Há algum tempo nós estamos acompanhando a trajetória dos nossos no Big Brother Brasil, que além de sofrerem uma perseguição que é explicada por “falta de afinidade” precisam enfrentar momentos de puro constrangimento devido as falas das brancas da casa.
E ontem não foi diferente, Thelma soltou um sorriso amarelo e teve que se explicar diante da pergunta da sister Gizelly, que questionou se ela usava barro em vez de base para se maquiar.
Segundos de silêncio, e alguns sorrisos se desfizeram. Mas, gargalhadas dominaram o quarto.
Thelma, que riu de constrangimento respondeu “É a minha base gente” Gizelly e Gabi continuaram fazendo piadas sobre a tonalidade do produto espalhado no lençol. E ao notar o desconforto no tom de Thelma, Gizelly tenta amenizar a situação “Não é a cor, é a quantidade”.
Muitas pessoas estão usando o termo “Racismo estrutural” na tentativa de inocentar Gizelly, ou até mesmo dizendo que a sister realmente se referiu a quantidade de base que a Thelma usa e não a cor.
Mas aos “passadores de pano”, esclarecemos que o termo utilizado por maquiadoras sobre o excesso de produto é “reboco” nunca foi “barro”.
E para relembrar: Gizelly junto com Ivy ridicularizou e riu do pente garfo do Babu.
Este episódio com a Thelma despertou gatilhos em muitas mulheres pretas das redes sociais. Afinal, quantas mulheres negras já foram constrangidas em uma rodinha por suas amigas brancas? Muitas.
“Como você penteia esse cabelo?” “Tem base pro seu tom de pele?” ”Fulana deve usar pó de café como base” ”Por que não afina esse nariz com make?”
Piadas com nossos corpos, peles, cabelos e traços sempre foram recorrentes, intencionalmente ou não isto é racismo.
Mulheres brancas sendo racistas e ridicularizando suas amigas pretas não devem ser absolvidas de culpa com a justificativa de que “foi só uma fala racista” a pessoa que reproduziu a tal fala deve se responsabilizar por ela.
Em casos como estes notamos o esforço da branquitude em encontrar justificativas para o racismo, seja em falas ou atitudes. E aí se nota que algo está muito errado.
No último dia 30 de março, fomos surpreendidos pelo rapper baiano Baco Exu do Blues com o lançamento do seu novo EP “não tem bacanal na quarentena”, gravado em apenas 3 dias em estúdio montado na sua casa.
Pra quem não sabe, ele pretendia lançar seu novo álbum – Bacanal – no primeiro semestre de 2020, mas foi adiado por conta da pandemia provocada pelo coronavírus. Então, não tem bacanal na quarentena.
Inspirado pelo isolamento social, o EP é composto por 9 faixas e aborda o momento atual do planeta em meio à pandemia, traz críticas ao governo brasileiro, menções aos constantes panelaços, a Babu Santana e Cardi B, que recentemente viralizou nas redes com um vídeo falando sobre o “Corona Vairus” e as sempre necessárias críticas sociais que são recorrentes no trabalho de Baco.
Entre as colaborações, estão artistas como 1LUM3, Maya, Lellê, Aisha e Dactes.
Na faixa 8 –“Tropa do Babu”, o rapper faz menção a uma fala de Babu Santana, que está confinado no BBB:
“O mundo passou por cada coisa
Você ainda se surpreende com o mundo?
O quê que foi o nazismo? O quê que foi o nazismo?
O quê que foi a escravidão? Você ainda se espanta com o mundo?
O quê que são as favelas? E você ainda se espanta com o mundo?
Não se espante! Segure na sua convicção
Que a gente, o mundo precisa de pessoas com convicções”.
Na última faixa do EP – “Amo Cardi B e Odeio Bozo” Baco Exu do Blues rima: “O papa é pop, quarentena é pop e Cardi B fez mais que o presidente” e traz uma participação especial da cantora.
(Créditos: Reprodução)
A capa do EP traz um urso de máscara descartável ao lado de uma embalagem de álcool gel 70.
O trabalho está disponível no YouTube e nas plataformas musicais:
Jovem Preto Rico (prod. JLZ)
Tudo Vai Dar Certo (part. 1LUM3 / prod. DKVPZ)
Ela É Gostosa Pra Caralho (part Maya / prod. Nansy Silvz)
Preso Em Casa Cheio de Tesão (part. Lelle / prod. Nansy Silvz e PG)
Humanos Não Machucam Deuses (prod. Nansy Silvz)
O Sol Mais Quente (part. Aisha / prod. Nansy Silvz)
Dedo No Cu e Gritaria (part. Celo Dut, Piva e Vírus / prod. DKVPZ)
NegraLi e Cidade Negra - Crédito: Reprodução Instagram
O cabelo crespo uma vez foi odiado pelas próprias pessoas negras. Essa repulsa ao natural foi construída pela régua eurocêntrica de beleza . Sobretudo nos anos 2000, os cabelos cacheados e crespos se tornaram os mais buscados na Internet e praticamente sustentam o mercado de produtos capilares. Como isso acontece?
A mudança veio a partir do “Black is Beautiful” , movimento do ativismo afro-americano nos anos 60 e 70, onde a própria comunidade negra resolveu abraçar o que foi odiado, trazendo acolhimento a um tipo de beleza demonizada por pessoas brancas. O nosso cabelo natural sempre foi crespo, mas hoje ele tem um novo significado fruto de reflexões das vítimas de racismo.
O mesmo acontece com a palavra negro que “a Internet” decidiu cancelar por conta de um vídeo do ator Babu, que faz todo sentido, tem alguns dados reais, mas ignora aspectos brasileiros do ponto de vista semântico. A real é que é possível usar os dois termos. Tá tudo bem.
Se vier gente de fora tentando te ensinar a como falar de si mesmo, escute com educação, mas não ignore a jornada que seu povo atravessou no Brasil. A gente não tem tempo para lidar com opressão linguistica importada.
O que esse texto aqui pretende é mostrar que a palavra negro tem um valor revolucionário para uma geração de afro-brasileiros que, até então, se definiam como morenos, entre outras dezenas de nome, por medo ou vergonha da sua origem africana.
Prova disso são os 10 motivos que destaco abaixo:
1) Site Mundo Negro
Sim vamos dar biscoito para gente. O site Mundo Negro foi o primeiro de portal de notícias brasileiro criado para comunidade negra nascido no final dos anos 90, mas que deslanchou no começo dos anos 2000. Antes de Redes Sociais, influenciadores negros, arrobas e hashtags, a gente estava aqui sustentando o termo negro que era quase ofensivo até mesmo entre os nosso na época. Fomos ameaçados de morte, hackeados, derrubados, mas estamos firmes e fortes sendo a única mídia preta com selo de verificação nas principais redes sociais e o principal: mudando a vida dos nossos por meio das notícias que pautam até a grande mídia.
2) Teatro Experimental do Negro
Grupo fundado por Abdias Nascimento com participação de Ruth de Souza e outros atores negros que sem esse projeto, a gente provavelmente não os conheceria.
Nascido em 1944, no Rio de Janeiro, o TEN tinha a proposta de valorização social do negro e da cultura afro-brasileira por meio da educação e arte, criando um novo estilo de dramaturgia, com uma estética própria, não uma mera recriação do que se produzia em outros países.
3) Movimento Negro Unificado
Se a vida de ativista negro já está difícil com esse atual presidente, imagine o que significou criar, do zero, um grupo negro com enfoque político durante a ditadura militar. O Movimento Negro Unificado (MNU) foi pioneiro na luta do Povo Negro no Brasil. Ele foi fundado em 18 de junho de 1978 e foi lançado publicamente no dia 7 de julho (do mesmo ano) em evento nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo em pleno regime militar.
4) NegraLi
Um dos principais nomes do Rap Nacional. Consenso pelo talento, mas também pela postura de uma mulher que se ascendeu financeiramente, mas não esqueceu de onde veio. Suas músicas falam da quebrada, do ser mulher, sempre trazendo poesia a cinzenta vida de quem mora na periferia. NegraLi representa a mulher negra brasileira contemporânea e consciente.
5) Um Sorriso Negro
Esse é um hino que mostra que a felicidade negra é a resistência. “Negro é a raiz da liberdade”, trecho imortalizado pela voz de Ivone Lara ( autoria Adilson Barbado, Jair de Carvalho e Jorge Portela ) deixa o nosso coração sempre quentinho.
6) Negro Drama
O grupo de Rap mais famoso do Brasil usa em suas letras o termo negro e preto. E se eles fazem isso a gente também pode, né?
Negro Drama é uma das músicas mais famosas do Racionais MC’s e mudar para Preto Drama além de não ter necessidade, não mudaria nada no sentido da letra.
7) Camiseta 100% Negro e o “Preto é cor, negro é raça “
Quem foi adolescente ou estava na casa dos 20 anos, nos anos 90 sabe do auê que foi quando as camisetas 100% negro viraram tendência na comunidade negra. Havia ainda o slogan ‘Preto é cor, negro é raça”, mostrando um momento singular da identidade negra brasileira. A branquitude se revoltou, inclusive, fazendo camisetas para desmerecer o nosso amor próprio.
8) Cidade Negra
O maior grupo de reggae brasileiro, com muitas músicas exaltando o amor e a negritude. O Cidade Negra foi a minha primeira referência brasileira de dreads e mostram o lado poético de grupos compostos por homens, fora do cenário do samba e rap.
9) Grupo Raça Negra
O pagode salvou a saúde mental de muitos jovens negros dos anos 90 e começo dos 2000. Os grupos falavam da nossa realidade por meio de canções de amor, os músicos negros de origem periférica ganham espaços grandes em importantes programas de televisão. Se chamar Raça Negra naquela época foi algo muito corajoso e que deu certo.
10) “A carne mais barata do mercado é a carne negra”
Vai ter coragem de dizer que Elza Soares tem a mente colonizada ao usar o termo negro? Essa música tem uma das letras que mais representa a realidade negro-genocida do Brasil. A carne negra, a pele negra, os corpos negros, são a base da pirâmide econômica, mas estão no topo de todas as estatísticas que mensuram homicídio e violência.
As falas do Babu sobre questões raciais são bem importantes, mas a gente precisa entender o contexto das coisas. Somos plurais e brasileiros. Esse é o ponto de partida para essa discussão.
Quer mais embasamento teórico para essa discussão, leia o artigo do nosso colunista Ale Santos.
O querido Babu Santana conseguiu movimentar as redes sociais com uma grande discussão no dia de ontem, graças a uma explicação sobre sua preferência pelo termo preto e não, Negro. O volume exagerado das discussões e de pessoas tomando para si o entendimento apresentado em um programa popular de televisão reflete uma triste realidade: a maior parte das pessoas do nosso país não tem conhecimento algum sobre a realidade de pessoas pretas no país. É um exército de gente que passa a vida absorvendo conhecimentos variados e até se formaram em universidades, mas não tomam ciência que existe uma experiência de vida distinta da chamada “padrão”.
As contradições sobre o uso de Negro ou Preto não são novas. Porém, quando alguma dessas pessoas são confrontadas com um tipo de explicação como a de Babu, elas podem reproduzir um comportamento problemático: o único amigo negro. Basicamente eles se confortam na única, talvez a primeira, explicação que aprendem como se fosse uma máxima da sociedade e continuam ignorando o desconhecimento sobre toda a discussão.
A gente vẽ esse comportamento, por exemplo, com o vídeo do Morgan Freeman sobre a consciência humana, levado ao pé da letra por gente como um escudo rígido para proteger sua preguiça e má vontade de entender a questão de forma mais ampla ou também com um vídeo, bem difundido, de Nabby Clifford falando como eram pejorativas, as expressões que encontrou no Brasil “lista negra, magia negra… mercado negro”
Nabby não está errado em sua observação, mas reparem que no início do vídeo ele declara sua identidade dizendo “eu sou Africano, de Gana”. Ocasionalmente, se você chama alguém assim de negro ele retorna com “minha cor não é negra, minha cor é preta”, todavia a discussão não é, explicitamente, sobre a cor de alguém.
Como bem lembrado por Babu, antes, e até hoje, em alguns lugares na África, o termo Negro não faz sentido, pois eles são Yorubás, Nigerianos, Egípcios, Axantes, Dogons, Khoisan… ou seja, eles não precisam de um termo étnico, pois já estão compreendidos dentro de uma identidade africana. Identidade que foi negada para os seus descendentes em diáspora. Sem conexão com o país ou grupo étnico original, alguns movimentos têm trabalhado por décadas para abraçar essas pessoas que estavam no limbo da auto-afirmação. Por isso a gente parte para uma discussão que vai além da etimologia e chega ao campo da semântica. Um exemplo simples da diferença entre esses conceitos é a palavra macaco, a etimologia descreve que o vocábulo se refere à uma espécie de primatas. Então porque ela se tornou ofensiva aos negros? A resposta disso reside na construção histórica do racismo que comparava o crânio de pessoas pretas com esses tipos de animais, chegando ao cúmulo de aprisionar um homem em um zoológico na jaula de um chimpanzé (Ota benga) para validar a teoria racial da época.
Agora, o princípio do Negro é a palavra latina Niger, que significa “escuro ou preto”, o mesmo radical que deu origem ao nome da Nigéria (Nigerianos são, basicamente “nigririanos”). Como lembra a psicóloga e escritora Grada Kilomba em seu livro “Memórias da plantação: Episódios de racismo cotidiano”, apesar de ser essa a sua gênese, logo nos primeiros séculos após as colonizações, passou a ser utilizado nos EUA e na Europa como ofensa para “pessoas de cor” que foram escravizadas. Um entendimento, provavelmente irrigado pela visão cristã que antagonizava a luz e sombra como símbolos de Deus ou o Demônio. Kilomba afirma que o significado atribuído carrega uma “cadeia de termos associados à palavra em sí: primitividade, animalidade, ignorância, preguiça, sujeira…”. Uma construção conceitual que demorou séculos e sofreu diversas variações, como neger, negro, nigger, nigrum, noir, nègre – os dois últimos sendo as definições francesas que compartilhavam a mesma compreensão norte-americana que resultou na palavra Nigga, a N-Word.
A história da escravidão em solo estadunidense atribuiu violência à palavra negro, por isso a intelectualidade preta do país construiu sua identidade como Black people ou Afro-Americanos – a lei de uma gota de sangue permitiu que isso funcionasse, pois o país materializou em leis segregacionistas qualquer pessoa descendente de um africano, mesmo que seus traços não sejam tão aparentes.
Enquanto aqui em nosso país, isso se mostrou complexo demais, pois existem muitas pessoas pobres, lidas como brancas, que podem ter uma descendência (mesmo que distante) de um negro. As definições que surgiram de sociólogos e antropólogos racistas na época do império e durante o movimento eugenista trabalharam para impedir a construção de uma maioria dentro do país. Era comum que uma pessoa escravizada, mesmo com pele escura, assumisse a identificação de parda ou, quando os traços africanos não eram intensos, de branco para se afastar da classe social mais preterida. – Vale lembrar aqui de Joaquim Nabucco que descreveu seu amigo Machado de Assis como um branco, tipo grego.
A negação da negritude em solo brasileiro foi absurda, o país não queria vender a ideia de que aqui existia um número exorbitante de Africanos e pretos, nossa sociedade partiu ora da descendência, ora da marca para determinar que essas pessoas seriam “cabras, mestiças, cafuzas, crioulas, boçais, mulatas…”, algumas dessas palavras, usadas como eufemismos para negar aqui a existência de povos africanos, ganharam maior utilização na hierarquização da sociedade que as utilizadas em outras sociedades escravocratas (neger, negro, nigger, nigrum, noir, nègre – aliás aqui, o relativo à ofensa Nigga é Crioulo). Os brasileiros podiam ser qualquer coisa, menos negros, como escreveu um dos maiores propagadores do racismo científico no país, Raimundo Nina Rodrigues: “A supremacia imediata ou mediata da Raça negra” era considerada nociva à nacionalidade brasileira. Para isso, as oligarquias e a elite que estava no poder implantou o projeto da consciência eugênica e vendeu a ideia de que os mestiços não eram negros.
“Negro era sujo, eu era limpa; negro era burro, eu era inteligente; era morar na favela e eu não morava e, sobretudo, negro tinha os lábios grossos e eu não tinha. Eu era mulata, ainda tinha esperança de me salvar” – Relato encontrado no livro Tornar-se Negro.
Foi a partir desse contexto que os movimentos negros criaram uma tensão contrária, trabalhando não apenas para ressignificar o sentido de ser negro no país, mas abrangendo todos os descendentes de africanos que eram chamados por vários termos racistas no passado. Essa era a forma de pesar na balança e “mostrar o peso econômico da massa negra organizada”, como escreveu José Correia Leite, um dos mais importantes nomes da história negra brasileira. Eu sempre, sempre trago o trecho de um dos livros mais importantes da intelectualidade preta brasileira, “O Genocídio do negro brasileiro: Processo de um Racismo Mascarado”. Nele o autor nos ensina: Um brasileiro é designado preto, negro, moreno, mulato, crioulo, pardo, mestiço, cabra – ou qualquer outro eufemismo; e o que todo mundo compreende imediatamente é que se trata de um homem de cor, um negro não importa a gradação da cor da sua pele.
Esses cabras, pardos, mulatos seriam os equivalentes aos descendentes de Yorubás, Nigerianos, Egípcios, Axantes, Dogons, que perderam sua identidade na escravidão brasileira. Assim as lutas dos movimentos nacionais de igualdade racial assumiram o termo negro como um Ideal de Ego, um conceito evidenciado por Neusa Santos Souza no livro que é um marco para a psicologia social negra em nosso país, Tornar-se Negro.
Esse foi um entendimento coletivo, construído há muitas mãos e por décadas. Nomes como Isildinha Baptista e Virgínia Bicudo, fizeram as bases para o estudo da perspectiva sobre a realidade dos negros brasileiros e trouxeram evidências que os padrões fenotípicos (os traços) são decisivos no nosso plano das relações interpessoais.
Em algum momento outros grupos em outros países também estabeleceram um significado para sua própria negritude. No Senegal e em outros países que foram colonizados pela França, surgiu o movimento literário Négritude que negava a colonização e ressalta a cultura negra. Também há o episódio emblemático da libertação do Haiti e sua constituição de 1805 que determinava “todos os cidadãos haitianos, de aqui em diante, serão conhecidos pela denominação genérica de negros” (les Haïtiens ne seront désormais connus que sous la dénomination génériques de Noirs.)
Enfim, a construção da identidade negra, a negritude que discutimos é um conceito brasileiro diante de todo o contexto vivido pelos movimentos em nossa longa história. Agora vamos voltar ao ponto mais importante da discussão, desenhada pela cena em que Babu discorre sobre o tema com as participantes do BBB. Quanto dessa e de outras histórias sobre os negros do nosso país você conhece? Quanto disso tudo que conversamos você aprendeu na escola ou nos debates políticos da sua emissora preferida?
Negros vivem em dois mundos: nós conhecemos a realidade que uma sociedade racista nos impõe e também observamos a realidade que os brancos ao nosso redor vivem, nós lemos e estudamos seus filósofos, ouvimos suas músicas, assistimos seus pontos de vistas em programas de TV, conhecemos a história de momentos dramáticos dos povos brancos, entendemos de mitologia grega, nórdica, sabemos da linhagem da rainha da Inglaterra e mesmo assim temos que explicar coisas tão triviais do tipo “posso chamar alguém de preto?”
Agradeço imensamente ao Babu, pois se você leu esse texto e descobriu coisas que nem imaginava que existia, foi por conta da discussão que ele começou. Sobre a resposta da pergunta, ela varia. Tem gente que gosta de ser chamada de preta, tem gente que prefere ser identificada como negra. Na dúvida, faça como a gente faz com qualquer pessoa branca, só chama pelo nome.
Bruno Candido, Carmem Virgínia e Michelle Fernandes - Crédito (Reprodução Facebook)
A criatividade é uma das grandes virtudes da comunidade negra. Inovar agora é questão de sobrevivência e vamos apresentar aqui três casos que podem te dar uma luz num túnel aparentemente sem fim, mas que tem saída sim.
Carmem Virgínia – Altar Cozinha Ancestral
“Eu mulher preta, favelada, sem nenhum tostão e com um sonho de ter um Altar! Realizo isso com 15 mil reais, em pouco tempo transformo esse lugar num dos restaurantes mais falados do Brasil. A minha luta foi sempre tentar transformar essa falácia toda em volta de mim em dinheiro!”.
Carmem Virgínia ficou conhecida nacionalmente por sua função de jurada no programa Cozinheiros em Ação, no canal GNT.
O seu restaurante Altar Cozinha Ancestral, em Recife, foi altamente impactado por conta do surto do coronavírus. Sua primeira opção foi fechar as portas para evitar o contágio e entregar sua comida por meio do serviço de delivery, mas foi sua fé que a fez optar em manter as pessoas que ela gosta em casa e ir até seus clientes.
Muito religiosa, Carmem foi escutar os que seus orixás e ela resolveu fechar as portas por agora e fazem atendimentos em domicílio.
“ Vou diminuir, tornar mais íntimo, acolhedor, cuidar das vidas que querem se alimentar de minha comida! Também escolherei meus clientes. Vou fazer uma revolução que começa hoje! Decidi isso porque não há dinheiro que pague vida, eu não tenho cabeça pra lidar com consciência pesada por estar tirando pessoas que gosto de dentro de casa num momento desse”, explica a Chef.
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Contatos da Carmem Virgínia
No Instagram: @carmemvirginia
E-mail: donacarmemvirginia@gmail.com
Bruno Cândido – Candido Advocacia
Bruno Cândido é um dos nomes mais conhecidos dentro do ativismo negro sobretudo em atender vítimas de casos de racismo, mas seu trabalho vai além.
“O Escritório é especializado em casos discriminatórios, desde a discriminação sofrida por pessoa a empreendimentos que tem a equidade e diversidade como pilar, em especial afroempreendedores oferecendo assessoria jurídica comercial e plena. Com a pandemia o impacto negativo foi imediato, abalando a economia, cancelando e suspendendo contratos, desde o início do isolamento até o momento foram cancelados 3 contratos, 4 suspensos e 2 clientes retroagiram não fechamento de propostas”, detalha Cândido.
Junto com sua equipe Bruno quer montar planos especiais, pré pagos, mas com preços acessíveis, para pessoas que precisam da sua assessoria. Vale lembrar que essa época de crise pode gerar várias situações onde a atuação de um advogado se faz necessária. A ideia a princípio é fazer um pacote de serviços de forma que ele ajude seus clientes, mas também garanta uma receita para poder manter seus funcionários.
“O momento é crítico, e conforme a história cíclica das crises econômicas e população de países em latente desigualdade, a assistência jurídica se revela mais necessária que nunca, as áreas jurídicas trabalhista, previdenciária, tributária, família, relação de consumo e criminal terão demandas em massa por nítidas violações de direitos fundamentais e sociais inclusive a sobrevivência de pequenos e médios empresários” alerta o advogado.
Michelle Fernandes é uma das afroempreendedoras mais famosas do Brasil por conta de sua forma inovadora de empreender.
Seu negócio vai além do vender turbantes. Ela vai para eventos, feiras, rodas de conversa, ensinar mulheres negras a abraçar sua negritude ensinando como usar o acessório de forma muito especial.
https://www.instagram.com/p/B9QF5uVFbpi/
A pandemia não poupou as vendas da empresária que agora faz uma campanha de financiamento coletivo para manter seu negócio pelos próximos 5 meses.
Uma doação de R$ 200 por exemplo, te dá um ingresso no workshop online da marca, voucher de compras no valor de $50 e o e-book Rainha Krioula.
A médica, Thelma Assis que está no BBB20 e a apresentadora do Jornal Hoje Maju Coutinho foram mencionadas de forma racista, pelo “prefeito de Orlando” (apelido dado pela cantora Ivete Sangalo) o empresário brasileiro, residente na Flórida, Rodrigo Branco, durante uma live com a influenciadora e DJ, Jude (Ju de Paula) no Instagram na noite de segunda-feira (30).
“Todo mundo está votando nela porque ela é uma negra coitada. Semana passada ela ganhou uma provinha ficou se achando e humilhou todo mundo”, disse Rodrigo Branco. Ju tentou defender Thelma, mas não satisfeito Branco resolveu desviar seu racismo para Maju:
“Ela é péssima, ela fala tudo errado. Ela só tá lá por causa da cor. A carreira dela foi ela ser xingada, pelo ‘todos por Maju’. Ela não tem carreira, ela nunca foi repórter de campo. Eu como diretor de televisão maravilhoso eu vou te falar, ela lê o TP errado”.
A cantora Elza Soares publicou em seu Instagram, nesta quarta-feira (1), um texto em apoio e defesa duas mulheres negras vitimas de racismo:
“Você conhece a Maju Coutinho? Eu conheço. Somos amigas! Maju é uma das maiores jornalistas e comunicadoras que esse Brasil, que o mundo já viu. Sim! Ela é mulher e negra e seu gênero ou cor da sua pele, não ajudaram ou a impediram se ser FODA! Maju venceu por seu talento, como tantas de nós vence diariamente, como vence a diretora de uma multinacional, como vence a dona de casa, mãe de família, que no fim do dia descansa com a sensação de dever cumprido e ao acordar tem que recomeçar tudo, porque pra ela nada vem de graça.
A Thelma de Assis não venceu por ser coitada. Eu não tive o prazer de conhecê-la ainda, mas com tudo o que vi e li sobre ela da pra afirmar que venceu porque é FODA, assim como Maju.
Thelma é médica, bailarina e continua na batalha por seu maior prêmio. O reconhecimento do esforço que é igual a tantas de nós.
Sujeito, escute!… horrível é falar pelos cotovelos e se achar melhor que outra pessoa, seja qual for sua cor ou gênero. Pra mim você faz tão mal a humanidade quanto esse vírus que estamos enfrentando. Guarde suas desculpas de internet pra si mesmo. Vai precisar delas quando se olhar no espelho. O mal que causou não tem volta.
Não podemos mais tolerar esse discurso e acharmos que “fica tudo acertado” com um pedido de desculpas.
Ahh… pra você que alimenta amizade com um sujeito desses, que utilizar os serviços do guia turístico que se autointitula “Prefeito de Orlando”, saiba… diga-me com quem andas e te direi quem és!”
Entediado? Separamos dezesseis indicações de conteúdo para consumir na quarentena. Tem livro, série, podcast, música e canal no youtube para todos os gostos. Confira:
– TV –
A Gente se vê ontem
“A gente se vê ontem” narra à história de dois jovens que inventam uma máquina do tempo, decidindo utilizar a tecnologia para impedir que o irmão de um deles seja vítima da brutalidade policial. O filme é dirigido por Stefon Bristol e produzido por Spike Lee e é cheio de referências ao clássico dos anos 80 “De Volta para o Futuro”, divertido e em diversos momentos leves o filme também aborda com seriedade questões como a brutalidade policial nos Estados Unidos, racismo e a identidade negra no cinema americano.
A Vida e a História de Madam C. J. Walker
A minissérie “A Vida e a História de Madam C. J. Walker” narra à história da empresária americana pioneira no mercado de produtos capilares para afrodescendentes nos EUA. Sarah Breedlove, a Madam C. J. Walker foi a primeira mulher afro-americana a ficar milionária pelo seu próprio esforço, construído um império. Com quatro episódios a série original da netflix conta ainda com atuações de Octavia Spencer, Tiffany Haddish E Blair Underwood.
Café com Canela
Com uma mulher negra na direção (Glenda Nicácio) e elenco predominantemente negro, foi filmado em Cachoeira (interior da Bahia), e premiado em festivais ao redor do mundo. O longa fala do reencontro de Margarida, que vive em São Félix, e sofre com a perda do filho, e sua ex-aluna, Violeta. Trata de assuntos como dor, cura, afeto e negritude. É também uma ótima oportunidade de assistir Babu Santana em cena num papel diferente dos personagens estereotipados que o ator interpretou na TV.
– Álbuns –
Djonga – Histórias da Minha Área
O Rapper mineiro lançou neste mês o seu quarto álbum chamado “Histórias da Minha Área”, recordando algumas vivências da sua criação na Zona Leste de Belo Horizonte e de amigos próximos, mas que se aproximam da realidade de muitos pretos e pretas. Entre a quebrada, paixões, relacionamentos com a família e amigos, a violência e a crítica política, o disco conta com elementos de funk, acústico, eletrônico e claro hip-hop contando com participações especiais como a atriz e compositora Bia nogueira, MC don Juan, a Rapper Cristal.
The Weeknd – After Hours
O cantor canadense retornou este mês às paradas de sucesso com seu último álbum “After Hours”, investindo pesado numa sonoridade oitentista, ele mergulha numa estética misteriosa, de auto reflexão sobre solidão e relacionamentos em graves robustos e sintetizadores atmosféricos e claro, com a presença dos seus falsetes característicos.
H.E.R. – H.E.R.
A cantora californiana de apenas 22 anos é considerada uma poderosa revelação e tem se tornado um nome inspirador do novo R&B, dona de uma voz leve e hipnotizante, a multi-instrumentista foi atração no último Rock in Rio em 2019 e já venceu dois grammys, o de melhor performance R&B com a faixa “Best Part” e melhor Álbum R&B com “H.E.R.” lançado em 2017. Com certeza você já deve ter ouvido alguma de suas faixas por aí, então vale a pena dar uma conferida nas suas produções.
– Livros –
O Poder Negro – Amauri Mendes Pereira
“O que falamos atualmente nos Estados Unidos, e acredito que no Terceiro Mundo, é sobre a supremacia branca internacional combinada com o Capitalismo internacional. E estamos dispostos a esmagar esse sistema. As pessoas que se consideram como parte dele serão esmagadas com ele – ou nós seremos esmagados”. Esse é um trecho, da parte inicial do texto “O Poder Negro”, apresentado por Stokely Carmichael no Congresso Dialética da Liberdade, realizado pelo Instituto de Estudos Fenomenológicos, em Londres, em 1967.
No Brasil, sob o olhar de Amauri Mendes Pereira, a obra foi compilada em um livro lançado em 2016, trazendo a importante discussão pautada por Carmichael naquela época, a estrutura racial nas Américas em meio a um sistema capitalista. Stokely, que é um nome de peso na luta pela igualdade, tendo atuado ao lado de Martin Luther King Jr. e em protestos antirracistas pelo Partido dos Panteras Negras, aproximou o debate entre a luta dos negros norte-americanos e os povos oprimidos de outras regiões, como, por exemplo, a classe trabalhadora. De modo geral, esse é um livro de fácil leitura e que merece ser lido.
Na minha pele – Lázaro Ramos
Uma não biografia que narra à trajetória e, principalmente, a formação de identidade de um ator negro no Brasil. Escrito por Lázaro Ramos, um dos maiores destaques na dramaturgia nacional, a obra “Na minha pele” é capaz de conectar pessoas, ainda que tenham vivencias diferentes, com histórias de um Brasil pouco visitado na literatura.
Em meio a memórias, junção de dados estatísticos e revisitações da carreira, Ramos fala sobre preconceito de maneira calorosa, mas sutil, algo que soa como uma alternativa para que o livro chegue a lugares onde a discussão racial não encontra amplitude. Além disso, vale dizer que há diversos nomes que são referências para o ator e merecem ser conhecidos.
O Livro Da Saúde Das Mulheres Negras: Nossos Passos Vêm De Longe
É notório que acessibilidade no Brasil não é, nem de longe, algo democrático. Quando o assunto é saúde de mulheres negras aí então que o abismo social fica ainda mais evidente. Na obra “O Livro Da Saúde Das Mulheres Negras: Nossos Passos Vêm De Longe”, alguns aspectos dessas vivencias são trazidos à tona.
A ideia para edição do livro surgiu após um intercâmbio cultural entre mulheres brasileiras e norte-americanas, criado pela organização de direitos humanos Global Exchange. Mas foi em março de 1997, durante o Encontro Internacional Mulher e Saúde, que foi pautado as dificuldades que mulheres brasileiras tinham para encontrar textos de americanas e publicar seus próprios materiais. Pronto! Foi assim que a obra nasceu. Com a colaboração de Jurema Werneck, um grande compilado reúne vários textos de mulheres pelo mundo, trazendo temas como aborto, saúde mental e violência doméstica.
O Quarto de Giovanni
Publicado inicialmente em 1956, “O Quarto de Giovanni” é segundo romance do escritor James Baldwin e traz um pitada sutil de autobiografia, trabalhando a bissexualidade David, um jovem americano que está em Paris esperando sua namorada, Hella, que está na Espanha. É nesse contexto, que o protagonista se apaixona por Giovanni, um garçom italiano, e começa a se questionar sobre seus próprios sentimentos.
Com narrativa dinâmica, que permite um tom de suspense ao livro, toda a trama ocorre de forma intercalada entre o presente de David, em uma casa vazia em que ele está prestes a entregar para a proprietária, e suas memórias do romance que teve com Giovanni. De acordo com Baldwin, “O Quarto de Giovanni não é exatamente sobre homossexualidade, é sobre o que acontece quando se tem medo de amar alguém, o que é muito mais interessante.”
– Podcasts –
Lista Preta Pod
O Lista Preta Pod é um projeto que fala sobre cultura pop e questões raciais na perspectiva de pessoas pretas. Três hosts baianos trazem seus pontos de vista sobre diversos temas. Nos episódios indicações de artistas, filmes, livros e conteúdo relevante onde o foco é sempre o protagonismo negro. No primeiro episódio discutem o Big Brother Brasil 20 e trazem as questões de Thelma e Babu a partir de um viés racial.
O História Preta é um Podcast documental que tem por objetivo trazer para a superfície a memória histórica da população negra no Brasil e no Mundo. Fica a indicação para aqueles que querem se aprofundar e conhecer uma parcela da história que tem sido apagada e negligência ao longo das décadas.
A medica baiana Monalisa Nunes, começou seu canal a quatros anos atrás, dando dicas de fitagem para cabelos crespos e cacheados. Desde lá até aqui foram 24 milhões de visualizações e quase meio milhão de inscritos no seu canal, que se divide entre dicas de estudo e organização, vlogs de Monalisa enquanto uma estudante de medicina, dicas de beleza e autocuidado e dicas de saúde e prevenção. Se você não conhecia nenhuma medica negra, essa é uma excelente oportunidade.
O goals que todas as pretas almejam a baiana Magá Moura, blogueira de moda e estilo e influencer usa seu canal para que a gente conheça mais da sua rotina, seus gostos e viagens. Verdade que seu canal não possui tantas publicações quanto gostaríamos, mas é um universo colorido e esteticamente impecável que vai das rrrrucas (como Magá se refere as suas perucas e cabelos), à vlogs da reforma do seu apartamento cor de rosa, que é prato cheio para inspiração de decor e arquitetura e passa pelas suas viagens aos festivais AfroPunk, pelo mundo e debates sobre estética e empoderamento. Para os amantes da autenticidade – que em Magá vai da ponta do pé, até o ultimo fio de cabelo – vale a pena o view!
“Égua Preto, nem te conto” nasceu no mês de Novembro, o mês de alusão a Consciência Negra, e é um canal feito por um negro, falando sobre a realidade da negritude numa sociedade racista, mostrando as peculiaridades de como o racismo atravessa a comunidade negra, seja ela retinta ou não. Com um pouco menos de 6 meses de vida, o canal usa uma comunicação fácil e direta, embasada em fatores histórico-culturais e vivências do Gabriel e negros e negras afroamazonicos. Recentemente, no mês de Março, foi lançado no canal o quadro “Mana, FALA!”, onde as “manas” (gíria paraense para se referir as mulheres), são as protagonistas relatando suas vivências em suas profissões e cotidiano, e para o aniversário do canal, será lançado o quadro “Tinha Que Ser Preto!” onde os manos e manas negrxs, através de vídeos relatos, irão contar sobre como o racismo atravessa suas vidas.
Cumprindo um papel fundamental de utilidade pública, A Youtuber de educação financeira para baixa renda faz do seu canal uma sala de aula, para que todos nós, que nunca tivemos acesso a informações de economia e administração de renda, na nossa educação formal, aprendamos sobre a temática de maneira simples, didática e eficiente. Nath vai do básico ao complexo, no ramo das finanças, com informações econômicas, administrativas e jurídicas pra que ninguém fique no vermelho ou seja taxado de maneira incorreta. Uma ótima pedida para todos os públicos e idades.
A saúde financeira e expectativas diante da crise gerada pelo Covid-19 atinge principalmente a população negra micro e pequenos empreendedores. Pensando nisso o site Mundo Negro vai usar de suas ferramentas para ajudar micro e pequenos afro-empreendedores durante a crise ocasionada por conta do surto de Coronavírus.
“Estaremos usando nossas redes sociais para divulgar gratuitamente negócios que trabalham com produtos com entrega em domicílio e atividades online como aulas e consultorias. Faremos cards semanais com fotos e informações do seu negócio”, explica a nossa diretora de conteúdo Silvia Nascimento.
Para incluir a sua empresa nessa ação, preencha o formulário disponível aqui e no nosso Instagram no destaque ‘Black Money’. E caso você não seja um afro-empreendedor, ajude divulgando, acompanhe nossas redes sociais e compre de gente preta. Vamos fazer o Black Money girar mesmo em tempos de crise.
A primeira série de divulgações já esta no ar, acompanhe:
O Instituto Identidades do Brasil, Empregueafro, Comunidade Empodera e Faculdade Zumbi dos Palmares estão realizando um levantamento como o objetivo de mapear informações sobre mulheres negras que estejam à frente de empreendimentos e/ou estejam trabalhando em empresas. Para que dessa forma, “podemos entender melhor quais soluções de curto e médio prazo podem ser pensadas e construídas neste novo cenário”.
“Você é mulher negra, empreendedora a frente de um negócio ou profissional em alguma empresa? Como está a sua saúde financeira e expectativas diante da crise gerada pelo Covid-19?”. Com base nesses questionamentos o Instituto Identidades do Brasil, Empregueafro, Comunidade Empodera e Faculdade Zumbi dos Palmares, criaram um questionário que será usado para realizar o mapeamento dessas mulheres para que possam criar possíveis estrategias perante ao cenário de COVID-19 e quarentena.
Jude Paula e Rodrigo Branco - Crédito : Reprodução Instagram
Após a repercussão da Live onde o empresário Rodrigo Branco profere afirmações racistas contra a médica Dra. Thelma Assis e a jornalista Maju Coutinho, Jude Paula, a DJ e influenciadora responsável pelo vídeo no Instagram se deparou com comentários que a atacavam.
Para algumas pessoas que assistiram, as reações de Jude ( riso e piadas) foram lidas como coniventes com a atitude racista de Branco.
Essas afirmações ignoram a forma como pessoas negras reagem à situações de racismo explícito. Imagine então quando você tem os seus seguidores assistindo tudo em tempo real.
Por esse motivo, o Mundo Negro vai publicar uma nota que Jude fez para explicar como ela se sentiu.
“A vida é bem diferente da dramaturgia, onde o racista é sempre aquele vilão óbvio. Na vida real você pode estar levando o racista pra sua casa, para sua cama, para sua vida e só descobre tarde demais.”
A gente fica sem acreditar no que estava ouvindo. O racismo se apresenta exatamente do jeito que ele é, sem pedir licença.
Muitas vezes nos deixa atônitos, completamente sem reação. Mesmo a gente passando por muitas situações a agressão é tão forte e imprevisível que muitas vezes a ficha não cai. Quem nunca passou por isso ?
Era apenas uma live leve, mas o racismo se apresentou de forma “cordial” e “engraçada” como tenta se camuflar.
Até tentei explicar pro Rodrigo e para os seguidores o quão racista ele tinha sido, mas ele me interrompeu em todas as vezes.
Depois de tudo, quando ele já não estava mais na live, até conversei com meus seguidores tentando entender e digerir aquilo. Falei que ele tava totalmente errado e que obviamente não compactuo com nada do que foi dito sobre Thelma e Maju.
A primeira ação dele foi um pedido de desculpas na rede. É um primeiro passo, no entanto não diminui a dor gerada em milagres de profissionais que não são avaliados por sua competência técnica e que são desqualificados, todo santo dia, por serem negros.