A cantora Iza continua sua trajetória de sucesso e agora, perto de lançar um novo álbum, foi tema de um artigo da revista norte-americana Time, apontada como ícone da nova geração. A cantora de 30 anos de idade explodiu em 2018, após emplacar várias canções do álbum “Dona de Mim” nas rádios e plataformas de streaming.
Em entrevista à Time, Iza, que muitas vezes é chamada de Beyoncé brasileira, falou sobre a experiência de dublar Nala, do filme “O Rei Leão”, em 2019. “Fazer parte de algo de que Beyoncé faz parte é um sonho”, disse ela, se referindo ao fato de que na versão original a personagem foi dublada pela cantora norte-americana. A revista também destacou o fato da cantora já ter colaborado com nomes da música pop conhecidos mundialmente como Ciara e Major Lazer.
Imagem: Marcelo Correia—Redux
Para além do puro entretenimento, a cantora é um totem de representatividade na música pop brasileira. Assim ela também entende seu papel. “Pessoas morrem por causa do racismo todos os dias [aqui]”, declarou à revista. Nos protestos instigados pela morte de George Floyd, Iza incentivou seus seguidores a protestarem também pela morte do jovem João Pedro, de 14 anos, morto pela polícia. “Não falo sobre racismo porque é um assunto de que gosto muito. Falo sobre isso porque é necessário”, explicou.
A revista conclui dizendo que Iza é símbolo de uma nova era onde a luta por igualdade é crucial. “Posso dizer muito através da música. Nosso microfone é uma arma e precisa ser usada”, concluiu a cantora.
Sendo uma mulher preta, eu não poderia responder tal pergunta, todavia, essa questão pairava na minha mente. Entre nós, mulheres, somos criadas e condicionadas desde criança a cuidar umas das outras. Temos uma “permissão” para demonstrar emoção, tocar, trocar carinho e afeto. Dificilmente somos reprimidas por demonstrar tais sentimentos, e quando mais novas, ninguém falou “pare com isso, que não é coisa de menina”. Hoje, nos encontramos com saudade do afeto. Um abraço, sim, aquele abraço trocado a cada encontro, passou a ser a maior de nossas outras faltas. E passei a ter uma reflexão: como está a relação de afeto entre os homens pretos? Como isso se dá? Compartilham seus sentimentos? Conversam sobre suas dores e amores? Como está sendo a solitude de um isolamento social que por muitas vezes se transforma em solidão? O quanto estão conseguindo quebrar crenças e ressignificar as questões que fizeram parte de sua formação? Pra desenvolver mais essa reflexão, convidei o Fabio Sousa, para escrever esse texto comigo. Fabio é Psicoterapeuta Junguiano e criador do coletivo Ressignificando Masculinidades, provoca sempre discussões sobre as diversas masculinidades possíveis.
O que é ser homem? O que é ser um homem preto? Essas são daquelas questões impossíveis de se chegar a uma resposta que contemple a todos. A construção da ideia do que é ser homem é algo subjetivo e sofre atravessamentos de experiências pessoais, culturais, sociais, estéticos, midiáticos e também raciais. Logo na infância, é muito comum meninos escutarem o que eles não podem ser ou fazer para serem homens, esse entendimento se dá muito mais pela exclusão do que pela inclusão de atributos empregados na construção desse ideal masculino. Frases do tipo “homem não chora”, “isso não é coisa de homem”, “fala que nem homem”, “anda como homem”, “você é o homem da casa”, dão o tom do entendimento de como meninos são direcionados a agir para serem reconhecidos como homens. Tais direcionamentos apontam para o caminho de que para ser homem, os meninos devem ser fortes, reprimir suas emoções, não se mostrarem sensíveis, assim como se afastar de tudo que é colocado como feminino, o famoso “isso é coisa de mulher”, que mais adiante tem o potencial de se transformar no “isso é coisa de viado”, que além de colaborar com a desvalorização das mulheres e para a homofobia, esse último contribui para a ideia equivocada de que a heterossexualidade é a única orientação sexual possível para os homens.
De um lado oposto, a agressividade, a raiva, o uso da força física para resolução de problemas, parecem ser justificados como comportamentos genuínos dos meninos. Aqui entram em cena o “resolve que nem homem”, “se apanhar na rua, leva outra surra em casa”.
Todas as aspas citadas acima tomam formas diferentes de transmitir as mesmas ideias e em contextos distintos, acompanhando os meninos durante seu crescimento até a fase adulta. Tais experiências acontecem de forma sistemática e ostensiva podendo ser no ambiente familiar, escolar, na rua, no trabalho, nas amizades, colaborando de forma equivocada para o entendimento de uma forma única de ser homem, baseada num padrão machista e patriarcal, que emprega a heteronormatividade, a competitividade, o poder, a dominação e o controle de forma violenta com as outras pessoas e consigo mesmo.
Somando-se a tudo isso, vivermos numa estrutura racista adiciona mais um elemento nesse ideal de masculinidade, a branquitude. Portanto, o homem ideal, é o homem branco. As masculinidades dos homens Pretos, pertencem ao lugar do não reconhecimento pleno, da não aceitação plena, da reprodução de comportamentos aprendidos para também serem reconhecidos como homens, como aponta o professor Rolf Malungo de Souza: “(…) a masculinidade é uma experiência coletiva em que um homem busca reconhecimento através de práticas com as quais conquistará visibilidade e status social perante seu grupo.”
Quando Frantz Fanon, em Pele Negra, Máscaras Brancas, afirma que “o negro não é um homem”, evidencia o padrão do ideal do homem branco, e mesmo que homens Pretos performem a masculinidade hegemônica, ainda assim serão homens Pretos. “De um homem exige-se uma conduta de homem; de mim, uma conduta de homem negro – ou pelo menos uma conduta de preto.” (Frantz Fanon, Pele Negra, Máscaras Brancas, 1952). As masculinidades Pretas sofreram e sofrem um processo de estereotipização, recheada de preconceito, discriminação e racismo. As representações de homens Pretos na literatura, teatro, cinema e televisão são baseadas em conceitos racistas preestabelecidos: eles costumam ser apresentados como pessoas primitivas, preguiçosas, selvagens, de má índole ou superviris. A repetição sistemática desses estereótipos contribui para a criação e manutenção de um entendimento coletivo do que é um homem Preto, assim como homens Pretos podem introjetar tais valores à sua personalidade. Alguns buscam subverter estereótipos para aspectos de aceitação e pertencimento, como o garanhão, o fetichizado, hipersexualizado, bom de cama. A objetificação de corpos pretos está relacionada ao passado escravocrata, em que o homem Preto escravizado era avaliado a partir de seus aspectos físicos. Ainda hoje o homem viril e bom de cama permeia o inconsciente coletivo acerca de homens Pretos, sendo reduzidos a imagem simbólica de um pênis, animalizando e desconsiderando atributos humanos desses homens. A identificação com esse homem objeto é um caminho para a solidão de homens Pretos, uma vez que ocupam apenas o lugar de satisfação sexual do outro, muitas vezes mulheres e homens brancos. Mesmo a masculinidade hegemônica sendo pautada em categorias de exclusão, vivemos em sociedade, em relações de classe, gênero e raça, então, em algum nível, essa é uma masculinidade que também serve aos homens Pretos, uma vez que o machismo, em muitos casos, pode ser uma das únicas possibilidades de ocupar uma posição de poder para homens Pretos.
Todo esse sistema contribui para a construção e manutenção de relações embrutecidas, pautadas pela competição predatória e distanciamento afetivo. Fábio reforça o quanto homens Pretos precisam conversar sobre tudo isso, sobre como também são afetados por um ideal de masculinidade que não os contempla, para assim, construir novas narrativas, pautadas na alteridade e com atitudes positivas em relação às mulheres, LGBTQIA+ e a si próprio. O afeto positivo entre homens Pretos é uma revolução num sistema que nos mata e nos coloca uns contra os outros.
Abrimos aqui um canal de escuta e de troca. Procurem uns aos outros, conversem, troquem sobre anseios e conquistas. Demonstrar afeto é tão importante, você está aqui e está vivo, então construa novas histórias. Precisamos criar novas narrativas, e você faz parte desse processo, então abra as portas e as janelas.
Lembre-se que o Amor Preto é resistência e revolução!
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A Alemanha reconheceu formalmente as atrocidades cometidas contra os grupos étnicos Herero e Nama como genocídio, e após 100 anos dos crimes cometidos pelo poder alemão para a Namíbia, vai indenizar o país.
As tropas alemãs mataram cerca de 80.000 hererós e namas no que hoje é a Namíbia, entre 1904 e 1908, em resposta a um levante anticolonial.
Segundo historiadores, o conflito sangrento aconteceu quando os indígenas hererós se revoltaram contra as tropas coloniais por causa da apreensão de terras. A Alemanha, que hoje dá ajuda ao desenvolvimento para a Namíbia, ofereceu seu primeiro pedido formal de desculpas pelo conflito em 2004.
“Nosso objetivo era e é encontrar um caminho comum para uma reconciliação genuína em memória das vítimas. Isso inclui nomear os eventos do período colonial alemão no que hoje é a Namíbia, e em particular as atrocidades no período de 1904 a 1908, sem poupá-los ou encobri-los.” disse o chanceler alemão Heiko Maas.
“Agora também chamaremos oficialmente esses eventos pelo que foram da perspectiva de hoje: um genocídio”, complementou ele.
A Alemanha apoiará a Namíbia e os descendentes das vítimas com € 1,1 bilhão (US $ 1,3 bilhão) para reconstrução e desenvolvimento e pedirá perdão pelos “crimes do domínio colonial alemão”.
A mídia alemã está relatando que um pedido oficial de perdão será feito pelo presidente alemão Frank-Walter Steinmeier em uma cerimônia no parlamento namibiano. Contudo, muitos grupos de familiares que sofreram, não aceitaram o acordo, dizendo ser inaceitável a quantia que o presidente alemão não era bem-vindo ao país.
A talentosa estrela do esporte e empreendedora, Naomi Osaka, ganhou um recorde de US $ 55,2 milhões nos últimos 12 meses a tornando a atleta mais bem paga do mundo, segundo o site “sportico”. Osaka ganhou US $ 5,2 milhões com seus ganhos no tênis, enquanto ganha US $ 50 milhões quando não está sacando a bola.
Os $ 50 milhões que o profissional de tênis arrecadou no ano passado com endossos só são superados por três outros atletas ativos: Roger Federer ($ 84 milhões), LeBron James ($ 70 milhões) e Tiger Woods ($ 62 milhões).
“Há um grande impulso para investir nas mulheres nos esportes.” disse Stuart Duguid, o agente da IMG que está lidando com a agitação de marketing de Osaka, “Ser mulher a tornou ainda mais atraente para patrocinadores”.
No início deste mês, ela anunciou que estava expandindo seu portfólio de investimentos com uma parceria com a rede de fast-food voltada para a saúde sweetgreen.
Também foi relatado que a Nike anunciou que a Play Academy de Naomi Osaka está se expandindo para Los Angeles e Haiti, ao mesmo tempo em que colabora com organizações esportivas, locais que estão ajudando a incentivar a próxima geração de meninas que podem brincar e se envolver em esportes.
No final do mês passado, Osaka lançou sua própria linha de cuidados com a pele, Kinló. A linha de beleza terá como foco as necessidades dos Blacks and People Of Color (POC).
A atual campeã acaba de afirmar que não dará entrevistas no atual Aberto da França porque “as pessoas não se importam com a saúde mental dos atletas e isso soa verdadeiro sempre que vejo uma coletiva de imprensa ou participo de uma”. Osaka, segundo o mesmo site, fatura muito mais com sua imagem – e a ideia de ser uma atleta filha de oriental com haitiano – do que quando está m campo.
Salve o Jongo! Salve a cultura popular preta! Salve as mais velhas! Salve os mais velhos! É assim que o Grupo Afrolaje apresenta a sua roda virtual de Jongo, dança afro-brasileira criada por africanos na diáspora, que acontece no dia 30 de maio, a partir das 18h, via Instagram. O projeto também envolve doações de comida, roupas e utensílios para moradores de rua da Zona Norte do Rio de Janeiro.
“Este trabalho contribui para a valorização da autoestima das crianças, jovens e adultos, desmistificando a visão sobre o corpo afronegro e das culturas de matriz africana”, afirma a coreógrafa e atriz Flávia Souza que, junto com o professor Ivan Karu, coordena o Grupo Afrolaje.
Imagem: Reprodução/Instagram
Aberto a todos os públicos, o objetivo do projeto é resgatar, preservar e difundir a diversidade através da dança, música, percussão, apresentações e divulgação junto às escolas e espaços públicos e privados. Com a pandemia, o Grupo Afrolaje se adaptou e segue realizando, em suas redes sociais, rodas virtuais e conversas sobre o contexto histórico afro-brasileiro, fomentando a luta antirracista para uma sociedade mais equânime. “A música percussiva e as danças de matriz africana são um dos principais símbolos culturais do país. Temos uma história rica, mas pouca difundida”, analisa Flavia.
Doações na Zona Norte
Desde 2020, o Grupo Afrolaje promove ações de fornecimento de quentinhas, kit higiene e café da manhã para pessoas em situação de vulnerabilidade das regiões do grande Méier e Marechal Hermes. Para o mês de maio de 2021, o Afrolaje pede ajuda para ações semanais com esses grupos em situação de rua, a partir do envio de doações via Pix, transferência bancária ou alimentos, roupas e utensílios enviados presencialmente em alguma das duas regiões.
COMO DOAR:
Chave Pix: CPF 05450844743 (Flavia Souza da Cruz)
Depósito ou transferência: Banco Caixa Econômica Federal
Agência 2264
Conta Corrente 00021996-7
Presencialmente: enviar um e-mail para afrolajeproducao@gmail.com ou a.c.g.afrolaje@gmail.com.
Você poderá acompanhar o evento pelo Facebook, Instagram ou canal do Youtube do Afrolaje às 18h do domingo, dia 30 de maio.
Babu Santana será um dos apresentadores do Trace Trends na Globoplay e Multishow.
Os ex-BBBs João Luiz Pedrosa e Babu Santana são os novos apresentadores do Trace Trends, ao lado de Xan Ravelli e Alberto Pereira Jr. A novidade foi apresentada nesta sexta-feira (28) eu reunião de executivos da Trace Brasil, Multishow e Globoplay. O conteúdo voltado à cultura brasileira e afrourbana será exibido semanalmente, a partir do dia 23 de junho, no Globoplay e às sextas-feiras, a partir do dia 25, às 17h, no Multishow.
Na nova temporada, João Luiz irá apresentar o quadro “EducAção”, que mostrará histórias, projetos e iniciativas desenvolvidas por jovens das diversas periferias do Brasil, nas áreas de educação e ciência, toda semana no Trace Trends. Babu Santana também fará parte da atração, no comando do “Fala Babu”, quadro no qual compartilhará experiências e vivências pessoais, dará conselhos e responderá dúvidas do público, além de receber convidados para falar da vida, com direito a composição de algumas músicas junto com o apresentador.
Alberto Pereira Jr e Xan Ravelli também são apresentadores do Trace Trends. Foto: Divulgação
“Com a parceria, a Trace e a Globo reforçam seu ineditismo, com a proposta de transmitir um conteúdo inovador, com linguagem universal, para que todas as pessoas se sintam incluídas e possam enxergar a pluralidade do nosso país. São ações como esta que nos projetam para o futuro”, explica Ad Junior, head de Marketing da Trace Brasil.
O projeto também prevê a estreia do podcast “Tô na Trace”, que deverá ser publicado a partir do dia 6 de junho, sempre às quintas-feiras. Com apresentação de Kenya Sade e participações de Ad Junior e Alberto Pereira Jr., o podcast tem o formato de bate-papo, trazendo pelo menos um convidado por episódio e recupera alguns assuntos falados no programa da semana e também traz novas vozes da cultura afrourbana. Fará um giro com novidades da música, moda, tecnologia e assuntos que estão repercutindo.
“Ter a Trace Brasil como parceira em nossa jornada de diversificação do nosso portfólio, com conteúdos inovadores e de alta qualidade voltados à pluralidade racial e cultural brasileira, nos deixa muito entusiasmados e reforça a relação bem-sucedida que temos com o mercado independente”, diz Ana Carolina Lima, head de Conteúdo do Globoplay.
Além das produções inéditas com novos quadros, as quatro temporadas anteriores do Trace Trends ficarão disponíveis no catálogo do Globoplay. São mais de 70 episódios, produzidos desde 2019, com a participação de nomes de destaque, como Zezé Motta, Paula Lima, Thiaguinho, Adriana Barbosa, Liniker, Luana Génot, Jeniffer Nascimento, Kl Jay e Jefferson De.
“Estamos muito felizes em poder amplificar com o Multishow e o Globoplay essa conversa que vamos gerar a partir de temas tão importantes para a transformação social do país. Conseguimos reunir o melhor da nossa plataforma para potencializar essa mensagem da cultura afrourbana, diz Tatiana Costa, Diretora Geral do Multishow.
Noiva Izanna / Foto: Nós Em Um Fotografia @nosemumfotografia
Maio é chamado de mês das noivas! Com isso, não poderíamos deixar de falar dessa demanda social que nunca para: casamento.
Sou a redatora do site e noiva de 2022, tenho enfrentado as delícias e angústias de preparar um casamento. A noiva negra possui algumas peculiaridades que outras noivas não enfrentam, tais como a baixa representatividade na indústria de casamento, poucos profissionais negros, pouco destaque para os profissionais pretos do mercado, estereótipos e bolhas sobre os gostos da mulher negra, dificuldade de encontrar referências de estilo e físico.
Editorial de noivas / Reprodução: Pinterest
Começando pela baixa representatividade no mercado de casamento: ao pesquisarmos “casamento” no Google ou em plataformas como Pinterest, encontraremos apenas casais brancos! Qualquer assunto relacionado a casamento, quando pesquisamos, só aparecem casais brancos – a não ser que você adicione a palavra “negro” na busca. Do mesmo modo, quando pesquisamos profissionais, sobretudo os lidos como renomados, poucos são os registros de casais reais negros – ou até inter-raciais. Em um país majoritariamente não-branco.
Ao buscarmos profissionais pretos, nos deparamos com uma baixa representatividade, principalmente os mais famosos! A maioria que domina essa indústria também é branca. Como, afinal, nos enxergar? Ao solicitar portfólios, peguei alguns sem nenhuma noiva ou casal negro sequer. Encontrei um com DOZE noivas e adivinha? Nenhuma negra. É uma escolha de nos excluir até em um grande momento. É, por vezes, uma segregação, na qual fazem uma pasta separada para noivos negros, como se não fôssemos noivos comuns. Com isso, temos de recorrer a páginas que nos enaltecem, em uma busca desleal por representatividade no casório.
Noiva Damianna / Foto: Nós Em Um Fotografia @nosemumfotografia
Os estereótipos
Quando observamos os maquiadores é um outro imbróglio! Além da baixa referência, temos de buscar alguém que saiba lidar com a pele negra. Que tenha produtos, que compreenda os diversos tons. E nos deparamos com tantos estereótipos da mulher negra, como o fato de, aparentemente, gostarmos somente de elementos chamativos, batom vermelho e brilho! Como é difícil encontrar uma maquiagem de pele negra que seja simples, neutra. Ou com tons diversos. Dessa forma, precisamos torcer para que não fiquemos acinzentadas, esbranquiçadas ou, ainda, amareladas. É procurar penteados e ouvir “mas não quer alisar?” ou “alisar traz mais possibilidades”, “o liso é mais arrumado”. Então, há uma dificuldade de encontrar alguém que saiba, de fato, ter criatividade com o cabelo crespo e cacheado. Ao procurar maquiadoras, percebi um esforço enorme de me encontrar em uma profissional. E a angústia de fazer os demais perceberem o porquê eu precisava de uma maquiadora preta. Simples: ela me entenderia. Logo, saberia finalizar o cabelo pois tinha um semelhante, saberia penteados pois já usou; bem como o que eu sinto.
A importância de priorizar profissionais negros
Quando percebi a discrepância da quantidade de profissionais pretos e não pretos, fiz questão de priorizar os meus, a fim de que se tornassem cada vez mais conhecidos, vistos e lembrados. Com isso, quando optamos por escolher um dos nossos, estamos mostrando o trabalho dele para mais pessoas, enaltecendo e diminuindo o abismo de clientes, seguidores e fama. Além da identificação clara, é saber que o fotógrafo não deixará sua pele acinzentada na imagem ou que a equipe de filmagem não cortará seus traços. É fazer mais pretos conhecidos! Divulgar e torná-los presentes, observando o que deseja para seu grande dia. Indicar para outros casais e fazê-los referência não só para casais negros, para todos. É tornar a maquiadora preta especialista em nossa pele, brilhando e tão famosa quanto as outras. E aproveitar todos os ângulos, traços e maravilhas de quem somos, dentro de um sonho que é o casamento. Nesse dia, temos de nos reafirmar, não nos esconder; mostrar nossa beleza diária ao lado de quem a gente ama e quer passar a vida.
Segundo informações do THR, Danai Gurira foi confirmada como uma das protagonistas de ‘Black Panther: Kingdom of Wakanda‘, nova série da Disney+ sobre o reino de Wakanda. A atriz voltará a encarnar a general Okoye, papel que interpretou em “Pantera Negra”, em 2018.
A série, que ainda não teve muitos detalhes revelados, é uma parceria entre a Disney e Proximity Media, selo de Ryan Coogler, diretor de todos os projetos que envolvem Wakanda atualmente. O site Nerdist vai além, e afirma que Okoye vai receber sua própria série, o que não seria surpresa, já que a personagem se tornou extremamente popular entre os fãs do Universo Cinematográfico Marvel.
Na série ‘Falcão e o Soldado Invernal’, a Dora Milaje que dá o ar da graça é Ayo (Florence Kasumba), e deixou boas impressões, fazendo frente à habilidade de combate ao Soldado Invernal de Sebastian Stan. Com a série sobre Wakanda confirmada e a possível produção sobre Okoye em vista, será possível vermos mais da guarda real do reinado do Pantera Negra. Quando estreou, em 2018, o longa se tornou um marco em vários aspectos e um deles foi ver tantas mulheres pretas em posição de comando e em batalhas antes só demandadas aos homens.
Imagem: Marvel Studios
Okoye foi criada pelo roteirista Christopher Priest e pelo ilustrador Mark Texeira, estreando em 1998 numa HQ do Pantera Negra. Okoye se alistou ainda adolescente nas Dora Milaje e se tornou grande amiga de Nakia (no filme é interpretada por Lupita N´yongo), com essa amizade sendo abalada por causa da transformação de personalidade de Nakia, que obcecada por T’Challa, ficou extremamente violenta.
Vamos aguardar mais informações sobre os próximos passos de Ryan Coogler e Disney para o fascinante reino de Wakanda.
Mãe Meninazinha de Oxum, comanda o Ilê Omolu Oxum.
A dirigente do Ilê Omolu Oxum e uma das principais referências do candomblé no país, Mãe Meninazinha de Oxum, reinaugura no próximo sábado (29) o Museu Memorial Iyá Davina, às 18 horas, nas redes sociais do Ilê. Criado em 1997, o museu reúne um acervo de objetos sagrados e de uso rotineiro, fotografias e documentos guardados pela matriarca e configura-se também como uma importante coleção etnográfica para pesquisa e preservação da memória dos povos de matriz africana.
Reconhecido como o primeiro museu memorial do gênero no estado do Rio de Janeiro, o Museu Memorial Iyá Davina possui um acervo com mais de 120 itens inventariados e recebe, desde então, a atenção das comunidades tradicionais afro brasileiras das mais variadas partes do país, além de estudantes, pesquisadores e turistas. A instituição museológica é registrada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e se apresenta como uma das únicas opções de museus no município de São João de Meriti, localizado na região metropolitana do Rio.
Primeiro Adjá (sineta ritual utilizada no candomblé) do Ilê Omolu Oxum. Foto: Alex Ferro.
Mãe Meninazinha de Oxum revela que este legado faz parte da história e precisa ser tratado com todo o respeito que merece. ”Ao longo dos anos, procurei seguir os passos de minha avó materna e também minha mãe de santo, para preservar o nosso patrimônio. Eu queria um espaço para contar a nossa história: um museu de memórias e de preservação deste acervo. Um objeto em especial me despertou para esta ideia, o banquinho de madeira da minha avó. A partir daquele objeto, comecei a reunir os outros e percebi que tínhamos uma coleção importante”, relembra Mãe Meninazinha.
Ela conta, também, que criar um museu como este não foi tarefa fácil. ”Na época, parecia maluquice ter um museu num terreiro, mas conseguimos o fato inédito de criar, ainda nos anos 90, um museu dedicado a abrigar uma parte da memória do candomblé a partir da trajetória da nossa família de axé”,conclui a Iyalorixá, que é a principal liderança do movimento que após longa mobilização da comunidade afrobrasileira, conseguiu a transferência da primeira coleção etnográfica tombada pelo Iphan, em 1937, de objetos sagrados das religiões de matriz africana, da Polícia Civil para o Museu da República.
A curadoria é assinada por Marco Antonio Teobaldo, que atenta para a relevância dos artigos já que, além de revelarem suas trajetórias, permitem manter viva a biografia daqueles que os utilizaram. ”A partir deste acervo inicial guardado ao longo dos anos por Iyá Davina e, posteriormente, com outros itens agregados por Mãe Meninazinha de Oxum, conseguimos construir uma narrativa sobre uma parte do candomblé da Bahia que se deslocou para o Rio de Janeiro no começo do século passado, a organização dos primeiros terreiros e rodas de samba na Região Portuária, o deslocamento dos povos de terreiro para a Baixada Fluminense e a formação destes núcleos de resistência.
No mesmo dia, o Ilê Omolu Oxum lança o documentário “Balaio de Omolu”, onde Mãe Meninazinha remonta os primórdios da fundação do seu terreiro, na Marambaia, município de Nova Iguaçu, até a sua transferência para São Mateus, em São João de Meriti, revivendo suas lembranças com o grupo de remanescentes daquela época e revisitando o acervo de objetos sagrados do Museu Memorial Iyá Davina. O média-metragem tem 28 minutos e é uma produção da Quiprocó Filmes — dirigido por Fernando Sousa e Gabriel Barbosa, com a co-realização do Ilê Omolu Oxum e da Quimera Empreendimentos Culturais.
Balaio de Omolu, 2021, 28′
Sinopse: A Iyalorixá do Ilê Omolu Oxum, Mãe Meninazinha de Oxum, revive suas lembranças junto a seus filhos e filhas de santo, desde o tempo de fundação de seu terreiro, na Marambaia, município de Nova Iguaçu, até a sua transferência para São Mateus, em São João de Meriti. Tais lembranças são revisitadas a partir do acervo de objetos sagrados do Museu Memorial Iyá Davina. Atotô.
Elza Soares visita mural em sua homenagem no Rio de Janeiro. Foto: Hugo Leo Lourenço.
A grande estrela da música brasileira, Elza Soares, esteve em Água Santa, bairro do subúrbio carioca onde foi criada, para agradecer de perto a uma grande homenagem: um mural retratando a mulher do fim do mundo. A obra foi pintada pelo grafiteiro Cazé e idealizada por Pedro Rajão, do movimento Negro Muro, especialmente para Elza.
Foto: Hugo Leo Lourenço.
Outros artistas já foram retratados pelo projeto, que atua desde 2018 pintando vários muros da cidade com personalidades pretas do Brasil e do mundo. Cartola, Marielle Franco, Mãe Beata de Iemanjá e o maestro Moacir Santos são alguns dos nomes que já foram eternizados em muros do Rio de Janeiro. O projeto Negro Muro foi vencedor do Prêmio Benfeitoria de Financiamento Coletivo na categoria Cultura.
Neste sábado, Elza Soares é uma das atrações musicais do Prêmio Sim à Igualdade Racial, idealizado pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) que celebra pessoas, projetos e instituições que atuam no combate ao racismo no país.