Na terceira segunda-feira do mês de janeiro, os EUA comemoram o dia de Martin Luther King. A data é próxima ao seu aniversário, 15 de janeiro.
Abaixo 10 fatos que você talvez não saiba sobre essa personalidade histórica.
1) Apesar de ter sido assassinado com 39 anos, a autopsia revelou que Martin Luther King, tinha um coração tão desgastado por conta do stress que era similar ao de uma pessoa de 60 anos.
2) O nome original de King era Michael King Jr. Em 1931. Seu pai se tornou batista e adotou o nome de Martin Luther King Sr. Quando King fez 6 anos, seu pai mudou seu nome na certidão de nascimento para Martin Luther King Jr.
3) A inteligência de MLK fez com que ele entrasse na Faculdade Morehouse com apenas 15 anos de idade.
4) Ele se formou em sociologia e teologia. Em 1955 King concluiu seu doutorado na Universidade de Boston.
5) Quando MLK se casou com sua noiva Coretta, o casal foi rejeitado por um hotel só permitido para brancos. Os dois decidiram então, passar a noite em uma casa funerária que permitidas para negros
6) Há aproximadamente 900 ruas com o nome de Martin Luther King. 40 estados americanos tem pelo menos uma rua com seu nome.
7) De 1957 até sua morte em 1968, King proferiu mais de 2500 discursos, escreve 5 livros e inúmeros artigos para revistas e jornais.
8) Com apenas 35 anos King foi a pessoa mais jovem a ganhar o Prêmio Nobel.
9) De acordo com o instituto de pesquisa Gallup, King é a segunda pessoa mais admirada do século XX, perdendo apenas para Madre Teresa.
10) King é um dos 10 mártires mundiais do século 20 que estão retratados em estátuas em tamanho natural na entrada da Abadia de Westminster, em Londres.
Este texto foi originalmente publicado no site americano Atlanta Black Star
Kaíque era negro, gay e provavelmente não pertencia às classes com maior poder aquisitivo. Na nossa sociedade branca heteronormativa, Kaíque fazia parte de três minorias e acumulava três tipos de preconceito: o de raça, o de sexualidade e o de classe social. Talvez essa situação fosse “amenizada” nos ambientes homossexuais e ele “só” sofresse racismo. E nos ambientes negros, “só” de homofobia.
Mesmo assim, não deve ter sido nada fácil encontrar um lugar que fosse acolhido plenamente e se sentisse protegido — se é que encontrou. Como tantos outros em nosso país, ele fazia parte de um grupo que é triplamente estigmatizado, invisibilizado e colocado em posição vulnerável. Não é a primeira vez que contam a história de Kaíque, mas a gente nunca deu a mínima. O Estado também não. Afinal, a vida de quem é preto vale menos — negros são 70% das vítimas de homicídio. A vida de quem é gay vale tão pouco quanto — os casos de assassinatos contra homossexuais triplicaram de 2007 a 2012. E a vida de quem é pobre segue na mesma cotação. Se a pessoa é preta, gay e pobre, o que não valia quase nada é dividido por três. Nem lágrima cai dos nossos olhos, que dirá uma comoção nacional.
E a regra é clara: se não tem valor, é deixado de lado. Invisibilizado. Não se considera nem nas estatísticas: não há recorte racial nos assassinatos registrados como motivados por homofobia, bem como não há recortes de sexualidade nos assassinatos registrados como de crime racial. E isso é uma coisa séria! Não tendo esses números, não se sabe e não se olha pra onde negros homossexuais estão sendo mais assassinados, não se reconhece os preconceitos da nossa sociedade, não se enxerga a dimensão do problema social e não há movimentação para resolvê-lo.
O resultado é esse aí registrado como suicídio. Como disse uma amiga minha “dizer que foi suicídio é como dizer que ele pediu por isso”. Muita gente acredita que por ser preto e gay ele pediu. Mas ele não pediu. Kaíque e tantos outros não pediram pra nascer numa sociedade que estigmatiza o preto, o gay e o pobre. E isso tudo é culpa do descaso do Estado e do meu, do seu e do preconceito dessa pessoa que tá aí ao seu lado. O Estado não criminalizou a homofobia, não aplica efetivamente as leis anti racismo, não educa contra o preconceito. Eu, você e a pessoa aí do lado não pressionamos o governo, os legisladores e as instituições, não denunciamos e ainda negamos quando algum oprimido acusa uma opressão. (In)Diretamente, todos somos torturadores dos jovens negros gay assassinados nesse país.
É com tristeza que fiquei sabendo sobre a profissão de “mulatólogo”. O termos foi criado por Julio César, homem negro que se dedica a agenciar e classificar mulheres pretas. Sua especialidade é basicamente a de alimentar o gueto midiático a que somos confinadas, nos “preparando” para trabalhar durante o carnaval e em shows de “brasilidade”. E como tudo que é ruim pode piorar, é com revolta que recebo a notícia que ele pretende processar por racismo (!!!) uma mulher negra (!!!) que se manifestou contra o termo em seu blog. Nesse caso, apesar de a ameaça nos querer fazer crer que se trata de uma questão de raça, estamos falando de gênero.
A profissão de mulatólogo torna inviável qualquer ressignificação do termo mulata, que apesar de todos os esforços das passistas não consegue escapar de sua origem. É como se fosse possível falar de um sommelier ou especialista de mulas e ao mesmo tempo nos querer fazer crer que isso não é ofensivo. E não adianta mudar o nome da coisa, o passistólogo vai continuar rotulando, classificando e agenciando mulheres pretas de acordo com sua idade e tipo de corpo. Continuará a nos transformar em produto de exportação, hiperssexualizadas, prontas para sermos consumidas aqui ou no estrangeiro. Estamos falando de machismo.
O mulatólogo colocando em risco um de nossos principais compromissos éticos que é o de não tratar gente como coisa. Se aproxima dos anúncios publicitários machistas que recorrem ao artifício de comparar mulher a produtos para demonstrar a ideia de que existiriam melhores ofertas. Essa estratégia, apesar de banal, é gravíssima: algumas mulheres seriam melhores que outras assim como alguns produtos. Isso se dá por meio da padronização daquilo que seria uma mulata, feito a partir de critérios machistas desse homem que se dispõe a selecioná-las a partir de critérios que não serão estabelecidos pelas passistas. Para isso existe o especialista.
Nós mulheres negras estamos acostumadas com isso. Esse ardil não é muito diferente de vender pessoas como peça, seja durante os 350 anos de escravidão. Estamos falando de transformar crianças, mulheres e homens negros em objetos, passíveis de serem comercializados, classificados e dispensados como lixo. Produtos que podem ser submetidos ao desejo de outrem não importa quando e com que finalidade. Estamos falando de deixar de ser gente e virar coisa, sem direito à voz e vontade. Pronto para ser classificado e rotulado. Como homem negro, esperamos que o mulatólogo entenda sobre qual dor estamos falando. Porque ela dóinem nossa carne e dói na dele também.
É por isso que, para que a profissão de especialista em mulatas exista, nós mulheres negras temos de abdicar de nossa humanidade ou em última instância nos calar diante da prática machista de classificar mulheres para este ou aquele fim de acordo com a cor da pele, idade e tipo de corpo. É por isso que, como mulher negra e em concordância com muitas outras, considero antiético que exista uma mulatologia, mulatólogo enfim. Sobretudo agora que uma comentarista está sendo ameaçada de processo por manifestar sua opinião contra esse acinte.
Como feminista, considero a transformação da mulata em produto exótico de época, submetido a classificações a análises, como problemática. Nós temos voz, vontade, livre árbítrio. Somos muito mais que uma área de conhecimento, somos gente. E justamente por isso não aceitamos que nossos corpos sejam avaliados, que sejamos hipessexualizadas ou que nos seja dito quando e onde podemos manifestar nossas opiniões contra aquilo que é publica e notoriamente machismo. Isso é defesa, isso é sobrevivência. Ela se dá nas ruas mas também sna definição de conceitos e termos que versam sobre nós.
O mulatólogo, diante de tanto rebuliço, comunicou em seu facebook que pretende se reunir com representantes do movimento negro para discutir o termo. Isso é alguma coisa. Esperamos que comece por retirar a ameaça de processo e ler com mais apuro as críticas dos seus comentaristas e de todas nós que estamos nos manifestando. Porque a mulher que deu sua opinião também merece ser ouvida tanto quanto qualquer outro militante. Tanto quanto outros comentaristas homens que disseram o mesmo. Por mais que isso pareça estranho aos olhos de alguns, ela também é movimento negro. Todas somos, dentro e fora da rede, nas pequenas ações, nas conversas com amigos, dentro e fora do carnaval, na escrita, na leitura e nos comentários de blogs.
E a mensagem é inequívoca e simples e todas nós entendemos muito bem: mulatólogo não é profissão, é machismo. Silenciar criticas que discordam de seu ponto de vista de maneira intimidatória também.
É com tristeza que fiquei sabendo sobre a profissão de “mulatólogo”. O termos foi criado por Julio César, homem negro que se dedica a agenciar e classificar mulheres pretas. Sua especialidade é basicamente a de alimentar o gueto midiático a que somos confinadas, nos “preparando” para trabalhar durante o carnaval e em shows de “brasilidade”. E como tudo que é ruim pode piorar, é com revolta que recebo a notícia que ele pretende processar por racismo (!!!) uma mulher negra (!!!) que se manifestou contra o termo em seu blog. Nesse caso, apesar de a ameaça nos querer fazer crer que se trata de uma questão de raça, estamos falando de gênero.
A profissão de mulatólogo torna inviável qualquer ressignificação do termo mulata, que apesar de todos os esforços das passistas não consegue escapar de sua origem. É como se fosse possível falar de um sommelier ou especialista de mulas e ao mesmo tempo nos querer fazer crer que isso não é ofensivo. E não adianta mudar o nome da coisa, o passistólogo vai continuar rotulando, classificando e agenciando mulheres pretas de acordo com sua idade e tipo de corpo. Continuará a nos transformar em produto de exportação, hiperssexualizadas, prontas para sermos consumidas aqui ou no estrangeiro. Estamos falando de machismo.
O mulatólogo colocando em risco um de nossos principais compromissos éticos que é o de não tratar gente como coisa. Se aproxima dos anúncios publicitários machistas que recorrem ao artifício de comparar mulher a produtos para demonstrar a ideia de que existiriam melhores ofertas. Essa estratégia, apesar de banal, é gravíssima: algumas mulheres seriam melhores que outras assim como alguns produtos. Isso se dá por meio da padronização daquilo que seria uma mulata, feito a partir de critérios machistas desse homem que se dispõe a selecioná-las a partir de critérios que não serão estabelecidos pelas passistas. Para isso existe o especialista.
Nós mulheres negras estamos acostumadas com isso. Esse ardil não é muito diferente de vender pessoas como peça, seja durante os 350 anos de escravidão. Estamos falando de transformar crianças, mulheres e homens negros em objetos, passíveis de serem comercializados, classificados e dispensados como lixo. Produtos que podem ser submetidos ao desejo de outrem não importa quando e com que finalidade. Estamos falando de deixar de ser gente e virar coisa, sem direito à voz e vontade. Pronto para ser classificado e rotulado. Como homem negro, esperamos que o mulatólogo entenda sobre qual dor estamos falando. Porque ela dóinem nossa carne e dói na dele também.
É por isso que, para que a profissão de especialista em mulatas exista, nós mulheres negras temos de abdicar de nossa humanidade ou em última instância nos calar diante da prática machista de classificar mulheres para este ou aquele fim de acordo com a cor da pele, idade e tipo de corpo. É por isso que, como mulher negra e em concordância com muitas outras, considero antiético que exista uma mulatologia, mulatólogo enfim. Sobretudo agora que uma comentarista está sendo ameaçada de processo por manifestar sua opinião contra esse acinte.
Como feminista, considero a transformação da mulata em produto exótico de época, submetido a classificações a análises, como problemática. Nós temos voz, vontade, livre árbítrio. Somos muito mais que uma área de conhecimento, somos gente. E justamente por isso não aceitamos que nossos corpos sejam avaliados, que sejamos hipessexualizadas ou que nos seja dito quando e onde podemos manifestar nossas opiniões contra aquilo que é publica e notoriamente machismo. Isso é defesa, isso é sobrevivência. Ela se dá nas ruas mas também sna definição de conceitos e termos que versam sobre nós.
O mulatólogo, diante de tanto rebuliço, comunicou em seu facebook que pretende se reunir com representantes do movimento negro para discutir o termo. Isso é alguma coisa. Esperamos que comece por retirar a ameaça de processo e ler com mais apuro as críticas dos seus comentaristas e de todas nós que estamos nos manifestando. Porque a mulher que deu sua opinião também merece ser ouvida tanto quanto qualquer outro militante. Tanto quanto outros comentaristas homens que disseram o mesmo. Por mais que isso pareça estranho aos olhos de alguns, ela também é movimento negro. Todas somos, dentro e fora da rede, nas pequenas ações, nas conversas com amigos, dentro e fora do carnaval, na escrita, na leitura e nos comentários de blogs.
E a mensagem é inequívoca e simples e todas nós entendemos muito bem: mulatólogo não é profissão, é machismo. Silenciar criticas que discordam de seu ponto de vista de maneira intimidatória também.
É com tristeza que fiquei sabendo sobre a profissão de “mulatólogo”. O termos foi criado por Julio César, homem negro que se dedica a agenciar e classificar mulheres pretas. Sua especialidade é basicamente a de alimentar o gueto midiático a que somos confinadas, nos “preparando” para trabalhar durante o carnaval e em shows de “brasilidade”. E como tudo que é ruim pode piorar, é com revolta que recebo a notícia que ele pretende processar por racismo (!!!) uma mulher negra (!!!) que se manifestou contra o termo em seu blog. Nesse caso, apesar de a ameaça nos querer fazer crer que se trata de uma questão de raça, estamos falando de gênero.
A profissão de mulatólogo torna inviável qualquer ressignificação do termo mulata, que apesar de todos os esforços das passistas não consegue escapar de sua origem. É como se fosse possível falar de um sommelier ou especialista de mulas e ao mesmo tempo nos querer fazer crer que isso não é ofensivo. E não adianta mudar o nome da coisa, o passistólogo vai continuar rotulando, classificando e agenciando mulheres pretas de acordo com sua idade e tipo de corpo. Continuará a nos transformar em produto de exportação, hiperssexualizadas, prontas para sermos consumidas aqui ou no estrangeiro. Estamos falando de machismo.
O mulatólogo colocando em risco um de nossos principais compromissos éticos que é o de não tratar gente como coisa. Se aproxima dos anúncios publicitários machistas que recorrem ao artifício de comparar mulher a produtos para demonstrar a ideia de que existiriam melhores ofertas. Essa estratégia, apesar de banal, é gravíssima: algumas mulheres seriam melhores que outras assim como alguns produtos. Isso se dá por meio da padronização daquilo que seria uma mulata, feito a partir de critérios machistas desse homem que se dispõe a selecioná-las a partir de critérios que não serão estabelecidos pelas passistas. Para isso existe o especialista.
Nós mulheres negras estamos acostumadas com isso. Esse ardil não é muito diferente de vender pessoas como peça, seja durante os 350 anos de escravidão. Estamos falando de transformar crianças, mulheres e homens negros em objetos, passíveis de serem comercializados, classificados e dispensados como lixo. Produtos que podem ser submetidos ao desejo de outrem não importa quando e com que finalidade. Estamos falando de deixar de ser gente e virar coisa, sem direito à voz e vontade. Pronto para ser classificado e rotulado. Como homem negro, esperamos que o mulatólogo entenda sobre qual dor estamos falando. Porque ela dóinem nossa carne e dói na dele também.
É por isso que, para que a profissão de especialista em mulatas exista, nós mulheres negras temos de abdicar de nossa humanidade ou em última instância nos calar diante da prática machista de classificar mulheres para este ou aquele fim de acordo com a cor da pele, idade e tipo de corpo. É por isso que, como mulher negra e em concordância com muitas outras, considero antiético que exista uma mulatologia, mulatólogo enfim. Sobretudo agora que uma comentarista está sendo ameaçada de processo por manifestar sua opinião contra esse acinte.
Como feminista, considero a transformação da mulata em produto exótico de época, submetido a classificações a análises, como problemática. Nós temos voz, vontade, livre árbítrio. Somos muito mais que uma área de conhecimento, somos gente. E justamente por isso não aceitamos que nossos corpos sejam avaliados, que sejamos hipessexualizadas ou que nos seja dito quando e onde podemos manifestar nossas opiniões contra aquilo que é publica e notoriamente machismo. Isso é defesa, isso é sobrevivência. Ela se dá nas ruas mas também sna definição de conceitos e termos que versam sobre nós.
O mulatólogo, diante de tanto rebuliço, comunicou em seu facebook que pretende se reunir com representantes do movimento negro para discutir o termo. Isso é alguma coisa. Esperamos que comece por retirar a ameaça de processo e ler com mais apuro as críticas dos seus comentaristas e de todas nós que estamos nos manifestando. Porque a mulher que deu sua opinião também merece ser ouvida tanto quanto qualquer outro militante. Tanto quanto outros comentaristas homens que disseram o mesmo. Por mais que isso pareça estranho aos olhos de alguns, ela também é movimento negro. Todas somos, dentro e fora da rede, nas pequenas ações, nas conversas com amigos, dentro e fora do carnaval, na escrita, na leitura e nos comentários de blogs.
E a mensagem é inequívoca e simples e todas nós entendemos muito bem: mulatólogo não é profissão, é machismo. Silenciar criticas que discordam de seu ponto de vista de maneira intimidatória também.
As várias opiniões sobre a ida de artistas do Hip Hop brasileiro até às telinhas têm trazido bastante polêmica. Menos de um mês da estreia do Clipe “Vibe da Nite” de MV Bill (o suposto Mensageiro da Verdade), ter estourado, recebemos a notícia de que o também Rapper, Slim Rimografia, irá participar do programa Reality Show, Big Brother Brasil, na Rede Globo!
Valter, no BBB
MV Bill em cena do seu noco clipe “Vibe da Noite”
Por Douglas Brown
A maior questão abordada pelos seguidores do RAP Nacional não é exatamente a ida desses à mídia, mas sim o comportamento que precisam adotar, ou escolhem adotar lá.
Falando de MV Bill, o rapper sempre divulgou em suas letras que a favela não tinha espaço, que os pretos não eram exibidos como os brancos são na mídia. Em uma de suas músicas, o cantor destaca até o Domingão do Faustão, como exemplo de desigualdade e racismo, quando diz que só tem paquita loira. ‘Shazam’, advinha qual a aparência física da “musa” escolhida por ele em seu novo clipe, “Vibe da Nite”? Ela é branca! Não se parece com ele, nem com índios, nem orientais, nem com o povo da periferia que o exaltava como o Rei do RAP.
httpv://www.youtube.com/watch?v=q5BhUgMsvNI
Pode-se se justificar pelo fato do clipe ter sido produzido no Sul. Mas como todo artista, ele teria o direito de levar quem ele quisesse. O clipe mostra o cantor com pinta de galã, que vai às baladas ostentando suas bebidas e seu carrão, e também sua bela acompanhante. A tal companheira tem as mesma descrições físicas daquela paquita que um dia ele criticou em plena tarde domingo, no programa do Faustão! E ironicamente uma moça bem parecida com o padrão citado como símbolo da desigualdade, é exibida como a mais perfeita dama, em seu clipe! Teria Bill se “vendido” ao canal que o projetou como estrela negra da Globo? Teria o Rapper mudado seus conceitos sobre a visão do RAP?
O que dizer sobre a participação de outro Rapper na emissora Rede Globo? O cantor de Hip Hop, Slim, participará da próxima edição do BBB e trouxe polêmica também, dentro do meio a que se indica que o RAP Nacional aborda temas como racismo, desigualdade social, e violência policial.
Recentemente o Rapper consagrado, Edy Rock, disse na emissora, no programa Caldeirão do Huck, que a mensagem do RAP tem de ser levada aos pontos mais vistos. Ótimo, a Rede Globo é a maior emissora de nosso país, mas justamente por este fator, será que os diretores liberariam os versos que muitos de nós, negros, costumávamos ouvir quando crianças? Será que a liberdade de expressão não será transformada em Sutilidade da Expressão? Em uma emissora grande como a Globo, quem manda são os gestores de produção ou os Rappers convidados? Quem de lá, se emocionará com as letras reais, as de origem cantadas por tais cantores do gênero? Quem terá sede de justiça, sendo que os injustiçados estão do lado de cá?
Dá-se a grana que eles querem, e nós constuimos o que eles falarão (cantarão).
Quem acredita na veracidade dos fatos de que todos esses Rappers, grandes ou pequenos vão falar sobre a realidade cruel que vivemos na periferia, são os mesmos que passaram a vida toda acreditando que o presente deixado no pé da cama, era deixado por um idoso caucasiano bondoso, de barba longa e alva.
Aos irmãos que viveram a sanguinária vida cantada por estes e outros rappers no passado, que passem a olhar com os olhos do presente, ou a solução para todos os revolucionários do meio artístico será o dinheiro. E isso, é o que não falta à elite! E isso é o que eu não quero.
As várias opiniões sobre a ida de artistas do Hip Hop brasileiro até às telinhas têm trazido bastante polêmica. Menos de um mês da estreia do Clipe “Vibe da Nite” de MV Bill (o suposto Mensageiro da Verdade), ter estourado, recebemos a notícia de que o também Rapper, Slim Rimografia, irá participar do programa Reality Show, Big Brother Brasil, na Rede Globo!
Valter, no BBB
MV Bill em cena do seu noco clipe “Vibe da Noite”
Por Douglas Brown
A maior questão abordada pelos seguidores do RAP Nacional não é exatamente a ida desses à mídia, mas sim o comportamento que precisam adotar, ou escolhem adotar lá.
Falando de MV Bill, o rapper sempre divulgou em suas letras que a favela não tinha espaço, que os pretos não eram exibidos como os brancos são na mídia. Em uma de suas músicas, o cantor destaca até o Domingão do Faustão, como exemplo de desigualdade e racismo, quando diz que só tem paquita loira. ‘Shazam’, advinha qual a aparência física da “musa” escolhida por ele em seu novo clipe, “Vibe da Nite”? Ela é branca! Não se parece com ele, nem com índios, nem orientais, nem com o povo da periferia que o exaltava como o Rei do RAP.
httpv://www.youtube.com/watch?v=q5BhUgMsvNI
Pode-se se justificar pelo fato do clipe ter sido produzido no Sul. Mas como todo artista, ele teria o direito de levar quem ele quisesse. O clipe mostra o cantor com pinta de galã, que vai às baladas ostentando suas bebidas e seu carrão, e também sua bela acompanhante. A tal companheira tem as mesma descrições físicas daquela paquita que um dia ele criticou em plena tarde domingo, no programa do Faustão! E ironicamente uma moça bem parecida com o padrão citado como símbolo da desigualdade, é exibida como a mais perfeita dama, em seu clipe! Teria Bill se “vendido” ao canal que o projetou como estrela negra da Globo? Teria o Rapper mudado seus conceitos sobre a visão do RAP?
O que dizer sobre a participação de outro Rapper na emissora Rede Globo? O cantor de Hip Hop, Slim, participará da próxima edição do BBB e trouxe polêmica também, dentro do meio a que se indica que o RAP Nacional aborda temas como racismo, desigualdade social, e violência policial.
Recentemente o Rapper consagrado, Edy Rock, disse na emissora, no programa Caldeirão do Huck, que a mensagem do RAP tem de ser levada aos pontos mais vistos. Ótimo, a Rede Globo é a maior emissora de nosso país, mas justamente por este fator, será que os diretores liberariam os versos que muitos de nós, negros, costumávamos ouvir quando crianças? Será que a liberdade de expressão não será transformada em Sutilidade da Expressão? Em uma emissora grande como a Globo, quem manda são os gestores de produção ou os Rappers convidados? Quem de lá, se emocionará com as letras reais, as de origem cantadas por tais cantores do gênero? Quem terá sede de justiça, sendo que os injustiçados estão do lado de cá?
Dá-se a grana que eles querem, e nós constuimos o que eles falarão (cantarão).
Quem acredita na veracidade dos fatos de que todos esses Rappers, grandes ou pequenos vão falar sobre a realidade cruel que vivemos na periferia, são os mesmos que passaram a vida toda acreditando que o presente deixado no pé da cama, era deixado por um idoso caucasiano bondoso, de barba longa e alva.
Aos irmãos que viveram a sanguinária vida cantada por estes e outros rappers no passado, que passem a olhar com os olhos do presente, ou a solução para todos os revolucionários do meio artístico será o dinheiro. E isso, é o que não falta à elite! E isso é o que eu não quero.
Projéteis de armas usadas por militares da base naval (Foto: Google Image)
Rio dos Macacos: Mulheres estupradas, crianças sob a mira de armas e famílias ameaçadas de despejo.
A presença militar no quilombo (Foto:google images)
Os irmãos Rosineide e Ednei (Foto Jornal A Tarde)
Projéteis de armas usadas por militares da base naval (Foto: Google Image)
Crianças do quilombo
Manifestação contra a presença da Marinha
Por Silvia Nascimento
Era uma vez um quilombo que foi unido, grande e sustentável, por quase 200 anos, até que um dia a Marinha brasileira construir um base naval em uma parte das suas terras e acusou os habitantes originais – negros remanescentes de escravos – de impostores. A luta das comunidades quilombolas contra a opressão militar parece um fato retirado dos livros de História, como se fosse algo distante cronologicamente. Hoje, mas especificamente ontem, 6 de janeiro, dois irmão, Rosineide Messias dos Santos e Edinei Messias dos Santos, residentes do Quilombo do Rio dos Macacos, localizado na base naval de Aratu, Bahia, foram espancados e presos militares.
Em nota, o Comando do Distrito Naval informou que os irmão foram contidos por conta da agressividade e que Rosineide, teria tentado pegar a arma de um dos militares.
Quem esteve no local, diz que não foi bem assim. Em entrevista ao jornal A Tarde, dona Maria Madalena, mãe dos irmão presos, relatou que ao pedir permissão aos militares, para que uma carreta pudesse entrar no quilombo, ambos foram arrastados e puxados pelos cabelos, além de receberam chutes e murros.
A presidente do Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado da Bahia, Vilma Reis, disse ter entrado em contato com o Ministério Público da Bahia e a Fundação Palmares, em Brasília, para denunciar o caso. Os irmãos já foram liberados,
Cotidiano de terror no Quilombo
A batalha entre o Quilombo do Rio dos Macacos e a Marinha contem itens muito similares aos do tempo da escravidão, como cárcere privado, estupros e até mortes.
Em um vídeo gravado pelo Portal Correio Nagô, Rosineide diz que até a sua alfabetização foi prejudicada por conta da presença militar no quilombo. “Eles usaram cercas que dificultavam nossa ida à escola. Eu tenho 34 anos e não sei ler e nem escrever”, explica. Ela diz que quem tentava passar pela cerca, ficava sob a mira de dois militares que ameaçavam atirar.
Casos de estupros na vila naval, também fazem parte deste cotidiano de terror das famílias residentes no Quilombo do Rio dos Macacos. “Ninguém quer falar sobre isso, mas adolescentes são estupradas por militares”, diz Rosineide. Crianças negras quilombolas crescem sob a mira e ameaça da Marinha, bem como quem tenta plantar para o sustento da família. É a intimidação e a força sendo usadas para que os quilombolas abandonem o seu lar.
Às famílias dos Quilombos dos Macacos que sobreviveram, resta uma vida de luta, resistência, opressão, ameaças e descaso das autoridades Parece um pedaço do Brasil que ficou congelado no tempo. Em pleno século XXI eles vivem a rotina sofrida, coagida e sem esperança, como os africanos escravizados que viveram na senzala.
Foi criada há exatos 25 anos a Lei 7.716, que define os crimes resultantes de preconceito racial. A legislação determina a pena de reclusão a quem tenha cometidos atos de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Com a sanção, a lei regulamentou o trecho da Constituição Federal que torna inafiançável e imprescritível o crime de racismo, após dizer que todos são iguais sem discriminação de qualquer natureza.
A lei ficou conhecida como Caó em homenagem ao seu autor, o deputado Carlos Alberto de Oliveira. A partir de 5 de janeiro de 1989, quem impedir o acesso de pessoas devidamente habilitadas para cargos no serviço público ou recusar a contratar trabalhadores em empresas privadas por discriminação deve ficar preso de dois a cinco anos.
É determinada também a pena de quem, de modo discriminatório, recusa o acesso a estabelecimentos comerciais (um a três anos), impede que crianças se matriculem em escolas (três a cinco anos), e que cidadãos negros entrem em restaurantes, bares ou edifícios públicos ou utilizem transporte público (um a três anos). Os funcionários públicos, tratado na lei, que cometerem racismo, podem perder o cargo. Trabalhadores de empresas privadas estão sujeitos a suspensão de até três meses. As pessoas que incitarem a discriminação e o preconceito também podem ser punidas, de acordo com a lei.
Apesar da mudança no papel, os negros ainda sofrem racismo e frequentemente se veem em situação de discriminação. Para o coordenador nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais e Quilombolas (Contaq), no campo legislativo pouca coisa mudou desde que a escravidão foi abolida, em 1888. “A realidade continua a duras penas. Desde o começo, muitos foram convidados para entrar no Brasil, o negro foi obrigado a trabalhar como escravo”, disse, citando leis como a da Vadiagem, a proibição da capoeira e o impedimento à posse de terras.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios, divulgada em setembro de do ano passado, 104,2 milhões de brasileiros são pretos e pardos, o que corresponde a mais da metade da população do país (52,9%). A diferença não é apenas numérica: a possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio é 3,7 vezes maior do que a de um branco, de acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
De 1989 para cá, outras legislações importantes na luta contra o preconceito racial foram criadas, como o Estatuto da Igualdade Racial (2010) –, e a Lei de Cotas (2012), que determina que o número de negros e indígenas de instituições de ensino seja proporcional ao do estado onde a universidade esta instalada. “Essas são ações muito importantes de reparação. Tem alguns fatores que a gente ainda precisa quebrar para que o negro tenha direitos e oportunidades reais”, acredita Biko.
Para denunciar o crime de racismo ou injúria racial, o cidadão ainda não tem à disposição um telefone em todo o Brasil. Mas unidades da Federação têm criado os seus próprios, como o Distrito Federal (156, opção 7) e Rio de Janeiro (21-3399-1300). Segundo Biko, é importante saber quem é de onde são as pessoas que cometem tal crime. “Sem dúvida, quando mais espaço de denúncia a gente tiver, mais reforça a luta conta a esse processo de segregação racial que a gente ainda vive nesse país”, avalia.
Sobre relações inter-raciais no Brasil, Joaquim Barbosa com uma mulher branca, Pelé, o poeta (hein?!) e a suposta histeria da mulher negra em se manifestar contra o sistema que a põe nos lugares-comuns mais solitários e excludentes:
MV Bill em cena do seu noco clipe “Vibe da Noite”
Pele e Xuxa
Joaquim Barbosa e sua namorada
Por Fernando Sagatiba
Eu tive uma HQ da Marvel, mas com conteúdo mais sério, mais adulto onde o negro Luke Cage e a branca Jessica Jones se relacionavam, até que Jessica, ex-Vingadores perguntou se procedia a fama que o herói de aluguel tinha de ‘pegador-de-colantes’. ele explicou que se fosse advogado, iria se relacionar com advogadas e se fosse artista, ia estar com artistas, logo, se o meio onde ele convive é de heroínas de colantes, ele ia chegar nesse ‘público’, sei não, mas achei muito pertinente ao abordar a questão de homens negros em ambientes onde somos minoria, tipo classes mais abastadas, diferente do modus-operandi ‘conquistei um troféu de ascensão social’ aplicado aos jogadores de futebol e pagodeiros de um modo folcloricamente geral.
Mas é inegável a condição da mulher preta, de desfavorecida nas relações, em geral, pois a equação social demonstra que a maioria da população é de mulheres e a maioria da população é negra, ou seja, maioria de mulheres negras. Ponto. Aí, percebemos que a sociedade é racista e machista, ou seja, favorece brancos e homens. Donde se conclui que, se é o homem e o branco que têm o privilégio de serem ‘normais’, a mulher negra vai direto à base da pirâmide das relações sociais. Não acho histeria alertar o povo sobre esses paradigmas, concordar com isso seria aceitar que sou paranoico e vejo racismo em tudo quando escrevo sobre o assunto, por exemplo. A questão não é sobre amor, é sobre construção social da visão que achamos ter criado sobre o outro, de onde saem as preferências, das opções criadas e oferecidas, sobretudo num tempo em que a mídia alcança a todos os lugares e muito mais gente do que antes. Isso não nasceu com o próprio universo, foi construído em capas de revista, filmes, novelas, comerciais, etc.
Adivinha quem estava lá nas senzalas sendo procuradas como objetos de prazer e ainda recebia a culpa por desencaminhar maridos e filhos de família? E de lá pra cá virou sinônimo de insaciável sexual, barraqueira, globeleza e dona da cozinha? Construções sociais do inconsciente popular nos fazem acompanhar a ficção mostrando o ‘dia-a-dia’ de gente milionária e achar que isso é o certo, pra compensar nossa própria pobreza, negros em seu lugar exótico de servidão e alívio cômico, homem negro viril, protetor e reprodutor, homem branco, homem dócil e seguro financeiramente, carinhoso e mulher branca, a mulher de família, a mulher pra se apresentar à família, a mulher negra, aquela sempre pronta pro sexo, uma iguaria que dali, só pode cuidar de casa, dos filhos e sambar ou dançar pagofunk. Não adianta negar esses estereótipos com “ah, mas eu conheço um ou dois casais diferentes…”, pois, isso aqui não é sobre histórias particulares, é sobre a vida pessoal de quem precisa enfrentar todo dia um estigma e ainda lidar com as pedras no caminho do desafio principal em forma de “você reclama à toa”.
Não concordo com N argumentos sobre muita coisa, mas tento olhar pelo lado de quem reclama antes de dizer que é um manifesto em vão (o que me vale sempre a alcunha de ‘diplomático’, mas tudo bem, eu sou mesmo). Se cada dia saíssemos às ruas pra lutar por uma ‘pequena causa’ de grupos específicos, teríamos muito mais efeitos positivos – e afirmativos – para todos do que tentando brecar o protesto alheio porque não abrange toda a galáxia, numa falsa argumentação por justiça pra todos (tipo, querer tudo e conseguindo nada). O problema no Brasil é social… racial, sexual, moral, de construção social de estereótipos que só facilitam a classe rica, mas reduz o poder de contestação da maioria pobre e preta, que ao invés de se unir, fica disputando a tapa afagos ‘bom garoto!’ de quem vive de sua exploração.
* Fernando Sagatiba é jornalista, músico, colunista do site Mundo Negro e ainda comanda o blog Divagar é preciso