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MC Soffia ganha primeiro prêmio Internacional com o clipe “Empoderada”

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Foto: Reprodução

Prêmio CLAIFF23, do Texas, foi comemorado com rima nas redes sociais da rapper

A rapper brasileira MC Soffia, ganhou na sexta-feira (18) o prêmio CLAIFF23, na categoria Melhor Vídeo Musical, seu primeiro prêmio internacional.

“Estou muito emocionada com o prêmio internacional que ganhei, é muito bom saber que minhas músicas são conhecidas no mundo, o clipe Empoderada é especial pela mensagem para as meninas negras, pelo visual, coreografia, dançarinos, equipe de produção e o trabalho da diretora Herotildes Nai, que ficou maravilhoso”, diz a rapper.

A cantora usou suas redes sociais para rimar em comemoração ao feito. Confira:

O CLAIFF23 ofereceu uma rara mostra de filmes e vídeos da América Latina (Norte,Central,América do Sul e Caribe) e da Península Ibérica. O festival de cinema celebrou filmes e vídeos feitos por ou sobre pessoas latinas nos Estados Unidos ou no resto do mundo, bem como filmes e vídeos feitos por ou sobre grupos indígenas das Américas. 

O clipe Empoderada foi lançado no dia 11 de outubro de 2020, Dia Internacional da Menina no tributo “She ‘s My Hero” que aconteceu em Los Angeles.

“Acredito muito na nossa potência coletiva e na união de mentes. Fizemos tudo com muito respeito a trajetória da Mc Soffia e a intenção é de evidenciar a potência ancestral que essa menina mulher empoderada carrega.” Diz Herotildes Nai, diretora do filme.

Nos 10 anos de carreira, a rapper MC Soffia, vem  conquistando um espaço muito importante no segmento do Hip Hop, educação e movimentos sociais. “Ainda sou muito nova e sei das barreiras que tenho que enfrentar, machismo, racismo, invisibilidade das mulheres negras, mas não desisto porque, acredito nos meus sonhos e amo música.” Revela MC Soffia.

A empresária e mãe da MC Soffia, responsável por sua carreira, aposta no trabalho independente e acredita que é um segmento que está crescendo muito.A Soffia já recebeu muitos prêmios, mas um prêmio da música no exterior coroa muito todo o trabalho que temos, com poucos recursos e tendo que transpor tantas barreiras, principalmente nesse momento de pandemia. Estou muito orgulhosa e acreditando que tudo vai melhorar e muito,  só tenho a agradecer a minha equipe e ao talento da MC Soffia”, diz Kamilah Pimentel.

Em 2018, MC Soffia foi indicada ao prêmio BET AWARDS, na categoria “Artista Revelação Internacional”, com apenas 14 anos de idade.

“Essa personagem vai além de ser uma mulher trans”, diz Liniker sobre Cassandra, protagonista de ‘Manhãs de Setembro’

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Imagem: Amazon Prime Vídeo

No próximo dia 25 de junho, a Amazon Prime Vídeo lançará a série “Manhãs de Setembro“, que conta a história de Cassandra, personagem interpretada pela cantora e atriz Liniker. Na trama, é mostrada a trajetória Cassandra, uma mulher preta, trans e cantora, que se descobre mãe.

Cassandra acaba de conquistar sua independência, seu apartamento, namorado e empregos, fazendo cover musical à noite e entregas durante o dia. Contudo, sua paz começa a ficar ameaçada com a chegada de Leide (Karine Teles) e Gersinho (Gustavo Coelho), uma criança com 10 anos de idade que sempre sonhou em conhecer seu pai, que, na verdade, é mãe.

A história foi gravada nas ruas do Uruguai, por conta da pandemia, mas representou um cenário muito familiar para os brasileiros: as ruas de São Paulo de forma real e visceral, com uma discografia e dublagem com vozes negras, de acordo com as próprias roteiristas.

O Mundo Negro conversou um pouco com as protagonistas Liniker e Karine Teles sobre suas interpretações e as histórias únicas que foram mostradas, e matou algumas curiosidades sobre a série com o diretor Luis Pinheiro e as roteiristas Josefina Trotta e Alice Marcone.

Na entrevista, as atrizes falaram um pouco sobre o desafio em mostrar as duas mães de forma tão sensível e profunda:

A série apresenta Cassandra muito além de ser uma mulher trans, como uma pessoa com os problemas e desafios de uma mulher preta que se torna mãe. Quanto existe entre a personagem e o público da própria Liniker?

Liniker: Muito! O trabalho foi de humanizar essa personagem justamente por saber do corre que é ser uma mulher preta na sociedade e dar conta de tudo para poder sobreviver, seja profissionalmente, seja fazendo com que o afeto se torne parte das nossas vidas, quando muitas vezes não é, já que estamos desassociadas de sociedade, família, romance, carinho e pessoas que acolhem. Cassandra dialoga com muitas pessoas que conheço e que estão na minha vivência cotidiana, essa personagem vai além de ser uma mulher trans, ela foi construída com uma humanidade que precisa ser legitimada e foi de onde eu parti. Consegui ver minha mãe nela, uma mulher preta que no corre criou dois filhos sozinhas e deu todo suporte que pode. Então, nessa Cassandra, a nova mãe, que vai sempre atrás do corre, eu vejo muito da minha.

Como foi passar, atuando com uma criança, esse incômodo da Cassandra em ser sempre chamada de pai, além de fazer essa distinção entre a mãe cis e a mãe trans?

Liniker: Acho que desafiador. Porque a Cassandra tava sendo invadida e esse incômodo vinha daí, mas tinha algo além disso, que é uma criança que estava procurando um pai. Isso mexe com a trajetória e identidade da Cassandra todos os dias. Então, a dureza dela em se permitir ser mãe é porque esse título vem junto com a invasão de uma criança que ela nem sabia da existência, trazendo a Leide que também fez parte de um passado dela. Então, eu sinto que a Cassandra tem um trabalho de educar, mesmo não querendo, tanto a criança quanto ao recorte de gênero dela. É algo complexo.

Para a própria Leide, não?! Educar a Leide em conjunto com a criança?

Karine Teles: Total! Tem uma dificuldade nessa personagem [Leide] em encontrar em mim o apoio para não julgar as atitudes repreensíveis dela. Acho que a Leide cumpre um papel de explicitar a ignorância e o preconceito, mesmo tendo suas dores e estar sozinha com o filho, mas são atitudes que eu no lugar da Cassandra ficaria até mais incomodada do que ela ficou. Por isso, a parceria da Liniker como atriz foi fundamental, porque tínhamos confiança uma na outra e nos momentos de conflito foram primordiais, já que foram os mais delicados.

A série passa por Vanussa até Alcione. Como essa relação da música para com a Cassandra mostra a conexão com o seu próprio filho?

Liniker: Acho que é o lugar seguro dela, onde ela canta e dança com as amigas. Acho que é o lugar em que a Cassandra pode se humanizar e dentro da dureza e ter lazer porque, muitas vezes, pessoas pretas, acha que é só trabalhar e dar conta, mas a música traz para a Cassandra, por 30 minutos ou 10 minutos, uma conexão com ela mesma.

Para a Liniker também? Como é a Liniker nesse espaço?

Com certeza! Para a Liniker também. A música é meu trabalho, minha sobrevivência e onde eu consigo reformular todas as violências que eu sofro, todos os recortes que tenho e onde existe um lugar no mundo que é meu.

Imagem/Reprodução: Amazon Priem vídeo

A série, mesmo sendo filmada em um outro país, mostra referências a figuras brasileiras que tiveram suas falas silenciadas de forma dolorosa, como a ex-vereadora Marielle Franco, que foi lembrada em alguns capítulos da história.

Confira a entrevista com o diretor e as roteiristas:

Marielle Franco é referenciada na série, o que isso quis dizer?

Luis Pinheiro [Diretor]: Tudo que fazemos é politico e acaba se referindo à politica, tínhamos que nos posicionar, de uma certa maneira, às barbaridades que aconteciam no Brasil – mesmo tendo essa série sendo gravada em outro local. Então, não é algo que é uma bandeira de frente, nossa série não é politico, mas temos orgulho de colocar o ícone de Marielle Franco na série, como outras representações que estão nas imagens representando nosso anseio politico.

Como foi a escolha dessas atuações, vozes e interpretações na série?

Josefina Trota [Roteirista]: Não só as atrizes são negras, a voz que interpreta a Vanusa é da atriz Elisa Lucinda, que é uma mulher e atriz negra, as dubladoras para outros países para dublar a Liniker são atrizes trans e isso está no DNA da série.  E na discografia pensamos em mulheres fortes e autoras, já que a maioria da nossa sala é mulher, então pensamos em trazer essa força para qualquer coisa que envolvesse a série.

Qual a expectativa para o público receber essa série, que é tão forte e tão bonita?

Alice Marcone [Roteirista]: Quero que mobilize afetos e pessoas, que sentimentos em diversas pessoas e segmentos do público. Nas diversas pessoas e pessoas diferentes, com expectativas diferentes. Nós temos uma história muito universal tratando de um tema como maternidade e conselhos diferentes sobre isso. Qualquer pessoa em qualquer lugar pode se identificar com isso, mas nós estamos trazendo de forma única, personagens únicas e convivências únicas que são quebradas pelo afeto e podem ser demostradas em nosso país e país afora.

Manhãs de Setembro estará disponível a partir de 25/06 na Amazon Prime Video. Confira o trailer:

Nesta festa junina, vá de cajuzinho!

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Imagem: Aline Chermoula

Quando criança toda festa junina que ia tinha ele, hoje nem ouço mais falar e quando ouço são palavras de nostalgia, boas lembranças de um tempo bom.

Cajuzinho é um doce brasileiro feito de amendoim, comum em festas de aniversário. O docinho, depois de pronto, é normalmente moldado na forma de um caju, imitando a fruta com uma castanha no topo, o que justifica seu nome. Originalmente, o cajuzinho era feito com polpa de caju nas regiões Norte e Nordeste. Com a migração nordestina, o doce chegou ao Sul e Sudeste. A partir daí sua composição foi alterada – a polpa de caju deu lugar ao amendoim sendo mantido apenas o tradicional formato.

O amendoim é originário da América do Sul, onde existe há milhares de anos. Desempenhou desde sempre um papel importante na dieta alimentar dos Incas e de outros Índios nativos da América do Sul e do México.Os exploradores espanhóis e portugueses que descobriram o amendoim no Novo Mundo, levaram-no para a África, onde se climatizou e passou a ser consumido entre suas populações.

Plantado em diversos países africanos, floresceu e passou a fazer parte das culturas alimentares locais. Chegou a ser reverenciado como um alimento sagrado e, no início do comércio de escravos, era transportado nos barcos que iam de África para a América do Norte sendo assim introduzido nesta região.

Vamos à receita:

INGREDIENTES:

• 1 kg de amendoim torrado e moído sem casca

• 2 xícaras de açúcar

• 250 g de chocolate em pó

• Leite o suficiente

• Açúcar granulado ou cristal

• Amendoim inteiro para decorar

PREPARO

• Torre o amendoim, tire as cascas e moa.Junte o açúcar e o chocolate. Acrescente leite o suficiente para dar liga, formando uma massa. Faça os formatos de cajuzinhos, passe pelo açúcar granulado ou cristal e coloque 1 grão de amendoim na parte superior.

Você já reparou que as festas juninas atuais deixaram de oferecer o cajuzinho como iguaria? Em sua opinião qual motivo desta apagamento?

“Eu abracei o teatro, o cinema, a televisão”, diz Tia Má, em elenco de nova série da Netflix

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Foto: Magali Moraes.

A comediante, jornalista e agora, atriz, está no elenco de nova série da Netflix e anuncia a publicação de um novo livro em breve

Maíra Azevedo, a Tia Má, está no elenco anunciado esta semana para a nova série de comédia da Netflix, ainda sem nome divulgado. Investindo na carreira de atriz, ela conta, sem detalhes, o que podemos esperar da personagem interpretada por ela na série. “O que posso dizer é que vocês vão rir e também vão se emocionar com ela. Ela é cheia de mistérios, como a série toda”, adianta.

A série vai contar a história de um excêntrico milionário que convida várias pessoas para um fim de semana em sua mansão e todos os convidados se tornam suspeitos de matá-lo. “Pra mim é um desafio muito grande levar a comédia para outro nível. Eu sou jornalista de formação, de repente eu subo num palco com um stand-up e agora eu venho para uma série que é filmada como cinema, a mesma qualidade do cinema. Ainda que eu saiba que é uma personagem, é a minha cara ali, imortalizada”, disse Tia Má.

Forjada na militância do movimento negro, para Maíra o novo papel traz consigo uma responsabilidade muito maior do que apenas com a sua própria carreira. “Tenho consciência de que é muita responsabilidade porque é mais uma mulher preta ocupando esse espaço e a gente sabe que a gente está ali naquela tensão e apreensão para representar os nossos e as nossas, e também toda nossa ancestralidade”.

Com uma multiplicidade de talentos e frentes de atuação, Maíra descreve esse fazer múltiplo como uma das condições impostas às mulheres negras por conta das diversas opressões da sociedade. “Eu abracei o teatro, a televisão, o cinema e os livros – já estou escrevendo meu segundo livro. E percebo que, ainda que em uma condição diferenciada, eu sou mais uma mulher preta que precisa colocar em prática as suas diversas habilidades para sobreviver”, avalia.

“Nós fomos criados por mulheres pretas que eram empregadas domésticas, costureiras, administradoras, terapeutas, professoras, exatamente porque a gente precisava, por conta de um espaço de opressão, ter vários talentos. E a gente segue dessa forma, com várias habilidades, mas cada vez mais ocupando espaços e abrindo portas para que outras com a cara e o corpo igual ao nosso possam ocupar também”, conclui.

Confira o trailer da série:

“Sempre optei por fazer de cada obstáculo uma oportunidade para vencer”, diz Adnan Rosário, head de Facilities da PepsiCo

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Foto: Arquivo Pessoal.

Por Rodolfo Gomes, com a colaboração de Victória Gianlorenço

Mineiro, nascido em 7 Lagoas, Adnan foi criado pela Dona Maria das Claras e Seu Jorge com muito respeito e humildade. Estudou a vida toda em escola púbica, e lembra como se fosse hoje do primeiro curso de informática que ganhou uma bolsa. Durante sua adolescência se apaixonou pelo Karatê, e precisou aprender a administrar seu tempo entre o esporte, estudos e trabalho.

Ao escolher cursar Economia, teve que encontrar um trabalho que permitisse conciliar os treinos com a faculdade. Foi então, que começou a trabalhar como porteiro na Fábrica da PepsiCo, ainda como terceirizado. “Como porteiro eu aprendi coisas que eram de funções maiores, mas o meu interesse sempre foi muito maior do que qualquer cargo”, disse ele.

Começou a ajudar alguns grupos a tratar pontos no sistema, até que em 2013 recebeu o convite de um gerente de para ser estagiário. Adnan sempre foi o estagiário que fazia mais coisas do que o escopo de trabalho, não demorou e recebeu o convite de seus gestores, para se tornar analista.

“Eu fui um dos primeiros analistas não graduados a assumir o cargo, e isso só aconteceu porque como estagiário os meus superiores já acreditam muito em mim”, comentou ele. Com este novo desafio, ele teve que se dedicar muito para aprender coisas que nem imaginava, optando por noites sem dormir e uma adaptação total da sua rotina. Mas tudo sempre com um propósito: vencer os desafios diários com muita confiança.

“Eu nunca deixei de ser uma pessoa humilde, preto e pobre, e sempre optei por fazer de cada obstáculo uma oportunidade para vencer”, contou. Aos poucos ele foi conquistando respeito na PepsiCo, e passou por diversos cargos na empresa, entre eles Analista Pleno, Coordenador de Recursos Humanos de Sorocaba, Gerente de RH de Goiana, entre outro

Seu pai, por ter vivido outras experiências, achava que o melhor caminho a trilhar seria prestando concurso público, mas ele nunca acreditou. Por isso, trabalhava o dia todo e, mesmo exausto, ia para faculdade de noite. “Tinha dias que eu não tinha o dinheiro para o lanche mas eu continuava ali porque acreditava que meu caminho era aquele”, comentou.

A sua rotina no trabalho o fez mudar o seu curso da faculdade passando de Economia para Administração, curso no qual se formou. Adnan também tem fez MBA em consultoria interna e desenvolvimento organizacional, pelo BI International e pela UC Berkley, na California e atualmente estuda Gestão de Negócios e Marketing na USP.

Para ele, toda essa trajetória foi pautada em muita renúncia, mesmo diante de muitos problemas familiares que apareceram no meio do caminho. Apaixonado por cuidar de gente, atualmente lidera o time de Facilities & Workplace da PepsiCo, desafio que assumiu em 2020 diante de todo esse cenário que pedia por empatia e cuidado com os outros.

“Meu amor pelas pessoas vem da minha mãe, que desde que eu era pequeno colocava a gente para prestar serviços sociais, e nos ensinou a dividir a comida entre nós e depois com quem precisava”, comentou. Dona Maria e o Karatê foram a sua maior fonte de inspiração, com eles aprendeu ser forte e ocupar o seu espaço nos movimentos sociais, na escola, no trabalho.

“Se cheguei aonde cheguei é porque estive em pé sobre os ombros de gigantes”, lembrou. Para ele, o fato de estar hoje em uma posição tão importante dentro de uma empresa se dá por ter clareza sobre os seus objetivos, e principalmente vontade de fazer acontecer.

“Eu sempre tinha confiança do meu projeto, e foquei em quem acreditava em mim, fui atrás do que eu podia controlar e não do que eu não podia controlar, por isso, não deixem que coloquem limitação no seu sonho, você tem o controle dele”, finalizou.

Os estereótipos de negros na mídia reforçam a imagem racista de que somos bandidos

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Sabiá (Jonathan Azevedo) da "Força do Querer" um dos vários negros traficantes das novelas da Globo - Foto: Divulgação

Mesmo após as diversas reflexões depois da morte de George Floyd, que perpassaram a inclusão de pessoas negras em projetos audiovisuais, nós ainda nos deparamos com produtos nacionais na TV que reforçam nossa imagem de forma estereotipada.

Um exemplo recente, foi o desperdício de talento Douglas Silva como o traficante Marconi em Amor de mãe. O núcleo dele, com exceção do amigo branco Sandro que virou moço bom e rico, era negro e criminoso.

Lembrando o caso que aconteceu com Matheus Ribeiro, no RJ, onde o casal branco o acusou falsamente de roubar uma bicicleta, as novelas de Manuel Carlos e tantas outras novelas e séries que tem como paisagem o Leblon, não têm personagens negros que não estejam ligados à pobreza ou criminalidade. Nós não somos mostrados como consumidores potentes, pessoas com poder aquisitivo e muito menos vítimas de pessoas brancas.

Quando na dramaturgia e nos noticiários os rostos negros só aparecem nesse recorte, se cria um viés inconsciente que automaticamente associa na vida real o que se vê massivamente na TV. Obviamente o racismo também explica isso, e é o ponto de partida de qualquer reflexão nesse sentido

Cidade de Deus e derivados, Irmandade ( Netflix), Impuros (Fox) são outros exemplos de filmes e séries onde negros aparecem no cenário do crime.

A Wolo.Tv por exemplo, é uma das plataformas seguras de ver conteúdo negro nacional representativo de forma positiva e a Casa da Vó é uma das séries que mais representa o que é ser negro no Brasil hoje. Nossas lutas aparecem, mas também nossas vitórias e conquistas, por meio de discussões sobre Black Money e Mercado de trabalho.

Temos médicos, cientistas, advogados, empresários negros e negras em número crescente no Brasil. Se quem tem essa formação não é lido como tal profissional, é porque não somos vistos na mídia dessa forma.

Negros são os mais detidos e presos, mas não necessariamente os que comentem mais crimes. Há estudos que apontam inclusive, que brancos carregam mais quantidade de drogas quando presos, do que pessoas pretas. A Ponte Jornalismo copilou alguns dados que falam sobre criminalidade raça.

Eu sugiro boicotar programas e séries que nos representam de forma estereotipada e consumir produções pretas nacionais que nos mostram como realmente somos. Ah, e séries sobre negros também deveriam ser consumidas por pessoas brancas.

Paula Lima: “Aprendi a valorizar o que realmente importa”

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Foto: Divulgação.

Diva da música brasileira falou com exclusividade ao Mundo Negro sobre seus aprendizados durante a pandemia, vida e carreira.

Dona de uma das vozes mais marcantes do Brasil, Paula Lima é referência quando se fala de música negra. Grande nome do soul, funk e samba rock, a cantora, que está há mais de vinte anos no mercado da música, conta que ainda tem sonhos a realizar, em entrevista exclusiva ao Mundo Negro.

Realizar uma turnê mundial e o fim das desigualdades sociais estão entre os sonhos da cantora. A pandemia de covid-19, que Paula classifica como trágica, trouxe também alguns aprendizados. “Me sinto melhor e mais evoluída. Aprendi a valorizar o que realmente importa”, analisa.

Foto: Divulgação

Confira a íntegra da entrevista:

Você está na carreira de cantora há bastante tempo, só na jornada solo, são 20 anos. O que você ainda tem como desafio hoje?

São inúmeros desafios. Novas canções, novos produtores, um novo público que some ao já incrível e fiel que tenho, novos caminhos sonoros, novas parcerias, novo show. Como divulgar um novo conteúdo nos canais de comunicação e plataformas. Todo som se torna novo, inédito. A vibração permanece a mesma do início. Tem muita água pra rolar, muita história pra contar e eu me sinto mais forte do que nunca para trazer algo diferente e bacana para o cenário.

Um – ou mais – sonhos da artista Paula Lima que ainda vai realizar?

Uma tour mundial! Europa, Ásia, América, grande, extensa, apaixonante. O outro sonho que sejamos todos tratados e vistos com igualdade! Que as oportunidades sejam iguais. Que não haja fome. E que eu veja o fim do racismo e da homofobia. Você canta, escreve, é ativista, dirigente de uma associação de classe, é presente nas redes sociais e conduz o programa de rádio Chocolate Quente. Conta pra gente os segredos e desafios de organizar o tempo para atuar em frentes variadas? O tempo tem que ser um grande amigo e aliado. Busco ferramentas para me organizar e dar o meu melhor em cada desafio aceito. Exponho aquilo que acredito, ciente da responsabilidade que tenho como artista, como mulher negra, como cidadã. Tento ser objetiva com foco no coletivo. Tenho as minhas referências, minha fé na vida e nos propósitos inseridos nela.

Que artistas você ouve sempre? Separa um tempo para ouvir quem está chegando na cena ou acontece naturalmente por indicações, navegando nas redes sociais?

Eu amo música. Adoro os clássicos e o que há de mais novo no cenário que é tão pulsante e interessante. Sempre pesquiso, eu gosto. Tenho paixão pela vitalidade e inteligência musical e que vai além dela de vários artistas. Adoro sons e vozes. Posso citar alguns: Marvin Gaye, Anderson Paak, Ari Lennox, Ella Fitzgerald, Jay Z e Beyoncé, Emicida, Liniker, Rael, Lucky Daye.

Foto: Divulgação

A pesquisa da UBC revela que a maioria das mulheres no meio se declaram solteiras (53%) e sem filhos (68%). Como você orienta quem está na carreira para não entrar na dicotomia entre profissão e família? É possível ter o melhor dos dois mundos e ter o combo? Fale um pouco desse cenário, e se quiser, de sua experiência pessoal.

Acredito que tudo na vida é possível. Algumas vezes com mais ou menos dificuldade. Claro que a realidade das mulheres e principalmente das mulheres negras não ameniza o caminho. Mas acredito que temos missões e temos que sempre tentar ser donas das nossas próprias vidas. Temos escolhas ou forçar e buscar meios para que tenhamos essa liberdade. O importante é não desistir de nenhum sonho. Não há nada pior do que olhar para trás e se arrepender. Eu não tenho filhos, foi uma escolha. Fui casada por 16 anos e convivi ao todo por 21 anos. Conheci, escolhi e fui escolhida pela pessoa mais incrível e importante da minha vida, o Ronaldo. E não me arrependo de nada. O meu negócio sempre foi ser feliz e me realizar pessoal e profissionalmente. Seguindo sem medo, com força e com coragem. Tendo como negócio uma grande paixão: a música. 

O que a pandemia mudou em sua vida pessoal e de artista? Tem alguma mudança positiva que você destacaria?

A pandemia foi trágica de uma maneira geral. Não esperávamos. Ela foi e está sendo dolorosa. Senti falta de gente, falta dos shows, da proximidade, das viagens, mas de positivo, posso dizer que passei a olhar e buscar o que realmente importa na vida. E isso tem sido valioso. Me sinto uma pessoa melhor e mais evoluída. Aprendi a valorizar o que realmente importa.

Você é uma grande artista e uma das mulheres mais lindas desse meio. Quer nos presentear com alguma dica de cuidado pessoal que funciona para você?

Obrigada pela parte que aumenta a vibração positiva. Eu procuro dormir bem, bebo muita água, tento estar com pessoas que me fazem bem e procuro fazer as coisas que gosto. Tento levar muito a sério apenas o essencial. Voltei para o pilates, tento me manter em paz, com leveza, apesar de tantos pesares. Agradeço os presentes que recebi, as inúmeras fundamentais lições e procuro ter um olhar esperançoso sobre o mundo, sobre as pessoas e sobre o futuro.

Quatro curta-metragens preciosos para você maratonar de forma gratuita na Wolo TV

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A plataforma de streaming tem trazido para seu catálogo preciosidades da produção audiovisual negra. Seja tratando da invisibilidade do homem negro e sua esposa desesperançada até uma critica ácida sobre a incapacidade de um homem em parar de se sabotar, os filmes disponibilizados valem cada minuto e não são muitos, uma vez que são curta-metragens.

Sujeito Objeto

Um casal formado por Pedro (Tom Conceição) e Renata (Juliana Monique) precisam sobreviver num mundo que lhes oferece poucas oportunidades de conseguir dignidade. Pedro trabalha como estátua humana e já não consegue dissociar pessoa e personagem. Juliana se sente deprimida e com raiva pelas impossibilidades de ter uma vida melhor. Os dois só tem o amor do outro para seguir em frente. O curta-metragem de Djalma Calmon é uma polaroid de muitas pessoas que passam por nós diariamente, ignorados como objetos.

Sujeito Objeto | Porta Curtas
Sujeito Objeto (Imagem: Reprodução)

Aquém das Nuvens

Mestre André e Cleide Queiroz vivem o casal Nenê e Geralda, apaixonados e com 30 anos de casamento. Pressentindo algo ruim, Nenê sai de seu tradicional samba de domingo e se depara com sua amada enferma. Assim como nos passos de um samba, Nenê dribla as barreiras para poder ficar perto de Geralda no momento mais difícil. Momento precioso proporcionado pela diretora Renata Martins.

A Mulher no Fim do Mundo

“A Mulher no Fim do Mundo” é inspirado no álbum de mesmo nome da diva Elza Soares. O curta foi indicado em 23 prêmios nacionais e internacionais e não à toa. Coleção de imagens poéticas, a obra empresta atenção a Benedita (Tainah Paes) e a garota Lua (Maria Luiza Apolônio), últimas sobreviventes no fim do velho mundo. Lua usa um pequeno rádio para tentar se comunicar, enquanto Benedita se apoia na força do mar para atravessar tempos tão cheios de desalento. Sérgio Loureiro e Ana do Carmo dirigem essa obra cheia de imagens pitorescas em que a natureza é personagem principal tanto quanto as atrizes em cena.

Hoje quero dar dicas quentes 🔥 para assistir e ouvir! O curta A Mulher no Fim do Mundo  @amulhernofimdomundo - conheci por meio da @mostraecofalante
A Mulher no Fim do Mundo, inspirado no álbum "A Mulher do Fim do Mundo (2015)" da cantora Elza Soares, conta a história de Benedita e da garota Lua, duas mulheres negras que viram o velho mundo sucumbir e agora são as únicas sobreviventes. Nesse cenário pós-apocalíptico, o curta-metragem retrata uma jornada pela busca da quebra do silêncio, pensando os inúmeros processos de silenciamento passados pelas personagens no velho mundo. Nesse sentido, o fim do mundo também é um personagem, sendo ele a personificação de um estado de espírito que perpassa a solidão da mulher negra. O curta-metragem reverencia o poder feminino, resgata memórias, discute afetividades e pensa em caminhos trilhados e a serem trilhados.
Vale demais separar um projetinho pra tecer enquanto conhece também o álbum da Elza Soares @elzasoaresoficial que inspirou o curta. Gente, como ele é atual!!! Mesmo sendo de 2015, dialoga demais com os dias de hoje - o que é triste, na verdade, porque ele é uma pedrada! Elza canta sobre negritude, transexualidade, violência doméstica e sofrimento urbano. Tem um tom apocalíptico e todo aquele mix de estilos (incluindo samba e rock) que Elza sabe casar bem. Eu sou super fã da Elza, nesse último 30 de setembro assisti a uma palestra na @viradasustentavel "a existência e a resistência da mulher negra", com ela,  @tiamaoficial @benilda_brito @chase.wanda ; está disponível no YouTube da Virada.
Em 2011, assisti à estreia do documentário dela e depois teve momentos tiete (foto ao lado) com essa deusa-fênix vinda diretamente dos anos 30. Fica dica do doc dela também!
Espero que apreciem e que traga muitas boas reflexões!
Fotos: @amulhernofimdomundo , arquivo pessoal e tecelagem em desenvolvimento inspirada nos desenhos de Lua, personagem do curta.
A Mulher no Fim do Mundo (Imagem: Reprodução)

5 Fitas

Baianidade, fé, uma trilha sonora gostosa e dois protagonistas fofíssimos.Essa é a fórmula de “5 Fitas”. No dia da Lavagem do Bonfim, Pedro e Gabriel, decidem fugir de casa e se aventurar entre a multidão, para tentar pedir por uma bola de futebol, deixando toda família desesperada. O filme de Heraldo de Deus e Vilma Martins nos convida a conhecer um pouco sobre a história da Lavagem do Bonfim e a força bonita e poderosa que mora em quem tem ligação ancestral com os orixás. Junto com dois protagonistas carismáticos somos recompensados ao final com um belo abraço.

Todos os filmes estão disponíveis gratuitamente na Wolo TV

Movimentos Negros convocam para ato contra o presidente Bolsonaro em 19 de junho

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A Coalizão Negra por Direitos convoca as mais de 200 organizações do movimento negro que compõem essa articulação para aderir aos atos que serão realizados neste sábado (19) contra o governo do Presidente Jair Messias Bolsonaro. A Coalizão reforça que esse apoio aos movimentos perdura enquanto também houver contraparte de outras organizações em apoio a luta contra o racismo no Brasil, “afinal, enquanto houver racismo, não haverá democracia”, diz nota divulgada pela Coalizão.

Neste 13 de maio, Coalizão Negra convoca ato contra genocído
Protesto contra a operação no Jacarezinho (Imagem: Coalizão Negra por Direitos)

Ao contrário das manifestações compostas por apoiadores do atual presidente, a articulação reforça a necessidade do devido atendimento aos protocolos sanitários, como o uso de máscaras N95 ou PFF2 e o distanciamento social, o quanto possível. A Coalizão Negra por Direitos reforça ainda que “a reconstrução dos caminhos da esquerda só será possível por meio de uma aliança nacional do campo protagonizado por mulheres negras, LGBTQIA+ e indígenas. Esse caminho já está em curso e a luta para que a vida do povo não seja mais interrompida nem por bala, nem por fome, nem por Covid-19, muito menos por atropelos assustados em reuniões coloniais”. 

Em 2020, a Coalizão lançou o manifesto “Enquanto houver racismo, não haverá democracia” para reforçar para as tradicionais lideranças brancas de esquerda que precisam se colocar dispostas a reconhecer a importância e legitimidade, tanto das lideranças negras que participam da construção dos atos, quanto das motivações que fizeram com que centenas de pessoas negras estivessem nas ruas, nos becos, vielas e favelas durante todo o período de pandemia fazendo política. 

A situação de pandemia sem o apoio do Governo Federal para ajudar populações pobres colocou 29,8% dos domicílios chefiados por pessoas negras em condição de insegurança alimentar, juntando-se a isso as seguidas operações policiais ilegais que fizeram sucumbir jovens vidas negras compelem os movimentos negros a essa mobilização, apesar da grave crise sanitária.

A Coalizão tem sido destaque na defesa da população preta e periférica, tendo sido ativa em mobilizações durante a pandemia, considerando que o atual governo demonstra ser mais letal que o vírus.

Juíza nega pedido de prisão preventiva a homem branco que roubou bicicleta no Leblon

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Igor Martins Pinheiro tem 28 anotações criminais, sendo 14 por furto de bicicleta

A juíza Simone de Araújo Rolim alegou que o crime foi praticado sem violência e que o reconhecimento foi feito por policial civil que investiga crimes da mesma natureza praticados no bairro. Igor Martins Pinheiro, de 22 anos, tem 28 anotações criminais, sendo 14 por furto de bicicleta.

O crime aconteceu no último sábado, no Leblon, na Zona Sul do Rio, quando os donos do equipamento, Mariana Spinelli e Tomás Oliveira acusaram o instrutor de surfe Matheus de pegar a bicicleta. O rapaz registrou uma ocorrência contra o casal por racismo, contudo, o caso é tratado está sendo tratado como calúnia pela 14ªDP /Leblon.

Em seu despacho, a magistrada diz que não é possível fazer uma identificação precisa de que se trata de Igor nas imagens e que o reconhecimento feito pelo policial civil poderia ser enganoso.

Câmeras de segurança flagram Igor roubando bicicleta

“No caso em apreciação, não se vislumbra a presença dos requisitos autorizadores da medida cautelar postulada, pois como se verifica o delito imputado não foi praticado mediante violência ou grave ameaça, o reconhecimento em questão foi feito por policial civil que investiga crimes da mesma natureza praticados no bairro, através de imagens captadas pelas câmeras de segurança de prédios vizinhos ao local em que a bicicleta se encontrava estacionada, ocorre que as imagens possuem baixa qualidade técnica e o suposto autor do fato aparece utilizando-se de máscara e óculos escuros, o que dificulta a fidelidade de sua identificação e vem de encontro ao requisito ‘indícios suficientes de autoria’ para a decretação de prisão preventiva.” Disse ela.

“Assim, sendo indefiro o pedido de prisão preventiva do acusado sendo certo que esta decisão será reapreciada se surgir algum fato novo no curso da instrução”, concluiu a magistrada.

O advogado Flavio Campos falou com o Mundo Negro sobre o motivo da soltura de Igor “Alguns juízes entendem até como furto qualificado, bastava uma única anotação na ficha de um jovem negro que ele ficaria preso preventivamente, essas são nossas experiências inclusive nas audiências de custódia. Nós estamos diante de um caso de flagrante tratamento diferenciado na nossa justiça. Muitas vezes os julgamentos não são imparciais contra sua origem social e a sua origem de classe, basta caminhar em dos fóruns criminais nos PCB, são pessoas brancas de classe média e classe média alta que julgam pessoas negras com baixa escolaridade ou pobre. A maioria das pessoas com o sistema prisional sequer foram julgados é.”

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