A peça traz a história de Linda, uma menina de oito anos que não entende o conceito de raça, só de cor e acaba se definindo como marrom durante sua busca para entender a sua real identidade.
Montada com o intuito de quebrar barreiras sociais e culturais, evidenciando sobre até onde são reproduzidos, sem reflexão, discursos que abalam (e magoam) a mágica das diferenças. O mote central da peça é trazer o conceito dos considerados “desencaixados” na sociedade, segundo a autora.
Inspirada na história real de Lorena de Melo Schaefer, Linda, a personagem, é filha de pai branco alemão e mãe negra brasileira. A jovem, então, é a fusão desse encontro entre duas pessoas com referências culturais e familiares distintas. Como não era branca como o pai, nem negra como a mãe, ela se definiu como marrom.
Com uma narrativa divertida, a protagonista enfrenta tudo com muito humor, personalidade e música, para fazer pessoas de todas as idades refletirem sobre a pluralidade cultural que existe ao nosso redor.
Moradora de um condomínio de classe média, seu sentimento de deslocamento aflora quando a professora pede uma redação sobre identidade e para colaborar, o professor de alemão sugere um trabalho sobre contos de fada e sua amiguinha (branca, loira e com olhos azuis) considera que a princesa tem que ser ela e não Linda. Estereotipada pela menina. Linda entra em crise.
Após vivenciar episódios desconcertantes, Linda foge dos seus conflitos, em busca de um mundo onde todos sejam iguais a ela. Como toda fuga, muitas aventuras a aguardam na “Terra do Marrom”.
O espetáculo, que já foi passado no presencial, possui 4 indicações ao 3º Prêmio CBTIJ de Teatro, dentre elas as de Melhor Atriz (Vilma Melo), Melhor Autor (Renata Mizhari), Melhor Atriz Coadjuvante (Maíra Kestenberg); 2 indicações no Prêmio Zilka Sallaberry, em Melhor Texto e Melhor Espetáculo e 2 indicações no 5º Prêmio Botequim Cultural, nas categorias de Melhor Texto(Renata Mizrahi) e Melhor atriz (Maíra Kestenberg).
O processo seletivo da edição 2021 do programa de bolsas de estudo da Fundação Estudar vai oferecer uma mentoria voltada exclusivamente para jovens negros. Os participantes serão selecionados pelo ID_BR (Instituto Identidades do Brasil) e receberão todas as dicas necessárias para concorrerem ao auxílio do Programa ‘Líderes Estudar’.
A ONG parceira da Fundação Estudar tem como compromisso acelerar a promoção da igualdade racial. Juntas, as duas organizações pretendem ampliar as oportunidades educacionais do Programa de Líderes, que oferece cobertura de até 95% dos custos de estudar nas melhores universidades do Brasil e do mundo. A iniciativa também está com inscrições abertas.
Para que os jovens possam participar da seleção da mentoria, é necessário que tenham entre 16 e 34 anos, nacionalidade brasileira e estejam em processo de aceitação, matriculado ou cursando o ensino superior. São elegíveis estudantes de graduação no Brasil, intercâmbio acadêmico de graduação ou duplo diploma no exterior, graduação completa no exterior ou pós no exterior.
“A parceria entre Fundação Estudar e ID_BR existe porque queremos ampliar nosso impacto juntos e dar acesso para cada vez mais jovens negros a oportunidades de estudo, desenvolvimento e carreira. No programa de Líderes Estudar, nosso objetivo é encontrar os talentos negros que se destacam acadêmica e profissionalmente”, explica Anamaíra Spaggiari, diretora-executiva da Fundação Estudar.
As vagas para a mentoria são limitadas e não garantem a conquista da bolsa. Os participantes que forem selecionados para o programa da Fundação também farão parte da rede de bolsistas do programa “Sim à Igualdade Racial”, do ID_BR.
A série dramática retorna com 4º temporada em maio na HBO e na HBO GO. A vencedora do Emmy® Uzo Aduba interpretará a protagonista, Dra. Brooke Taylor, uma terapeuta observadora e empática.
Na quarta temporada, a série é ambientada nos tempos atuais em Los Angeles e apresenta três pacientes diferentes que fazem sessões com a profissional buscando ajuda para lidar com diversos conceitos modernos.
Questões como a pandemia atual e recentes mudanças sociais e culturais são o pano de fundo do trabalho de Brooke – enquanto ela mesma lida com complicações na sua vida pessoal.
Sobre a série:
Em Terapia conta também com Anthony Ramos como Eladio, que trabalha no tratamento domiciliar do filho adulto de uma família rica; Liza Colón-Zayas como Rita, amiga e confidente de longa data que apoia Brooke enquanto ela enfrenta suas questões pessoais após uma perda; John Benjamin Hickey como Colin, um milionário charmoso que se tornou um criminoso do colarinho branco e pensa em como a sua vida mudou após a recente saída da prisão; Quintessa Swindell como Laila, uma paciente adolescente e desconfiada de Brooke, que tenta construir sua identidade independente das expectativas da sua família controladora; e Joel Kinnaman como Adam, ex-namorado de Brooke que reapareceu e complicou ainda mais a vida dela.
Produzida pela HBO Entertainment, tem produção executiva de Stephen Levinson, Mark Wahlberg, Hagai Levi, Jennifer Schuur, Joshua Allen e Melissa Bernstein; Joanne Toll e Noa Tishby são coprodutores executivos. A série ganhou o Emmy®, o Peabody® e o AFI Awards®.
Muitas pessoas certamente já viram o ator André Dread, 39 anos, na telinha da Globo. O ator participou de “Suburbia”, “A Regra do Jogo”, no cinema, participou dos filmes Cidade dos Homens, 5x favela, A Divisao e outros, ou nas publicidades nacionais( Porto Seguro, JB FM e Aprendiz Legal que está no ar) . A novidade é que agora ele estreia na Record na novela Gênesis. Dread é Okpara, um nobre do Egito.
“Estou muito feliz com essa oportunidade. O negro, muitas vezes, fica com os papéis de menos expressão com muito pouco destaque e muitas vezes marginalizados na tv. Estamos avançando, mas precisamos realmente de ter mais representatividade. Vivemos tempos difíceis, ainda somos minoria nas grandes produções. Poucas vezes nos vemos representados em alguns personagens de maior poder aquisitivo. Poucas vezes vemos nossas histórias sendo contada“, diz Dread.
André Dread além de ator é produtor do Instituto Arteiros e ativista social. O artista nascido e criado na Cidade de Deus, também comenta sobre o momento atual.
“Vivi dias sombrios com a pandemia, tive que lutar com meu coletivo( Frente Cidade de Deus), e ao mesmo tempo tentar não morrer com a opressão e o abuso de poder do Estado que entra distribuindo ódio na comunidade onde moro, em tempos de pandemia. Foi bem difícil chegar até aqui. Fui em todos os atos gritar por igualdade pois estávamos morrendo por ser alvo de um sistema totalmente racista“, conta o ator.
Quem ama o Carnaval, com certeza já está sentindo falta do clima de festa que tomaria conta do Brasil inteiro, e que estaria a todo vapor esta semana. Para reviver um pouco dessa energia, assisti o documentário Axé – Canto do Povo de um Lugar, disponível na Netflix.
O filme, lançado em 2017, no catálogo da Netflix desde 2020, se propõe a contar a história do Axé Music, o ritmo que revolucionou a indústria musical na Bahia e no Brasil em meados dos anos 80. Grandes nomes como Carlinhos Brown, Caetano Veloso, Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Geronimo e produtores da indústria rememoram acontecimentos desde o surgimento do ritmo até os dias atuais.
Logo no início da narrativa, já possível perceber que, mesmo em se tratando de um ritmo nascido na cidade mais negra fora da África, a sensibilidade para questões raciais não faz parte da análise da história do axé.
Trazida como o primeiro grande sucesso do axé, a música Fricote, de Luís Caldas, foi usada contra muitas meninas e mulheres negras para humilhar, desqualificar e taxar de feias e sujas toda “nega do cabelo duro”. A importância da música no crescimento do ritmo é inegável, mas será que podemos ainda seguir repercutindo esta letra sem trazer considerações ao centro do debate? Parece que sim.
Ao longo de toda a narrativa o racismo é um mero detalhe, que só é mencionado com mais contundência por pessoas negras entrevistadas pela produção. João Jorge, presidente do Olodum, e Marcionílio Prado, cantor e instrumentista de muitas bandas de axé, apresentam o racismo existente na negação da estética negra no Carnaval e a resistência oferecida pelo bloco afro Ilê Aiyê.
Mais adiante, Ninha (ex-Timbalada) fala sobre a total falta de reconhecimento ao berço dessa cultura: “Fez muita gente ficar rica foi essa cultura, e quem faz essa cultura tá pobre, tá lenhado! Sugaram a laranja e jogaram o bagaço fora”, lamenta, descrevendo com excelência um dos efeitos da chamada apropriação cultural. As coisas de preto são muito interessantes, valorosas e rentáveis, desde que tenham uma embalagem branca.
A presença negra e a genialidade de instrumentistas como o saudoso Neguinho do Samba, são o pilar da musicalidade trazida por grupos como o Olodum. Infelizmente, talento e pertencimento não bastam para transformar grandes artistas deste segmento em representantes maiores do ritmo.
Na indústria, cantoras brancas como Daniela Mercury (que tem a audácia de cantar que a cor dessa cidade é ela) e Ivete Sangalo sobrepujam grandes nomes como Margareth Menezes – que também aparece timidamente no longa. Seria este “apagamento” de um artista culpa da indústria musical?
Essa tese é corroborada por vários entrevistados do filme, inclusive com a citação, por exemplo, de produtores que teriam pago a rádios para que não tocassem mais músicas de certos artistas – para fazer suas carreiras despencarem.
Assistir ao documentário é vivenciar exatamente as contradições que se apresentam no maior cenário do Axé Music no mundo: o carnaval de Salvador. É ver o encantamento e magia perpetuado pelo trabalho de muitas mãos e mentes negras sustentar o brilho de artistas brancos/as e acabam por ser os grandes nomes do axé, que é preto até no nome.
Trailer:
*Raio Gomes IG: @raiogomes Raio Gomes é mulher de axé, jornalista e integrante da Irmandade Pretas Candangas /AMNB
“Lovecraft Country” ainda não foi renovada para segunda temporada, a criadora Misha Green está trabalhando em ideias para dar continuidade à série. A informação foi revelada nesta quinta-feira (11) pelo chefe de conteúdo da HBO, Casey Bloys, em entrevista ao Deadline.
“Misha está trabalhando com uma pequena equipe de roteiristas para chegar a uma história. Ela tinha um livro no qual se basear na primeira temporada, [então] ela e os roteiristas quiseram um tempo para descobrir, sem um livro com esses personagens, qual é a jornada que queremos seguir”, contou Bloys.
Ele explicou que a produção da segunda temporada depende da trama e se é interessante para o público ou não. “Todos nós queremos ter certeza de que ela [Misha] tem uma história para contar. É onde ela está agora, trabalhando nessas ideias. Estou muito esperançoso, assim como Misha, então estamos dando a eles tempo para trabalhar”, disse o chefe de conteúdo.
Baseada no livro homônimo de Matt Ruff, a série acompanha a viagem de Atticus Freeman (Jonathan Majors) em busca do pai desaparecido (Michael Kenneth Williams). A primeira temporada foi produzida por Misha Green, J.J. Abrams, Jordan Peele, Bill Carraro, Yann Demange, Daniel Sackheim e David Knoller.
Infelizmente, -porém, para o nosso bem- neste ano não haverá desfiles de escolas de sambas e nem festas do carnaval. Mas o brasileiro não precisa passar o feriado preferido sem curtir um bom samba e apreciar desfiles maravilhosos!
Para você curtir um bom carnaval -de casa- reunimos 7 indicações do Diáspora Black de desfiles de 2019 que reapresentaram muito bem a cultura preta!
Viradouro – 2020
No desfile de 2020 a Viradouro se consagrou campeã com o samba-enredo “Viradouro de Alma Lavada” O tema homenageou as ganhadeiras de Itapoã, mulheres negras que trabalhavam lavando roupas e com seus ganhos elas compravam suas alforrias e a de seus parentes.
Confira o samba-enredo:
Ora yê yê o oxum! Seu dourado tem axé
Fiz o meu quilombo no Abaeté
Quem lava a alma desta gente veste ouro
É Viradouro! É Viradouro!
Levanta preta que o Sol tá na janela
Leva a gamela pro xaréu do pescador
A alforria se conquista com o ganho
E o balaio é do tamanho do suor do seu amor
Mainha, esses velhos areais
Onde nossos ancestrais
Sempre acordam a manhã
Pra luta
Sentem cheiro de angelim
E a doçura de quindim
Na bica de Itapuã
Camará ganhou a cidade
O erê herdou liberdade
Canto das Marias, baixa do dendê
Chama a freguesia pro batuquejê
São elas dos anjos e das marés
Caboclas do balangandã, ô iaiá
Ciranda de roda na beira do mar
Aguadeira que benze e vai pro terreiro sambar
Ganhadeira de fé!
É a voz da mulher
Xangô ilumina a caminhada
A falange está formada
Um coral cheio de amor
Kaô! O axé vem da Bahia
Esta negra cantoria
Que Maria ensinou
Oh mãe ensaboa
Mãe ensaboa pra depois quarar
Mangueira – 2019
A Estação Primeira de Mangueira levou para a Sapucaí em 2019 o samba-enredo intitulado “História para ninar gente grande”. Que foi uma grande homenagem a importantes heróis populares – negros, índios e pobres – da história do país, apagados da nossa memória coletiva e dos livros escolares.
Foto: Reprodução
Assim, nossos verdadeiros heróis finalmente foram nomeados, já que a história oficial sempre recontou uma versão elitista, narrada pelos detentores de prestígio econômico, político e social. Uma das heroínas mencionadas no samba-enredo é a vereadora Marielle Franco, morta a tiros no dia 14 de março de 2018 no Rio de Janeiro.
No site oficial da agremiação, o manifesto diz: “Ao dizer que o Brasil foi descoberto e não dominado e saqueado; ao dar contorno heroico aos feitos que, na realidade, roubaram o protagonismo do povo brasileiro; ao selecionar heróis ‘dignos’ de serem eternizados em forma de estátuas; ao propagar o mito do povo pacífico, ensinando que as conquistas são fruto da concessão de uma ‘princesa’ e não do resultado de muitas lutas, conta-se uma história na qual as páginas escolhidas o ninam na infância para que, quando gente grande, você continue em sono profundo.”
Relembre o samba-enredo que deu para a Mangueira seu 19º título:
Brasil, meu nego, deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra.
Brasil, meu dengo, a Mangueira chegou
Com versos que o livro apagou
Desde 1500, tem mais invasão do que descobrimento.
Tem sangue retinto, pisado
Atrás do herói emoldurado.
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero o país que não tá no retrato.
Brasil, o teu nome é Dandara
Tua cara é de Cariri
Não veio do céu nem das mãos de Isabel
A liberdade é um Dragão no mar de Aracati
Salve os caboclos de Julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles e Malês.
Mangueira, tira a poeira dos porões
Ô, abre alas
Pros seus heróis de barracões
Dos Brasis que se faz um país de Lecis, Jamelões.
São verde e rosa as multidões.
Vai-Vai
Todo o desfile da Vai-Vai foi voltado para a contar histórias do povo preto. Personagens bíblicos, navio negreiro, revolução no Haiti, Apartheid,o partidos dos Panteras Negras e o ex-presidente Barack Obama foram lembrados e muito bem representados com a aparição de artistas pretos.
Confira o samba-enredo:
É que eu sou da pele preta
quilombo do povo… Sou Vai-Vai
um privilégio que não é pra qualquer um
protegido e abençoado por Ogum
Axé… Eu sou a negra alma do Bixiga
herança que marcou a minha vida
tem que respeitar minha raiz
o Orum vai desvendar toda verdade
pra resgatar a nossa identidade
das linhas que a historia apagou
África a negra mãe da humanidade
nas marcas de um passado tão presente
a luta que Mandela ensinou
é a força de lutar por nossa gente
clamando a justiça de xangô
ô Inaê, rainha do mar
Alodê, Iabá, Odoyá
cuida de mim mamãe, leva meu pranto
em seus braços o meu acalanto
Ecoa o grito forte na senzala
nos olhos brilha um novo amanhecer
Aruanda ê, Aruanda
trago a força de palmares
pra vencer demanda
a liberdade é minha por direito
não vamos tolerar o preconceito
somos todos irmãos
e a luz da razão vai nos guiar
sorrir… “sim, nós podemos” sonhar
pois temos um futuro pela frente
punhos cerrados, a Saracura está presente.
Mancha Verde – 2019
O tema da Mancha Verde para o carnaval 2019 foi “Oxalá, salve a princesa! A saga de uma guerreira negra”. O samba-enredo narra a história da princesa africana Aqualtune, avó de Zumbi dos Palmares, que foi brutalmente retirada do Congo e trazida para o Brasil escravizada. Chegando aqui, ela viu seu povo subjugado e injustiçado, e lutou não apenas pela sua liberdade, mas pela igualdade e liberdade dos seus, pelos direitos dos negros e das mulheres, e contra a intolerância religiosa.
Estão abertas as inscrições de artistas multilinguagens para a 1ª edição da Virada AfroCultural de Campinas, que acontecerá entre os dias 10 e 11 de abril deste ano, em plataformas online por causa do novo coronavírus, a Covid-19.
As inscrições são gratuitas, vão até o dia 12 de fevereiro e os artistas selecionados devem ter propostas obrigatoriamente autorias. Cada artista ou grupo escolhido receberá R$1.000,00 pela apresentação. Os artistas interessados podem se inscrever através do link:https://linktr.ee/viradaafrocultural.
O resultado será divulgado em 19 de fevereiro e o edital vai contemplar ações nas áreas de música, artes cênicas, cultura popular, literatura, artes visuais e/ou outras linguagens.
A iniciativa inédita é do coletivo REAJU – Rede Articula Juventudes em parceria com a Agência Mandinga de Favela e apoio do Coletivo Margem Cultural e foi viabilizada através do edital da Lei Aldir Blanc da Secretaria de Cultura de Campinas.
A Virada AfroCultural traz, além de apresentações artísticas, ações educativas, oficinas e palestras, bem como a exibição do documentário do centro de referência Quilombo Urbano O.M.G. (Oziel, Monte Cristo e Gleba B). A proposta é difundir e valorizar a cultura afroreferenciada e fortalecer a comunidade afrodiaspórica da região, por isso, o edital vai privilegiar inscrições de pessoas pretas, transgêneras, afroindígenas e com deficiência.
“Acreditamos que o aquilombamento artístico seja um ponto essencial no enfrentamento ao racismo e no engajamento à luta antirracista em nosso território. Por esse motivo, daremos prioridade aos artistas racializados, pensando a partir das políticas afirmativas vigentes”, disseram os organizadores do evento.
Para que o evento aconteça serão aceitas propostas de qualquer ação de natureza artística e cultural afro-referenciada, que seja realizada por pessoas pretas, pardas ou indígenas, individualmente ou em grupo, desde que sejam da Região Metropolitana de Campinas (RMC). As apresentações serão realizadas no formato live, ou seja, com transmissão ao vivo pela Internet.
O Trace Brazuca, canal destinado na valorização da cultura afrourbana, preparou uma programação que aposta no saudosismo para animar os foliões que terão de festejar em casa este ano que não haverá carnaval de rua.
Na programação, conta a estreia das séries ‘História de Carnaval’ e ‘#NaConcentração’, marcadas para 11 e 16 de fevereiro, respectivamente, marcando a nova grade de programação do canal, que este ano, além das atrações musicais, contará com conteúdos mais diversificados, apresentando produções originais e parcerias com produtoras brasileiras.
Na quinta-feira, 11/02, às 20h, a minissérie “Histórias de Carnaval”, dividida em quatro episódios, resgata memórias carnavalescas, com uma narrativa que une arte, música e bom-humor. Com apresentação das baianas Ana Mametto e Paloma Barbiezinha, a exibição é uma parceria com a TêmDendê Produções.
Já na terça-feira de Carnaval (16) começa ‘#NaConcentração’, especial produzido pela Trace Brasil com apoio do Twitter, que revisita alguns dos mais simbólicos desfiles das escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro, como “Gosto Que Me Enrosco”, apresentado pela Portela, em 1995.
Com apresentação de Pretinho da Serrinha, músico famoso por seus arranjos e percussões no cavaquinho, #NaConcentração recebe a porta-bandeira da Portela, Lucinha Nobre, a cineasta Sabrina Fidalgo e o cenógrafo Milton Cunha, que comentam os desfiles de forma afetiva e descontraída, desde as fantasias até os enredos que marcaram época.
A programação do Trace Brazuca está disponívelna Claro TV – 624, Vivo TV – 630, Guigo TV – 74 e BluTV – 521.
O Festival Bixanagô – Empoderamento e Estética Negra chega a mais uma edição, totalmente online, com uma proposta multidisciplinar estimulando as potencialidades da cultura LGBTQIA+ com estética urbana e do universo periférico ampliando o debate sobre questões acerca das identidades étnico racial, de gênero e interseccionalidade. A nova edição acontece nos dias 21, 25, 26 e 27 de março com uma programação focada na cultura urbana e em suas diferentes manifestações.
Diante dos efeitos da pandemia que ainda recaem sobre as populações mais vulneráveis, o festival trará debates pertinentes sobre temas como sustentabilidade econômica e economia criativa nas artes, direitos e políticas públicas para população LGBTQIA+ e novas tecnologias para o controle da AIDS.
Além de oficinas de economia de quebrada, cuidados e imunização pela boca, e uma exposição imperdível assinada por mulheres negras. A edição é contemplada pelo Programa de Ação Cultural (ProAC Expresso LAB) da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e do Governo Federal, através da Lei Aldir Blanc.
“Bixanagô é basicamente uma palavra que constrói a identidade de bixas pretas periféricas”, descreve o diretor geral e idealizador do festival, Marcelo Morais. De acordo com ele, a palavra “bixa” vem sendo ressignificada pela população LGBTQIA+ nos últimos anos e usada de forma mais positiva e genérica. Já “Nagô” faz referência à estética negra e à diáspora africana no Brasil. Uma das principais propostas do evento é trabalhar as linguagens da cultura urbana e os processos de resistência da comunidade LGBTQIA+ a fim de convergir estéticas e ações.
Potencialidade política, artística e cultural da população LGBTQIA+
De maneira online, o Festival Bixanagô estreia sua mais nova edição em 21 de março, data marcada pelo Dia Internacional contra a Discriminação Racial decladrado pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1993 como alusão ao massacre de Shaperville, na África do Sul, na década de 1960. Na época, 180 jovens negros e sul-africanos foram assassinados pelo governo federal em uma manifestação pacífica contra o sistema político de segregação vigente, regime conhecido como apartheid.
Como gesto de saudação e continuidade histórica do movimento de luta dos jovens antirracistas de Sharperville, o Festival Bixanagô direciona sua programação para ações que valorizem a produção artística e deem ferramentas para a resistência das populações minorizadas.
A abertura da edição no dia 21 de março contará com uma exposição com curadoria das artistas Micaela Cyrino e Paulete Lindacelva e obras de artistas também mulheres e pretas, entre elas Kerolayne Kemblin e Manauara Clandestina.
Kerolayne Kemblin é natural de Manaus (AM). Artista, viajante e empreendedora, fomenta imagens de afeto a partir das visualidades que perpassa a rua e as mídias. Além das práticas artísticas com o lambe, grafite, colagens, xilogravuras e o audiovisual.
Manauara Clandestina também é da capital amazônida. Filha de um casal de pastores missionários, ainda pequena seguiu em missões para o interior do Amazonas com sua família. Desde cedo cantava na igreja e ajudava na organização do teatro e outras expressões que cabiam no culto evangélico pentencostal. No retorno à Manaus, durante a adolescência, teve seu primeiro contato com um grupo de teatro amador, na qual semeou a sede de conhecer mais sobre performance. A vida clandestina a trouxe até a maior capital do país, e, no meio de uma transição e da necessidade de ser ouvida, nasce a Manauara Clandestina, como uma performer da noite. Hoje ainda performa, tendo expandido suas linguagens para além desse formato, desenvolvendo de maneira transversal seu trabalho como artista. Atualmente, além de sua pesquisa individual, se dedica à direção de criação de projetos junto à estilista Vicenta Perrotta, evocando diálogos que traçam novas perspectivas de vida travesti e questionando as condições das existências que as permeiam.
Debates e oficinas
Nos dias 21, 25, 26 e 27 de março a programação do Festival BixaNagô será repleta de rodas de conversa. Entre os temas estão a criminalização da cultura e das identidades periféricas; os direitos e as políticas públicas voltadas à população LGBTQIA+; sustentabilidade econômica e economia criativa nas artes; ISTs, transmissão e prevenção; e prevenção combinada – novas tecnologias para o controle da AIDS.
Aqui é hora de colocar as mãos na massa virtualmente! As oficinas são o espaço de criação e produção. Cada oficina é aberta com inscrição prévia. As inscrições serão feitas através de formulários online priorizando a população LGBTQIA+ na hora da escolha das participantes.
Com três encontros, cada um com três horas de duração, as oficinas serão sobre economia de quebrada: mentoria para bixas empreendedoras; meu corpo, meu templo: cuidados e imunização pela boca; produção musical e processo criativo; e moda urbana e identidade Bixanagô.
Chamada para showcases
Para os quatro dias de Festival Bixanagô estão abertas inscrições para showcases de música e dança com o intuito de dar visibilidade a novos talentos da cena independente. Os showcases terão duração de 20 minutos e serão transmitidos antes dos shows principais. As inscrições podem ser feitas até o dia 18 de fevereiro e há uma ajuda de custo de R$ 800 para os participantes. As gravações acontecem em estúdio na cidade de São Paulo nos dias 3 e 4 de março, com horário previamente agendado.
Serviço: Festival Bixanagô – Empoderamento e Estética NegraQuando: 21, 25, 26 e 27 de março com transmissão totalmente online. Acompanhe a programação completa no Instagram do Festival Bixanagô. Inscrições para showcases: Até o dia 18 de fevereiro em: https://forms.gle/kGNn3jAYhBziPLyJ6