacto Econômico da Meta para América Latina.

Exposição na Feira Preta

Para potencializar a visibilidade do emprendedorismo feminino negro, que resiste nas mais variadas regiões brasileiras, todo o trabalho dos fotógrafos Wendy Andrade e Helen Salomão deve se transformar em uma exposição aberta ao público e parte da programação do Festival Feira Preta, durante o Mês da Consciência Negra. As primeiras imagens registradas pela dupla foram mostradas em primeira mão neste dia 29 de julho, durante o evento Meta Boost em Salvador, onde houve ainda uma roda de conversa sobre empreendedorismo negro feminino, além de capacitação em marketing digital para empreendedoras locais.

Adriana Barbosa, fundadora e CEO da PretaHub, reforça a importância de dar visibilidade para as mulheres pretas de forma constante: “Helen e Wendy foram convidados para este projeto por conta do olhar atento e carinhoso que dedicam a histórias de pessoas negras. Estamos muito felizes com essa parceria, tão importante para o resgate de memórias que precisam ser registradas. Justamente por isso, e pelo resultado tão positivo que estamos vendo, o objetivo é levar essas imagens para o maior número possível de pessoas, a fim de celebrar o empreendedorismo, ferramenta de empoderamento que sempre esteve presente na história do povo negro.”

Investimento de R$ 1,6 milhão

As mulheres fotografadas são parte da Aceleração de Negócios de Empreendedoras Negras, projeto da Meta e da PretaHub que forneceu recursos financeiros num total de R$1,6 milhão para as 50 empresárias selecionadas. Além da verba, também estão sendo realizados gratuitamente cursos de capacitação, consultorias, assim como o fornecimento de serviços e produtos customizados de acordo com a demanda de cada negócio.

Quadras Indestrutíveis: projeto pretende tombar e preservar quadras de basquete ameaçadas em todo o Brasil

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Foto: Freepik.

Quadra na Mooca, SP, acaba de ser revitalizada com a ajuda da iniciativa, que até o final de 2022 prevê a transformação de mais cinco espaços

Preservar quadras de basquete de rua nas cidades é o principal objetivo do projeto Quadras Indestrutíveis, uma iniciativa da agência Africa em parceria com a Budweiser. Com o aumento da especulação imobiliária, espaços como as quadras se tornam visados para a construção de novos imóveis e até estacionamentos. Tentando evitar a extinção destes espaços, a cervejeira encontrou uma brecha na Lei de Tombamento Brasileira que diz que “um lugar de interesse público com valor artístico é considerado patrimônio público e não pode ser demolido”.

Assim, a ideia é encher de valor artísitico e cultural, quadras abadonadas do país, contando com a colaboração das pessoas que vivem em torno destas quadras. A ação da agência Africa contempla a realização de um projeto artístico, com relevância cultural ao local, em uma quadra de rua. Com o projeto realizado, é possível entrar com um pedido de tombamento. Para isso, a Budweiser resumiu o processo em cinco passos, descritos no site  www.quadrasindestrutiveis.com.br : 1) Escolha uma quadra pública de basquete; 2) Encontre um tópico relevante para a cultura local; 3) Selecione um artista; 4) Budweiser conecta o artista, a quadra e você; 5) Entre com o pedido de tombamento.

“Esse é um projeto extremamente relevante, que dá poder para as pessoas exigirem o que é delas por lei. Cada dia que passa é mais comum vermos quadras abandonadas, sem cuidado ou iluminação. As pessoas não merecem esse descaso, elas merecem cultura e lazer,” comenta André Mota, gerente de estratégia da marca Budweiser na Ambev.

O projeto piloto, realizado com sucesso em uma quadra em Natal, no Rio Grande do Norte, mostrou o potencial de transformação da iniciativa. A Budweiser convidou um artista local, que criou uma arte homenageando um dos principais jogadores brasileiros de basquete, também nascido na cidade, Oscar Schmidt. Após a realização da obra, o pedido de tombamento foi feito e levado para o secretário de cultura junto ao prefeito. Hoje, a quadra já é considerada um patrimônio cultural e não pode ser demolida. Daqui em diante, ela servirá apenas para lazer, entretenimento, cultura e até como ponto turístico na cidade.

Pelo site, já foram registradas cerca de 16 quadras, que agora estão no processo para receberem um artista e serem transformadas. Na Mooca, tradicional bairro da cidade de São Paulo, SP, uma quadra acaba de ser finalizada.

Morre o bailarino Rubens Barbot, criador da primeira Cia de Dança Contemporânea negra do Brasil

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Foto: Divulgação

Com uma trajetória inspiradora, um dos maiores bailarinos e coreógrafos do Brasil, Rubens Barbot, morreu aos 72 anos, nesta quinta-feira (27), no Hospital Municipal Souza Aguiar, por causas ainda não divulgadas.

Natural da cidade do Rio Grande (RS) e radicado no Rio de Janeiro desde 89, o artista é fundador da “Cia Rubens Barbot de Teatro e Dança“, primeira Cia Negra de Dança Contemporânea do Brasil que atualmente tem 32 anos de atuação, deixa um legado inquestionável para comunidade negra.

Acamado desde 2019, o bailarino que também é fundador de uma das principais bases da arte negra carioca, o Terreiro Contemporâneo, um centro cultural localizado no centro do Rio que abriga companhias de arte negras, reúne uma carreira artística internacional, que ao longo das últimas décadas, vem impactando gerações. O bailarino dedicou quase quarenta anos à pesquisa de movimentos dos corpos afro-brasileiros. Informações sobre o velório ainda não foram divulgadas.

O Sindicato dos Profissionais de Dança lamentou a morte do bailarino. “Hoje é um dia triste para a dança negra contemporânea, o querido e inigualável Rubens Barbot fez sua passagem para o Orum”. E completa: “‘Um gesto honesto!’ sempre foi seu lema, assim como foi sua arte, suas criações e sua vida entre nós!”.

Escritório de advocacia promove curso para estudantes e profissionais negros; nove serão contratados

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Foto: Freepik.

Lançada em 2020 pelo Pessoa & Pessoa Advogados Associados, a iniciativa faz parte do Plano de Ação para Diversidade e Inclusão do escritório. O curso é gratuito e oferece 90 vagas

O escritório Pessoa & Pessoa Advogados Associados inicia, no próximo dia 8 de agosto, a 2ª edição do Programa de capacitação para Estudantes e Profissionais do Direito. Serão 90 vagas para os cursos de Advocacia Trabalhista e Advocacia Consumerista. As aulas são gratuitas e destinadas exclusivamente a pessoas negras. Ao final do curso, nove alunos serão contratados.

A 1ª edição, em 2020, foi realizada na unidade do escritório central, em Salvador, para 15 alunos. Na ocasião, Cleidinei Azevedo Gomes, 37 anos, formado em Direito pela Faculdade 2 de julho (BA), foi selecionado e assinou contrato com o escritório, iniciando em fevereiro de 2021 na área trabalhista.

“Ações afirmativas como essa são importantes para garantir que o negro possa ingressar em certos espaços da sociedade. Só assim será possível assegurar que aquilo que hoje chamamos de racismo estrutural fique no passado e que uma nova estrutura represente fielmente as características da população brasileira. É questão de oportunidade”, diz.

O Programa de Capacitação, que passa a ser realizado a cada dois anos, rendeu ao escritório Pessoa & Pessoa o Prêmio Lumem em 2020, na categoria Iniciativas de Responsabilidade Social/Pro Bono.

Advogado Cleidinei Azevedo Gomes recebe certificado da diretora de RH, Roberta Pessoa: primeiro contratado por meio do Programa de Capacitação para Estudantes e Profissionais do Direito, em 2021. Foto: Divulgação.

Segundo a presidente do comitê de Diversidade e Inclusão do escritório Pessoa & Pessoa, Camila Magalhães, desde novembro de 2019 o escritório vem discutindo o tema das relações raciais e implementando ações afirmativas em sua organização. “Reconhecemos que o racismo e o sexismo estruturais de nossa sociedade limitam as oportunidades para milhares de pessoas que são muito capazes, qualificadas e com uma vontade enorme de trabalhar e se desenvolver. A mudança dessa realidade exige esforços de diversos atores sociais, incluindo as empresas”, conclui.

Após a conclusão do curso, no prazo de um ano, o escritório Pessoa & Pessoa destinará vagas para a contratação de formados no Programa de Capacitação 2022. Serão cinco vagas para atuar na área trabalhista e quatro para a área consumerista.

Nesta edição, o Pessoa & Pessoa está oferecendo turmas para cinco capitais, em um total de 50 vagas para o curso de Advocacia Trabalhista: 18 para Salvador, 12 para São Paulo, 10 para Rio de Janeiro, 5 para Recife e 5 para Aracaju. Além dessa novidade, o escritório passa a oferecer o curso de Advocacia Consumerista, com 40 vagas destinadas exclusivamente a candidatos de Salvador.

Os cursos serão realizados por meio de aulas teóricas e oficinas práticas sobre direito do trabalho, direito processual do trabalho, direito do consumidor e direito processual civil, dentre outros.

O programa terá duração de quatro meses. Todas as aulas acontecerão em unidades do escritório Pessoa & Pessoa. As vagas são destinadas a estudantes cursando a partir do 9º semestre de Direito e bacharéis e/ou advogados com até dois anos de formados. Para concorrer, o candidato deverá, no ato da inscrição, realizar a autodeclaração como pessoa negra, de cor/raça preta ou parda, de acordo com o quesito cor/raça adotado pelo IBGE.

Documentos para a inscrição:

– auto declaração

– carta de intenções (máximo de duas laudas)

– currículo

– cópia RG e CPF

– comprovante de matrícula no curso de direito, com indicação do semestre em curso (para estudantes)

– certificado de conclusão ou diploma (para bacharéis e advogados)

Os documentos devem ser enviados até o dia 31 de julho para este e-mail: oportunidades@pessoaepessoa.com.br

“Elenco dos sonhos”, diz Rodrigo França sobre ‘Barba, Cabelo & Bigode’, que estreia nesta quinta na Netflix

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Foto: Tiago Rodriguez.

Um nove filme de comédia, Barba, Cabelo & Bigode, chega nesta quinta-feira (28) ao catálogo da Netflix. O longa marca a estreia de Rodrigo França como diretor de cinema e conta a história de Richardsson, um jovem que acaba de terminar o ensino médio e, contrariando os desejos da mãe, Cristina, quer realizar o sonho de cortar cabelos no salão dela. Em busca de realizar seu verdadeiro sonho, Richardsson não consegue deixar de se meter em várias confusões, enquanto espalha cortes estilosos pelo Rio de Janeiro.

Nas redes sociais, Rodrigo agradeceu a equipe de trabalho que ele dirigiu para o longa. “Um elenco dos sonhos e uma ficha técnica de excelência. Sou muito grato a cada profissional que esteve junto, colocando tijolo por tijolo”, disse o premiado diretor. O elenco é formado por nomes como Lucas PenteadoJuliana Alves, Solange CoutoMC Carol, Sérgio Loroza, Neusa Borges, Yuri Marçal e Jeniffer Dias.

Por dentro da comédia, muitas discussões sobre cabelos, intolerância religiosa e a vida nas comunidades, tendo como pano de fundo o bairro da Penha, no Rio de Janeiro, trazendo toda a representação de pessoas de todos os cantos do Brasil que se reúnem no local.

Com codireção com Leticia Prisco, o roteiro é assinado por Anderson França, Marcelo Andrade e Silvio Guindane. Produzido por A Fábrica, Barba, Cabelo & Bigode promete divertir ao nos levar a um típico subúrbio onde encontramos os personagens mais diversos, e que representam  muito do que é ser brasilero para o mundo todo.

Aretha Sadick sobre transfobia: “A comunidade negra ainda precisa avançar bastante”

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Foto: Miguel Ricciero

O espetáculo “Jorge pra sempre Verão”, dedicado a contar a história de Jorge Lafond encerrou as apresentações no domingo (24). Com grande sucesso, o público pôde assistir a atriz Aretha Sadick interpretar a Verão Verão, ao lado de Alexandre Mitre como Jorge.

Em entrevista exclusiva ao MUNDO NEGRO em mais um especial Julho das Pretas, Aretha falou sobre a experiência na estreia e ao longo do espetáculo, sobre a transfobia na comunidade negra, relação com a família, cuidados com a beleza e a saúde mental.

“A estreia foi gostosa porque a gente trouxe os amores e os amigos por perto. Nós tivemos uma ótima acolhida. As pessoas vinham com uma curiosidade de “o que vão falar sobre o Lafond e sobre a Vera que a gente ainda não sabe?”. Então pra mim é um prazer poder alçar a Vera a esse lugar de entidade e de potência com muitas camadas que a televisão e o período histórico que o Jorge viveu não permitiu”, disse a artista.

Alexandre Mitre, Noemia Oliveira e Aretha Sadick na peça “Jorge pra sempre Verão” (Foto: DIvulgação)

1) O que você sentiu na estreia do espetáculo “Jorge pra sempre Verão”, ao interpretar Lafond publicamente pela primeira vez? Como foi para você e como foi a recepção do público?

Uma estreia é sempre uma estreia, né? (risos). A gente fez um ensaio aberto em São Paulo e eu preferi que o acaso trabalhasse, não divulguei massivamente porque eu acho que a gente ainda tinha uma expectativa muito grande do público de como seria esse trabalho. Então preferi deixar que o universo trabalhasse, quem tivesse lá pra assistir, que fosse de coração aberto, sem tanta expectativa. Por mim também, por nós, estávamos ali fazendo parte do processo, de uma generosidade com a gente mesma também. E a estreia no Rio, teve um dia que eu fiquei mais ansiosa. Eu já trabalho em cena há muito tempo, então eu aprendi a administrar a minha ansiedade, não deixar que ela tomasse conta de mim, embora ela esteja presente. E eu gosto disso também, esse frio de ‘vai abrir a cortina’, ‘vai acender a luz’, ‘o jogo começou’, essa sensação. A gente estreou na sexta. Na quinta-feira, eu senti mais instabilidade, fiquei mais ansiosa. Pude encontrar o meu namorado que foi bem generoso comigo, no sentido de estar ali. A gente foi pra praia, passou o dia juntos e dormimos juntos. Esse acolhimento a partir do amor foi bem simbólico e importante pra mim. Ter um acolhimento pra dizer está tudo bem, você vai arrasar.

Na estreia eu já estava animada, estava excitada. Eu queria apresentar, mostrar, o trabalho estava lindo. O cenário, a iluminação chiquérrima. Nós três felizes juntos ali, a equipe toda estava lá. Então eu me senti pronta pra começar a brincadeira. Eu interpreto Lafond, da mesma forma que eu interpreto Vera. Embora a gente denomina que eu seja a Vera e o Alê, o Jorge, mas nós somos a mesma pessoa. Eu estou em você, assim como você está em mim, que é inclusive um trecho do texto do espetáculo. A estreia foi gostosa porque a gente trouxe os amores e os amigos por perto. Nós tivemos uma ótima acolhida. As pessoas vinham com uma curiosidade de “o que vão falar sobre o Lafond e sobre a Vera que a gente ainda não sabe?”. Então pra mim é um prazer poder alçar a Vera a esse lugar de entidade e de potência com muitas camadas que a televisão e o período histórico que o Jorge viveu não permitiu.

2) O Brasil é um país transfóbico, mas quando fazemos o recorte de raça, como você sente o acolhimento, ou falta dele dentro da comunidade negra?

A transfobia infelizmente faz parte da construção histórica do nosso país, muito por conta de um machismo, um feminicídio, tudo aquilo que está ligado ao feminino, socialmente tido e visto como algo ruim, pejorativo e que deve ser eliminado, como sinal de fraqueza. Dentro da construção de raça, porque raça vai ditar gênero no nosso país e no mundo, mas principalmente no Brasil, como a construção racial do nosso país vem pra menosprezar a masculinidade negra, o homem negro, acabar com a sua autoestima, com a sua força, com a sua potência, com a sua inteligência, com as suas estratégias. Então quando o homem negro cisgênero, ele é trazido numa sociedade que diz que tudo aquilo que é feminino é ruim, esse homem que já tem uma autoestima rebaixada, ele não quer se aproximar de nada disso, e aí infelizmente a gente vê essa construção social dentro da comunidade negra, o próprio Jorge falava isso, que ele não era nem aceito na comunidade negra por ser afeminado e nem na comunidade gay branca por ser uma bicha preta e também afeminada, declaradamente homossexual. Eu vivi isso na minha trajetória, muito sem entender o porque durante um bom tempo, até o momento que eu entendi como as coisas aconteciam de alguma forma e me coloco, me posiciono socialmente no meu direito de poder viver a minha feminilidade.

As mães pretas vão tentar proteger, a gente sabe disso. Os filhos, pretos, cisgêneros, nascidos e designados como homens, tentando protegê-los de todo mal e de toda angústia socialmente falando, minha mãe fez isso também como ela pôde. Na realidade, em Duque de Caxias, lá em 1989, ela foi tentando me proteger e tentando me encaixar ali dentro de uma lógica que ela conhecia e dentro do que ela sabia, então hoje, eu vejo que tem um esforço maior da comunidade negra de acolher pessoas trans. As bichas pretas afeminadas também, as mulheres lésbicas e a inúmera pluralidade de expressão de gênero, identidade de gênero e sexualidade da comunidade negra. Embora a transfobia ainda que recebemos, nós mulheres trans e travestis, por homens cisgêneros pretos e mulheres pretas e cisgêneras também, ainda existe, quando veem a nossa força e a nossa potência, rapidamente tentam nos encaixar dentro daquilo que é frágil e dentro daquilo que é menor, dentro da lógica da nossa sociedade racista. Então a comunidade negra ainda precisa avançar bastante também, entendendo inclusive a parte da perspectiva espiritual, dos terreiros em que a multiplicidade é uma vivência dos próprios orixás.

Foto: Mateus Augusto Rubim

3) Como foi para você abraçar sua feminilidade do ponto de vista da relação com a sua família? E o que você diria para mulheres que não são apoiadas em seus lares, sobretudo as mais jovens?

Eu precisei me afastar um pouco deles pra poder me entender, me fazer e me construir. Foi um processo dolorido, mas um pouco dolorido. Durante um bom tempo a minha mãe não me entendia, mas ela sempre deixava nítido o quanto ela me amava e que ela estaria ali pra mim, como sempre esteve, mas sofria pelo meu distanciamento e ao mesmo tempo precisei me distanciar pra eu me construir, que foi importante. Então hoje, quando eu retorno conquistando ainda a força necessária pra voltar pra eles, pra minha família, eles me veem mais, cada vez mais como eu sou e quem eu sou. Ela foi assistir o espetáculo, me fez uma surpresa porque ela disse que talvez iria, mas não confirmou. Então quando eu estava no camarim arrumando e a produtora falou que minha mãe estava lá e eu desabei, fui aos prantos. Há muito tempo ela não me via em cena, ela é a única que me acompanha. Meu pai raramente vai, a minha irmã também já foi algumas vezes, mas há muitos anos atrás. Hoje em dia ela tem um distanciamento, tudo por conta da religião que ela segue. Mas pra mim , ter a minha mãe, foi exatamente o que eu precisava. Foi um desafio porque em muitos momentos eu pensei “é a minha oportunidade de falar”, a partir das artes, falar pra ela coisas que eu nunca disse. Hoje, entendendo o momento histórico, como pessoas pretas foram construídas socialmente a sua autoestima, na autoestima financeira, nas conquistas e não conquistas, eu consigo olhar pra minha família e consigo me entender e consigo entendê-los também, entender as dificuldades que eles tiveram também nos seus processos. Então é um processo de cura que tem sido feito constantemente.

4) Quais cuidados pessoais você tem para manter essa beleza toda? E como você cuida da saúde mental para poder exercer a sua arte?

Hoje em dia eu me cuido muito mais do que eu já me cuidei. A transição também me tornou mais vaidosa. Me aproximar também dos meus ancestrais, na espiritualidade dos meus orixás, entender como eles estão próximos a mim e me fez também cuidar mais do meu corpo, do meu templo. Então eu uso alguns produtinhos para hidratação, pra dormir, pra tirar manchas, bebo bastante água. Uma vez eu fui maquiada por uma maquiadora e ela falou “essa pele é pele de quem bebe água”, nunca me esqueci dessa informação. Então eu sempre penso ‘vou beber água pra manter essa pele hidratada’. Eu nadei, hoje em dia eu não estou nadando mais, mas é o único exercício que eu gosto de verdade como cuidado do corpo. Dança afro eu também já fiz, dei uma pausa, mas sempre que possível eu faço também. Em relação à espiritualidade, os cuidados com a saúde mental, é a parte da espiritualidade, o autoconhecimento. Eu sou muito cabeçuda, então estou sempre pensando em mim, sobre mim, como eu posso melhorar, como me conhecer mais, adentrar em territórios que eu ainda não adentrei, dialogar, conversar, enfrentar monstros que eu ainda não enfrentei. Me valho também das tecnologias ancestrais de cura e de cuidado a partir da minha casa, do meu ilê em Salvador e o meu pai que cuida muito bem de mim, terapia que vem me acompanhando aí durante alguns bons anos e me ajudando a me observar cada vez mais e amar. Acredite você, porque um bom amor, um bom relacionamento, ele exige um autoconhecimento constante. Então tenho amado e tenho tentado amar melhor, a partir de me conhecer melhor, de enfrentar os meus monstros. Me divirto, me encontro com as amigas, bebo, que eu gosto de uma cervejinha, que eu também me permito relaxar, me permito dormir, me permito descansar, como maneira de cuidado da minha saúde mental.

Foto: Reprodução/Instagram

5) Você é uma artista múltipla, mas de tudo o que você faz, o que você se vê fazendo para o resto da vida?

Eu me tornei uma artista múltipla. É uma realidade de muitas de nós. Para se manter artista no Brasil, a gente vai precisando fazer outras coisas, mesmo dentro do campo das artes. E eu gosto bastante, fez parte da minha formação empírica, porém eu vou dizer que ser atriz, estar no palco, é quando e como eu me completo, eu me vejo completa, eu me vejo inteira, me vejo podendo expressar todas as minhas potencialidades, todas mesmo. Eu me divirto, eu gosto do jogo, eu gosto da experiência do presente. Porque se você não sabe o que pode acontecer, embora tenha ali uma redoma de certo controle, as coisas foram ensaiadas, preparadas e tudo mais, mas é ali, no momento presente, que a coisa acontece. Então sendo atriz é como eu me vejo completa e tenho tentado cada vez mais nos últimos anos direcionar a minha carreira para esse lugar.

6) Você acha que a presença da Linn da Quebrada na televisão impactou as conversas sobre mulheres trans no Brasil, no sentido de humanização e naturalização em algumas coisas?

Com certeza. Uma de nós nunca é apenas uma. Nós somos várias, somos uma legião. E mais do que a gente se representar a gente se apresenta. Estamos aqui, somos, vivemos. É óbvio que com avanço sempre vai ter as pessoas que querem ficar puxando a corda pra trás, querendo manter as coisas como já foram ou como elas acreditam que deveriam ser, mas isso possibilita muita humanização, sempre mando vídeos não só da Linn, mas de algumas amigas que eu acompanho e que eu acredito na forma como elas conduzem a própria vida e mando pra minha mãe como uma referência. Percebo que o passo de formiguinha tem ajudado muito no processo dela e isso ajuda também no processo de muitas pessoas. Porque quando a gente é artista e nas proporções que a gente vai alçando e alcançando, a gente vai se comunicando com pessoas em profundidades que a gente nem imagina e isso é o mais maravilhoso. Tem que ser feito com cuidado, com responsabilidade. Então acredito que assim como a Vera, criar representação de uma travesti com os estereótipos, preconceitos, contradições que eram possíveis na época é como a representação do Brasil, a Vera só podia ser e agir daquela maneira porque o Brasil era daquela maneira. Então se a Linn, se nós, se eu, se muitas de nós estamos em outros lugares, é porque de alguma forma, mesmo que lentamente, o Brasil também tem mudado. E com essa mudança, vem o avanço aí de uma repressão também porque a gente precisa ficar atenta.

Foto: Reprodução/Instagram

Roger Cipó critica sexualização de homens negros nas redes sociais: “Isso é assédio”

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Roger Cipó. Foto: Victor Vieira / ID_BR / Reprodução.

O apresentador e comunicador Roger Cipó utilizou suas redes sociais nesta noite de segunda-feira (26) para comentar sobre os constantes comentários sexistas e desrespeitosos que recebe nas redes sociais. “Vocês precisam parar de assediar homem preto, na internet”, destacou ele. “Volta e meia alguém se sente a vontade de falar de p*u de homem negro aqui. Vocês precisam parar e não tem conversinha não. Parece engraçado, flerte, parece até que a gente gosta, mas é só ‘escrotice’ mesmo”.

“Conheço vários caras que são assediados aqui, nessa rede e a gente fala pouco, mas é… E se vocês não acham que isso é papo reto, continuem no erro, então“, escreveu Cipó numa legenda de vídeo sobre o tema. “Isso não é flerte, não é nada, é invasivo. ‘Ah mas os caras gostam’. Será? Pode postar, mano, o que ele quiser. ‘Mas tá marcando demais’. Eu já vi assediarem meninos negros, meninos negros influenciadores”.

Nós homens negros, temos feito essa discussão, teorizando masculinidade, das coisas que o racismo cria, mas às vezes, a gente só precisa vir aqui e falar: vocês estão sendo escrotos e escrotas”, destacou o apresentador, que recebeu amplo apoio por parte dos colegas nas redes sociais. A sexualização de corpos negros é um tema que tem ganhado cada vez mais força entre os estudiosos e pesquisadores sociais. Reflexo do racismo sistêmico em nossa sociedade, essa forma de assédio reduz o corpo preto à imagem do sexo, criando uma série de estereótipos irreais e prejudiciais à comunidade.

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