O governo alemão anunciou que artefatos preciosos saqueados durante a era colonial serão finalmente devolvidos à Nigéria. As devoluções estão previstas para iniciar em 2022. Segundo agência de notícias Reuters, o governo alemão se comprometeu em devolver os Bronzes de Benin (figuras humanas feitas de bronze, latão e marfim), roubados pelo exército britânico em 1897. Os bronzes foram posteriormente distribuídos por todo o mundo e centenas estão atualmente em museus alemães. A Nigéria busca seu retorno há décadas.
A Alemanha está “liderando o movimento de restituição global. Outras nações europeias deveriam estar dispostas e abertas para reconhecer que todos os objetos saqueados em 1897 pertencem ao povo do Benin”, declarou por e-mail Osaisonor Godfrey Ekhator-Obogie, pesquisador do Instituto de Estudos de Benin. “Como a Alemanha, eles também deveriam iniciar ou se juntar ao diálogo para discutir o futuro desses objetos. Esta decisão foi uma trégua com as partes, não uma vitória ou o vencedor leva tudo. Vou contar aos meus filhos sobre este momento histórico”, completou.
Uma parte do Bronze de Benin (Imagem: Adam Eastland/Alamy)
A Nigéria vem tentando resgatar seus tesouros históricos há anos e, por fim, parece estar contanto com mais boa vontade de seus antigos colonizadores. França e Holanda já tinham acenado para o início de novos processos de restituição em 2019.
Alguns museus de países da Europa tem autonomia para agirem nesses casos, como foi o caso do Museu Nacional da Irlanda que se comprometeu em devolver os bronzes em seu acervo, mas no Reino Unido nenhum museu, por exemplo, pode agir à revelia das ordens de seu governo.
As informações acima foram divulgadas pela agência de notícias Reuters.
A professora Oceya de Souza, de 55 anos, está morando há cinco meses no Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães, em Salvador. Formada em letras pela Universidade Católica do Salvador (Ucsal), Oceya chegou a passar temporadas em quartinhos, mas após não conseguir mais pagar aluguel foi compelida a dormir na rodoviária da capital e posteriormente nas cadeiras do aeroporto.
Segundo reportagem do Uol, a professora lecionava português no colégio estadual Thales de Azevedo. Após ser diagnosticada com fibromialgia (doença caracterizada por fadiga, alterações na memória e dores musculares crônicas), Oceya teria se afastado das funções no colégio por esse motivo, mas teve seu pedido de aposentadoria negado pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia.
Imagem: Rafael Martins/UOL
Apesar do pedido de aposentadoria recusado, a professora diz que não está na folha de pagamento e questiona: “Eu me aposentei, morri ou continuo ativa? Só queria saber isso. Por que já me tiraram da folha?” Pela mesma razão, lhe teria sido negado o auxílio emergencial. “Como vão me dar auxílio se eu consto como funcionária pública?”, questiona.
Sem pagamentos, Oceya sobrevive com ajuda de conhecidos. “Tenho um grupo de amigos e conhecidos que me ajudam. São colegas professores, feirantes que doam alimentos e até um vereador que me ampara. Sobrevivo graças a eles”, afirma.
Oceya dorme do jeito que dá/ Imagem: Rafael Martins/UOL
Sem filhos, Oceya revela que o pai faleceu no início da pandemia e a mãe quando ela ainda era bebê. Segundo afirma, os irmãos ficam com a pensão e não oferecem ajuda. A saga dentro do aeroporto só é interrompida quando em alguns momentos consegue passar alguns dias em quartos cedidos por bem feitores.
A reportagem do Uol apurou que as alegações de Oceya de Souza tem fundamento com base nas apurações feitas, incluindo seu vínculo com a escola Thales de Azevedo. Sobre a aposentadoria negada a Secretaria de Educação respondeu aos questionamentos informando que a servidora “faltou duas vezes aos exames da perícia médica” para seguir com o pedido de aposentadoria, situação que Oceya nega. Sobre a suspensão dos pagamentos, a secretaria informou que foram suspensos “porque a servidora não realizou o recadastramento obrigatório”.
Na mesma reportagem, Oceya é descrita como extremamente lúcida e inteligente. Funcionários do aeroporto dizem que ela não incomoda. “Acreditei na história. Você vê logo que é uma mulher sábia e letrada. Como pode uma professora de português ficar assim?”, questiona o taxista Reginaldo Cohim.
Todos nós gostaríamos de ter essa resposta para dar a Oceya de Souza.
Por Jonathan Raymundo – Professor de História e Filosofia, palestrante, escritor e produtor cultural
É preciso relembrar que família é o núcleo duro, o átomo de qualquer povo/civilização e é por isso que a família africana foi o primeiro alvo da dominação física/espiritual/simbólica do projeto colonial. Por isso, é ainda a desestruturação da família preta um dos pilares da manutenção da nossa condição subalterna.
Quando falamos em Família Preta falando de Poder e de Restauração comunitária. Estamos falando de sobrevivência e permanência, estamos falando do único caminho no qual o nosso povo resgatará a sua dignidade global. É sobre isso e não sobre uma espécie de controle vulgar e mesquinho.
Lembra quando a família era organizada por contrato? Por decisões dos chefes de famílias? Por acordos de sobrevivência de oligarquias? Tudo isso tem a ver com Poder.
Família tem a ver com poder e por mais que você ache que escolhe a sua livremente, você precisa tomar consciência que os que exercem o poder não brincaram com coisa tão séria. Natalidade e sobrevivência são coisas sérias.
Manutenção de patrimônio é coisa séria. Manutenção de valores culturais e espirituais é coisa séria.
Lembro quando criança era ensinado na igreja sobre o perigo de me relacionar com ímpios. É coisa séria, saca?!? Pena muita gente cair no conto liberal de que a família é uma escolha meramente individual, quando a tv brasileira de forma escandalosa continua a apresentar ou famílias brancas ou interraciais.
Comunicando direto ao subconsciente de nossas crianças o compromisso eugenista de clarear as famílias. É sobre poder. O romantismo infantil e essa alienação liberal continuará fazendo com que a frase da ancestral Harriet Tubman faça sentido:
“Liberei mil escravos, poderia ter libertado outros mil se eles soubessem que eram escravos”. Família é sobre poder. Você quer poder ou não?!?
Kleber Cavalcante Gomes, o Criolo, vive seu maior tempo distante dos palcos desde os 13 anos de idade. A pandemia afastou o rapper do público, ao menos presencialmente.
Com lançamentos de singles como “Sistema Obtuso” e “Fellini”, Criolo continua se mantendo entre os artistas mais relevantes da nossa MPB. Desde o álbum ‘Nó Na Orelha’, de 2011, o filho do Grajaú foi alçado a um dos nomes mais requisitados para parcerias, seja na cena do rap nacional ou da MPB, dividindo estúdio e palco com nomes como Ivete Sangalo, Milton Nascimento, Emicida e Rashid.
Nina Simone disse uma vez que o artista deveria refletir seu tempo e no Brasil, Criolo pode ser encaixado sem reservas entre os músicos que não tem receio de serem um reflexo de momentos conturbados em que o páis foi jogado. Em 2018, o clipe cinematográfico de “Boca de Lobo” evocava mais referências do que os dedos da mão podem contar, desde o governo Temer, os casos crescentes de dengue e chikungunya, passando pelo assassinato de crianças por policiais militares no Rio, enquanto a letra faz referência a Pablo Escobar, Pablo Neruda.
Imagem: Acervo do artista
Após ‘Boca de Lobo’ vieram canções emblemáticas como o manifesto ‘Etérea’, sobre o respeito a diversidade no amor (Uma bala/ Quase hétero/ Etérea, massa, complexo/ De não se entender/ Um canalha/ Quase hétero/ Ignorar amor por complexo/ Medo de nele se ver), ‘Sistema Obtuso’, trazendo mais um clipe denúncia sobre a destruição da Amazonia, estrelado pelo ator Júlio Andrade, fazendo papel de grileiro e a mais recente ‘Fellini’, com sua letra imagética: “Parafal e granada/ favela em desgraça/ Só agrada o dono do poder/ 2020 afogando os Nazi/ Eu nem sou violento, nem quero ser/ Entrada de ano trocando no asfalto/ se tiver de palio vai morrer”.
Criolo falou brevemente ao Site Mundo Negro sobre esses lançamentos, a tristeza de estar longe dos palcos e esperança num país melhor.
Confira a entrevista completa abaixo:
Mundo Negro:A pandemia afastou artistas do público. Para você como foi lidar com esse distanciamento dos palcos? Criolo: Desde os meus 13 anos de idade nunca fiquei tanto tempo sem cantar, dá um tristeza danada na gente .
Mundo Negro: Os fãs foram presenteados nos últimos anos com singles como “Sistema Obtuso” e mais recentemente “Fellini”, no entanto seu último disco de inéditasfoi “Espiral de Ilusao”, de 2017. Há previsão para um próximo álbum? Criolo: Tenho algumas canções e espero poder dividir logo com todo mundo, só não sei o formato. Se for um álbum vai ser tão bom!
Mundo Negro: Desde que “Nó da Orelha” foi lançado, você passou a transitar em parcerias com artistas do mainstream como Ivete Sangalo, do Underground como Rashid e com mestreas da MPB como Milton Nascimento. Diante de todas essas experiências como acha que o Criolo pré “Nó na Orelha” se enxergaria hoje? Criolo: Como alicerce pra essas andanças na música. O rap e sua força me conduziram a caminhos lindos e a gratidão é eterna.
Mundo Negro: Há uma qualidade vocal para o canto na sua voz que nem sempre é presente nos rappers brasileiros. Quando você percebeu que tinha qualidade vocal para o canto? Criolo: Na verdade, eu acredito que esse vocal está sim com os Mcs. Seja no rap, no funk ou no trap, antigamente não tínhamos o espaço e eram poucas também as referências. Hoje vejo jovens no rap, no funk e no trap construindo suas melodias, explorando suas extensões vocais, isso é mesmo algo que me alegra. Só um pouquinho de calma, paciência e um tempinho de pesquisa vocês vão encontrar lindas vozes.
Imagem que representa bem a inquietude de Criolo
Mundo Negro: Você já mudou algumas passagens de suas músicas porque entendeu que determinado trecho era ofensivo a um grupo social. Acha que a mudança é um apagamento da obra que reflete um certo período da história do artista ou crê que essas revisões devam ser mais frequentes? Criolo: Não entendo que seja apagamento, nesses casos são correções onde o antes e o depois servem para se compreender o caminho do aprendizado. E a frequência disso é o coração que diz aquilo que você encontra em você e no outro.
Mundo Negro: O que você anda ouvindo de música nesse ano pandemico que tem te inspirado como artista? Criolo: Muito rap, muito, muito Milton Nascimento e de tudo um pouco.
Mundo Negro: No clipe de “Sistema Obtuso” há uma mensagem forte sobre as queimadas acontecidas na Amazonia. Enxerga uma melhora no aspecto da preservação ambiental num futuro próximo? Criolo: Não se continuar assim. Vai ser como um trecho final de uma música dos Racionais: “minha verdade foi outra, não dá mais tempo pra nada…”
Mundo Negro: “As pessoas não são más. Elas só estão perdidas”. Você chegou a duvidar dessa frase diante do cenário político e social pelo qual estamos passando? Criolo: Me apego nessa juventude, que nos momentos de crise do país têm apresentado caminhos para transformação. Inspirando pessoas de todas as idades e classes a se movimentar de modo positivo.
Mundo Negro: O rap é caracterizado por abordar temas sociais e dar voz e visibilidade as agruras das quebradas. Nos últimos anos tivemos a ascensão de artistas que, assim como o funk ostentação, gosta de rimar sobre riquezas, conquistas, e focam menos nas denúncias de violência policial, abusos de poder politico. Por que acha que houve a mudança de discurso? da cena do rap. Criolo: Não houve mudança é que algumas músicas giram mais que outras. As vezes, quando um jovem fala que quer ter uma mansão é pelo motivo simples e cruel da sociedade lhe apresentar o seguinte quadro: tem dinheiro? Ok !!! Não tem? você é tratado como lixo. Simples, cruel e real retrato de um efeito eficaz. Nossos jovens cansaram de ser vistos como lixo. Entenderam o jogo e foram jogar, no meio disso tudo muito se ganha e muito se perde, mas isso é fruto de algo que não foram eles que construíram, os jovens tentam de alguma forma sobreviver a tudo isso. Cada um responde do- seu jeito as pancadas que a vida dá. Mundo Negro: “Povo Guerreiro”, “Etérea”, “Boca de Lobo”, são canções de samba, eletrõnica e boombap com pitadas de trap. Quando poderemos te ouvir cantando um rock ? Criolo: Tenho ainda muito a aprender e viver para um dia escrever e cantar rock.
Mundo Negro: Saúde mental, ausência de afetos, exercício da sexualidade com o próximo, tem sido assuntos muito discutidos pelas pessoas que cumprem o isolamento enquanto a pandemia não arrefece. Como tem lidado com os fatores citados? Criolo: O momento é fúnebre, manter-se vivo é a lei. De onde eu vim essa lei existe há 500 anos, antes da pandemia, e agora segue com mais dificuldades e desafios. O Brasil disse que pobre não tem direito a viver. Aqui nessa terra a gente sobrevive, e a arte é um dos caminhos pra se preparar uma mudança, tendo a educação com nossos professores/as como alicerce fundamental para esse passo.
Mundo Negro: O Site Mundo Negro é um portal que tem como público alvo e majoritário pessoas negras e você é uma referência para muitos de nossos leitores. Uma mensagem sua para tempos difíceis em um país que massacra negros, gays e mulheres? Criolo:A gente segue e a gente não desiste! A gente luta, grita, sorri, chora, mas a gente é a gente em alma, carne e sonhos! Nós somos lindos e é Pokas Idea, ok !?
No último sábado (24) foram anunciados os indicados aos prêmios BAFTA® durante uma cerimônia virtual. Ao todo, a HBO conquistou 16 indicações. Entre os destaques, a minissérie original dirigida pela atriz, roteirista e diretora Michaela Coel ‘I MAY DESTROY YOU‘ recebeu oito indicações, incluindo as três das principais categorias do evento: Melhor Minissérie, Melhor Atriz, pela performance de Michaela Coel, e Melhor Ator, pela performance de Paapa Essiedu.
Baseada nas experiências pessoais de sua protagonista, criadora e codiretora Michaela Coel, a I MAY DESTROY YOU explora a questão do consentimento sexual na vida contemporânea e como, no atual cenário de encontros e relacionamentos, é feita a distinção entre liberdade e exploração. Franca e provocadora, a minissérie, que também foi indicada ao Screen Actors Guild deste ano pela performance de Coel como Arabella, conquistou indicações nas categorias Melhor Minissérie, Melhor Atriz, Melhor Ator, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Direção de Ficção, Melhor Edição de Ficção, Melhor Cabelo, Maquiagem e Melhor Roteirista de Drama.
Além da série de produção de uma mulher preta ‘I MAY DESTROY YOU’, a HBO foi reconhecida pela série dramática LOVECRAFT COUNTRY, de produção de Jordan Peele.
A 15ª edição do British Academy Television Awards será realizada em 6 de junho e todas as produções estão disponíveis na HBO GO .
A brasilidade do violão aliada à batida de funk dão o tom da música. “Nós segue a meta porque a meta é recuar jamais. Não sai da área de conforto quem tá rodeano. E nunca ache que o seu sonho é querer demais, lembra do corre que é feito no cotidiano”, dizem os primeiros versos despejados na voz e no flow inconfundíveis de Rincon Sapiência. Assim começa “Cotidiano”, novo single que o cantor e compositor, da Zona Leste de São Paulo lança através da Altafonte.
A faixa traz células do funk rasteiro e conta o dia-a-dia da periferia, que apesar das dificuldades, se mantém confiante. A letra soa como incentivo para se seguir em frente. A faixa é produzida por Oldilla Beats, jovem produtor também da Zona Leste de São Paulo. “A ideia é trazer um texto para a periferia se identificar. É importante ter orgulho do nosso lugar de origem, sem abrir mão do desejo de ver as coisas mudarem pra melhor. O momento social do mundo pede muito isso”, acredita Rincon.
Ele explica que no contexto histórico do Brasil, o cotidiano do homem preto e da mulher preta sempre foi sobreviver, mas viver também é importante. “Aproveitar o momento, as formas que a periferia criou de sociedade. Muitas vezes é esgoto a céu aberto, mas também tem árvores, áreas verdes, praças. É falar sobre progresso, saúde, não necessariamente sobre estar numa mansão, morar no bairro X, ou ter um carro Y. É mostrar as outras formas de viver bem”, desenvolve o rapper, que mesmo citando referências automotivas, grifes, costura um texto que frisa também a importância das coisas simples: “…cheio de marca nessas roupas isso custa caro, se não tem grana pra comprar pode ficar tranquilo. Quem nasce no berço de ouro o dinheiro compra, mas veja bem é maloquêro é quem tem estilo”.
A principal referência desta música é o funk consciente, vertente do ritmo que tem se destacado em São Paulo e vem narrando a convivência nas comunidades, mostrando as vielas das quebradas nos clipes, assim como fazia o rap nos anos 90. “Tem um bonde fazendo músicas incríveis como MC Lipe, Paulinho da Capital, Kayblack, Hariel e Menor da VG. Tenho curtido bastante, porque vejo como as pessoas recebem essas mensagens e cantam emocionadas. Por isso me senti à vontade de trazer essa energia pra minha música também”, justifica.
Por Kelly Baptista, especialista em gestão de políticas públicas e coordenadora geral da Fundação 1Bi, apoiada pelo Grupo Movile
Passado mais de um ano de pandemia, a Educação continua em estado grave no Brasil. Para quem acompanha o setor, esse cenário não é novo – apesar de espantoso. Embora haja investimentos, os recursos não chegam a todos. A Educação formal, até então centrada na relação entre aluno e professor na sala de aula, precisou se adaptar e crianças e adolescentes de todas as regiões do país tiveram de seguir com os estudos de forma remota. Para muitos, a falta ou escassez de acesso à internet e de aparelhos, como smartphones e computadores, trouxe um desafio extra àqueles que já sofriam com um ensino precário.
Ainda assim, mesmo com dificuldades, foi registrado um crescimento na quantidade de domicílios com acesso à internet no país, principalmente na região Nordeste, de acordo com a PNAD Contínua TIC 2019, divulgada pelo IBGE, que estudou o acesso à Tecnologia da Informação e Comunicação.
Os dados da PNAD evidenciam que a desigualdade no acesso ao recurso afeta, de forma mais severa, as escolas públicas. De todos os estudantes sem internet no país, 95,9% estavam em escolas públicas em 2019, número que correspondia a cerca de 4,1 milhões de alunos. Com a pandemia e o aumento da pobreza, esperamos impactos ainda maiores nesse acesso, visto que muitas famílias sequer conseguem garantir a subsistência. Assim, as desigualdades se sobrepõem, aumentando o abismo entre crianças e jovens brasileiros na área da Educação.
Outro dado alarmante vem do relatório do Banco Mundial sobre a Educação. O documento aponta estimativas espantosas em relação ao impacto do fechamento das escolas na região da América Latina e do Caribe. Em média, estima-se que quase dois terços dos estudantes do Ensino Fundamental podem não ter a capacidade de ler ou compreender um texto para a sua idade. No caso do fechamento das escolas por 10 meses, a estimativa é da perda de 1,3 ano de escolaridade ajustada pela aprendizagem, segundo o mesmo relatório. Esse período terá grande impacto no futuro dos jovens, porque não será recuperado. E sem políticas públicas para todo o Brasil, a desigualdade aumentará.
Enquanto os estudantes que têm recursos financeiros e acesso à internet avançam nos estudos e conseguem manter uma rotina de aulas consistente, grande parte dos estudantes de escolas públicas sofre sem acesso à tecnologia e sem o direito de acompanhar as aulas. Mesmo na área urbana, como em Parelheiros, bairro em São Paulo, ainda há dificuldade no acesso à internet. As pessoas que fazem o uso dela precisam pagar caro para terem bons planos de internet wifi.
Mas, então, qual a saída para um cenário tão desolador? O que podemos fazer para que essas previsões não se concretizem? Como é sabido, a desigualdade educacional que o Brasil vive não é de agora; apenas se intensificou com a pandemia. Pensando nisso, iniciativas encabeçadas pela sociedade civil organizada passam a ter papel central para tirar a Educação desse papel de coadjuvante que até então foi relegada. E a tecnologia tem o potencial de compartilhar informação e promover uma educação inclusiva e de qualidade, se os investimentos corretos forem feitos. Sem o olhar focado e estratégico dos governos para a educação, ONGs e empresas buscam contribuir com a mudança desse cenário.
No entanto, com o agravamento da crise, as ONGs estão enfrentando um momento delicado. Muitas contam com poucos recursos e doações e estão deixando de lado alguns projetos para dar prioridade a alimentar a população que atendem e que passa fome. Infelizmente, resta pouco recurso para que as entidades desenvolvam iniciativas tão importantes em outros setores, como educação, cultura e esporte.
Tornam-se então ainda mais necessárias políticas públicas que levem mais antenas de internet para as periferias e regiões ainda marginalizadas dos rincões de nosso Brasil e investimentos para melhorar a qualidade do ensino público. Este será o início de uma história em que todos os jovens brasileiros terão oportunidades iguais para disputar vagas nas melhores universidades e concorrer em pé de igualdade às melhores oportunidades profissionais.
Não sabemos quando o isolamento social acabará e, mesmo em um cenário mais seguro à saúde das crianças, o ensino híbrido dá indícios de ser o modelo educacional para os próximos anos.
Precisamos do investimento privado e de parcerias com o governo para a retomada de uma educação continuada para os estudantes de escolas públicas em todo o Brasil. Sem isso, teremos uma geração perdida e repetiremos todo o ciclo de exclusão e miséria que já é repetido hoje. O mercado de trabalho tem dado cada vez mais atenção à diversidade e inclusão nas empresas, mas ainda enxerga pouco o início de carreira dessas pessoas, que está lá na educação de base desses jovens na periferia. É preciso se unir para evitar o colapso da Educação no país.
Chadwick Boseman e Michael B. Jordan - Foto: Reprodução Instagram
O fato de Chadwick Boseman não ter levado o Oscar de Melhor ator por sua atuação como o atormentando Levee Green, em “A voz suprema do Blues” deixou muita gente indignada. No entanto, olhando num contexto maior, a contribuição do nosso eterno T’Chala para arte foi bem maior. E foi esse o pensamento compartilhado por Michael B. Jordan ao falar sobre seu falecido amigo durante o programa americano The View, na última quinta-feira, 29.
Jordan respondeu a pergunta da atriz e apresentadora do programa Whoopi Goldberg sobre qual a reflexão poderia ser feita a respeito de grandes atuações, ao analisar a derrota de Boseman para Anthony Hopkins. “Assistindo ao filme e vendo a sua atuação, para mim, a gente o vê entregando a sua ultima performance. E é algo que ele mortalizou dessa forma. Seu legado vai existir para sempre. O impacto que ele teve e que vai continuar a ter em mim e nas pessoas ao redor do mundo vai sempre existir”, respondeu.
O protagonista de Sem Remorso (Amazon Prime) continua sua reflexão sobre a grandeza do saudoso colega. “Não existe prêmio, não há vitória que terá impacto sobre esse legado. Sua vida como um todo vai representar isso. O que ele representa, o que a sua família representa, no final do dia é o que temos, é o controle que temos. O resto é opinião e especulação dos outros”, finalizou Jordan.
O chef congolês Pitchou Luhata Luambo, dono do tradicional Congolinária, restaurante especializado em comida vegana do Congo, gravou em suas redes sociais um vídeo desabafo sobre a reação da apresentadora Ana Maria Braga ao experimentar o ugali, uma comida comum em todo continente africano. No programa Mais Você, exibido no último dia 28, a apresentadora tratou com deboche o prato preparado pelo camaronês ChefSam, sorrindo da aparência da comida feita com farinha de milho e água.
Imagem: Chef Luambo
No telão, a apresentadora é acompanhada pelo jornalista esportivo, Thiago Oliveira, que comenta: “Boa sorte, Ana. Qualquer coisa a gente se vê algum dia”. Luambo questiona o jornalista desejar “boa sorte” por alguém experimentar uma comida africana: “Esses ingredientes são aqui do Brasil. Ele cozinhou no Brasil. Sabe o que você tem medo de matar, seu preconceituoso? O preconceito que está dentro de você”, desabafa o chef.
O dono do Congolinária ressaltou em seu desabafo que ningué nunca morreu na África ou em seu restaurante após comer ugali. No programa foi apresentado como comida típica queniana, mas é uma comida popular em quase todos os países da África, podendo receber diversos nomes como ngima, obusuma, obuchima, kimnyet, nshima, mieliepap, phutu, sadza, kuon, gauli, gima, isitshwala, ubugali umutsima, etc.
Enquanto Oliveira mastigava, a apresentadora comentou que o prato tinha uma aparência feia, o que também foi rebatido por Luambo que respondeu que “feio é a atitude e postura” dos dois apresentadores em rede nacional. “Feio não é a comida, feio não é a receita. Feio é seu preconceito”, afirmou.
Chamou a atenção também a pequena aula de jornalismo que Luambo precisou dar uma pequena aula de jornalismo aos globais, que acusaram a comida de não ter gosto. O chef lembrou que com um pouco de investigação, saberiam que o ugali é água e farinha, sendo sempre acompanhado por um molho para dar gosto.
Curioso que em um programa culinário e com a presença de um jornalista de ofício como convidado tenha havido um show de desinformação e que tenham de ser corrigidos.
Thiago Oliveira e Ana Maria Braga experimentam o ugali em tom de deboche no Mais Você.
Seguindo com o tom debochado,ao comentar o livro “Nuvem de Terra”, escrito por Plácido Berci sobre sua experiência como correspondente esportivo no Quênia, a apresentadora diz que espera que a viagem tenha sido melhor que o ugali, seguido de gargalhadas. Pitchou Luhata Luambo reagiu a essa passagem apontando algo que parece óbvio para alguns, mas passa batido para quem vê com olhos menos atentos: “Nunca dei entrevista para vocês por causa dessa falta de respeito que vocês tem com povo africano. Vocês não respeitam nossa cultura. Vocês querem nos usar”, declarou.
Outra observação pertinente feita pelo fundador do Congolinária foi a diferença com que um chef preto e um chef branco são tratados. Para ele se o chef Jacquin, integrante do Masterchef, tivesse preparado a comida, a reação seria radicalmente diferente.
“Que culinária africana você conhece? Acarajé e cuzcuz marroquino?”, ironizou Luambo, que em sua visão acredita que o ChefSam foi humilhado. Ao fim do vídeo, o chef lembra que participando da cena estava uma pessoa que deveria entender o que estava acontecendo: “Você, Thiago, não adianta falar que ‘eu negro’, eu sou da África. Você é o que está dentro do seu coração”, desabafou sobre o repórter Thiago Oliveira.
Recentemente, Ana Maria Braga se envolveu em polêmicas com relação á comunidade negra após aparcer de dread e posteriormente por falar que existia racismo reverso. Em ambos os casos pediu desculpa nas redes sociais.
Resta saber quantos pedidos de desculpas suportamos aceitar.
Chegou hoje na Netflix Brasil a série “Yasuke” que conta a história do primeiro AfroSamurai, Lakeith Stanfield (indicado a melhor ator coadjuvante por Judas e o Messias Negro no Oscar 2021) dá a voz a Yasuke. O anime leva o espectador a uma viagem pelo Japão feudal.
Sobre Yasuke:
Yasuke é o novo anime original da Netflix, baseado na figura histórica do guerreiro de ascendência africana que serviu o daimyo japonês Oda Nobunaga durante o período Sengoku, num conflito samurai no Japão do século 16.