Em recente matéria especial para a revista Vogue, a cantora Normani comentou sobre a importância da representatividade e a força das novas gerações de mulheres negras. “Sabe? Normalmente nós não recebemos apoio. Eu tenho a obrigação, até com a versão mais jovem de mim mesma, que agora é a geração mais jovem, de encorajar e erguer meninas negras”, destacou a artista.
Normani também comentou sobre a importância do apoio que recebeu dos seus pais durante a infância. “Eu era uma das três crianças negras na escola primária. Então era muito difícil pra mim“, contou a cantora. “Eu voltava pra casa e falava: ‘Mãe, alisa meu cabelo’, ‘eu queria que minha pele fosse mais clara’, ‘eu quero ter olhos claros’. Mas meus pais sempre me encorajavam que meu super poder era minha melanina negra”.
“Eu realmente sentia que tinha super poderes porque meus pais me mostravam coisas que me faziam sentir única e o fato de que eu não precisava parecer com todo mundo”, continuou a intérprete de ‘Motivation’. “Eu sempre digo que sou um veículo para toda pequena garota negra. Para garotas negras no geral, que normalmente não são apoiadas“.
Tida como uma das maiores revelações do pop internacional, Normani segue construindo sua carreira solo. Ainda em 2021, a cantora lançou a música ‘Wild Side’, em parceria com Cardi B, destacando elementos e referências negras dos anos 2000.
A Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial, iniciativa inovadora que chegou para revolucionar a forma que as empresas, investidores institucionais e a sociedade civil podem contribuir para equacionar o problema da equidade racial no Brasil, celebra o sucesso do 1º Fórum Pacto das Pretas, realizado no dia 30 de julho. Alinhado ao princípio da associação, de oferecer uma métrica inovadora para as empresas mensurarem o desequilíbrio racial, com a perspectiva de desenvolverem soluções inclusivas e antirracistas, o evento teve como tema ESG “Enegrecendo a sustentabilidade nas empresas”.
Híbrido, o fórum contou com a participação de centenas de expectadores nos formatos virtual e presencial, no espaço Itaú Cultural, em São Paulo. Teve a participação da embaixadora do evento, Rachel Maia empresária, que é conselheira administrativa da Vale, Banco do Brasil e CVC, além de outras mulheres pretas advindas de diversos Estados e setores, como por exemplo, Adriana Barbosa, CEO PretaHub, Benilda Brito, pedagoga e mestre em Gestão social, Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, Prof. Dra. Em Ciências Humanas – Prof. Emérita da Universidade Federal de São Carlos.
A programação do encontro foi composta pela Palestra Magna, cujo tema foi “Protagonismo da mulher negra nas transformações sociais” – proferida pela Prof. Dra Cida Bento – Co-fundadora do CEERT, além de três painéis: Como o Índice ESG de Equidade Racial pode mensurar mudanças de impacto na cultura organizacional e propor ações inclusivas e equânimes; Transformação Social: Educação, Políticas Públicas e Investimento Social; Práticas Inclusivas corporativas e o processo de emancipação social.
A programação da associação trouxe também uma exposição literária, eletrônica, denominada “Pretas Escritoras”, em homenagem a “Maria Firmina dos Reis”. A mostra teve como objetivo dar visibilidade a mulheres escritoras de ontem e de hoje que contribuíram com a educação e construção social brasileira, como Antonieta de Barros, Maria da Conceição Evaristo de Brito, Nina Ferreira, Roberta Tavares, Kika Sena, Maria Luisa Passos e a própria Maria Firmina dos Reis.
Para Rachel Maia, ver um coletivo de pretas se reunindo para falar do mercado corporativo é de uma importância sem precedente. “Porque é isso que nós estamos fazendo aqui. Discutindo formas de lutar por mais espaço de liderança com estratégia. A gente não quer falar só de forma abrangente. Não. Eu não quero só mudar o status quo. Eu quero entender quais são as estratégias que devo utilizar neste momento para encontrar espaços nas cadeiras de liderança e ser ouvida. Isso não tem preço. Então é essa a nossa batalha. É um diferencial do Pacto das Pretas”, afirmou.
Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora, se emocionou durante o evento, não só por questões pessoais, mas por entender a importância da representatividade e mostrar o trabalho e a potência das mulheres negras. Outro ponto que chamou atenção da empreendedora foi o tema do racismo estrutural. “Mostrar tudo que o que está acontecendo, na atualidade, para que se torne possível dar oportunidades iguais para homens e mulheres e especialmente quando se fala da questão de raça é algo que me estiga a debater. Afinal, sou uma mulher de origem negra também. Mesmo tendo a pele clara, obviamente não sofri um racismo tão forte como quem tem a pele retinta, mas sinto que temos um caminho longo a percorrer e fazer eventos como esse faz toda a diferença. Precisamos cada vez mais mostrar toda a potência, toda a força das mulheres que estão construindo um Brasil melhor e uma sociedade mais justa, reforçou.
Como presidente do conselho do Fleury, que é uma empresa majoritariamente feminina, com uma presença preta, mestiça e de diversas minorias, Márcio Mendes, considera de extrema importância conhecer essa realidade e aprender com as diferentes experiências. “É preciso promover cada vez mais a inserção dessas profissionais em cargos de alta gerência e também nos Conselhos. Temos essa visão de futuro e queremos que o Fleury seja uma empresa que tenha esse ideal em seu DNA. Queremos, inclusive, ser um exemplo para que outras companhias continuem seguindo e avançando nessa pauta que a gente vê com muito importante”, disse.
De acordo com a Assessora Técnica do Conselho de Sustentabilidade da Fecomercio-SP, Cristiane Lima Cortez, o órgão, tem um comitê ESG e, desde que aderiu ao Pacto, como apoiador, tem discutido tudo o que foi abordado no evento. “É muito importante que as empresas entendam o papel, a necessidade de tudo que foi apresentado aqui. Eu saio mais fortalecida, e emocionada porque tudo o que foi falado é muito importante. Todos deveriam ouvir o que foi dito nestes painéis porque a gente não tem mais tempo para esperar nenhuma mudança. Nós estamos muito atrasados com tudo isso”, alertou.
Já para o diretor de impacto da Vox Capital, Daniel Brandão, o evento foi uma oportunidade de se alimentar, a partir da força dessas mulheres pretas, que militam diariamente numa luta de proporções inimagináveis. “Estou aqui para me colocar ao lado delas nessa luta, como cidadão e como profissional. Pretendo levar essa força, essa caminhada, essa aprendizagem, essa sabedora ancestral para o cotidiano do trabalho, reforçando essa pauta para dentro da organização onde atuo. Muito obrigado por essa oportunidade. Um dia histórico”. Concluiu.
Segundo o Diretor Executivo do Pacto, Gilberto Costa, um dos compromissos da Associação com as empresas que aderem ao Protocolo ESG Racial é promover o protagonismo das mulheres negras, que ocupam menos de 1% nas posições de lideranças nas grandes empresas. Ou seja, a Associação estimula a correção deste desequilíbrio profissional, na perspectiva de garantir a visibilidade, liderança e reconhecimento profissional das mulheres negras.
Costa reforça que o objetivo da associação é fazer do fórum um encontro anual, realizado sempre em julho, período de alusão a mulheres negras, afro, latino-americanas e caribenhas, e que ele entre no calendário racial dos eventos de São Paulo. “Por meio dessa iniciativa também visamos potencializar a divulgação do Índice ESG de Equidade Racial Setorial e, consequentemente, aumentar significativamente o número de adesões das empresas ao Pacto. O saldo do evento é muito positivo. Estamos muito felizes e satisfeitos com adesão em massa das pessoas e com mais esse passo que demos rumo a equidade racial no Brasil”, avaliou.
A cantora Doja Cat surpreendeu os fãs nesta última noite de quinta-feira (4) ao aparecer com a cabeça e as sobrancelhas raspadas. “Eu nunca gostei de ter cabelo. Não consigo dizer pra vocês, desde o início de minha vida, um dia em que eu pensei ‘isso é legal’. Eu simplesmente não gosto de ter cabelo”, explicou a cantora através de uma live no Instagram.
Doja explicou que raspou seu cabelo porque ela gosta assim e que sempre que ela ia se apresentar ficava preocupada em como estava sua peruca. Ela disse que não sabe porque demorou tanto tempo para raspar, visto que ela praticamente nem usa seu cabelo real. pic.twitter.com/J7QvI0WEOk
“Eu estava tão exausta em ter que ir treinar ou me apresentar ficar me preocupando com a peruca, se estava alinhada. Então eu não conseguia me concentrar porque estava preocupada em como meu cabelo estava”, continuou Doja. “Não acredito que demorei tanto pra raspar a cabeça, porque primeiro de tudo, eu não saio por aí com meu cabelo natural (…) Era um pesadelo e eu realmente estou gostando agora”.
Nas redes, os fãs apoiaram a decisão da artista, que frequentemente realiza lives através das redes sociais. “Vocês me viram usar meu cabelo natural. Eu tive, tipo, duas épocas em que meu cabelo estava solto. Eu o alisava … Teve um momento em que era natural, e eu nem o usava natural porque eu não estou com vontade e é apenas um pesadelo, cara. Eu superei isso”, finalizou a cantora.
Consagrada no mundo dos cosméticos, Rihanna também está sendo celebrada pelo seu trabalho inclusivo no mundo da moda. A artista e empresária foi uma das homenageadas no Femmy Awards 2022. A premiação norte-americana celebra pessoas e marcas que trabalham pela inclusão feminina. “Quando começamos, minha visão sempre foi a celebração de todos os corpos, para com isso, continuamente derrubar as barreiras do que significa ser sexy”, disse Rihanna ao receber o prêmio de ‘Empresa Disruptiva’, atribuída à sua marca ‘Savage x Fenty’.
Rihanna durante exibição do show ‘Savage x Fenty’. Foto: Getty / Vogue
“Tudo foi construído sobre a base da inclusão. Inclusão é o alicerce“, continuou a artista. “E estou tão orgulhosa pela maneira como a marca [Savage x Fenty] evoluiu ao longo dos últimos 4 anos, com lançamento de categorias masculinas agora e também com lojas comerciais”.
Avaliada em cerca de US $ 3 bilhões, a ‘Savage x Fenty’ se consolidou como uma marca de lingeries e peças íntimas inclusivas, ampliando o aspecto de beleza para mulheres. “Nosso desafio a cada ano é apenas expandir nossa inclusão, certo? Você nunca consegue ser inclusivo o suficiente”, disse Rihanna em 2021 sobre a expansão da marca. “Você não pode simplesmente chegar lá e dizer ‘Nós cuidamos de todos!’. Sempre há alguém que você não representou e todos os anos nós queremos incluir mais representação”.
O Festival Wakanda In Madureira vai realizar sua primeira edição de 2022 no próximo domingo (7), no Viaduto Negrão de Lima, em Madureira, no Rio de Janeiro. O evento começa ao meio-dia e vai oferecer atividades e pedagógicas para crianças, além de atrações musicais como Anselmo Salles e Soul de BR e roda de samba com o grupo Pede Teresa, que convida Marcelinho Moreira e Marcelle Motta. O encontro vai ter também DJ’s tocando charme e hip hop, e feira com empreendedores negros.
Nascido como pequenique em 2018, o Festival Wakanda in Madureira se transformou em um grande dia de encontro para celebrar a vida, a obra e o legado do povo negro no Brasil e no mundo. “Um dia pra gente celebrar as nossas próprias vidas, nossos jeitos, nossa arte. Um dia de orgulho, amor e alegria”, define o fundador e organizador do evento Jonathan Raymundo.
“Agraciado com o prêmio Carolina Maria de Jesus de direitos humanos pela Alerj em 2018, o Wakanda é um lugar de encontro, afeto e troca tendo a ancestralidade e a cultura negra como o grande tema e causa”, completa Jonathan.
Esta edição do Wakanda In Madureira conta com o apoio do Boteco Seu França, Ayo Saúde e Matri Barra. A entrada custa 1 kg de alimento não-perecível ou R$ 10.
O jornalista e escritor falou sobre sua agenda afetiva e as estratégias que vem adotando para chamar a atenção de pessoas brancas sobre seu papel no combate ao racismo
Texto: Isadora Santos
Na tarde da última quinta-feira (4), o jornalista Manoel Soares esteve na sede da Meta, em São Paulo, para o lançamento do seu livro “Para meu amigo branco” e para um bate-papo com colaboradores da empresa. O evento inaugurou uma série de encontros chamados Black Sessions, promovidos pelo Black@, grupo de afinidade de pessoas negras e aliados da Meta, em parceria com a agência SUBA.
Durante a conversa, o jornalista destacou a importância de pessoas brancas questionarem a própria existência. “Eu preciso que o branco comece a se questionar. Quero que ele vá questionar os pais dele, os avós deles e que através desse questionamento eles comecem a ter crises existenciais. Que eles questionem a própria existência, o próprio mérito dessa existência. Porque só quando nósacessarmos a psique da superioridade nós vamos, de fato, comprometer o pacto narcisista da branquitude”, declarou o jornalista.
Citando um trecho de “Negro Drama”, dos Racionais, Manoel Soares também falou sobre a necessidade de trabalhar com outra agenda de combate ao racismo. Ao ser questionado por uma das participantes sobre como transformar a indignação a situações de racismo em algo positivo, o comunicador afirmou: “A gente precisa entender que eles não podem tirar da gente a nossa luz. Um dos caminhos é entender que não estou trabalhando o afeto no branco porque eu sou bonzinho, eu estou trabalhando porque eu não vou permitir que ele retire isso”.
Foto: Fabio Marassatto
O autor de “Para meu amigo branco” ainda complementou sua fala dizendo que “Meu afeto é para que o branco não saque das suas armas de privilégio e atire em pessoas como nós”, reiterou o jornalista.
Manoel Soares também falou sobre o poder do aquilombamento como lugar de cura para pessoas negras. “Eu acho fundamental que a gente encontre também as nossas curas ancestrais e não necessariamente com religiosidade. É fundamental cuidar da saúde entre os seus. Riqueza compartilhada é riqueza abeçoada”, afirmou.
Nathalia Cabral, gerente de parcerias da Meta e líder do Black@, contou que a criação do Black Sessions surgiu da necessidade de aproximar parceiros com projetos interessantes para a população negra da comunidade interna da empresa. “Essa primeira sessão que temos com o Manoel surgiu de um papo informal que tivemos no escritório, quando ele esteve aqui para uma reunião. Ele falou que estava lançando um livro e que queria muito conversar com a gente”.
Angu é uma espécie de creme amarelado se feito de milho, branco se feito de mandioca, ou vermelho se feito de arroz, conhecido como a comida servida aos povos africanos escravizados no Brasil, passando a ser feita com farinha de mandioca ou milho
Tem muita gente que fala que angu e polenta, são a mesma coisa, mas não são, apesar de, hoje nos dois pratos, o protagonista ser o milho. Simplificando, o angu é feito de fubá, e a polenta, de farinha de milho de granulometria mais grossa, mas também pode ser feita de trigo ou aveia. A polenta surgiu na região norte da Itália, e era base alimentar da população e dos legionários romanos, feita principalmente de aveia. Pouco depois da chegada dos espanhóis ao Caribe em 1492, o milho foi introduzido na Europa. Na Itália, o milho passou a ser cultivado primeiramente no norte, onde as chuvas são abundantes. A partir de então é que a polenta passou a ser feita de milho. Sua textura varia bastante, de firme nas regiões de Veneza e Friuli a cremosa na região de Abruzzi. A polenta sempre foi feita da mesma forma: com bastante esforço e paciência, misturando a pasta de milho em caldeirões de cobre, aquecidas sob o fogo. Pode ser servida mole, dura, grelhada ou frita. Pode ser recheada com uma miríade de molhos ou outros ingredientes, acrescentados enquanto ela ainda está mole.
O nome angu na verdade é de origem africana, o preparo também. Em África ainda hoje existem vários preparos à base de amido, cozidos em água, sem sal. Quando quentes apresentam consistência mole, muito semelhantes ao nosso angu no Brasil e quando frios representam bem o que Manuel Querino descreve como “a bola” em Arte Culinária na Bahia (2011). A bola a qual Querino se refere é um cozido de amigo e água, sem sal ou açúcar, normalmente era consumido com mel ou dissolvido em água como refresco ou suco o qual o autor chama de refrigerante. Conhecidos atualmente no continente africano como Fufu de arroz, Funge de milho ou mandioca, Ugali e muitos outros que enriquecem os cardápios do dia-a-dia dos povos em suas diversas culturas em África.
Entretanto, muita gente considera angu e polenta como o mesmo preparo; já que são gostosos, um pouco parecidos e aqui no Brasil feitos à base de milho. Mas, você sabia que, na verdade, a origem dos dois pratos é bem diferente? Pois é! Não basta só misturar água com fubá, não! Vamos entender um pouco mais sobre a história desses deliciosos e tradicionais pratos. Vamos lá?
Angu sendo base alimentar dos povos africanos escravizados no Brasil, serviu de sustento à nossos ancestrais que nos deram a vida. Ou seja, alimento forte, de sustância, carregado de histórias ancestrais dos povos africanos. Se ainda hoje depois de tantos séculos, os pratos à base de amido estão presentes na cultura culinária africana, eles tem grande importância na base alimentar destes povos.
Angu não é polenta e o ancestral mais próximo do angu são “as bolas” que Querino cita como base alimentar dos africanos que aqui viviam no começo do século passado.
Cada alimento tem sua importância em seu momento histórico, não carecendo comparações de um alimento com outro, principalmente quando presentes em momentos históricos distintos, porém se necessário fazer comparações sobre o angu, o mais coerente seria comparar o angu com seus irmãos e primos africanos (fufu, funge, ugali e muitos outros que existem no continente e são semelhantes). Trazendo à tona assim a resistência e força de nossa cultura culinária, tão rica e desconhecida por muitos.
Sabemos que a identidade cultural de um povo age como sustentação e manutenção de suas tradições, hábitos e costumes, traços peculiares como alimentos escolhidos, modos de preparos e ate de servir permitem a produção, fomento e difusão do conhecimento, e a comida mantém ligação intrínseca aos significados atribuídos aos alimentos e ao ato alimentar, criando assim, símbolos que moldam os hábitos culturais de um grupo.
A forma que os povos se alimentam está diretamente relacionada à história e sua cultura, às condições geográficas, recursos econômicos e até mesmo a religião. E Querino diz, que foi em torno desta última que inicialmente os africanos recém chegados ao Brasil se organizaram e se fortaleceram para resistir à escravização e perpetuar alguns sabores e saberes ancestrais africanos.
Assim concluímos que a cultura alimentar é um aspecto importante para recuperação da humanidade de muitos indivíduos.
Conhecendo os caminhos ancestrais de nossa cultura culinária entenderemos esta cultura culinária da diáspora africana pelas Américas é o espírito de Sankofa se materializando em nossas vidas. Conhecendo sobre nosso passado projetaremos melhor nosso futuro.
Foto: Aline Chermoula
Vamos às receitas?
FUNGE ANGOLANO
• 1/2 litro de água • Farinha de milho branco ou amarelo o quanto baste
PREPARO • Coloque a água em uma panela e leve ao fogo brando até ficar um pouquinho morna. Adicione 1 xícara de farinha de milho e mexa sem parar até ficar cremoso como um mingau e levantar fervura. Deixe ferver por alguns minutos e adicione aos poucos 3 xícaras de farinha de milho ou menos, até engrossar, sem parar de mexer com uma colher de pau, durante uns 15 minutos. Coloque numa marmita térmica, coma em seguida. Aconselho que sirva com carne estufada, calulu de peixe, feijão ou peixe grelhado com molho de tomate e couves. Acompanhe de Moamba de galinha bem suculenta.
ANGU BRASILEIRO
INGREDIENTES • 4 colheres (sopa) de fubá mimoso • 150 ml de água para misturar o fubá • 400 ml de água para ferver
PREPARO • Inicie colocando os quatrocentos ml de água em uma panela preferencialmente com o corpo mais alto e ferva a mesma. O corpo da panela deve ser mais alto senão vai espirar na hora de incorporar os ingredientes. Em uma vasilha pequena coloque cento e cinquenta ml de água e despeje na mesma as quatro colheres de fubá. Misture e deixe a parte. Quando a água estiver fervendo, adicione o fubá já incorporado com os cento e cinquenta ml de água e misture tudo por cerca de três a cinco minutos e tampe a panela. É importante notar que a incorporação dos ingredientes vai engrossar e ficar um mingau. Se ficar muito grosso, coloque mais um pouco de água, mas não muito. Uma vez ou outra mexa o angu para que não queime e todo corpo do alimento seja cozido por completo. O angu deve ser preparado com colher de pau. Para saber se o angu esta pronto basta observar a panela. Se nas bordas se o mesmo estiver desprendendo esta pronto. Para finalizar, coloque o angu em um prato fundo e tampe com outro prato por cima. Destampe de dez em dez minutos para tirar o suor que fica no prato de cima. Deve ser feito isto pelo menos três vezes para que o angu não fique enxarcado de água. Após esfriar um pouco sirva. De preferência acompanhando um delicioso frango com quiabo.
Referências
QUERINO, Manuel Raymundo. A Bahia de Outrora – Vultos e Fatos Populares. 3. ed. Livraria Progresso/Coleção de Estudos Brasileiros, série 1a – Autores Nacionais, 1946 ___. A Bahia de Outrora – Vultos e Fatos Populares. Bahia: Econômica, 1916 ___. Costumes Africanos no Brasil. Recife: Fundação Joaquim Nabuco – Ed. Massangana, 1988 ___. As Artes na Bahia (Escorço de uma contribuição histórica). Bahia: Typ. E Encadernação do Lyceu de Artes e Offícios,1909 ___. As Artes na Bahia, (Escorço de uma contribuição histórica). 2. edição melhorada. Officinas do Diário da Bahia, 1913 ___. Artistas Bahianos – indicações biográficas. 2. Ed. (melhorada, cuidadosamente revista). Bahia: Officina da Empresa “A Bahia”, 1911 SHARPE, Jim. A História vista de baixo in BURKE, Peter (org.). A Escrita da História, 1992
A atriz Lashana Lynch, de “007 – Sem Tempo para Morrer” foi escolhida para interpretar Rita Marley, a esposa de Bob Marley, na cinebiografia do cantor que está sendo produzida pela Paramount.
Lynch foi escalada após um longo processo de testes, incluindo leituras ao lado de Kingsley Ben-Adir, que vai interpretar o cantor. Lynch é nascida na Inglaterra, mas tem ascendência jamaicana e teve sua escalação para o papel aprovada pela própria Rita Marley e pelos filhos do cantor.
A direção é de Reinaldo Marcus Green, que assinou outra cinebiografia recente, “King Richard – Criando Campeãs”, sobre o pai das tenistas Venus e Serena Williams.
Rita, Ziggy e Cedella Marley estão entre os produtores do filme, que tem roteiro assinado por Green e Zach Baylin (também de “King Richard”).
Maior nome do reggar em todo o mundo, Bob Marley morreu em 1981, aos 36 anos, vítima de câncer. Mas apesar de ter morrido jovem, deixou clássicos como “Get Up, Stand Up”, “One Love”, “No Woman, No Cry” e “Could You Be Loved” eternizados na história da música mundial.
“Bom dia pra quem acordou com a notícia de que o Ministério Público deu parecer favorável no processo de adoção”, twittou a ativista e youtuber Gabi de Pretas nesta sexta-feira (5). Pelo Instagram, ela também postou uma foto sorridente em comemoração ao fim do processo: “Família Oliveira oficial”.
Em resposta a uma seguidora, Gabi explicou que agora não cabe mais alegação e não tem mais como pedir nada. Só falta o juiz responsável pelo processo assinar.
Gabi estava em processo de adoção desde 2019. Ela adotou um menino de 9 anos e uma menina de 4. Morando juntos há quase um ano, ela nunca expôs a identidade das crianças nas redes sociais, para aguardar o fim do processo.
Desde o início, a youtuber tem compartilhado todo o processo e as experiências da família em seu canal do Youtube. No vídeo mais recente, publicado ontem (4) “Vlog da nossa primeira viagem de férias”, ela mostra eles se divertindo, em viagem de carro para Teresópolis (RJ), no hotel Le Canton e mostrou todos os preparativos.
Relembra o processo de adoção
Em 2021, devido a pandemia, Gabi contou que precisou ir aos Estados Unidos para tomar a vacina contra a Covid-19, pois não havia previsão da vacinação no Brasil antes do encontro presencial com as crianças pela primeira vez. Eles fizeram diversos encontros pelas chamadas de vídeo antes deste momento. “A menorzinha disse ‘Você é a minha mamãe, não é?’, e eu fiquei com cara de tacho, gente, porque eu não esperava”, contou.
Em agosto do ano passado, em poucos dias de convivência com as crianças, a youtuber já havia postado a emoção de compartilhar a vida com as crianças: “Nós caminhamos muito até nos reencontramos, meus filhos. E que sorte a minha!”. E completou: “Oficialmente mãe de dois”.
Um estudo realizado em Salvador por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) revelou que os lares chefiados por mulheres negras são os mais ameaçados pela fome: 21,2% deles têm insegurança alimentar moderada ou grave e outros 25,6% possuem insegurança alimentar leve. Somadas as duas categorias, os dados indicam que preocupações em relação ao acesso à comida em quantidade e qualidade estão presentes em mais da metade desses domicílios.
Os resultados do estudo constam de artigo científico publicado na edição desta sexta-feira (5) da Revista Cadernos de Saúde Pública, editada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os pesquisadores trabalharam com uma amostra de 14.713 domicílios em 160 bairros da capital baiana. Um questionário com 62 perguntas foi aplicado de forma presencial e online. A coleta de dados ocorreu entre 2018 e 2020.
Gravidade
Os pesquisadores utilizaram a classificação da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia). A situação é considerada grave quando há ocorrência de fome ou quando a quantidade de alimentos para as crianças é restrita, moderada quando os alimentos para adultos são restritos e leve quando as pessoas não sabem se terão acesso à comida num futuro próximo.
Já a segurança alimentar se configura quando há acesso à alimentação em quantidade e qualidade. Essa situação está mais presente em lares chefiados por homens brancos. Em 74,5% deles, não há preocupações relacionadas com a comida.
A nutricionista Silvana Oliveira, uma das pesquisadoras que assina o artigo, explica que diversos estudos comprovam que a insegurança alimentar se relaciona com fatores socioeconômicos como renda e escolaridade. Ela pondera, no entanto, que eles não explicam tudo e a discriminação racial também deve ser considerada.
“As pessoas ainda têm uma visão que o lugar da mulher negra é no trabalho doméstico. São alguns estereótipos que estão associados, por exemplo, à falta de oportunidades de ter melhor renda. Mesmo que tenha a escolaridade igual a de uma mulher branca, a mulher negra tende a ter um salário menor porque paira no imaginário social que ela tem uma menor valoração”, analisa.
Segundo Silvana, para ter efetividade, as ações para combater a fome precisam estar associadas ao reconhecimento da desigualdade racial e ir além de medidas universais que desconsideram especificidades.
“As políticas públicas devem incorporar a interseccionalidade, que é esse olhar para as diferenças dentro dos grupos e para a interação entre os diferentes eixos de opressão. A desigualdade racial afeta toda a população negra. Mas também existem demandas específicas da mulher negra. E é preciso levar em conta essas demandas que estão sendo colocadas”, diz.
Desigualdade racial
Embora a pesquisa tenha se debruçado sobre a realidade de Salvador, a nutricionista afirma que os resultados dialogam com dados que documentam a desigualdade racial no país.
Além disso, explica que o referencial teórico foi composto com estudos nacionais. “Considero que a pesquisa veio para somar e contribui para a discussão do quadro de insegurança alimentar não apenas de Salvador, mas do Brasil”, afirma.
Ao mesmo tempo, ela observa que as características específicas da capital baiana foram levadas em conta. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com aproximadamente três milhões de habitantes, Salvador tem 80% de sua população autodeclarada preta ou parda.
Dentre os 14.713 domicílios que compuseram a amostra da pesquisa, a maioria (50,1%) tinha como responsável uma mulher negra, seguida de homem negro (35,4%), mulher branca (8,3%) e homem branco (6,2%). “Apesar de ter uma população majoritariamente negra, Salvador tem uma desigualdade muito profunda que não foi enfrentada”, finaliza Silvana.