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Mulheres negras que vivem de música: Componentes da banda Dembaia Dai Ramos e Beà disputam o Prêmio Shell

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Dai Ramos e Beà, pertencem a banda Dembaia, que significa família, na língua da etnia Susu, e são nomes que concorrem a premiação, que aconteceria na noite desta terça-feira (17), no Copacabana Palace, mas que na primeira vez na história teve o evento cancelado por conta do coronavírus (Covid-19). Sobretudo, a organização do evento informou que o resultado da premiação acontecerá e está trabalhando na melhor forma para divulgação.

Dai Ramos recebe o título pela direção musical do espetáculo “Os Desertos de Laíde” e Beà por “Meus Cabelos de Baobá”.

A banda, que agora acumula duas indicações ao prêmio por dois espetáculos que abordam a ancestralidade, força e resiliência da população preta, se trata de um coletivo liderado por mulheres negras pesquisadoras, atuantes desde 2014, realizando apresentações, saraus, vivências, aulas e oficinas com conteúdos que abordam principalmente a cultura da África do Oeste, como Guiné, Conacry, Mali, Senegal, em conjunção com referências contemporâneas e afrodiaspórica como, por exemplo, o slam, a capoeira e o jongo.

Para Dai Ramos a experiência é mais que apenas um título, a indicação veio do projeto que trata das dores da personagem na morte de seus filhos e sua percepção de mundo e sentimentos, que também espelham a intimidade de mulheres comuns, que enfrentam cotidianamente a violência.

 “Quando fui convocada à musicalizar, para ajudar a dar à luz ao trabalho poderoso que é o espetáculo “ Os Desertos de Laíde”, só expressei: uau! São vísceras de multidões de mães pretas que perderam seus filhos, num contexto de negação de juventudes negras, que estão em cena. Eu aceitei o desafio por acreditar na importância que esses úteros negros devastados continham como narrativa. Estou me sentindo honrada por estar fazendo parte a história dessa peça que tem uma produção politizada, texturas estéticas intensas, encenações viscerais, uma direção sensível. Afinal, quando arte, afeto e política se encontram é um salve na melancolia morna da existência”, frisa Dai.

Já “Meus cabelos de Baobá”, que recebeu a indicação por meio da Diretora Musical, Beà, que aos 24 anos é indicada pelo segundo ano consecutivo a premiação na mesma categoria, e no ano passado realizou o marco de ser a primeira mulher negra a ocupar indicação na categoria em 31 anos de existência do prêmio.  A montagem que se desenvolve em torno de diálogos da Rainha Dandaluanda com o Baobá, árvore milenar de origem africana, que lhe ensina valores africanos e desperta sua autoestima: primeiro, como menina; em seguida, como mulher e, finalmente, como rainha, consciente de sua beleza singular, de sua força ancestral e identidade negra.

O trabalho tem como uma das características a mulher negra em lugar de articulação, pois além da música, elas estão a frente da atuação, produção, direção, e é um marco não só no quesito representatividade e lugar de fala, “é um conceito de vibração ancestral”, desde a Ana Paula Black que traz a voz dos ancestrais vivos da rainha Dandalunda, até a contação da história pela protagonista Fernanda Dias e a direção de muita classe, leveza e afeto e da Vilma Melo, a primeira atriz negra a ganhar o Prêmio Shell de Teatro que assina a direção. “Nesse espetáculo a gente se identifica com o que é dito, porque em algum lugar a gente passou por isso, a gente vive esse lugar e todas nós queremos existir lá”, ressalta Beà.

Falando em representatividade, Dai Ramos lembra que a trajetória de mulheres negras na música não começou agora, “Essa indicação significa muito porque representatividade importa. As mulheres negras são potência na música há anos. E ser a terceira mulher preta a ser indicada a esta premiação, em 32 anos (as primeiras foram a Bèa e a Larissa Luz no ano retrasado) nos mostra que somos muitas e que as estruturas precisam se mover, pois mesmo que não queiram nós existimos”, afirma.

Beà acredita e afirma que a vitória de um igual é uma vitória coletiva. “Quando a Larissa Luz, que ano passado estava concorrendo a premiação comigo na mesma categoria, ganhou com o musical Elza, eu comemorei junto. Era como se eu também tivesse ganhado, afinal, no momento político que a gente tá vivendo, nosso momento enquanto pretos que tem toda uma ancestralidade, ninguém ganha. São todas essas mulheres que vivem as mesmas coisas pra estudar música, afinal, somos potência de Orunmilá, somos potência do universo”, concluiu.

Os Desertos de Laíde:

Criando Crianças Pretas:” Você tem que ser duas vezes melhor!”

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Crédito: Reprodução Instagram

Era início de 1992, eu tinha 7 anos, e estava animada para começar o ensino básico, na primeira série. Eu estava nervosa e com medo de não dar conta de tudo, de não conseguir aprender. Eu sempre gostei de estudar e, mesmo com pouca idade, sabia que aquela seria uma etapa importante que estava começando.

Era domingo à noite, minha mãe tinha acabado de refazer as minhas tranças. Eu pedi para ela fazer as “trancinhas caídas”, bem fininhas, para o meu cabelo ganhar movimento, isso demorou o dia todo, mas ela fez, uma a uma, e só terminou a noitinha. Meu pai estava passando o uniforme de estreia – o uniforme da escola tinha a camiseta branca e um shorts vermelho. Foi nesse momento, que meu pai, como numa conversa informal disse: “Agora filha, você tem que ser duas vezes melhor do que os outros, e se esforçar duas vezes mais, porque, mesmo assim, vão duvidar da sua capacidade e da sua inteligência”

E esse peso eu carrego até hoje…

Mas, não foi só meu pai que disse isso, os pais de alguns amigos pretos também os instruíram assim. Na introdução da música do Racionais “A Vida é Desafio” [do álbum – 1000 Tretas 1000 Trutas] diz a mesma coisa: “Desde cedo a mãe da gente fala assim: ‘Filho! Por você ser preto, você tem que ser duas vezes melhor'”.

Assistindo uma série norte americana chamada Scandal, em que a protagonista é uma mulher negra, há uma cena  em que o pai dela faz uma pergunta:

– Eu treinei você para ser o que?

E ela responde:

– Duas vezes melhor.

Trago esses fatos para dizer que esse discurso NÃO É COINCIDÊNCIA.

Queremos aqui, propor uma nova educação para a próxima geração de pretinhos que estão vindo, mas não podemos deixar de ENALTECER NOSSOS PAIS.

Esse tipo de frase que muitos de nós escutamos dos nossos cuidadores quando éramos crianças, era a expressão mais sincera de uma militância preta que nos permitiu sobreviver, se estamos vivos hoje, esse discurso de nossos pais pode ter feito toda a diferença.

Nossos pais, por terem vivido situações extremas de racismo e terem passado pela violência da ditadura militar, numa tentativa de nos preparar para a “guerra”, nos educavam dessa forma. Muitas vezes, eles não falavam do racismo, na intenção de não causar revoltas. O objetivo era nos preparar para fugirmos o máximo possível de situações que pudessem nos colocar em perigo ou nos expor ao racismo.

“Tira esse boné”, “não anda com a mão no bolso”, “não saia de toca na rua”, “se ver a polícia, não corra”, “ande com boas companhias”, “não faça nada de errado que eu vou descobrir”, “não arrume confusão na escola”, “nunca ande sem documentos” e tantas outras frases, que agora parecem ser traumáticas, eram, na verdade, para proteger nossas vidas.

E agora? Agora, agradeça seus pais por estar vivo. E retribua a educação que eles lhe deram propondo uma educação consciente e combativa para seus filhos.

Sobrevivemos e somos pretos e pretas que crescemos com certa liberdade de vida e de pensamentos, é hora de preparar nossos filhos não apenas para sobreviverem e sim para viverem!

Bora fazer isso juntos?

“Sem febre”: Preta Gil informa que está com Coronavírus “os sintomas são de uma gripe leve”

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Preta Gil, usou o Instagram para conscientizar seus seguidores sobre o coronavírus, doença com a qual descobriu estar contaminada na manhã de sábado (14). “Desde quarta-feira (11) eu estava apreensiva quando soube que estive em um mesmo ambiente com pessoas contaminadas. Eu sabia que o resultado poderia ser positivo e estava preparada… Desde que entendi que poderia ser atingida, cancelei compromissos me isolei e procurei me informar sobre tudo”.

A artista contou ter se sentido na obrigação de falar sobre o caso e os sintomas, que no caso de Preta Gil, não teve febre: “Hoje com a confirmação me senti na obrigação de informar a todos sobre o caso. Apesar de calafrios e dores de cabeça, os sintomas são de uma gripe leve, não sinto nada muito forte e o que mais me incomoda é saber que nenhum de nós está imune”.

https://www.instagram.com/p/B9u10_oByG_/

Preta Gil realizou o teste após se apresentar no casamento da Influenciadora Digital Marcela Minelli, outros três convidados da festa atestaram positivo para coronavírus. Nesse domingo (15), Preta publicou outro relato e disse que está bem, em seu quarto dia de isolamento “Passei bem meu quarto dia de isolamento.Os sintomas foram os mesmos do comecinho: calafrio, dor no corpo e de cabeça, mas sem febre graças a Deus”.

A cantora concluiu dizendo que informará tudo o que for possível sobre seu estado de saúde e agradecendo ao carinho que vem recebendo. “Se Deus quiser vamos atravessar essa situação, rezemos por todos nós e pelos profissionais de saúde que estão atuando bravamente. Vamos juntos vencer essa batalha”, finalizou.

https://www.instagram.com/p/B9xddpihxe1/?igshid=1lsgyhgieho09

Piada sobre cabelo de Babu no BBB20 é racismo: “Quem penteia o cabelo com um trem desse?”

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Reprodução BBB - TV Globo.

Nas últimas horas a participante do BBB 2020 Ivy Moraes revoltou a comunidade negra ao questionar em rede nacional “quem penteia o cabelo com um trem desse?” ao se referir ao pente-garfo usado por Babu Santana, um dos dois únicos negros na casa mais vigiada do Brasil, levando outros participantes ao riso:

Essa é uma das tentativas mais comuns de velar o racismo na sociedade: por meio da piada, o que chamamos de Racismo Recreativo. É quando colocam a pessoa negra na posição de depreciação, de chacota, apenas por ser quem é, por ter o cabelo que tem ou simplesmente por usar um pente-garfo – grande aliado dos nossos belos cabelos-afro – que naturalmente é desconhecido por grande parte das pessoas que não o utilizam no cotidiano.

Historicamente o pente-garfo tem origem Africana datada em mais de 6 mil anos A.C. Desde África, o cabelo-afro traz consigo muito mais do que estética. Traz uma história de resistência, simbologia e alguns penteados feitos com esse objeto podiam indicar religião, classe social, estado civil, identidade étnica e até detalhes sobre a vida pessoal.

Modelo antigo de pente-garfo

Piada que ofende pessoas negras não é piada. É racismo, como bem destacado pelo Prof. Dr. Adilson Moreira em seu livro Racismo Recreativo:

“O humor racista é um tipo de discurso de ódio, é um tipo de mensagem que comunica desprezo, que comunica condescendência por minorias raciais.”

E respondendo à pergunta de Ivy, mais de 100 milhões de brasileiros – que são negros – podem usar o pente-garfo se assim quiserem.

Após o episódio, se iniciou um movimento nas Redes Sociais em repúdio à fala racista da participante:

https://twitter.com/franca_rodrigo/status/1239228250842451969

Dicas preciosas de economia doméstica para comunidade negra em tempos de crise

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Bia Santos - Crédito Reprodução)

A comunidade negra é a base da pirâmide econômica brasileira, mas é a primeira a sofrer com as consequências financeiras oriundas em tempos críticos como agora, onde o coronavírus reflete globalmente no bolso das pessoas.

Conversei com Bia Santos, CEO da Barkus Educacional, empresa voltada para a democratização do conhecimento sobre economia. Nessa entrevista ela dará dicas práticas para que pessoas com menor poder aquisitivo não se sintam inseguras, caso não possam fazer estoques de alimentos, como a elite tem feito, além de saber como não aumentar suas dívidas em momentos como esse.

Mundo Negro – Você acha que os preços já estão sendo impactados pela crise da gripe?

Bia Santos: Sim, principalmente de máscaras e de produtos de higiene, como o álcool em gel. Os preços dos alimentos ainda não aumentaram significativamente por conta da gripe (até hoje, dia 14/03). Com a medida de quarentena pelos próximos 15 dias em alguns estados brasileiros e as campanhas de prevenção, a tendência é diminuir o surto de contágio e estabilizar a crise. Por isso, é importante seguir à risca as indicações do Ministério de Saúde. É momento de preocupação moderada, sem alardes.

É recomendado comprar e estocar alimentos?

O grande problema em comprar e estocar alimentos e produtos para a casa, em geral, é que, com a diminuição da capacidade de produção da Indústria, a tendência é que esses alimentos e produtos aumentem de preço e/ou faltem no mercado. Para aqueles que têm possibilidade financeira de comprar em grandes quantidades ou a preços mais caros, isso funcionará bem, o problema é que boa parte da população não tem essa condição. Mesmo em momento de histeria, é preciso pensar no coletivo. Grandes estoques ou compras exageradas são ruins para todos. Recomendo comprar os alimentos necessários, inicialmente, para o mês, como normalmente já é feito.

Para quem não tem grana para fazer compras grandes, qual seria a sua sugestão?

Não faça. Mantenha seu ritmo de compras semanal, quinzenal ou mensal, dependendo das suas condições. É importante acompanhar os meios de comunicação confiáveis que trazem informações reais e atualizadas sobre o coronavírus no Brasil. Muito cuidado com informações compartilhadas em redes sociais, especialmente no Whatsapp, onde fake news são veiculadas muito fortemente. Isso pode causar uma histeria coletiva e prejudicar muito mais do que ajudar.

Pegar empréstimo para compras de mantimentos seria uma boa opção?

Não. Empréstimo deve ser a última opção para compras de mantimentos. Como o estado de quarentena tem previsão para durar entre 15 e 30 dias, é importante seguir algumas dicas: 1) caso possível, diminua gastos com supérfluos e compre apenas o necessário, 2) priorize as contas básicas, como água, luz, gás e telefone, 3) em caso de falta de grana, use o cartão de crédito para as compras emergenciais e de itens básicos. Uma super dica: em caso de dívidas e problemas com pagamento, contraia dívidas “mais baratas” para pagar as “mais caras”, ou seja, pegar empréstimos com taxa de juros menores para quitar os empréstimos com taxa de juros maiores. É uma alternativa para ganhar mais tempo para pagar as contas.

Bia finaliza com conceitos muito importantes sobre espírito comunitário:

Para os negros, nas mais diversas situações econômicas, é importante relembrar o que nos une como povo.

De um ponto de vista afroperspectivo, consigo citar três dos sete princípios éticos (Nguzo Saba), que nos faz refletir e ajuda em momentos de crise: Umoja: fazemos parte de uma comunidade e devemos nos dedicar por e para ela; Ujima, devemos construir e nos unir a comunidade, ajudando a solucionar o problema dos outros como se fossem os nossos; e Ujamaa, os recursos podem e devem ser compartilhados, na construção de uma economia cooperativa. Em momentos como esse, de crise e insegurança, o olhar para nós, negros, precisa ser de compartilhamento e união, ou seja, ajudar aos nossos quando possível e pedir ajuda se necessário.

Existem diversos trabalhadores que não podem ficar de quarentena, por exemplo, porque trabalham em locais de atendimento ao público, produção, entregas, etc. Eles estão muito mais suscetíveis ao contágio. Pior ainda é a situação para os trabalhadores informais, que precisam sair de casa para vender seus produtos ou prestar serviços. É momento de apoio. O pensamento precisa ser coletivo.

Para Octavia Spencer “Wakanda Forever” é a melhor saudação para evitar o Coronavírus

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Crédito: Instagram

Errada ela não está. A atriz Octavia Spencer usou suas redes sociais para descontrair seus seguidores.

A escalada mundial do coronavírus tem trazido uma grande tensão em nível global. Tendo em vista que o aperto de mão e abraço são algumas das principais formas de se contrair o vírus, ela tem uma solução.

Em uma postagem no Instagram, a atriz que em breve será vista na Netflix em  “A vida e história de Madam CJ Walker” , disse a saudação Wakanda Forever, onde se cruza os braços contra o próprio peito sem se tocar na outra pessoa, será o seu aperto de mão nos próximos meses.

 

Leia também: Madam C.J. Walker : Nova série da Neftlix conta a história da primeira negra milionária dos EUA

BBB20: “Tem uma coisa que é maior que nós.” Babu fala sobre Thelma

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Crédito: Rede Globo

Há algumas semanas viemos acompanhando a vivência dos nossos na casa do Big brother Brasil.

Babu e Thelma embora não estejam pertencendo aos mesmos grupinhos sempre acabam se unindo de alguma forma.

Como havíamos falado em outro post, Thelma a única mulher negra da casa vinha sofrendo frequentemente uma sutil exclusão por parte de alguns participantes.

Leia também: BBB20: Thelma fala sobre relacionamentos e a dificuldade de ser assumida. https://mundonegro.inf.br/mundonegro/bbb20-thelma-fala-sobre-relacionamentos-amorosos-e-a-dificuldade-de-ser-assumida/

Embora tenha tentado se entrosar desde a primeira semana na casa, o racismo que vinha de forma velada que Babu e nós, telespectadores, notamos de início, finalmente ficou claro pra Thelma. Ela não era tão bem vinda quanto os outros no grupo das “fadas sensatas”.

Na última semana Thelma e Babu se aproximaram, e Babu contou pra ela tudo o que sentia em relação a imagem que os outros participantes atribuíram a ele.

“É muito mais fácil eu ser eleito o monstro. Negão, cara de mau… Você acha que eu não sei o que que é isso?” Babu desabafou com Thelma.

Thelma virou alvo das suas “amigas” a partir do momento que começou a questionar a atitude delas na forma como se referiam a Babu e passou a defendê-lo na casa.

E na tarde de hoje, em uma conversa com o participante Prior, Babu diz que não vai se perdoar se Thelma for para o paredão.

E quando Prior questionou a reciprocidade na relação de Babu com a sister, o ator soltou “Eu não tô fechado com ela, tem aí uma coisa maior que nós dois”

Nenhum participante da casa entende essa lealdade, mas nós sabemos bem o que é.

https://twitter.com/afrocamis/status/1238517740501184514?s=21

 

Projeto pretende mudar nome da rua que homenageia o assassino de Zumbi dos Palmares

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A poucos metros da Faculdade Zumbi dos Palmares, no bairro do Bom Retiro, está localizada a Rua Jorge Velho, ponto de passagem de alunos da instituição. O que muita gente não sabe é que essa rua esconde a história de um genocida, assassino de negros, negras e povos originários, tornando essa menção um desrespeito e insulto a memória ancestral da comunidade negra. Domingos Jorge Velho foi o bandeirante que comandou a invasão ao Quilombo dos Palmares na Serra da Barriga que culminou com a morte de centenas de pessoas, além da morte de Zumbi dos Palmares.

Pelo projeto, a rua passará a se chamar Zumbi dos Palmares – Foto: Divulgação

Após a descoberta da nomenclatura dessa rua, alunos da Faculdade Zumbi dos Palmares se reuniram para criar o Movimento Zumbi Resiste, com o objetivo mudar o nome da rua de Jorge Velho para Zumbi dos Palmares, além de transformar o local em um espaço de ocupação contínua para realizações de atividades afrocentradas como um símbolo de resistência. Hoje, o projeto está registrado na Câmara de Vereadores de São Paulo e tramita nas comissões necessárias para sua validação até chegar a fase final da votação na plenária.

Ainda como mote de mobilização foi feita uma petição online que segue angariando assinaturas com o objetivo central de ampliar o alcance e importância da ação.

Segundo o aluno da Faculdade, Lucas Carvalho, o apoio de toda comunidade é de grande importância, inclusive pelo momento histórico que o país vive. “É importante contar com o apoio de toda população para expor o assassino Jorge Velho e fazer justiça por Zumbi dos Palmares, que foi importante para a libertação de milhares de negros”.

A história de Jorge e Zumbi

Zumbi dos Palmares nasceu na Serra da Barriga e se tornou líder do Quilombo dos Palmares, tornando-se símbolo de resistência contra a opressão portuguesa. Denominado “O senhor das guerras”, Zumbi foi responsável pela libertação de um incontável número de escravos, se apoderando também das armas e munições, que posteriormente eram usadas na defesa do quilombo. Zumbi virou assim uma lenda entre os afrodescendentes que viviam no país, criando inclusive o mito de que seria imortal.

Foi então que Domingos Jorge Velho recebeu a incumbência de destruir o Quilombo dos Palmares, em troca de dinheiro e terras. Velho e sua tropa comandaram diversos ataques ao Quilombo dos Palmares com métodos altamente brutais e sendo descrito por pessoas da época como “um dos maiores selvagens que já haviam visto”. Até que em 1694, as tropas de Jorge Velho, com mais de 6 mil homens, obtiveram êxito e promoveram um verdadeiro banho de sangue no Quilombo dos Palmares, assassinando a maior parte da população que ali vivia e prendendo mulheres e crianças.

Zumbi, mesmo ferido, conseguiu escapar da invasão e em 20 de novembro de 1695 foi apanhado em seu esconderijo, sendo morto pelas tropas de Jorge Velho que dias depois expressou em ofício a Sua Majestade que Zumbi havia sido morto por uma partida de gente do seu terço. Após isso, a cabeça de Zumbi ainda foi cortada, salgada e exposta em praça pública para que fosse usada como exemplo a todos os afrodescendentes da época.

“O pequeno príncipe preto”: Rodrigo França nos lembra que ancestralidade também é coisa de criança

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Rodrigo França : Crédito Julio Ricardo

A filosofia ancestral africana é ouro. Falamos pouco sobre ela, mas felizmente hoje mais do que antes. Na leitura que fazemos sobre as lições deixadas pelos que vieram antes de nós, o conceito de ancestralidade é o que traz sentido a tudo.

Em seu primeiro livro “O pequeno príncipe preto” (Editora Nova Fronteira), o ator , dramaturgo e cientista social Rodrigo França faz uma versão afro-centrada de uma obra clássica da literatura global, o livro francês “O pequeno príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry.

A sustentação dessa nova narrativa vai além do tom de pele do protagonista. A relação do príncipe com o Baobá , uma árvore, um elemento da natureza com tanta simbologia para a comunidade negra, é uma aula de como os que vieram antes de nós são fundamentais para a nossa identidade. “Como pode existir o hoje, o agora, se você não conhece o seu passado, a sua origem, as suas características? É assim que a gente conhece nossa ancestralidade. ”, reflete o protagonista.

Ao longo de suas viagens pelos planetas, lindamente ilustradas por Juliana Barbosa Pereira, o príncipe analisa as pessoas que passam por seu caminho com um repertório intelectual baseado em conhecimentos adquiridos com a sua relação com o velho Baobá. Um deles é o Ubuntu, uma filosofia africana que nos lembra que não estamos sozinhos no mundo.

Temos que celebrar a estreia de França como escritor. Ele trouxe para o livro de 32 páginas, o que mais de 60 mil expectores assistiram nos palcos com a peça homônima escrita por ele.

“O pequeno príncipe preto” é um livro rico pelas palavras, pela ilustração e pelas várias lições que crianças e adultos deveriam adotar em suas vidas. E segue um dos meus trechos preferidos.

“Seja sempre claro com o que sente. A palavra ‘afeto’ vem de afetar o outro. Afete com verdade”.

O pequeno Príncipe Preto
De Rodrigo França
Ilustrações de Juliana Barbosa Pereira
32 páginas
R$ 39,90
Editora Nova Fronteira

Xande de Pilares apresenta o projeto “Viajando No Samba” no Bar do Zeca Pagodinho

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O repertório do show foi criado pelo artista especialmente para esta apresentação, o projeto “Viajando No Samba” para o Bar do Zeca Pagodinho, Xande vai relembrar clássicos que o influenciaram na carreira e homenagear mestres como Alcione, Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, Benito di Paula, Almir Guineto, Jorginho do Império, Cartola, Agepê, Bezerra da Silva, Martinho da Vila, Fundo de Quintal e outros.

Xande será acompanhado pelos músicos Julinho Santos (direção musical e violão 6 cordas), Valdenir Rio (baixo), Marechal, Tico, Azeitona e Thiago Kukinha (percussão), Wanderson Assis (vocal), Fernando Portugal (bateria) e Juan Felipe (cavaquinho). 

Para coroar o momento, o primeiro DVD solo de Xande de Pilares será lançado no final do mês de março. O single “Pão que Alimenta”, que faz parte deste trabalho, já está disponível em todas as plataformas digitais. 

Serviço:

  • Xande de Pilares – Show “Viajando no Samba”
  • Local: Bar do Zeca Pagodinho
  • Endereço: Av. das Américas, 8585 – Shop. Vogue Square – B. da Tijuca
  • Data: 17 de março (terça-feira)
  • Horário: 20h30min
  • Couvert Artístico: R$ 25,00
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