“Não fecha a conta, a cota é pouca, o corte é fundo. E quem estanca a chaga, o choque do 3º mundo? De vez em quando um abre a boca, sem ser oriundo. Para tomar pra si o estandarte da beleza, a luta e o dom. Com um papo tão infundo…” – esses são alguns dos versos que compõem a música “Pra que me chamas?”, interpretada por Xenia França e composta por ela e Lucas Cirillo.
A faixa foi escolhida como single do primeiro álbum de Xenia, que já tem data de estreia para plataformas digitais: dia 29 de setembro de 2017. O projeto foi selecionado pelo edital Natura Musical 2016 com apoio da Lei Rouanet.
Navegando entre os ritmos cubanos e baianos, ambos influenciados pela cultura yorubá, “Pra que me chamas?”, traz elementos eletrônicos somados à força de instrumentos como o Batá, tambor sagrado da Santeira Cubana, além do Rum, Rumpi e Lé, todos utilizados no Candomblé.
Xenia trata, em seu single, da invisibilidade social negra no país, além de expor como elementos culturais afro-brasileiros são explorados e, por muitas vezes, desrespeitados. No refrão ela diz: “Porque tu me chamas se não me conhece?” Esta frase é uma tradução para “Pa que tu me llamas si tu no me conoces?” – muito usada em Cuba e que faz referência ao orixá Eleguá, equivalente ao Exú no candomblé brasileiro.
Você já teve a impressão que as crianças de hoje sabem cada vez mais cedo o que querem da vida? O número de empreendedores jovens cresce significativamente e Kheris Rogers, de apenas 11 anos é um desses talentos prodígio.
“A acabei de fazer história na #NYFW como a mais nova designer de moda de todos os tempos. Eu só tenho 11 anos e entrei na passarela para encorajar pessoas a amarem a sua pele”, celebra a grande-pequena Kheris em sua conta no Instagram.
Reprodução Instagram
“Outras crianças não queriam brincar comigo ou serem meus amigos por causa da minha pele muito escura”, explica Rogers em entrevista ao site americano Refinery29, “Passar por isso me inspirou a começar o Flixin’ in My Complexion”, por que negro tem tantos tons e todos são maravilhosos”.
Reprodução Instagram
Lupita Nyong’o e a Alicia Keys são algumas das celebridades negras que já aparecerem usando roupas da marca da talentosa estilista mirim.
Os amantes de maquiagem enlouqueceram com a nova linha de maquiagem da Rihanna, Fenty Beauty. E não foi apenas pelo nome da celebridade na assinatura da linha, mas sobretudo pela farta cartela de cores das bases que somam 40 tonalidades.
A Youtuber Aline Custódio, brasileira que mora nos Estados Unidos, foi uma das muitas negras que correram nas lojas para comprar a maquiagem, que esgotou em muitos lugares.
Em seu canal ela conta o que achou dos produtos, falando sobre fixação, preço e para qual tipo de pele o produto funciona melhor.
O produto ainda não está sendo vendido no Brasil, mas pode ser comprado pelo site da marca.
Como conhecer uma cultura? São vários os elementos que formam a identidade de um povo e, sem dúvidas, a gastronomia está entre os mais ricos e importantes. Pensando nisso o “Dida Bar e Restaurante” criou um evento chamado “Dida Afro”.
A ideia é que, a cada mês, o público seja apresentado a um país africano diferente, através de um prato típico. Mais que isso, chefes de cozinha, naturais do país escolhido, ficam responsáveis pelo menu do restaurante durante o evento.
Em setembro a República Democrática do Congo, país localizado na África Central, será o homenageado. Assim, a cozinha do restaurante ficará a cargo das chefs congolesas Belinda e Luisa Makiese. Belinda vive no Brasil há mais de 20 anos, já Luisa está aqui à apenas 3 meses.
Pondu – Prato típico do Congo
O prato principal do cardápio será o Pondu, que possui ingredientes semelhantes a quitutes do Norte brasileiro. Ele é feito com a folha da mandioca, cozida com azeite de dendê, berinjela, pepino, jiló, pimentão, entre outros, além de temperos.
A iguaria vem acompanhada de posta de peixe assado, arroz branco e fufu (funge), no valor de por R$ 49,00 (individual). O cliente ainda recebe entradinhas com abobrinha recheada, mexilhões com páprica e cocadinha de sobremesa.
O “Dida Afro” acontece nos dias 16 e 17 de setembro, no Dida Bar e Restaurante – Rua Barão de Iguatemi, 408, Praça da Bandeira, Rio de Janeiro (RJ). Estabelecimento aberto à partis das 12h.
Thaís Rosa Pinheiro fundadora do Conectando Territórios Foto: Facebook)
“Atualmente o Brasil possui mais de 5 mil comunidades quilombolas reconhecidas, porém poucas comunidades são tituladas. Acredito que o turismo tem também o poder de educar e principalmente de aproximar de povos e culturas”. Essa afirmação é da turismóloga Thais Rosa Pinheiro, 35, que foi contemplada com uma bolsa internacional e integral do Young Leaders of the Américas Initiative (YLAI) Professional Fellows Program, programa criado pelo ex-presidente americano Barack Obama.
Nascida no Rio de Janeiro ela Mestra em Memória Social (UNIRIO), Especialista em Análise Ambiental e Gestão do Território (ENCE) e Especialista em Economia, Turismo e Gestão Cultural (UFRJ).
No programa do YLAI foram 4 mil inscritos e 250 jovens selecionados, representantes de 36 países, líderes de diversas iniciativas. Em comum, projetos voltados para melhorar a qualidade de vida do planeta e dos seus residentes. Thais passará 5 semanas em cursos e estágios em empresas. Ela viaja no próximo dia 2 de outubro retornando no dia 9 de novembro.
Thais se inscreveu no programa apresentando seu projeto “Conectando Territórios” que busca aproximar pessoas à história, memória e a diversidade cultural brasileira a partir de vivências turísticas de base comunitária em comunidades tradicionais como quilombolas e comunidades urbanas.
Foto: Facebook
“Eu levo visitantes para conhecer as comunidades, ofereço cursos de danças afrolatinas, workshops sobre história, cultura afro-brasileira e eventos que discutem sobre territórios e pessoas”, explica a turismóloga que ficou sabendo da Bolsa, pelo Facebook.
Para ela a aproximação dos turistas com a comunidade quilombola , por meio do Conectando Territórios, aumenta o conhecimento da sociedade sobre a importância da cultura africana e também indígena.
Foto: Facebook.
“Nosso trabalho se estende pela valorização da arte brasileira, conectada a herança africana, indígena e tradicional, fortalecendo o trabalho de artesãs mulheres. E de conexão com nossa história nos centros urbanos onde encontramos a cultura afro brasileira por exemplo. Acreditamos num mundo em que as diversidades são elos de aproximação, e o contato com moradores locais contribui para essa aproximação e quebra de barreiras”, conclui a turismóloga.
Para saber mais sobre afroturismo e o Conectando Territórios, acesse o site e a página do projeto no Facebook:
O “Herói” é um garoto de apenas 6 anos, membro de uma família negra e super-poderosa. Ele também é negro e super-poderoso! Suas habilidades são a força e o poder de pular muito alto, além de sua esperteza e senso de justiça.
A história de Herói, e de todos os outros membros de sua família, foi desenvolvida pela “Afrodinamic”, uma editora independente que busca criar personagens e histórias que exaltem a representatividade e pluralidade existentes no mundo. Suas histórias também buscam a valorização ancestral, bem como o pensamento no futuro.
“Herói: O Menino Mais Poderoso Do Mundo” é o mais novo projeto da editora. Este será um livro infantil que, contando uma história atual, levará uma mensagem forte para crianças e adultos. Nessa trama, Herói tem que reaver um objeto de grande estima de uma garotinha das garras de um vilão que se recusa a reconhecer os direitos das outras pessoas.
Ao ajudar o projeto você ganha recompensar como essas
A Afrodinamic acredita que se reconhecer nas histórias é um fator primordial para o estabelecimento de identidade e valorização pessoal, tanto da criança, quanto do adulto. Além disso, ler para uma criança, estimula o desenvolvimento infantil e fortalece o vínculo familiar, por isso “Herói: O Menino Mais Poderoso Do Mundo” é tão importante!
E para que este projeto se torne realidade é necessária ajuda de todos e todas que puderem contribuir. Este se encontra no “Catarse”, site de financiamento coletivo, afim de arrecadar verba para que o livro seja publicado. A meta é de R$ 6.000 e você pode ajudar a partir de R$20.
Contribuindo financeiramente você ganha recompensas relacionadas ao personagem, entre elas o próprio livro “Herói: O Menino Mais Poderoso Do Mundo”, camiseta, marcador de livro, mascote e etc. Acesse o projeto completo no Catarse clicando AQUI e saiba mais.
O mundo precisa de mais representatividade, de mais tolerância, de igualdade… O mundo precisa de heróis, ajude a acontecer!
MC Soffia quer mais amigas negras (Foto: Divulgação)
Qual foi a última vez que você viu uma adolescente negra na TV, em um campanha de publicidade, capa de revista, cantando no Youtube? Talvez a MC Soffia seja a única imagem que venha a sua cabeça e é justamente ela, sentindo falta das suas pares, quem decidiu fazer o primeiro encontro de adolescentes negras. O 1° Encontro Preteenha Rainha com Mc Soffia acontece no dia 30 de setembro, em São Paulo.
” Eu notei que as adolescentes negras estão muito sumidas. Eu não tenho muitas amigas negras e eu queria me ver nelas e que elas se vissem em mim, porque a gente tem os mesmos assuntos para conversar, os mesmos cabelos, gostamos das mesmas coisas.”, explica Soffia, agora com 13 anos.
Soffia: “Eu quero me ver nelas e que elas se vejam em mim”. (Foto: Divulgação )
O encontrinho de adolescentes negras que tem por objetivo promover interação, conhecimento e diálogo, será no Aparelha Luzia, espaço que tem sido sede de vários eventos importantes para comunidade negra paulista.
Na programação, além de um bate-papo com Mc Soffia, onde serão trocadas experiências sobre a vida das adolescente negras, haverão ainda profissionais dando dicas de maquiagem básica, oficina de rimas com a Stella, Youtuber, integrante do grupo Estaremos Lá e discotecagem com DJ Sophia, uma jovem de 16 anos.
Somente as adolescentes poderão ficar presentes durante o evento. Haverá venda de alimentos a preços bem especiais no local. Adolescentes não negras também são bem-vindas desde que elas tenham entre 12 e 16 anos.
Informações completas na página do evento no Facebook: clique aqui.
A Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) colocou “Galanga Livre”, álbum do MC Rincon Sapiência, entre os 25 melhores de música brasileira no primeiro semestre de 2017. O disco exalta sonoridades africanas e as rimas tratam da realidade negra do Brasil e valorização da população afro-brasileira.
Durante as faixas Rincon conta a história de um ex-escravo, Galanga, que, agora livre, se aventura pelas ruas da cidade grande. Nesta ficção o rapper consegue exprimir a realidade do povo preto no país.
Sapiência realizou sua primeira turnê europeia, passou pela Inglaterra, Espanha, Suécia, entre outros países. Agora o artista está de volta e fará o lançamento oficial de “Galanga Livre” nos dias 29 e 30 de setembro, no Sesc Pompeia – R. Clélia, 93 – Pompeia, São Paulo – SP. O show começa às 21h30 nos dois dias, com ingressos a R$20 (inteira).
Saiba mais sobre o evento e como adquirir seu ingresso no site do Sesc Pompeia.
Elenco de "Samantha!" - Nova produção brasileira da Netflix
Uma nova série original Netflix, com produção brasileira, foi apresentada ao público: “Samantha!”. Com data de estreia para 2018, a série é uma comédia ou, como chamam os americanos, um “sitcom”.
Quando vi esta foto de divulgação, fiquei empolgada demais! Só pude pensar: QUE TIRO! Uma família feliz, não é? Um pai negro, retinto, uma menina negra, uma família estruturada, um pai presente… “Nossa, vai ser ótimo, vai ser divertido, vai quebrar padrões!”. Foi o quê eu imaginei, até ler a sinopse de “Samantha!”.
A série contará a história de uma ex-celebridade infantil da década de 1980, a Samantha. Decadente, ela tenta de tudo para voltar ao estrelato. Bem, agora se atentem para o personagem do homem negro: Dodói é um ex-jogador que acabou de passar 10 anos na prisão.
É isso! O cara negro é um ex JOGADOR DE FUTEBOL, que passou 10 anos na CADEIA! Muito revolucionário, não é? Quantas vezes homens negros foram vistos como bons só para os esportes ou como criminosos? Agora a Netflix fará o desfavor de juntar as duas coisas em um personagem só! E todo meu entusiasmo foi para o ralo, junto com a oportunidade desperdiçada de construir um homem negro além dos estereótipos racistas.
Fico me perguntando se esse personagem fosse um pai amoroso, se a série fosse construída, por exemplo, para a Samantha (a mãe), ser a “louca”, a desesperada pela fama, e o pai ser o que cuida dos filhos, o centrado, o responsável, será que teríamos o Douglas Silva ou qualquer outro ator negro no papel?
A Netflix tem “Greenleaf”, “Cara Gente Branca” e “The Get Down” entre suas séries originais. Ainda tem no catálogo produções como “Scandal” e “How to Get Away With Murderer”; séries pretas, com protagonismo negro, que quebram as expectativas, que subvertem o “óbvio”, que dão um tapa na cara dos racistas! Porém, nenhuma dessas é brasileira.
Reggie – Personagem de “Cara Gente Branca” – série original Netflix
O quê eu me pergunto é: quando chegará a nossa vez? Quando poderemos ver uma família rica negra, brasileira, como em “Eu a Patroa e as Crianças” ou em “Um maluco no pedaço”, onde o patriarca negro é advogado, médico, empresário, juiz, cientistas ou qualquer outra coisa? Quando poderei consumir uma produção nacional onde o papel do preto não vai ser de entretenimento ou crime? E quando a mulher negra será valorizada? Quando elas estarão no centro das produções brasileiras?
Fugimos para as produções americanas, fazendo relações com o a nossa realidade brasileira, simplesmente porque não podemos contar com as produções nacionais (as voltadas para o grande público), não podemos contar que seremos representados além dos estereótipos, que a mulher negra terá um papel real de destaque, que o racismo será tratado de forma real, aberta e concreta.
A produção executiva de “Samantha!” é de Felipe Braga (criador da série) e Alice Braga. Não há, até onde fomos informados sobre a série, nenhuma pessoa negra envolvida na criação e/ou desenvolvimento da mesma. Isso faz toda diferença! Quando falamos em “Scandal” e “How to Get Away With Murderer”, por exemplo, que têm mulheres negras no centro da ação, quebrando expectativas, falamos da produção e roteiro de Shonda Rhimes, uma mulher negra.
Shonda Rhimes é roteirista de “Scandal” que tem Olivia Pope, uma mulher negra, como protagonista
É o que nos falta, é o que falta ao nosso mercado: espaço para produções negras, de verdade! Produtores negros, diretores negros, roteiristas negros. Já passou da hora de esses terem espaço para contar nossas histórias!
Não sei o que vai ser de “Samantha!”, a série pode ser um grande sucesso, pode ser engraçada, bem feita; ainda sim estará perpetuando o mesmo papel de sempre destinado aos homens negros e a mesma invisibilidade a mulheres negras. Então eu pergunto, de novo: Quando chegará a vez do Brasil preto?
Na História recente da humanidade, o papel da mulher negra foi sempre o de servir. Seja como escravizada no passado, seja como doméstica, chefe de família, mãe e esposa, nos dias de hoje. Um dos resultados perversos disso é que estamos morrendo a cada dia mais por doenças facilmente detectáveis, como diabetes por exemplo.
Ao notar a morte precoce de amigas e entes queridas, todas mulheres negras com menos de 65 anos, as americanas T. Morgan Dixon e Vanessa Garrison iniciaram um movimento que hoje se tornou o maior projeto sem fins lucrativos com foco na saúde da mulher negra: o GirlTrek.
Foto: Divulgação
Por meio de um site, as afro-americanas podem se cadastrar e se juntar a um grupo de mulheres negras que caminham próximo a sua residência ou local de trabalho.
“Nós estamos comprometidas a nos curar, a amarrar nossos cadarços e andarmos até a porta da frente, todos os dias, pela nossa cura total e transformação da nossa comunidade, porque nós entendemos que nós estamos conectadas ao passado, ao movimento dos direitos civis como nunca antes, e ao mesmo tempo enfrentamos problemas de saúde como nunca antes” , explicou T. Morgam Dixon, durante uma conferência TED em Abril deste ano.
De acordo com dados mostrados na apresentação, as mulheres negras americanas são as que morrem mais e mais rápido de doenças relacionadas a obesidade e que podem ser prevenidas. Nos EUA 82% das mulheres negras estão acima do peso e 53% apresentam índices que correspondem a obesidade. Todos os dias, cerca de 167 mulheres negras morrem de doenças cardíacas, um número maior do que mortes por armas de fogo, tabagismo e HIV somados.
O que você tem feito pela sua saúde ultimamente? Que tal se inspirar e fazer algo parecido com suas amigas, familiares ou colegas?