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“A Tábua de Esmeralda”: análise sobre o mais famoso álbum de Jorge Ben Jor

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Análise do álbum A TÁBUA DE ESMERALDA, 1974, de Jorge Ben Jor

Jorge Ben Jor, o ícone e a história

Jorge Duílio Lima Menezes ou simplesmente Jorge Ben Jor! Aos 22 de março de 1945 nasce o grande carioca, em Madureira  –  criado em Rio Comprido –  negro e apaixonado por futebol e pelo Flamengo; características essenciais para conhecer um pouco mais do artista. É cantor e compositor, além de multi instrumentista cujo instrumentos são o violão, guitarra e pandeiro. Um gênio da MPB!

Jorge já foi seminarista (jovem que estuda no Seminário de formação para padres – Igreja Católica) e já quis ser jogador de futebol. Mas, para a sorte da MPB, Jorge percebeu que gostava mesmo de música! É um ícone brasileiro cuja musicalidade transcende o espaço e abraça vários ritmos e históricos. Antes da carreira solo, no final dos anos 50, o cantor nutria amizade com outros aspirantes a cantor, na época, Erasmo Carlos, Tim Maia e Roberto Carlos, que fizeram parte do The Sputniks, banda de 1957. Viu, ali, na quebra do grupo musical, nascer a Jovem Guarda e o sucesso de Tim Maia. Com o início da carreira, nos anos 60, o artista de ritmo híbrido participou de movimentos clássicos da música nacional.

As raízes musicais

No primeiro momento, no cenário da Bossa Nova, teve fortes influências de João Gilberto, no entanto, criou seu próprio estilo. Perto da criação da Jovem Guarda, Ben surge com um novo ritmo, que agradava a Bossa Nova e a Jovem Guarda, todavia diferente dos mesmos: o samba rock! Símbolo desse marco é sua canção “Mas Que Nada”. Jorge Ben Jor se consagra em um estilo musical que une o melhor do samba, do rock e da Bossa, com forte influência africana, promovendo, assim, um novo momento da música. Também esteve presente em outro grande manifesto musical: o tropicalismo, ao lado de seus amigos Caetano Veloso e Gilberto Gil. Não à toa o grupo “os mutantes”, da mesma época, gravaram sucessos de Ben Jor, como “Minha Menina” e “País Tropical”. Jorge bebeu de vários espaços musicais, do samba, passando pela Bossa Nova, Jovem Guarda e Tropicalismo, teve sua fase pop, tem seu pé no rock e é eclético como um todo. Fez consideráveis parcerias musicais, por meio de composições compartilhadas, participação na música e shows. Revolucionando o cenário da MPB em todos os sentidos e âmbitos. O mestre do samba-rock mostra a “razão da simpatia, do poder do algo a mais e da alegria”[1].

A representatividade e resistência

Com letras profundas, muito carisma e história para contar, no auge dos anos 60 e 70, Jorge Ben promove reflexões imersas na representatividade racial. As letras com uma política leve, trazem nas entrelinhas a história do negro no país. A hipervalorização racial de Jorge Ben, em meio a uma época de segregação e racismo escancarado, mostra o conteúdo, genialidade e pioneirismo. Em meio ao Regime Militar, lança, em 1971, o álbum de estúdio Negro É Lindo. Neste momento se torna uma grande referência para o movimento negro nacional. Com a faixa homônimo ao álbum, ele diz: “Negro é lindo / Negro é amor, negro é amigo / Negro também é filho de Deus” em um enaltecimento racial que é marco. Além das inúmeras menções raciais na mística das religiões de matrizes africanas, sincretismo com sua religião católica e orgulho negro como em “África Brasil”, “Mama África”, “Criola” e tantas outras.

A Tábua da Esmeralda

O álbum de 1974, ainda no período da ditadura militar, foi lançado com a chamada: “é verdade, sem mentira. Certo, muito verdadeiro”.O nome faz alusão ao Tratado Hermético homônimo escrito pelo Faraó Egípicio Hermes Trismegisto e é o 11º disco de sua carreira sendo considerado o principais de sua carreira, abrindo sua fase de “alquimia musical”. Ganhou o título de 6º melhor disco, na  Lista dos 100 maiores discos da música brasileira pela Rolling Stone Brasil. As referências aos alquimistas[2] tornam as faixas complexas, pois muitas delas usufruem de trechos dos textos dos mesmos. Não à toa a canção “Os Alquimistas Estão Chegando Os Alquimistas” abre o disco e os descreve: “Eles são discretos e silenciosos (…) / São pacientes,assíduos e perseverantes / executam segundo as regras herméticas / desde a trituração, a fixação, a destilação e a coagulação /”

A Tábua de Esmeralda – ritmos e sensações

Contendo 12 músicas e 40 minutos de duração, o disco traz a uma batida alegre em todas as faixas. A presença de pandeiro, violão, baixo e bateria simboliza o ritmo híbrido do artista e do álbum. A sensação de paz, me remete a um ambiente agradável, alegre e de companheirismo. O samba-rock do álbum o torna diferente tanto do samba, quanto do rock. É extremamente agradável e facilmente poderia se tornar música ambiente.

A Tábua de Esmeralda – o enaltecimento feminino

As faixas “O Namorado da Viúva”, “Minha Teimosia, Uma Arma Pra Te Conquistar”, “Menina Mulher da Pele Preta” e “Magnólia” fazem menção à mulheres. Jorge Ben tem o costume de enaltecer as mulheres – sobretudo as negras – em suas canções. Com respeito e delicadeza, o compositor e cantor versa as características da amada como um homem apaixonado, sempre colocando a mulher com poder e carinho.

Em “Minha Teimosia, Uma Arma Pra Te Conquistar”, se declara e coloca a mulher em um pedestal: “Mulher graciosa alcança a honra / Você alcançou, mulher / Minha amada, minha querida, minha formosa”. E assim, as outras músicas também demonstram o amor pelo feminino de forma apaixonada.

A Tábua de Esmeralda –  as referências

A faixa “O Namorado da Viúva” faz referência ao alquimista do século 15,  Nicolas Flamel e sua esposa, a viúva riquíssima e desejada, mas temida. Já “O Homem da Gravata Florida” era o alquimista Paracelso. Bem como as canções “Errare Humanum Est”, “Hermes Trismegisto e Sua Celeste Tábua De Esmeralda”

A tábua de Esmeralda – híbrido musical 

O disco também traz a tona o hibridismo musical de Jorge Ben, seja pelo ritmo ou pela diversidade de assunto. A música “Zumbi”, também presente, conta a história de Zumbi dos Palmares, grande ícone da consciência negra. A faixa “Brother” é cantada toda na língua inglesa” e “Eu Vou Torcer” promove a paz e o positivismo do cantor. “Cinco Minutos”, por sua vez, fecha o álbum e retorna ao romantismo de Ben.

O público

Por mais que a MPB tenha título Música Popular Brasileira, o gênero musical não é o mais popular e é, de certa forma, voltado para a classe média. No entanto, Jorge Ben Jor consegue, através do samba-rock, se tornar mais acessível ao público, promovendo um MPB mais próxima do lado popular. Seu público é singelo, não é voltado para a juventude, no entanto se faz moderna.

Considerações finais

Jorge Ben Jor é o mestre do samba-rock e grande ícone da música brasileira. Meu artista favorito[3], é completo e fiel a sua essência. Nunca manchou sua imagem, nem se envolveu em grandes polêmicas, todavia jamais foi omisso. Sua política e resistência é leve e seu recado é contínuo. Salve Jorge Ben Jor!

Referências:

SANCHES, Pedro Alexandre. O Homem Patropi. Revista TRIP, 2009. Disponível em: <https://revistatrip.uol.com.br/trip/o-homem-patropi>

MILLARCH, Aramis. Disco – Jorge Ben e a sua Tábua de Esmeralda. 1974.  Disponível em:

<http://www.millarch.org/artigo/disco-jorge-ben-sua-tabua-de-esmeralda>

“Os 100 maiores discos da Música Brasileira” – Rolling Stone Brasil, outubro de 2007, edição nº 13, página 109.


[1] Trecho da canção “País Tropical”, de Jorge Ben Jor

[2] Alquimia é uma protociência cuja prática une elementos da Química, Física, Biologia, Medicina, Semiótica, Misticismo, Espiritualismo, Arte, Antropologia, Astrologia, Filosofia, Metalurgia e Matemática.

[3] Dedico este trabalho ao meu amado pai, Paulo Roberto Ferreira, cuja paixão por Jorge Ben foi passado para mim. Sua ajuda foi essencial para a realização dessa crítica.

“Them”: Nova série de terror da Amazon Prime retrata a grande migração

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Imagens: Divulgação/Amazon Prime

A nova série de terror da ‘Amazon Prime’ vem trazendo muitas expectativas para os seus assinantes. Nnomeada “Them”, a história relata a vida de uma família negra que se muda da Carolina do Norte para um bairro totalmente branco de Los Angeles, durante o período conhecido como ‘A Grande Migração’, em 1950.

A casa da família se torna o ponto inicial, onde forças malignas, tanto reais quanto sobrenaturais, ameaçam provocá-los e destruí-los. Contudo, forças malignas se tornam pequenas quando você é uma família negra e mora, em pleno anos 50, em um bairro apenas de brancos.

“Enquanto muitos vêem o Ocidente com óculos escuros rosa,“ Them ”mostra como os efeitos corrosivos do racismo estavam em pleno apodrecimento, mesmo na Cidade dos Anjos. Assim que a família Emory para na garagem de sua nova casa, seus novos vizinhos brancos estão com força total para protestar, liderados por uma proto-Karen chamada Betty Wendell (Alison Pill), em toda sua fragilidade moderna de meados do século.” Retratou um dos autores da nova série.

Entre 1915 e 1960, mais de 5 milhões de afro-americanos migraram do sul dos EUA para o norte, num fenômeno que ficou conhecido como “A Grande Migração”. Segundo relatos, eles estavam em busca de trabalho e uma vida melhor. Um dos exemplos disso, é o pianista Eddie Boyd, que afirmou para a revista ‘Blue Magazine’, Pensei em vir para Chicago, pois lá poderia me afastar de um pouco do racismo e teria a oportunidade de fazer algo com meu talento.”

A família ambientada em “Them” – que na tradução livre significa ‘eles’ – também está em busca de um novo refugio, por isso, compra uma casa na Carolina do Norte, mas ao chegar no novo lar é bombardeado com vizinho brancos e racistas. Tendo que enfrentar muito mais terror no mundo real do que no mundo ‘imaginário’.

A série foi criada por Little Marvin, que também atua como produtor executivo ao lado de Lena Waithe, Miri Yoon e Roy Lee da Vertigo Entertainment, David Matthews e Don Kurt. Them é uma coprodução da Sony Pictures Television e Amazon Studios. Them estrei em 9 de abril de 2021.

“Colocaram sons de Primata” Após ser vítima de racismo, veterinária interrompe palestra online

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Arquivo Pessoal/Talita Santos

Talita Santos, médica veterinária e especialista em pets exóticos viu-se obrigada a parar sua palestra online após sofrer diversos ataques racistas durante a apresentação. A veterinária atende em São Paulo e estava ministrando a palestra para o Grupo de Estudos de Animais Selvagens da universidade na quinta-feira (18) quando, cerca de uma hora depois de começar o conteúdo, foi interrompida por um áudio.

“Abriram os microfones, como se fosse entrar uma dúvida, mas eu não estava entendendo. Começou uma poluição sonora muito grande, barulho, música, sons de primatas, falas do presidente Bolsonaro”, explicou Talita em uma conversa para o G1.

Segundo a médica, o link da palestra era aberto e qualquer pessoa poderia ter acesso. No entanto, ela não conseguiu identificar quem entrou na chamada e fez os ataques racistas. Como diversas pessoas entraram apenas com o objetivo de poluir seu trabalho, Talita e a organização da live achou melhor tirar ela do ar.

Talita é especialista em pets exóticos; Foto: Talita Santos/Arquivo pessoal

Depois do ocorrido, Talita disse que recebeu bastante apoio do grupo de estudos da Unesp, das redes socias e de coletivos negros, como o AfroVet, instagram que reúne médicos e estudantes veterinários negros de todo país, e que haverá um boletim de ocorrência.

“Sinceramente, não é diferente de outros ataques racistas. Não é a primeira vez que acontece, nunca é agradável, mas a vida já calejou bastante. É sempre uma situação ruim, mas ao mesmo tempo não foi algo que me afetou emocionalmente ou me fez duvidar da minha capacidade de trabalho.” Explicou ela para a mesma fonte de notícias citada anteriormente.

A Reitoria da Unesp, por meio da sua assessoria de imprensa, reforçou o repúdio da universidade a essas ofensas e destacou que está empenhada em identificar os autores. Contudo, é válido lembrar que ataques racistas na internet é algo corriqueiro e fácil de achar quem o fez, basta ter eficiência das devidas autoridades.

“Corre dos cílios” com leveza e carisma Lumena Aleluia vem reconquistando os internautas

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Foto: Reprodução/Globo

Com uma passagem turbulenta pela casa do Big Brother Brasil, a baiana Lumena Aleluia conquistou a antipatia da maioria do público e foi a 5º eliminada com 61,31% dos votos.

Após a sua saída, Lumena reconheceu que não conseguiu mostrar o seu lado mais leve no programa por ter se deparado intensamente com seus conflitos internos, agora 3 semanas após a sua saída do reality Lumena está mostrando seu outro lado nas redes sociais e aos poucos conquistando novamente os internautas.

Lumena protagonizou muitos memes durante a participação no BBB, e um deles foi o fato dos seus cílios postiços estarem sempre descolando e prestes a cair, quando saiu da casa Lumena brincou com a situação

“O que foi aqueles meus cílios postiços no BBB? To passada!” brincou a psicóloga

Com a repercussão do tweet, Lumena decidiu fazer uma live aprendendo a colar os cílios postiços e convocou blogueiros e blogueiras para a ajudarem nessa jornada. E o resultado foi incrível, a ex-sister mostrou tudo aquilo que não conseguiu mostrar no BBB, se divertiu, riu e animou o domingo dos seus seguidores!

https://twitter.com/meelmattos/status/1374047177497010184

Confira a live:

Pathy Dejesus é a nova embaixadora da Kérastase no Brasil

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Imagem: Divulgação

Kérastase, marca de tratamentos profissionais dos cabelos pela L’Oréal , anunciou sua mais nova embaixadora no Brasil, a atriz Pathy Dejesus.

Depois de ser uma das protagonistas da série ‘Coisa Mais Linda’, da Netflix, e ser escalada para a próxima novela das 9 na Rede Globo, ‘Um Lugar Ao Sol’Pathy Dejesus tem outro motivo para comemorar: a atriz é a mais nova embaixadora de Kérastase no Brasil, líder mundial em tratamento profissional.

https://twitter.com/PathyDejesus/status/1373015074084896770?ref_src=twsrc%5Egoogle%7Ctwcamp%5Eserp%7Ctwgr%5Etweet

 “Ao longo da minha trajetória desbravei e batalhei por diversas coisas e hoje estou colhendo tudo isso. Venho evoluindo, cuidando de mim e investindo em escolhas significantes para minha vida, como estar ao lado de Kérastase. Conheci a marca através dos profissionais de beleza que cuidam dos meus cabelos e recomendam sempre os produtos de altíssima qualidade, tecnologia e referência no mercado”, revelou a atriz que ainda disse estar muito feliz com a nova parceria.

Ser embaixadora de marcas como essa, que envolvem autoestima e autoconhecimento, prepararam Pathy para as conquistas de sua rotina diária e mais ainda, para o futuro— especialmente ao longo da última década. “Vejo esse momento de vida como um ápice”, reflete.

Programa “afrikafé”, apresentado por Katiúscia Ribeiro e Janamô, estreia no youtube

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Foto @afroafeto Gabriella Maria

Abordando temas atuais através da filosofia africana e do pensamento decolonial, projeto recebe, a cada episódio, convidados representativos, como Gaby Amarantos.

Com a proposta de repensar os saberes e garantir uma emancipação definitiva para a população africana diaspórica, nasceu o “Afrikafé”, programa apresentado pela filósofa Katiúscia Ribeiro e pela multiartista Janamô que estreia dia 22 de março às 10h30 no YouTube.

Abordando temas que estão em alta nos noticiários e dando o que falar nas redes sociais a partir de paradigmas pensados por e para pessoas pretas, a primeira temporada conta com 12 episódios, intérprete de libras e recebe convidados, como a cantora Gaby Amarantos e a biomédica e cientista Jaqueline Goes de Jesus – que sequenciou o primeiro genoma da Covid-19 no Brasil.

Desfazendo o conceito racista e limitador de que negros na televisão só podem comentar a respeito de sofrimento e racismo, entre um gole de café e outro o programa aborda tópicos que vão desde literatura, moda, estética, gastronomia e sexualidade a padrões de consumo, viagens, artes plásticas, artes cênicas, artes visuais, cinema, música, e muito mais. “É muito importante levar no axé das nossas palavras a possibilidade de transformação e, a partir dessas trocas e diálogos, criar outra forma de perceber a si mesmo e olhar à frente”, frisa Katiúscia sobre o projeto que foi aprovado no edital Retomada Cultural da Lei Aldir Blanc do Governo Federal.

Ter nascido em meio à pandemia, aliás, trouxe um significado especial para o projeto. “Num momento em que as pessoas não sabiam quanto tempo duraria o isolamento social, criamos o programa num impulso de convida-las a olhar para o mundo através de uma possibilidade de olhar para dentro de si. Essa troca foi extremamente frutífera porque gerou potência para quem estava, todas as manhãs, se potencializando com o programa, que começou como Café das Manas, virou Café das Pretas e se consolida como Afrikafé – onde a letra K representa a estrutura da energia vital desde a antiguidade africana que, no Brasil, recebe o nome de axé”, conta Katiúscia.

Almejando ser um instrumento de representatividade, nota-se a formação de uma equipe majoritariamente preta nos bastidores do programa, que serve ainda de vitrine para potencializar os convidados, suas obras e contribuições para a comunidade. “Buscamos trazer novas perspectivas e entender como ser melhor dentro desse cenário que a gente vive, como tirar proveito deste momento para nos emanciparmos. O que queremos é apontar caminhos possíveis”, afirma Janamô. “O futuro é ancestral”, finaliza Katiúscia.

lOs episódios estarão disponíveis tanto no instagram do projeto (@afrikafecomaspretas) ou pelo youtube https://www.youtube.com/channel/UC1eo4_xizG-fY6nAeQpk1NA.

Covid-19: variante disparou o número de mortes de pessoas negras, inclusive as mais jovens

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Foto: Reprodução/Redes sociais

Após 1 ano completo de pandemia no Brasil, irresponsabilidade do governo e variantes do Covid-19, pessoas negras seguem sendo a maioria das vítimas fatais.

No último final de semana 2 personalidades negras brasileiras importantes faleceram em decorrência das complicações causadas pelo Coronavírus. O cantor Irmão Lázaro (54 anos) e o ator Edson Montenegro (63 anos).

As duas morte sensibilizaram o país e chamaram atenção para a vulnerabilidade de pessoas negras em relação à pandemia. Visto que pessoas negras -maioria da população brasileira- representam apenas 19% entre o total de vacinados no país e segundo informações da Folha de São Paulo “O excesso de mortalidade entre pessoas pretas predomina no Sudeste, maioria em São Paulo, e no Sul (Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná), onde existem as maiores taxas de desigualdades raciais.”

Segundo levantamento realizado pela A Pública Menos de 2 a cada 100 pessoas negras receberam a 1ª dose da vacina. Com a variante do vírus um outro dado mostra a desigualdade racial do Brasil, no estado de São Paulo, jovens negros estão morrendo 4x mais do que jovens brancos por covid-19

No último sábado, a Folha divulgou um estudo sobre as mortes de pessoas negras no estado de São Paulo em 1 ano de pandemia. Em decorrência da Covid-19, houve um aumento nos óbitos de 25,1% entre negros em 2020 já entre os brancos, as mortes aumentaram 11,5%. E quando é feito um recorte para os jovens a situação é ainda mais grave. A morte de negros chega a ser quatro vezes maior entre pessoas de até 29 anos. 

Os governadores dos estados brasileiros já estão adotando novas medidas de contenção do vírus, como o Lockdown e toque de recolher. No Rio de Janeiro e no Estado de São Paulo tiveram alguns feridos adiantados para conter o avanço do vírus e novamente as praias e funcionamento de serviços e comércios não essenciais estão proibidos.

Profissionais do audiovisual brasileiro poderão solicitar benefício do fundo Amazon Studios

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Foto: Reprodução/Internet

O Amazon Prime Video e o Amazon Studios anunciam para amanhã, dia 23, a abertura das inscrições para solicitar o benefício do Fundo Amazon Studios e Prime Video, que é gerido pelo Instituto de Conteúdos Audiovisuais Brasileiros (ICAB) e voltado a apoiar os profissionais do setor audiovisual brasileiro que tiveram sua renda comprometida devido à pandemia da COVID-19.

Os profissionais que se enquadrarem nos critérios de elegibilidade, descritos abaixo, podem solicitar o benefício sob forma de doação em único depósito.

É importante ressaltar que esse apoio não demanda qualquer vínculo, associação ou envolvimento profissional com o ICAB, com o Amazon Studios e/ou com o Amazon Prime Video, assim como também não caracteriza qualquer tipo de acordo contratual.

As inscrições permanecerão abertas por no máximo 4 meses ou até que os recursos estejam esgotados. Para se inscrever, basta acessar o site nesse link.

Quem pode solicitar:

Os beneficiários devem ser pessoas físicas que reúnam todas as características abaixo:

  • Brasileiros natos ou residentes permanentes em território brasileiro;
  • Atuem na área de produção brasileira cinematográfica e televisiva independente, excluindo produção publicitária, e que estejam incluídos na relação de funções elegíveis para o benefício;
  • Comprovem o exercício na função declarada e elegível no período a partir de janeiro de 2019 até esta data;
  • Possam comprovar que têm na produção audiovisual a principal fonte de renda desde janeiro de 2019 até fevereiro de 2021;
  • Que antes de janeiro de 2020 recebia de forma semanal, quinzenal ou mensal uma remuneração pelo exercício da função declarada e que deixou de receber essa remuneração periódica – entre janeiro de 2020 e fevereiro de 2021 – em virtude da pandemia da COVID-19;
  • Cuja remuneração total antes da pandemia não excedia R$8.000,00 mensais, desde janeiro de 2019 até janeiro de 2020, isto é, o período anterior à pandemia.

Quem não pode solicitar

  • Como o objetivo do fundo é apoiar os profissionais da produção cinematográfica e televisiva brasileira não publicitária, ficam inelegíveis a solicitar o fundo:
  • Profissionais exclusivos de outros segmentos da produção audiovisual, como produção publicitária, teatral, espetáculos de música, festivais, mostras, transmissão de eventos e competições ao vivo, conteúdo jornalístico, religioso, institucional ou corporativo, campanhas políticas e transmissões de sessões legislativas e/ou judiciárias, ou que não possam apresentar comprovação de atuação profissional em atividades de produção para cinema, televisão ou plataformas de vídeo on demand;
  • Aqueles cuja remuneração mensal média antes da pandemia (entre janeiro de 2019 e janeiro de 2020) seja superior a R$8.000,00;
  • Profissionais com vínculos empregatícios, contratos de prestação de serviços vigentes ou que estejam recebendo uma remuneração constante desde janeiro de 2020;
  • Não serão aceitos contratos de trabalho nos quais o contratado também seja sócio ou representante legal da empresa contratante.

“Quem é o repórter?” jornalista da CNN alega ter sido alvo de racismo no clube Pinheiros

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Foto: Reprodução/CNN

No último domingo (21) Jairo Nascimento, repórter da CNN Brasil disse na TV que foi vítima de racismo quando realizava uma reportagem no clube Pinheiros, em São Paulo.

De acordo com a emissora, o repórter realizaria uma matéria falando sobre as condições dos atletas olímpicos durante a pandemia da covid-19, mas após o episódio, a matéria foi cancelada e um boletim de ocorrência foi registrado.

O presidente do clube, Ivan Castaldi Filho, disse a CNN que apura todas as denúncias recebidas e que eventuais desvios de conduta são corrigidos.

O repórter Jairo Nascimento contou que a equipe já estava identificada no Pinheiros, preparada para a gravação da matéria, quando foi abordada por uma diretora que questionou quem seria o repórter:

“Quem é o repórter?”. perguntou a diretora “Eu sou repórter”, respondeu Jairo. Segundo o jornalista, a diretora do clube  desconfiou dele e da sua posição. Além desse episódio, a diretora identificada como Ana Paula e um diretor identificado como Fábio questionaram a isenção e temiam reportagem tendenciosa.

O ocorrido foi levado à direção da CNN Brasil, que optou por cancelar a matéria que faria sobre a situação de atletas durante a pandemia do coronavírus. O caso ocorreu no mês passado, mas a denúncia foi ao conhecimento do público somente neste domingo.

“O preconceito é um mal que afeta o mundo inteiro, uma doença que a sociedade deve erradicar urgentemente. Precisamos viver muito atentos para identificar atitudes e ações que possam ter um lado de discriminação. Sempre foi assim com o clube Pinheiros. Somos uma instituição inclusiva”, afirmou o presidente Ivan Castaldi Filho  em um vídeo enviado ao UOL

Ivan disse ainda que toda a equipe trabalha diariamente para que todos tenham o mesmo tratamento:

“A equipe de diretores do clube, especialmente os times de governantes e comunicação, trabalham todos os dias para garantir que no Pinheiros todas as pessoas tenham o mesmo tratamento, o mesmo cuidado e as mesmas oportunidades. Por isso apuramos todas as denúncias que recebemos e corrigimos na hora qualquer desvio de conduta”.

O caso foi exibido no Dia Internacional de Combate ao Racismo e a emissora afirmou que lamenta o episódio, disse que “discriminação racial é crime” e que “infelizmente esse crime ainda está acontecendo”

Em nota enviada ao UOL a emissora repudiou o crime e saiu em defesa da equipe “A CNN Brasil não tolera e sempre denunciará qualquer tipo de discriminação. Também estará sempre ao lado de sua equipe prestando o apoio necessário para o exercício profissional do jornalismo”.

“Já aconteceram diversas vezes comigo. Obviamente nem todas viraram reportagens. Já é segunda vez desde quando comecei a trabalhar na CNN. Mas com o tempo a gente vai aprendendo, criando casca e aprendendo a dar resposta adequada”, afirmou ele ao UOL, por telefone.

Segundo a UOL Jairo Nascimento disse que registrou o boletim de ocorrência, quer aguardar o caminhar do processo, mas avisa que não tem interesse em abrir processo cível.

Não é a primeira vez que o clube Pinheiros é acusado de racismo, outro caso muito conhecido foi o do ginasta Ângelo Assumpção, que após ser vítima de racismo pelo colega de trabalho Arthur Nory, foi demitido logo após denunciar o caso a diretoria.

Informações: UOL

O que fez da data 21/3 o Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial?

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O que fez da data 21/3 o Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial?

Nesta data, no ano de 1960, ocorreu o Massacre de Sharpeville: pessoas negras marcharam pacificamente em direção à delegacia do bairro Sharpeville, periferia na África do Sul, protestando contra a Lei do Passe. Os policiais abriram fogo, e, dentre cerca de 5000 pessoas que protestavam na township (periferias racialmente segregadas), 69 foram assassinadas e 186 ficaram feridas.

O que foi apartheid?

Apartheid era a ideologia apoiada pelo Partido Nacional (composto por parlamentares branco) e foi implantado na África do Sul em 1948, exigindo o desenvolvimento separado dos diferentes grupos étnicos na África do Sul. Durante este sistema, todo tipo de relacionamento inter-racial foi proibido, da amizade ao casamento. Tal segregação já existia em território sul-africano, mas, com o apartheid, passou a ser lei.

São apontadas como as principais razões para a criação deste sistema as ideias de superioridade racial e medo da minoria branca. Em todo o mundo, o racismo é influenciado pela ideia de que uma raça deve ser superior a outra, mas a população branca local se preocupava com acesso a emprego e preservação de sua cultura.

Leis do apartheid

Book review: Selling Apartheid – South Africa's Global Propaganda War

Diversas leis foram aprovadas durante o apartheid:

Lei de proibição de casamento interracial – implatada em 1949, proibia o casamento entre europeus e não-europeus, com o objetivo de evitar que pessoas brancas se relacionassem com outras etnias. Não apenas os casais seriam punidos, mas quem oficializasse a união também.

Lei de Registro da População – implantada em 1950, esta lei era a base do apartheid, onde exigia que as pessoas fossem registradas de acordo com seu grupo racial: brancas, negras, coloured (birracial), indianas e asiáticas, e seriam então tratadas de maneira diferente de acordo com seu grupo populacional.

Lei das Áreas – Também implantada em 1950, este foi o ato que deu início à separação física entre raças, especialmente em áreas urbanas. A lei também pediu a remoção de algumas pessoas para as áreas reservadas para seu grupo racial. Limitava os negros a 72 horas em uma área urbana sem permissão de um representante municipal específico. Dois anos depois, em 1953, foi instituída a Lei de Reserva de Comodidades Separadas, permitindo que os locais, veículos e serviços públicos fossem separados por etnia.

Lei dos Nativos (Abolição de Passes – obrigatórios a toda população negra escravizada ou trabalhadora desde 1709 e Coordenação de Documentos) foi implantada em 1952: forçava os negros sul-africanos a portar uma série de documentos, incluindo uma fotografia, local de nascimento, registros de emprego, pagamentos de impostos e registros criminais, e permitiu ao governo restringir ainda mais seus movimentos. Era ilegal ficar sem um passe, cuja pena era detenção e prisão. Em 1956, através da Proibição de Interditos, removeu todos os recursos legais para contestar a remoção de negros de certas áreas residenciais.

Lei de Promoção do Autogoverno Bantu (como eram chamados os negros) – Em 1959, esta lei dizia que diferentes grupos raciais tinham que viver em áreas diferentes. Apenas uma pequena porcentagem da África do Sul foi deixada para que os negros formassem sua “pátria”, sendo que os negros constituíam a grande maioria da população). Essa lei também eliminou os “pontos negros” das áreas brancas, removendo todas as pessoas negras da cidade e colocando-as em distritos fora da cidade. Eles não podiam possuir propriedade, apenas alugá-la, pois a terra só poderia ser propriedade de brancos. As pessoas negras perderam suas casas, foram removidas de terras que possuíam por muitos anos e foram transferidas para áreas não desenvolvidas, longe de seus locais de trabalho.

Resistência antes de 1960

A resistência ao apartheid veio de todos os núcleos, e não apenas, como muitas vezes se presume, daqueles que sofreram os efeitos negativos da discriminação. As críticas também vieram de outros países, e alguns deles deram apoio aos movimentos de liberdade sul-africanos.

Algumas das organizações mais importantes envolvidas na luta pela libertação foram o Congresso Nacional Africano, Congresso Pan-africanista e o Movimento da Consciência Negra. A história da revolução nacional de resistência ao apartheid passa por três fases: o diálogo e a petição; oposição direta e luta armada exilada. 

African National Congress - Wikipedia
Símbolo do Congresso Nacional Africano

Em 1949, logo após a implantação do apartheid, iniciou um caminho mais militante, com a Liga Juvenil desempenhando um papel mais importante. O Congresso Nacional Africano apresentou seu Programa de Ação em 1949, apoiando greves, protestos e outras formas de resistência não violenta. Nelson Mandela, em 1952, tornou-se vice-presidente do congresso. Neste mesmo ano, foi iniciada a Campanha de Desafio, convocando as pessoas a violar propositalmente as leis do apartheid e se apresentarem para serem presas. Esperava-se que o aumento de prisioneiros causasse o colapso do sistema e obtivesse apoio internacional. Pessoas negras entraram em “ônibus brancos”, usavam “banheiros brancos”, entravam em “áreas brancas” e se recusavam a usar passes. 

Em 9 de agosto de 1956, cerca de 20.000 mulheres marcharam para o Union Buildings, onde fica o escritório presidencial, em Pretória, com uma petição contendo mais de 100.000 assinaturas contra a Lei do Passe. Esta data ficou definida como o Dia Nacional da Mulher.

Marchas em 21 de março de 1960

As marchas não ocorreram apenas no bairro de Sharpeville, diversas outras cidades mobilizaram suas periferias, como Soweto e Langa, por exemplo, sendo esta segunda localizada na Cidade do Cabo, onde 3 pessoas foram assassinadas pela polícia e 26 ficaram feridas durante o protesto pacífico.

O então presidente do Congresso Nacional Africano, Alberto Luthuli, que já havia sido banido por seus atos anti-apartheid, ainda estava sob punição quando queimou publicamente seu passe e foi preso. Mas, logo após as marchas em 1961, tornou-se a primeira pessoa negra do continente africano a ganhar o Prêmio Nobel da Paz.

Após o massacre de Sharpeville, Mandela ajudou a organizar um ramo paramilitar do congresso para se engajar na guerrilha contra o governo de minoria branca. Em 1961, ele foi preso por traição e, embora absolvido, foi preso novamente, em 1962, por deixar ilegalmente o país. Condenado e sentenciado a cinco anos na prisão de Robben Island, foi levado a julgamento novamente em 1964 sob a acusação de sabotagem, sendo condenado, junto com vários outros líderes do Congresso Nacional Africano, e sentenciado à prisão perpétua.

Declínio do Apartheid

Nelson Mandela addresses a rally of more than 100,000 people at Soccer City Stadium in Johannesburg, South Africa, on Feb. 13, 1990, two days after leaving prison.
Nelson Mandela

Em 1989, De Klerk tornou-se presidente da África do Sul e começou a desmantelar o apartheid, suspendendo a proibição do Congresso Nacional Africano, as execuções e, em fevereiro de 1990, ordenou a libertação de Nelson Mandela.

Posteriormente, Mandela liderou o congresso nas negociações com o governo minoritário (branco) para o fim do apartheid e o estabelecimento de um governo multirracial. Em 1993, Mandela e de Klerk receberam conjuntamente o Prêmio Nobel da Paz, e, no ano seguinte, o congresso obteve maioria eleitoral nas primeiras eleições livres do país, quando Nelson Mandela foi eleito presidente da África do Sul. Em 1995, definiu 21 de março como Dia da Marcha pelos Direitos Humanos.

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