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Produção Sul Africana: Solteiramente, nova comédia romântica entra para o catálogo mundial de originais Netflix

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Chega às telas de todo o mundo a encantadora comédia romântica sul-africana “Solteiramente” na Netflix. No elenco, o filme traz nomes como Fulu Mugovhani, Tumi Morake, Bohang Moeko e Yonda Thomas. 

Ambientado em Joanesburgo, na África do Sul, Solteiramente conta a história de Dineo (Fulu Mugovhani), que tem um namoro atrás do outro e navega o mundo do romance ao lado de sua melhor amiga, Noni (Tumi Morake), uma pessoa com fobia a relacionamentos. Dineo conhece Lunga (Bohang Moeko), que parece ser o homem dos sonhos, e passa a descobrir o que quer na vida e no amor. Noni também tem sua própria história com Max (Yonda Thomas), um dono de bar com um coração de ouro. As engraçadas peripécias de Dineo e Noni mostram a beleza e a força de uma amizade verdadeira.

Produzido pelos aclamados irmãos Ramaphakela (Tshepo, Rethabile e Katleho), da Burnt Onion Productions, o filme é uma amostra de como a Netflix está investindo na criatividade das produções africanas. O retorno de Tumi Morake à tela da Netflix, com o primeiro especial de uma comediante africana, ecoa os temas presentes em Solteiramente, empoderando as mulheres negras na vida moderna e no mundo do romance. 

Assista ao trailer de Solteiramente que já está disponível no catálogo da Netflix.

Branqueamento Racial: Maioria dos genes de descendência africana são das mulheres

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Com base em amostras de DNA de 50,2 mil pessoas nas Américas e na África, coletadas de um banco de dados de milhões de amostras de empresas e projetos genômicos, pesquisadores da companhia 23andMe e da Universidade de Leicester (Reino Unido) traçaram um paralelo entre o perfil genético de descendentes de escravizados e os documentos históricos disponíveis sobre a escravidão.

Os resultados foram publicados no periódico American Journal of Human Genetics. Muitas das conclusões dos pesquisadores se aplicam à população afrodescendente do Brasil.

A pesquisa diz que o “deslocamento forçado de mais de 12,5 milhões de homens, mulheres e crianças da África para as Américas entre 1515 e 1865 teve um significativo impacto social, cultural, de saúde e genético ao redor das Américas”.

No caso do Brasil, a maioria das conexões genéticas é com as populações do centro-oeste da África, particularmente a região do Congo. Em entrevista à BBC News os pesquisadores Steven Micheletti e Joanna Mountain, da empresa 23andMe disseram que isso “não surpreende, uma vez que os dados estimam que quase 2 milhões de africanos escravizados foram transportados diretamente (dali) para o Brasil”.

No entanto, há diferenças entre o Nordeste e o Sudeste do Brasil. “Afro-brasileiros do Nordeste têm ancestralidade tanto do Congo quanto da região da Nigéria. No Sudeste, afro-brasileiros têm ancestralidade sobretudo congolesa”, afirmou a pesquisadora Sandra Beleza.

Apesar de mais de 60% dos escravizados trazidos para as Américas terem sido homens, as análises genéticas apontam que uma grande parte dos genes de descendência africana vêm das mulheres.

Isso é ainda mais forte na América Latina: segundo a pesquisa, para cada homem, entre 4 e 17 mulheres contribuíram para o conjunto genético dos descendentes. Os motivos por trás disso são atribuídos à prática de estupro de mulheres africanas escravizadas, tanto por seus “senhores” quanto por outras formas de exploração sexual, também verificou-se uma “mortalidade mais alta de escravos homens na América Latina”.

Outro motivo de grande parte dos genes serem de mulheres é a prática conhecida como “branqueamento” racial, “que envolvia mulheres se casando com a intenção de produzir crianças de pele mais clara. Políticas nacionais de branqueamento foram implementadas em múltiplos países latino-americanos, financiando e subsidiando imigrantes europeus com a intenção de diluir a ancestralidade africana por meio da reprodução com europeus de pele clara”.

Estudos de historiadores e antropólogos afirmam que isso ocorreu também no Brasil.

Estilista nascida no Brasil assina um dos figurinos de Beyoncé em “Black Is King”

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Beyoncé disponibilizou nesta sexta-feira (31), na plataforma de streaming Disney+ a íntegra de “Black is king”, seu novo álbum visual e chamou muita atenção pelos diversos looks durante todo o filme.

Entre nomes, que assinam o figurino, estão Riccardo Tisci da Burberry, Olivier Rousteing da Balmain e Pierpaolo Piccioli da Valentino e Loza Maleombho, que nasceu no Brasil, mas logo mudou para os Estados Unidos onde se formou e atualmente mora na Costa do Marfim.

Em seu Instagram, a estilista celebrou o feito e disse nunca ter imaginado Beyoncé dançando ao som de afrobeat enquanto usa uma de suas criações: “Eu poderia visualizar Beyoncé usando uma de minhas peças. Mas nunca imaginei ela dançando ao som do afrobeat e abraçando toda a cultura africana enquanto usava uma roupa minha! Sou muito grata por ter contribuído com essa obra-prima. É como ser uma mosquinha numa sala onde a história está sendo feita!”

Essa é a segunda vez que Loza trabalha para Beyoncé. A primeira foi em “Formation” e na época a estilista disse ter visto o clipe muitas vezes seguidas para acreditar no que estava acontecendo.

https://www.instagram.com/p/CDV30-RBOl0/

Katiúscia Ribeiro, abre inscrições para décima turma do curso introdutório à Filosofia Africana

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Pensando em um mundo pós-pandemia, a filósofa Katiúscia Ribeiro é a criadora do curso on-line de filosofia africana, na qual analisa as consequências práticas deste período para a população negra no Brasil.

Katiúscia Ribeiro é Filósofa, Mestra e Doutoranda em Filosofia Africana com pesquisa sobre Filosofia Kemetica. Também é graduada em Filosofia pela UFRJ e Mestre em Filosofia e Ensino pelo CEFET/RJ e atua como coordenadora Geral do Laboratório Geru Maa de Africologia e Estudos Ameríndios UFRJ e como professora da Escola de Magistratura do Rio de Janeiro.

O curso ocorrerá entre os dias 19 e 21 de agosto e pretende apresentar de modo sucinto e em caráter introdutório diferentes matrizes das Filosofia Africanas. Trabalhando com alguns conceitos fundamentais, possibilitando a ampliação dos estudos e debates sobre Filosofias Africanas. Serão três aulas online, distribuídas por temas com apostilas personalizadas para o curso.

O objetivo do curso é fomentar a discussão sobre filosofia africana, visando apresentar uma compreensão dos pensamentos e conceitos desenvolvidos desde as escolas de escribas no Kemet (Egito antigo) até os dias atuais. Entendendo o contexto histórico da época e seus sistemas filosóficos.

Serviço:

O curso acontecerá entre os dias 19 a 21 de Agosto
Inscrições: https://www.mercadoblackmoney.com.br/katiusciaribeiro/produto/curso-on-line-de-introducao-a-filosofia-africana-turma-10
Horário: 19h às 21h30
Carga Horária: 7h30min
Plataforma: Google Hangouts Meet
O curso terá certificação garantida pelo laboratório Geru Maa/UFRJ.

Conheça os artistas Africanos que fizeram parte de “Black Is King”

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Por: Estevão Lourenço*

“Black is King” é o novo trabalho de Beyoncé lançado na última sexta-feira (31). O filme tem chamado atenção em diversos quesitos o visual é novidade, mas a trilha sonora os fãs já conheciam. O álbum que compõe a trilha sonora, The Lion King: The Gift, foi lançado no ano passado como trilha sonora para o filme “O Rei Leão”. As músicas trazem participação de diversos artistas como Jay-Z, Pharrell Williams, Kendrick Lamar entre outros do nosso continente americano. Mas enquanto a variedade de artistas africanos participantes? Você os conhece? Confira abaixo quem são os artistas africanos que deram a voz em “The Lion King: The Gift” e consequentemente deram as caras em “Black is King”.

Tekno

Augustine Miles Kelechi é nigeriano e tem 27 anos. Além de cantor, também é produtor musical.  Conhecido como “Golden Boy of Africa” (garoto de ouro da África) seu primeiro single, “Holiday” foi lançado em 2013. No ano seguinte, 2014, seus singles “Dance” e “Anything” fizeram um enorme sucesso e o fizeram concorrer no Prêmio de Entretenimento Nigeriano.

Seu single com maior visibilidade intitulado “Pana”, de 2016, conta com mais de 130 milhões de visualizações. Em 2018 fez uma participação na canção “Freak Me” da cantora norte-americana Ciara. Em 2020 Tekno lançou três singles, o mais recente se chama “Sudden”.

Mr. Eazi

Oluwatosin Ajibade é conhecido por ser pioneiro da música Banku, um gênero que mistura a musicalidade e as estruturas de músicas de Gana e da Nigéria Mr. Eazi tem 29 anos, nasceu na Nigéria e além de cantor e compositor é empresário. Aos 16 anos mudou-se para Gana, para cursar engenharia mecânica da Universidade Kwame Nkrumah de Ciência e Tecnologia. 

O cantor possui quatro mixtapes lançadas, sendo a primeira de 2013. Seu vídeo com mais visualizações é para canção “Leg Over” de 2017. Seu trabalho mais recente é a mixtape “One day you will understand”.

Yemi Alade

Yemi Eberechi Alade, de 31 anos, nigeriana, cantora e compositora de afropop. Formou-se em Geografia na Universidade de Lagos. Em 2009 foi a vencedora de um programa de talentos Peak Talent Show, já possui quatro álbuns lançados e uma turnê mundial para cada um deles. Seu primeiro album de 2014 intitulado “King of Queens” conta com o maior single de sua carreira intitulado “Jhonny”, com quase 120 milhões de visualizações no YouTube.

Em 2019 lançou o álbum seu quarto álbum, “Woman of Steel”, conta com o single “Shekere” que possui participação do ícone da música negra, Angélique Kidjo. O trabalho mais recente de Yemi Alade é o single “Boyz”

Burna Boy

Damini Ogulu, de 29 anos, é um compositor e cantor nigeriano. Apesar de ser associado com afrobeat se aventura pelos gêneros reggae e dancehall também. Possui duas mixtapes lançadas em 2011, quando produzia suas próprias músicas. Em 2013 lançou seu primeiro álbum intitulado “L.I.F.E”. Até o momento possui quatro álbuns lançados e é mundialmente conhecido por fazer inúmeras participações, principalmente em canções de cantores norte-americanos. 

Seu single solo com maior visibilidade é “On The Low” com mais de 140 milhões de visualizações no YouTube. Seu trabalho solo mais recente é o single “Wonderful”. E ontem foi lançada a canção “My Oasis do cantor Sam Smith com participação de Burna Boy  

Oumou Sangaré 

Oumou Sangaré, tem 52 anos. A cantora se enquadra em um gênero tradicional chamado de “Wassoulou music” que é interpretado por mulheres e possui instrumentos regionais específicos. Wassoulou é uma região histórica ao sul do rio Niger, tal região abrange Mali, pais onde a cantora nasceu.

A cantora possui oito álbuns lançados sendo o primeiro de 1990 e último um álbum acústico de 2020. Em 2011 participou da releitura da música “Imagine” com Seal, India Arie entre outros artistas que rendeu um Grammy na categoria “Melhor colaboração pop com vocais.” 

Salatiel

Salatiel Livenja Bessong, de 31 anos, é camaronense. O cantor e compositor também produz e começou sua carreira em 2014. Desde o início de sua carreia é o responsável por produzir a maioria dos hits em Camarões através de sua gravadora Alpha Better records. Suas produções já concorreram e ganharam diversos prêmios no continente africano.

Seu primeiro e único álbum foi lançado em 2019 e possui o título “Africa represented”. Possui apenas um vídeo lançado em seu canal no YouTube para o single “Ayagayo”. 

Wizkid

Ayodeji Ibrahim Balogun, de 30 anos, é um cantor e compositor nigeriano. Aos 11 anos possuía um grupo chamado Glorious Five com amigos da igreja e chegaram a gravar um álbum colaborativo. Em 2011 lançou seu primeiro álbum solo intitulado “Superstar” Em 2014 lançou o álbum “Ayo”. E em 2017 o álbum “Sounds from the Other Side”.

É mundialmente conhecido por ter participado do hit “One Dance” do rapper Drake em 2016. Seu single com mais visualizações é “Come Closes” de 2017, também com a participação do rapper Drake. Seu último single solo “Joro” foi lançado no ano passado.  

Tiwa Savage

Tiwatope Savage, de 40 anos, além de cantora e compositora também é atriz. Nasceu na Nigéria e aos 11 anos foi morar em Londres com sua família. Aos 16 aos foi backing vocal de cantoras como Mary J. Blige e Chaka Khan. Em 2006 chegou a participar do reality musical X Factor UK. Em sua música é possível notar a mistura de afropop e R&B.

Seu primeiro álbum solo é de 2013 e se chama “Once Upon a Time”. Seu trabalho mais famoso é o single “49-99” com mais de 10 milhões de visualizações e com referência a Fela Kuti. E seu trabalho mais recente é “Dangerous Love”.  

Shatta Wale

Charles Nii Armah Mensah Jr., de 34 anos, nasceu em Gana. É cantor, compositor e produtor de gêneros como afrobeat, afropop, reggae e dancehall. Possui quatro álbuns lançados, o primeiro de 2016 intitulado “After the Storm”. O cantor tem uma lista extensa de indicações a prêmios e muitos ganhos.    

Seu trabalhosolo com mais visibilidade é o sinlge “My Level” com mais de nove milhões de visualizações no YouTube. Seu trabalho mais recente é música “Miss Money”

Busiswa

Busiswa Gqulu, de 31 anos, é uma cantora, compositora e poetisa sul-africana. Começou sua carreira recitando seus poemas. Em 2011 foi a voz em “My Name Is”, música de DJ Zinhle. Seu gênero musical é o Kwaito, um gênero sul-africano que possui forte influencia do house music.

Possui dois álbuns lançados “Highly Flavoured” de 2017 e “Summer Life” de 2018. Seu trabalho solo mais acessado é o single “Bazoyenza” com mais de quatro milhões de visualizações de 2017. Se último trabalho lançado foi em 2019 o single “Weh DJ”   

Moonchild Sanelly

Sanelisiwe Twisha tem 32 anos é uma cantora, compositora e dançarina sul-africana. Sanelly temuma musicalidade que mistura o experimental eletrônico, rap e o kwaito e diz ter criado um gênero que denomina “Future ghetto punk”. A cantora possui sua própria marca de roupas a Moonchild Cultwear.

Apesar de estar no mundo da música desde 2006, só foi lançar seu primeiro EP no final de 2019. Seu EP se chama “Nudes” e possui quatro faixas. Seu trabalho mais recente é o single “Bashiri”.

Fizemos uma Playlist especial para você seguir acompanhando todos esses artistas incríveis; Confira clicando aqui!

*Nascido e criado no litoral do Estado de São Paulo. Remanescente Quilombola, Arte-educador e Jornalista em formação. Já foi colaborador em Epilogo.art, portal online sobre cultura independente brasileira. Buscando se especializar em Cultura, navega também nas águas da Arte e da Moda.

Dr.Anthony T. Browder é o convidado em evento que discute Egito, Visão do Kemet e conexão afrofuturista

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A O X da Questão promove um diálogo importante e essencial para pensarmos sobre um resgate histórico da população preta. Através do conhecimento da população egípcia e conexão com a Tecnologia Afrodescendente e uma real visão do Kémet, com Dr.Anthony Browder falando pela Primeira vez no Brasil.

Dr.Anthony T. Browder é autor, editor, historiador cultural, artista e consultor educacional. Ele se formou na Faculdade de Belas Artes da Howard University e deu palestras extensivamente nos Estados Unidos, África, Caribe, México, Japão e Europa, sobre questões relacionadas à história e cultura afro-americana e afro-americana.O Sr. Browder é o fundador e diretor da IKG Cultural Resources e dedicou 30 anos pesquisando a história, ciência, filosofia e cultura do Egito antigo.


Ele viajou para o Egito 58 vezes desde 1980 e atualmente é diretor do Projeto de Restauração da ASA, que financia o escavação e restauração de três tumbas da 25ª dinastia na margem oeste de Luxor, no Egito.
Browder é o primeiro afro-americano a financiar e coordenar uma escavação arqueológica no Egito e liderou nove missões arqueológicas no Egito desde 2009. Seu trabalho arqueológico no Egito foi reconhecido pelo ex-presidente Mohamed Morsi, ministro do Turismo e vários ministros do Supremo Conselho de Antiguidades.


As três décadas de estudo de Browder o levaram à conclusão de que os africanos antigos eram os arquitetos da civilização e desenvolveram os rudimentos do que se tornou a espinha dorsal científica, religiosa e filosófica da humanidade. É a partir dessa estrutura que a IKG concentrou sua pesquisa e divulgou suas descobertas.

Através da IKG, o Sr. Browder patrocina palestras, seminários, excursões culturais de Washington, DC, publica sua pesquisa e realiza visitas de estudo ao Egito, África Ocidental, África do Sul e México desde 1987. Ele participou de 5 documentários e produziu dezenas de DVDs de suas inúmeras palestras.

Time: Aug 6, 2020 09:00 PM Sao Paulo
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Beyoncé e a suposta “militância de telão”

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Por: Estevão Lourenço*

Beyoncé abala as estruturas da indústria da música a cada lançamento e isso é um fato. Depois de ser nomeada ”Rainha cultural do nosso tempo” com o lançamento da versão deluxe do disco “Lion King: The Gift” e do filme “Black is King” é inegável a contribuição cultural e o movimento estrutural na Indústria que Beyoncé provoca. 

Mas há quem duvide das contribuições de Beyoncé, que é apelidada por consumidores da indústria pop de “Ativista de Telão”, apelido criado para deslegitimar trabalhos que abordam negritude e feminismo feitos pela cantora. O apelido tomou força nesta década, quando em 2011, em seu álbum 4 a cantora esbravejava que quem dominava o mundo eram as garotas no single “Run the World”. Em 2013 a surpresa do álbum visual e homônimo trazia novamente afirmações feministas explícitas na faixa “***Flawless” que conta com o texto “We Should All Be Feminists” da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie.

Em 2016, o mundo recebia “Lemonade”, sexto álbum da cantora que contou com o lead single “Formation”, uma denúncia a violência policial com direito a uma performance no show do intervalo do 50º SuperBowl com figurinos inspirados no grupo antirracista Panteras Negras. O álbum também trata da superação de um relacionamento conturbado. O posicionamento de Beyoncé como uma mulher negra incomodou conservadores que tentaram boicota-la de diversas maneiras. O programa televisivo de comédia SNL chegou até fazer uma sátira intitulada “O dia em que os brancos descobriram que Beyoncé era negra”

Os trabalhos seguintes da cantora mostram que os boicotes não surtiram efeito e ela continua abordando o “empoderamento” de mulheres e negros em seus trabalhos. 

O “empoderamento” não é uma pauta novo para Beyoncé, apesar dos apelidos e protestos acontecerem agora, faz mais de duas décadas que Beyoncé interpreta músicas com temáticas e estruturas semelhantes às que ela interpreta hoje.   

O primeiro single número um da carreira de Beyoncé foi quando ela ainda fazia parte do grupo Destiny’s Child. “Bills, Bills, Bills”, lead single do álbum “The Writing’s on the Wall” de 1999 já trazia a narrativa de que ela pagava as próprias contas e que não bancária homem nenhum. 

Em 2000 a faixa “Independent  Women” surgiu como trilha sonora do filme “As Panteras”. O título da faixa já é auto explicativo, traduzido como “Mulheres Independentes”. A faixa mais tarde foi incorporada no terceiro álbum do grupo intitulado “Survivor” (2001). A faixa “Independent Women” permaneceu no topo da Hot 100 durante 11 semanas seguidas e depois de ser incorporada no álbum ganhou uma continuação intitulada “Independent Women part II” mais uma vez reforçando a ideia de que mulheres são independentes. Ainda no mesmo ano a canção que dava o nome ao álbum, “Survivor”, abre um leque de interpretações, uma delas em especial é a superação de um relacionamento.

Sua carreira solo se deu a partir de 2003 com o álbum “Dangerously in Love”. Aqui destaca-se a canção “Baby Boy” que se encaixa no gênero jamaicano dancehall. No mesmo álbum Beyoncé e Jay-Z, o novo casal da época, estourava com a canção “Crazy in Love” união que já havia ocorrido um pouco antes no álbum The Blueprint 2 (2002) de Jay-Z. “’03 Bonnie & Clyde” a primeira canção em parceria com o rapper trazia produção de Kanye West e elementos de “Me and My Girlfriend” do rapper 2Pac e de “If I Was Your Girlfriend” do cantor Prince, ícones da música negra.

Em B’day de 2006 a música negra grita em “Suga Mama” que possui samples de “Searching for Soul”, gravada pelo grupo de funk americano Jake Wade and the Soul Searchers. Este mesmo álbum rendeu a primeira turnê mundial da cantora intitulada “The Beyoncé Experience” em 2007. Nesta turnê Beyonce apresentou ao mundo a Suga Mama, sua banda formada totalmente por mulheres que possui o mesmo nome de sua música. 

“I Am… Sasha Fierce” chega em 2008 como o terceiro álbum solo da cantora. O álbum conta com as conhecidas “Diva”, “If I Were a Boy”, “Single Ladies” e entre outros hits que explicitam a força feminina. Para além das músicas lançadas em álbuns alguns vazamentos, como “Black Culture” de 2009, mostra que Beyoncé, sempre foi Beyoncé. Devemos notar que para além da sonoridade, às vezes pop, mas nunca deixando de flertar com a música negra. 

A cantora traz suas raízes e seus ideais durante toda a sua carreira, seja em passos de dança, vestimentas, penteados, produções ou em visuais. Dizer que  Beyoncé é “ativista de telão” e mudou seu estilo para lucrar em cima de causas sociais é no mínimo mau-caratismo. Para além de vender o seu trabalho Beyoncé distribui autoestima e representatividade para a população preta. Mulher preta nenhuma precisa pedir autorização para falar sobre negritude e causas femininas que viveram e vivem em suas vidas.

*Nascido e criado no litoral do Estado de São Paulo. Remanescente Quilombola, Arte-educador e Jornalista em formação. Já foi colaborador em Epilogo.art, portal online sobre cultura independente brasileira. Buscando se especializar em Cultura, navega também nas águas da Arte e da Moda.

Aos 76 anos, Mateus Aleluia lança seu primeiro álbum totalmente autoral

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Mateus Aleluia, hoje com 76 anos, no último fim de semana, ele apresentou o novo disco numa live. Atingindo 25 mil pessoas tocando sozinho seu violão. “Olorum”, seu terceiro disco solo, e primeiro todo autoral, chega dois anos depois de “Fogueira Doce” e dez anos depois de “Cinco Sentidos”.

É a sequência de uma carreira interrompida pelas duas décadas que ele viveu em Luanda, de 1980 a 2002. Longe do Brasil, ele aprofundou seus estudos em música e religião, contratado como pesquisador pelo governo angolano.

Olorum é uma divindade, é o além do céu. Na mitologia Yorubá e em algumas religiões de matriz africana, é o ser supremo responsável pela existência da humanidade e dos orixás. É o criador de tudo e de todos.

Neste ano, também entra em cena Aleluia – O canto infinito do Tincoã, ainda inédito documentário que narra a vida e obra do artista; Ouça “Olorum”:

Born To Fashion: Laís Ribeiro, comanda o primeiro reality com participantes trans

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Em conversa com a imprensa nesta quinta-feira (30) Alice Marcone, uma das juradas do programa contou que o programa vai “para além de quebrar barreiras estruturais que o mundo coloca em relação às meninas trans, também fizemos o caminho inverso: aproximar as meninas trans do mundo”.

O reality estreia dia 13 de agosto no canal E!, sob o comando da modelo internacional Laís Ribeiro, busca “um novo talento” entre dez modelos transgênero selecionadas já no primeiro episódio, vindas de diferentes regiões do Brasil. O prêmio é um contrato de um ano para modelar, além de uma capa em uma revista do segmento. Ao longo dos episódios, elas passam por aulas e desafios de moda, focando em questões sociais e, principalmente, a desigualdade.

“Choro toda hora que falo para alguém [sobre o Born to Fashion]”. Foi o maior impacto da minha carreira, tanto pessoal, quanto profissional. A história de vida de cada uma [participante] mexeu tanto comigo. Porque mulheres trans não tem oportunidades na nossa sociedade. Born to Fashion deu voz àquelas meninas que não tem espaço no meio da moda –e não só no meio da moda”, disse Laís Ribeiro.

Para celebrar a estreia do reality, o E! Entertainment promove neste sábado (1), às 18h, o Festival E! Born To Fashion. Trata-se de um evento totalmente virtual, apresentado por Laís Ribeiro e Alice Marcone, que contará com participações de Preta Gil, Mel, Duda Beat e Mateus Carrilho.

O festival, que poderá ser acompanhado através do Youtube, Twitter e Facebook do E! Brasil, se inicia com um “Tapete Vermelho Virtual”, e mostrará teasers inéditos do reality e suas participantes. A programação ainda inclui músicas e rodas de discussão sobre moda, quarentena e universo LGBTQIA+, com a participação dos artistas e dos especialistas e convidados André Veloso, Lila Colzani e Alexandre Herchcovitch.

O uso do humor e da falsa cordialidade na manutenção do racismo

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Em uma sociedade racista, as formas de opressão são diversas. Principalmente quando falamos de uma sociedade que normaliza o racismo e não se choca com situações que constrangem pessoas negras.

Pessoas negras estão muito acostumadas a ouvir piadas e ver representações vexatórias de suas imagens e características sendo repassadas e reproduzidas diariamente, sejam por amigos, parentes, estranhos, na TV, na escola ou no
trabalho.

O racismo, para se fazer presente, depende de um conjunto de ações pontuais que reafirmam a inferioridade do negro diante do branco. Essas ações isoladas não seriam consideradas racismo se não coubessem num contexto maior e esse contexto maior é uma sociedade racista.

Essas “brincadeiras” e representações vexatórias são problemáticas principalmente porque servem ao propósito de inferiorizar ou ridicularizar o ser negro e suas características. O objetivo, mesmo que não direto ou escancarado, é constranger o negro e rir dele.

O Dr. Adilson José Moreira observa que o brasileiro, de um modo geral, tem uma permissibilidade maior ao racismo se este vier acompanhado de uma tentativa humorística. Obviamente engraçado somente entre os brancos.

Acontece que, enquanto piadas racistas continuam podendo ser tratadas apenas como brincadeiras, pessoas negras são submetidas a situações extremamente constrangedoras e sentem dificuldades em rebater ou demonstrar descontentamento sem serem vistos como pessoas sem graça ou senso de humor pelas pessoas daquele ambiente.

Dessa forma, violências são permitidas e perpetuadas em um formato diferente, mas igualmente cruel, com o chamado Racismo Recreativo.

O Racismo Recreativo é algo tão enraizado e frequente na sociedade que, mesmo dentro da esfera do politicamente correto, ele ainda consegue passar despercebido. Isso porque estamos tão condicionados e passivos a ideias racistas que até mesmo negros reproduzem formas de racismo dentro do contexto humorístico e muitas das situações vexatórias para com negros só são consideradas engraçadas, justamente, pela existência do racismo.

Essa forma de racismo não se limita às relações entre pessoas no dia-a-dia, ela está presente também nos meios de comunicação. Está presente naquele personagem negro estereotipado, nas falas daqueles apresentadores de TV, no repertório do humorista famoso e naquela música que fez o maior sucesso.

O Racismo Recreativo acaba por servir como uma forma de mensagem dentro da nossa sociedade e todas as mensagens exprimem ideias e valores que se perpetuam e interferem nas relações sociais.

Por exemplo, dizer que uma pessoa loira é burra não reflete em menos loiros em universidades, não diminui a garantia de emprego ou exclusão social. Já afirmar que uma pessoa negra é criminosa, mesmo em tom jocoso, reflete diretamente no assédio e violência policial e genocídio da população negra.

O Brasil é visto como uma população cordial, bem humorada e muito receptiva por todo o mundo. Dentro dessa cordialidade existe o racismo que se disfarça entre as relações e se força a ser despercebido pelas pessoas brancas enquanto faz sérios apontamentos e direcionamentos a pessoas negras.

O principal problema desse racismo cordial e recreativo está na dificuldade de se denunciar. Na grande maioria das vezes pessoas negras são vistas como muito sensíveis por se sentirem afetadas por algo que na mente de todo mundo é uma brincadeira.

Uma denúncia ou apontamento desse tipo de racismo gera o afastamento das pessoas e a vítima passa a ser culpada por se sentir mal com algo que para todos é inofensivo. Isso criou um grupo de pessoas negras passivas a essas situações que, mesmo ofendidas, fingem não se importar com situações para que as relações sociais não sejam afetadas.

É de uma violência tremenda atacar uma pessoa por sua cor de pele ou características e ainda fazê-la se sentir culpada por se incomodar com aquilo a ponto de fingir ignorar a dor que ela sentiu ao passar por aquele constrangimento.

Esta é uma das ferramentas mais comuns do racismo nos dias de hoje.

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