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“O movimento de mulheres negras vai crescer e se juntar ao de mulheres indígenas”, prevê Jaqueline Fernandes, do Festival Latinidades

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Foto: Arquivo Pessoal.

Em 2022 o encontro de mulheres negras que criou o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha completa 30 anos. Durante este período, muitas iniciativas de mulheres negras têm se multiplicado para popularizar a data no Brasil e, principalmente, viabilizar e articular conquistas políticas para as mulhers negras do Brasil e da América Latina.

Há 15 anos, o Festival Latinidades se constituiu como um grande marco que tem levado a data ao conhecimento de mais e mais pessoas no Brasil e fortalecido as articulações com a América Latina por meio de convidadas que, ano a ano, trazem visões e ideias sobre o que tem sido feito e o que ainda pode ser feito por e para as mulheres negras da região.

Às vésperas da realização da 15ª edição do Festival, o MUNDO NEGRO conversou com Jaqueline Fernandes, idealizadora do Festival e CEO do Instituto Afrolatinas. Para ela,ainda falta muito para que a data seja, de fato, popular no Brasil. Para o futuro, ela enxerga um crescimento do movimento de mulheres negras e mais aproximação com a luta das mulheres indígenas. “Acredito que esse movimento de mulheres negras nos próximos anos vai crescer grandemente e que ele vai se juntar com movimentos de mulheres indígenas, que a gente vai poder falar daquilo que Lélia Gonzalez já ensinava pra gente, que é a nossa “Améfrica Ladina”, considerando as nossas especificidades, considerando tudo aquilo que pessoas negras e indígenas puderam construir juntas, acredito que isso se dê de forma cada vez mais unida”, vislumbra.

Confira a íntegra da entrevista:

Como se deu o processo de “popularização” da data do Dia da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha no Brasil?

Em primeiro lugar, eu acho que é importante dizer que essa data ainda não é popular no Brasil, a gente tem uma dimensão da popularização da data a partir da agenda dos movimentos sociais, dos movimentos negros, especialmente da agenda dos movimentos de mulheres negras. As mulheres negras têm articulado com muita potência as pautas e os ativismos de forma que parece que essa pauta é bem mais popular do que de fato ela é. 

A gente tem presenciado na prática um crescimento dessa data, mas eu vejo que ela tem um caminho muito longo pra realmente a gente poder falar em popularização, ou seja, uma data que consiga reverberar da mesma forma que o orgulho LGBT ou que a própria consciência negra.

Na prática, quando a gente procura as marcas, quando a gente procura as pessoas e a população em geral ainda não tem conhecimento, tanto da data quanto dos motivos pelos quais ela foi articulada, a história que está por trás da criação desta data. Então, antes de tudo acho que é bem importante dizer que eu não dou essa data por popularizada no Brasil, eu acho que isso é um processo e que existe um caminho longo ainda para que essa data alcance o nível de reconhecimento e visibilidade que ela merece.

Como você teve contato com as informações sobre essa movimentação de mulheres negras e decidiu criar o Festival?

O meu primeiro contato com a existência de um dia da Mulher Afro-Latina-Americana e Caribenha foi no início de 2007, quando eu fazia parte do Fórum de Mulheres Negras do Distrito Federal. Chegou até mim a informação de que mulheres negras se reuniram na República Dominicana e que esse encontro originou a criação da rede de mulheres Afro latino americanas e Afro caribenhas e também do dia 25 de julho. Como produtora cultural eu fiquei encantada com a ideia de um evento propor um marco tão significativo quanto a criação do dia da mulher negra. 

Eu sempre ouvi as pessoas dizendo que evento é “vento”, de uma forma pejorativa, como se fosse algo que não deixasse nada, que não deixasse legado. As pessoas dizem “por que envolver tantos recursos e gastos para algo que é tão passageiro como um evento?”. Eu acho que evento é “vento” sim porque ele espalha, porque ele comunica, porque ele tira as coisas do lugar e transforma. Nessa perspectiva eu fiquei muito provocada pelo fato de ser justamente num evento a elaboração de uma data como essa. 

Em 2007, era uma pauta ainda quase que completamente desconhecida para a maior parte das pessoas, claro que eu diga a maior parte porque existia uma rede que inclusive participou da construção desse evento em 1992. A gente teve uma Delegação do Brasil, tiveram mulheres de organizações importantes como Geledés, Instituto Odara, Crioula, que fizeram parte disso, então essas organizações já vinham pautando a data. Assim, eu fiquei com muito desejo de criar algo em torno do 25 de julho para reverberar as denúncias relacionadas a situação da mulher negra na América Latina mas, também ao mesmo tempo celebrar as potências e as nossas capacidades artísticas, intelectuais e os nossos fazeres.

Quando o Latinidades chega, ele chega ao mesmo tempo querendo popularizar esta data e querendo também marcar o Distrito Federal com uma rota de eventos de cultura negra e mostrar que aqui a gente tem uma população negra de 58% majoritária que é invisibilizada dentro e fora da capital.

Qual você entende que é o grande desafio enfrentado pelas Mulheres Negras na atualidade?

Os desafios que as mulheres enfrentam na atualidade, infelizmente de forma estrutural, não mudaram, são os mesmos. Infelizmente continuamos na base da pirâmide, continuamos em grande maioria nos subempregos, na baixa remuneração, na jornada tripla  e com os nossos saberes não reconhecidos. A contribuição da mulher negra para a sociedade ela não é reconhecida em nenhum nível, é uma uma grande luta, e ao mesmo tempo as mulheres negras como maioria da população, como arrimos de família, como responsáveis por várias famílias, elas tem a solução para os problemas emergenciais da sociedade, só que a combinação perversa entre o racismo e o machismo estrutural fazem com que as nossas soluções não sejam consideradas em nenhum nível.

O desafio que está posto é a superação de fato das desigualdades estruturais baseadas em gênero e raça e que se refletem em todo tipo de violência, em todo tipo de gente, falta de acesso à direitos e políticas públicas e a condições básicas de dignidade de existência e sobrevivência. Acredito que os desafios não mudaram, porque são estruturais, e eles só vão mudar quando a gente realmente conseguir mexer na estrutura. É um desafio enorme sobreviver ao racismo, ser atingida diariamente enquanto ao mesmo tempo a gente constrói essas soluções para a sociedade, porque de uma forma ou de outra, mesmo não estando nos espaços de poder, nós estamos na base provocando impacto. Às vezes sendo as únicas responsáveis por provar esses impactos sociais econômicos na base, e ao mesmo tempo sendo alvos.

Passamos por um longo processo que envolveu a maior entrada de pessoas negras nas universidades, disputas para maior presença de pessoas pretas na mídia, nas propagandas e a discussão da temática racial nos grandes meios. No entanto, essa visibilidade não necessariamente garantiu a diminuição do racismo na sociedade. Como você enxerga essa dicotomia?

Na verdade eu não diria dicotomia, eu acredito que as ações afirmativas nas universidades, nos meios de comunicação, no mercado de trabalho, em todos os espaços em que nós conseguimos implementá-las, elas são ações reparatórias que fazem parte de um conjunto de políticas afirmativas, elas não são a única solução viável para que a gente consiga de fato resolver esse prejuízo histórico que foi colocado em cima das pessoas negras, brasileiras, sobretudo das mulheres negras. Então de fato quando a gente fala que o racismo e o machismo são sistêmicos e quando a gente fala dessa interseccionalidade, o que estamos dizendo é que tudo isso está presente em todas as esferas da sociedade de uma forma extremamente profunda e arraigada. Então, 10 anos de políticas afirmativas é só o começo do que pode ser feito para esse prejuízo histórico que começou a ser modelado desde o dia “um” do Brasil. 

Assim, a implementação de 10 anos de algumas políticas afirmativas e os avanços que a gente teve, não dicotomiza exatamente com o fato de hoje o racismo ser ainda tão presente na sociedade, é algo que a gente deve cuidar porque é cultural, porque é cotidiano. Precisamos de fato ampliar essas ações afirmativas e que elas sejam um conjunto de ações. As cotas foram uma delas importantíssimas, que precisam continuar porque 10 anos não dão conta de mais de 500 desse sistema escravocrata que ainda vem sendo perpetuado no Brasil.

O que você enxerga para os próximos 30 anos das mulheres negras latinoamericanas e caribenhas no que diz respeito a novas conquistas e avanços?

Eu tenho citado muito Vilma Reis, quando ela fala que “o movimento de mulheres negras é um movimento social mais bem-sucedido no Brasil”, no sentido de que ele “empurra a esquerda mais para a esquerda”, e ele pauta tudo aquilo que é importante olhar, incidir e transformar na sociedade. Acredito que esse movimento de mulheres negras nos próximos anos vai crescer grandemente e que ele vai se juntar com movimentos de mulheres indígenas, que a gente vai poder falar daquilo que Lélia Gonzalez já ensinava pra gente, que é a nossa “Améfrica Ladina”, considerando as nossas especificidades, considerando tudo aquilo que pessoas negras e indígenas puderam construir juntas, acredito que isso se dê de forma cada vez mais unida. A potência das mulheres negras, dos movimentos de mulheres negras na América Latina vai se tornar algo impossível de não considerar cada vez mais e vai vir junto com alianças fortíssimas com as parentas indígen

Djassi Africa analisa startups e negócios digitais de afro-empreendedores em Portugal

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Foto: Divulgação

Durante seis semanas, Djassi Africa, uma organização que investe em inovação digital, em parceria com outras entidades do ecossistema de inovação em Portugal, recolheu dados para um estudo detalhado que servirá de ponto de referência para caracterizar os empreendedores africanos e afrodescendentes do país.

O questionário AFROPRENEURS.PT pretende mapear e analisar os dados referentes à diversidade no ecossistema de startups e negócios digitais em Portugal, identificar quais são os desafios enfrentados pelos afro-empreendedores, estudar o impacto dos seus negócios, e disponibilizar estratégias e ferramentas para estimular a integração destes negócios de afro-empreendedores no ecossistema de inovação.

O foco do questionário é: corrigir a falta de dados relevantes em Portugal sobre afro-empreendedores e os seus negócios; estabelecer o ponto de partida para o desenvolvimento de estratégias, programas e incentivos de apoio aos afro-empreendedores; conhecer as áreas de atuação e impacto das startups e negócios digitais de afro-empreendedores; aumentar a visibilidade de afro-empreendedores no ecossistema de inovação; incluir afro-empreendedores em redes de apoio e investimento; e reduzir as barreiras de entrada no ecossistema a potenciais afro-empreendedores com ideias e projetos inovadores.

Com mais de 2.159 startups registradas, Portugal está 13% acima da média europeia no número de startups per capita, estando em número 12, tanto no Top 100 dos ecossistemas emergentes, como na lista dos países mais inovadores da União Europeia. Tanto em termos geográficos como culturais, Portugal é um dos países europeus mais próximos de África, formando, com seis nações africanas, o Brasil e Timor-Leste, o mundo lusófono.

Nos últimos cinquenta anos, Lisboa tornou-se a cidade onde estas culturas se encontram. Todos os anos, elevados números de estudantes oriundos do continente africano terminam os seus estudos em Portugal. Mesmo assim, numa avaliação inicial da Djassi Africa, os números indicam que existem menos de 1% de afro-empreendedores no ecossistema de startups em Portugal, e a informação referente ao grupo é muito limitada, ou praticamente inexistente.

A verdade é que existem limitações no acesso às redes e ao capital necessário para o crescimento dos negócios destes empreendedores. Segundo a Google, “os black founders desempenham um papel fundamental na economia europeia, resolvendo desafios com agilidade, resiliência e tecnologias inovadoras. Mas sabemos que estes não têm as mesmas oportunidades e apoio que outros grupos, apesar do fato de 77% das tech startups lideradas por black founders gerarem receitas elevadas, e criarem uma média de 5,4 empregos cada uma”.

Em 2021, o Fundo da Google para startups lideradas por afro-empreendedores (Google Black Founders Fund) investiu R$ 2 milhões em 30 startups na Europa. Em 2022, está sendo investido o dobro do montante de R$ 4 milhões em 40 startups lideradas por afroempreendedores. Desde 2021, as startups passaram a angariar R$ 81 milhões em financiamento de follow-up, contrataram mais de 100 funcionários, e aumentaram as receitas em mais de 81%.

Estudos e publicações têm demonstrado repetidamente que as empresas fundadas por equipes com diversidade superam a performance das equipes homogêneas. Segundo a Forbes, “as empresas de founder ‘s de origens diversas lucram 30% mais em múltiplo capital investido (MOIC) quando são adquiridas ou tornadas públicas”.

Está aberto o questionário sobre os afro-empreendedores em Portugal. Startups e negócios digitais liderados por afro-empreendedores, bem como indivíduos com ideias de negócio inovadoras são encorajados a participar. A pesquisa irá decorrer durante um período de seis semanas.

“O grande desafio é conseguir representar e honrar a população negra da melhor forma possível” diz a apresentadora Valéria Almeida

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Foto: Mariana Pekin.

Apresentando o “Bem Estar” há dois anos e celebrando 16 anos de profissão, ela mantém o brilho nos olhos ao conhecer a história de seus entrevistados.

Se estrear uma nova função não costuma ser algo simples, tampouco se isto acontece em meio à maior pandemia já vivida no século. E foi neste contexto que a apresentadora Valéria Almeida deu seus primeiros closes diante das câmeras do “Bem Estar”, na TV Globo, tendo a importante função de comunicar à população uma gama de assuntos relacionados à saúde e qualidade de vida quando todos aguardavam possíveis soluções para a Covid-19. Celebrando dois anos como uma das apresentadoras à frente do quadro, atualmente integrante do matinal “Encontro”, a profissional nascida em Santos tem se destacado ao humanizar as notícias e a afinar a troca com seus entrevistados.

“Minha estreia na função aconteceu em setembro de 2020, ou seja, no auge da pandemia. Isso deixou a tarefa ainda mais complexa e delicada, porque era o momento de explicar pra população o que estava acontecendo de um jeito que fosse compreensível, sem causar alarde, e que estimulasse as pessoas a se protegerem e protegerem os seus. Então, eu vivi dois desafios: o de estrear como apresentadora, porque toda a minha experiência na TV tinha sido como repórter, e acessar as pessoas que estavam em casa de um jeito claro e empático, para provocar um impacto positivo na saúde coletiva”, relembra a santista de 39 anos.

O primeiro contato profissional com o matinal, contudo, começou em 2016, quando Valéria migrou do “Profissão Repórter” – onde fez sua estreia na TV e passou cinco anos e meio contando histórias focadas, principalmente, em questões sociais e em Direitos Humanos – para o programa cujos temas são relacionados à saúde.  Se de um lado havia o peso da responsabilidade, do outro brilhava o prazer de terem confiado a ela essa missão.

“Acho que a minha forma de falar com as pessoas, com empatia e leveza, contribui para que o público acesse as informações, que muitas vezes são dados científicos e complexos, que traduzo para que qualquer pessoa entenda e se cuide. Sempre tento fazer com que a comunicação seja clara tanto para quem é pós-doutorado, quanto para quem não teve acesso à educação e não foi alfabetizado. Todo mundo precisa saber como se cuidar e de que forma levar uma vida com qualidade!”, ressalta.

E Valéria fala disso com propriedade. Criada por avós que não tiveram acesso à educação, a jornalista sabe o valor de proporcionar acesso a informações de qualidade a todos. “Certa vez, me escreveram dizendo que gostavam de me assistir porque parecia que eu estava interessada nas pessoas. Eu achei essa mensagem muito importante e considero o melhor feedback que eu poderia receber como comunicadora, porque o que a pessoa enxergou e interpretou ali é o que de fato eu faço: olho pras pessoas com interesse, porque considero um privilégio ter a confiança de alguém que está me contando sua história, que está me permitindo compartilhar um pouco da sua vida com as outras pessoas”, salienta Valéria, que tem 16 anos de profissão.

Atuante ainda como palestrante, mestre de cerimônias e mediadora em eventos corporativos, a jornalista se especializou em gestão de produção e negócios audiovisuais e em direitos humanos, responsabilidade social e cidadania global. Produtora de conteúdo do especial “Falas Femininas”, da TV Globo, em 2021 Valéria assinou o roteiro e a produção de “A vida depois do tombo”, série documental sobre Karol Conká no GloboPlay. No mesmo ano, pôs seu nome no roteiro e apresentou o especial “Falas Negras”. Em paralelo, mantém ativa uma produtora de conteúdos audiovisuais, a Kanimambo Filmes, para tocar seus projetos autorais.

E o caminho até aqui foi longo. Mulher negra que nasceu e cresceu na periferia de Santos, Valéria ouviu desde cedo de sua avó que, se quisesse ser livre de verdade, deveria estudar e não abandonar o estudo por nada. “Meus avós não tinham condições de arcar com os custos da minha faculdade. Para acessar e me manter no Ensino Superior, fiz faxina, comi em albergue, aceitei bilhetes de transportes públicos doados por professores. É muito valioso ter conseguido chegar no lugar que cheguei e ter conquistado um espaço como apresentadora, jornalista e repórter numa das maiores empresas de comunicação do mundo. Estar hoje neste lugar de destaque é de um valor imenso!”, orgulha-se a apresentadora, que já trabalhou como assessora de imprensa e fotógrafa da revista Carta Capital.

Consciente da importância da sua representatividade para milhares de pessoas, Valéria segue firme na missão. “O grande desafio é conseguir representar e honrar a população negra da melhor forma possível e aproveitar o espaço para dar visibilidade a temas que muitas vezes não seriam vistos ou priorizados. Então, não importa o tema que eu venha a abordar, faço questão de usar tudo que tenho de bagagem pessoal na minha fala e na minha postura, para que eu tenha uma comunicação coerente com o que sou e com o que acredito, porque isso é um diferencial que não se conquista na universidade”, encerra.

“Estou cansado, só preciso de uma pausa”, diz Jay-Z ao negar rumores de aposentadoria

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Foto: AFP.

Jay-Z não irá se aposentar. Pelo menos foi isso que o astro de 52 anos revelou numa recente entrevista para o talk show apresentado por Kevin Hart. Segundo Jay, embora “não esteja ativamente” fazendo música, ele “nunca” dirá que está aposentado. O último álbum lançado pelo cultuado rapper foi lançado em junho de 2017. De lá para cá, ele apareceu em algumas parcerias pontuais, mas nada mais que isso.

“Eu tentei isso [aposentadoria]. Eu sou terrível nisso. Eu só preciso de uma pausa. Mas eu realmente pensei que estava realmente esgotado na época”, explicou o rapper ao citar sua pausa após 2017. “Eu estava lançando um álbum todo ano – 1997, 1998 – e então entre isso, trilhas sonoras, álbum de outras pessoas, ROC-A-FELLA, turnês consecutivas. Estou cansado”.

Jay Z no programa “Hart to Heart”, de Kevin Hart. Foto: Reprodução.

Questionado sobre a possibilidade de um novo álbum ainda neste ano, Jay-Z revelou que sequer começou a produzir ou pensar num disco. “Eu não estou fazendo música, ou fazendo um álbum, ou tendo planos de fazer um álbum, mas eu nunca quero dizer que estou aposentado. Não sei o que vem a seguir“, destacou ele. “É um presente, e quem sou eu para desligar isso? Estou aberto a qualquer coisa. E pode ter uma forma diferente, uma interpretação diferente. Talvez não seja um álbum. Talvez seja. Eu não faço ideia. Vou deixar em aberto”.

Ainda em entrevista a Kevin Hart, o rapper destacou que não costuma cobrar valores financeiros para realizar parcerias musicais. A prática é bastante comum dentro da indústria. “Sempre foi sobre o relacionamento que construo com as pessoas, sobre talento”, disse o astro do rap. “Eu nunca cobro por isso, sempre tento ser direto”.

A fome tem cor

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Foto: João Roberto Riper.

Por Kelly Baptista

Não à toa, a insegurança alimentar voltou a ser pauta nos noticiários do país. Apenas quatro em cada dez famílias brasileiras têm acesso pleno à alimentação e 33,1 milhão de brasileiros passam fome, de acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, publicado em junho de 2022.

“Insegurança alimentar” é um termo utilizado quando uma pessoa não tem acesso regular e permanente de alimentos em quantidade e qualidade suficientes para sua sobrevivência.

Os dados do último Inquérito, elaborado pela rede Penssan, com apoio da Oxfam Brasil e outras organizações, mostram que a situação piorou muito em comparação à publicação anterior, de 2021. Causas como aprofundamento da crise econômica, segundo ano da pandemia de covid-19 e a continuidade do desmonte de políticas públicas, que promoviam a redução das desigualdades sociais da população, são apontadas como razões cruciais para o aumento da fome.

Ainda que a insegurança alimentar tenha avançado em todo o país, as desigualdades regionais seguem acentuadas, com as regiões Norte e Nordeste como as mais afetadas pela fome. No Brasil, temos 15,5% dos domicílios com pessoas passando fome, no Norte esse índice sobe para 25,7%, e, no Nordeste, 21%.

Dentro deste recorte regional, observamos também o de gênero, raça e grau de escolaridade: seis em cada dez domicílios cujos responsáveis se identificam como pretos ou pardos vivem algum grau de insegurança alimentar. Já nos domicílios em que os responsáveis se autodeclararam brancos, mais de 50% têm segurança alimentar garantida.

Em 1960, no livro autobiográfico “Quarto de Despejo: Diário de uma favelada”, Carolina Maria de Jesus já denunciava que a fome estava presente no Brasil e como o acesso à alimentação, um direito básico de todo cidadão, era negado à ela e seus três filhos. Neste cenário, a escritora ressaltou que “o maior espetáculo do pobre da atualidade é comer”. Pois bem, estamos em 2022 e a história se repete.

Gregory Robinson, o engenheiro negro responsável pelo sucesso do Telescópio Espacial James Webb

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Gregory Robinson. Foto: Shuran Huang para o The New York Times.

O engenheiro responsável pelo sucesso de um dos projetos científicos mais ambiciosos da história é um homem negro. Aos 62 anos, Gregory Robinson se tornou o rosto principal do Projeto Espacial James Webb. Nesta última semana, muito se falou sobre o fascínio e a grandiosidade das imagens inéditas divulgadas pela NASA. Os registros, descritos como históricos para a ciência, revelaram novas possibilidades de pesquisa sobre a origem do espaço.

O Telescópio James Webb é capaz de registrar fenômenos que ocorrem a mais de 13 bilhões de anos-luz. Em termos de análise, ele pode observar as primeiras estrelas e galáxias que se formaram no universo, marcando, segundo a NASA, o alvorecer de uma nova era na astronomia.

O Telescópio Espacial James Webb produziu a imagem infravermelha mais profunda e nítida do universo distante até hoje. Foto: NASA, 2022.

Gregory Robinson foi escolhido para assumir o projeto espacial em 2018. À época, as peças do telescópio Webb e seus instrumentos estavam completos, mas precisavam ser montados e testados. A pesquisa, financiada pelo governo americano e com o apoio de centenas de pesquisadores pelo mundo, vinha sofrendo uma enorme pressão, afinal de contas, o projeto teve início em 2002 e por conta de diversos problemas, demorou décadas até conseguir sair do papel.

Ainda no início, o projeto tinha uma previsão de orçamento de até US$ 3,5 bilhões para um lançamento em 2010. Porém, quando quando o momento chegou, a data de lançamento mudou para 2014 e os custos estimados aumentaram para US$ 5,1 bilhões. Com perspectivas irreais, o projeto seguiu em atrasos até 2018, quando foi orçado em US$ 8 bilhões. Em março daquele ano, Gregory assumiu a liderança do Webb com o objetivo de, finalmente, colocar o telescópio no espaço.

Dentro da NASA, Gregory é uma raridade: um homem negro entre os gerentes de alto nível da agência. “Certamente as pessoas me veem nesse papel como uma inspiração”, disse ele ao The New York Times. “É sobre reconhecer que elas também podem estar lá”. De acordo com o profissional, muitos engenheiros negros trabalham dentro da NASA nos dias atuais, mas o número deveria ser maior. “Certamente não existem tantos quanto deveria haver e a maioria não ocupa posições de alto nível. Temos muitas coisas para tentar melhorar”, destaca ele.

Gregory Robinson. Foto: Shuran Huang para o The New York Times.

Gregory começou a trabalhar na NASA em 1989 e, ao longo dos anos, precisou estudar profundamente o processo em torno das vibrações espaciais e os contínuos testes de manutenção das máquinas no espaço. Quando Robinson assumiu o cargo de diretor do programa, a eficiência do cronograma de Webb – uma medida que analisa o ritmo de trabalho comparado ao que havia sido planejado – era de apenas 55%, um número relativamente baixo para os padrões de engenharia. Em poucos meses, após a liderança de Gregory, a eficiência do projeto chegou a 95%, com melhores comunicações e melhores resultados.

Registro espacial da formação de estrelas NGC 3324, conhecida como Nebulosa Carina. Foto: NASA.

Quando o James Webb finalmente foi lançado, em dezembro de 2021, tudo ocorreu sem problemas, marcando a era de sucesso do projeto espacial. Hoje, acompanhamos novas descobertas e novas imagens, que marcam uma evolução impressionante para a ciência contemporânea. “Um momento histórico para a ciência e a tecnologia, para astronomia, exploração espacial e para toda a humanidade”, destacou com entusiasmo, ao citar o projeto Webb, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

*Com informações do The New York Times.

Beyoncé rejeitou edição de pôster que a fazia parecer mais magra: “Essa não sou eu”

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Foto: Divulgação.

Sempre contundente em seus posicionamentos, Beyoncé não gostou nenhum pouco de ver seu corpo editado digitalmente num pôster do filme ‘Austin Powers’. Dentro do longa de comédia, lançado em 2002, a artista estreou nos cinemas como a personagem Foxxy Cleopatra. A informação do descontentamento de Queen B só foi divulgada 20 anos após a estreia do filme.

“Quando estávamos filmando, alguém trouxe para ela um pôster que promoveria o filme”, revelou Kate Biscoe, uma das responsáveis pela edição de maquiagem do longa. “Ele mostrou para ela, tipo, ‘Você gostou?’ e ela meio que disse, ‘sim.’ O homem retrucou ‘qual é o problema?’ e Beyoncé completou ‘você me deixou muito magra. Não sou eu”.

Pôster do filme ‘Austin Powers’. Foto: Divulgação.

Numa rara mudança de imagem para os anos 2000, Briscoe acrescentou: “Ela se afastou para fazer a cena, e eu olhei para ele e sorri, tipo, ‘é a primeira vez que você pede a uma atriz para aumentar seu corpo?’ Ele me disse: ‘Sim. Vai me custar milhares de dólares, mas vou fazer isso‘”. O produtor do filme, John Lyons, declarou que Beyoncé teve um “regime físico e dieta muito difíceis” para entrar em forma para o longa. A cantora fez uma dieta de 1.200 calorias por dia.

“[A equipe de Beyoncé estava] bem ciente das expectativas que a indústria da música quanto Hollywood frequentemente têm sobre a aparência de mulheres jovens e bonitas. Eles foram inteligentes em fazer com que essas ideias funcionassem para seus fins”, acrescentou Lyons. À época, Beyoncé tinha apenas 19 anos, mas já se portava como uma grande estrela pop. A equipe da artista entrou em contato com os produtores do longa e todas as alterações exigidas pela cantora foram atendidas.

“Tudo que eu faço é bom”, diz Lizzo ao lançar o álbum ‘Special’

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Foto: Divulgação.

Lizzo está em todos os lugares. Celebrando o sucesso mundial da música ‘About Damn Time’, a artista lançou nesta sexta-feira (15) seu novo álbum de estúdio, ‘Special’. “Caso ninguém tenha te dito isso hoje, você é especial. Caso te façam acreditar o contrário, saiba que você é especial. Fico feliz que você ainda continua conosco”, canta a artista na faixa título do álbum. O projeto chega celebrando a fase atual da cantora e toda sua glória enquanto mulher preta. “É um álbum sobre amor. Enquanto em Cuz I Love You eu cantava sobre quem eu almejava ser, em Special faço uma celebração de quem eu sou”, definiu a artista.

Sem modéstia, Lizzo concedeu uma recente entrevista ao programa ‘Apple Music 1’. Durante participação, a artista deixou evidente o orgulho em torno de suas produções. “Eu amo este álbum. Vamos. Eu sou muito boa em música, cara. Eu apenas diria isso. Eu estudei música na faculdade. Eu escrevi músicas minha vida inteira. Estou orgulhosa. Nesse processo, eu fiquei tipo, ‘Eu tenho o álbum, ok? Vamos lançá-lo. Os singles estão prontos’. E essas músicas nem entraram no álbum. Então, estou orgulhosa de quão paciente eu fui comigo mesma e com minha arte”, destacou ela.

“Eu tirei um tempo para escrever as músicas que precisavam ser lançadas, as histórias que eu queria compartilhar, que as pessoas deveriam ouvir. Quero dizer, tudo que eu faço é bom, só não significa que é a música certa para o álbum”, enfatizou Lizzo. “Então eu tenho versos, e eu tenho alguns versos quentes e eu tenho estrondos, mas… E eu tenho algumas músicas melancólicas, eu tenho algumas músicas muito sombrias também que não fizeram isso. Mas essas são as músicas que deveriam acontecer”, disse a cantora. “Eu acho que o amor é o coração deste álbum. Acho que tudo que eu fazia antes de Special foi em busca do amor. E era como, porque eu te amo era um álbum quase autobiográfico sobre quem eu quero ser“.

O álbum ‘Special’ está disponível em todas as plataformas de streaming.

Histórias de família negra nordestina viram programa de podcast; confira

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Foto: Felipe Ramos

A história dos familiares do cientista político e fundador da produtora Griot Podcasts, Caio Cavalcante dos Santos, traz à tona versões de um Brasil que não conhecemos ou que preferimos fingir que não existe. Entender a sua árvore genealógica é o ponto de partida do Raízes – toda família tem História para contar, podcast com 10 episódios que contam a história dos parentes de Caio, mas também tocam na história de muitas outras pessoas, estimulando-as a entrar nessa busca pessoal também. O programa foi um dos vencedores do 1o Sound Up Brasil em 2021, o programa de aceleração de podcasts do Spotify.

O primeiro episódio será lançado no dia 18 de julho na plataforma do Spotify. Semanalmente a história de algum dos familiares de Caio será apresentada em seu contexto de forma quase crua. Não ocultar as partes negativas e incômodas das narrativas é um dos pilares da produção. Tudo começa com uma mulher indígena que caminhou com seu filho no braço até uma árvore e, lá, subiu nos galhos, amamentou seu filho e faleceu. Seu filho foi resgatado por uma família que morava próximo a essa árvore e o criou. Conhecido como Luis Caboclo, Luis Francelino da Silva é o bisavô materno de Caio. Depois da história dele, conheceremos a história dos avós, dos pais e dos tios com todo o contexto histórico e social da época.

As temáticas da pobreza, religiosidade, costumes conservadores e afetividade guiam essas histórias entre si e também entre as do ouvinte. Afinal, o programa parte da tese de que toda família tem História para contar e, juntas, também contam a História do Brasil. “Raízes é um podcast feito para contar histórias de família. Principalmente das famílias não brancas pelo Brasil que costumam ser esquecidas com o passar do tempo”, defendeu o podcaster quando recebeu o resultado do Sound Up BR do Spotify.

Ilê Aiyê e Awurê fazem encontro histórico no Rio de Janeiro

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Foto: Diego Aires.

Duas referências da cultura afro brasileira, o bloco afro Ilê Aiyê e o Awurê, se unem pela primeira vez no dia 12 de agosto em um grande show na Fundição Progresso, casa de eventos localizada na Lapa, centro do Rio de Janeiro.

O grupo Awurê nasceu em 2018, em Madureira, local considerado um dos maiores redutos de arte e cultura negra da cidade que reúne as maiores vertentes do samba, da black music e demais manifestações afro brasileiras. A principal diretriz do grupo é evidenciar os ritmos brasileiros e sons africanos. O grupo conquistou ao longo de sua trajetória um público cativo, diverso e apaixonado lotando grandes espaços no Rio de Janeiro e São Paulo.

Recentemente, em parceria com a Cultne.TV o grupo lançou o documentário “Awurê na Bahia: A rota do Samba de Roda”, apresentando e difundindo as origens do samba de roda e rota dos tambores. “A conexão com a cultura afro baiana é constante através das religiões de matrizes africana, da qual o Awurê se originou. Estamos prontos para um grande acontecimento, destaca a vocalista do Awurê, Fabíola Machado.

Grupo Awurê. Foto: Diego Cunha.

Ilê Aiyê é o primeiro bloco afro do Brasil e se consolidou como uma das expressões culturais do Carnaval de Salvador. Fundado em 1974 por moradores do bairro do Curuzu, constitui um grupo cultural que promove a expansão da cultura de origem africana no Brasil. Ilê Aiyê é luta e resistência entoando vozes no combate à desigualdade racial e à violência contra a população negra. Suas práticas cotidianas de produção, divulgação, compartilhamento e fortalecimento da cultura afro-brasileira e, especialmente, de empoderamento da mulher negra, apresentam-se como tempos/espaços de ações de luta antirracista. A eleição da Deusa
do Ébano na Noite da Beleza Negra é um importante exemplo dessa função social desempenhada pelo bloco.

“Nossa parceria com o Awurê ressalta a importância da unidade entre o povo preto, destacando a fundamental importância de avançarmos no fomento cultural e nas ações antirracistas no país.” ressalta Vovó do Ilê, presidente do bloco afro.

A Cultne TV vai trazer com exclusividade os bastidores e pontos altos do show, em tempo real, em sua conta do Instagram. O encontro será gravado e poderá ser visto completo posteriormente, com acesso gratuito, na Cultne TV e nos canais do Awurê e Ilê Aiyê.

SERVIÇO
Data: Sexta-Feira, 12 de Agosto de 2022
Local: Fundição Progresso
Endereço: R. dos Arcos, 24 – Centro, Rio de Janeiro – RJ
Horário: 20 horas.
Atrações:
Dj: Bieta
Awurê
Ilê Aiyê
Audiovisual: Cultne.TV
Ingressos: Venda online através da plataforma Ingresse.com

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