Carnaval 2021: Reveja os desfiles que enalteceram e representaram a cultura negra

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Carnaval 2021: Reveja os desfiles que enalteceram e representaram a cultura negra
Foto: Reprodução

Infelizmente, -porém, para o nosso bem- neste ano não haverá desfiles de escolas de sambas e nem festas do carnaval. Mas o brasileiro não precisa passar o feriado preferido sem curtir um bom samba e apreciar desfiles maravilhosos!

Para você curtir um bom carnaval -de casa- reunimos 7 indicações do Diáspora Black de desfiles de 2019 que reapresentaram muito bem a cultura preta!

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Viradouro – 2020

No desfile de 2020 a Viradouro se consagrou campeã com o samba-enredo “Viradouro de Alma Lavada” O tema homenageou as ganhadeiras de Itapoã, mulheres negras que trabalhavam lavando roupas e com seus ganhos elas compravam suas alforrias e a de seus parentes.

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Confira o samba-enredo:

Ora yê yê o oxum! Seu dourado tem axé

Fiz o meu quilombo no Abaeté

Quem lava a alma desta gente veste ouro

É Viradouro! É Viradouro!

Levanta preta que o Sol tá na janela

Leva a gamela pro xaréu do pescador

A alforria se conquista com o ganho

E o balaio é do tamanho do suor do seu amor

Mainha, esses velhos areais

Onde nossos ancestrais

Sempre acordam a manhã

Pra luta

Sentem cheiro de angelim

E a doçura de quindim

Na bica de Itapuã

Camará ganhou a cidade

O erê herdou liberdade

Canto das Marias, baixa do dendê

Chama a freguesia pro batuquejê

São elas dos anjos e das marés

Caboclas do balangandã, ô iaiá

Ciranda de roda na beira do mar

Aguadeira que benze e vai pro terreiro sambar

Ganhadeira de fé!

É a voz da mulher

Xangô ilumina a caminhada

A falange está formada

Um coral cheio de amor

Kaô! O axé vem da Bahia

Esta negra cantoria

Que Maria ensinou

Oh mãe ensaboa

Mãe ensaboa pra depois quarar

Mangueira – 2019

A Estação Primeira de Mangueira levou para a Sapucaí em 2019 o samba-enredo intitulado “História para ninar gente grande”. Que foi uma grande homenagem a importantes heróis populares – negros, índios e pobres – da história do país, apagados da nossa memória coletiva e dos livros escolares.

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Foto: Reprodução

Assim, nossos verdadeiros heróis finalmente foram nomeados, já que a história oficial sempre recontou uma versão elitista, narrada pelos detentores de prestígio econômico, político e social. Uma das heroínas mencionadas no samba-enredo é a vereadora Marielle Franco, morta a tiros no dia 14 de março de 2018 no Rio de Janeiro.

No site oficial da agremiação, o manifesto diz: “Ao dizer que o Brasil foi descoberto e não dominado e saqueado; ao dar contorno heroico aos feitos que, na realidade, roubaram o protagonismo do povo brasileiro; ao selecionar heróis ‘dignos’ de serem eternizados em forma de estátuas; ao propagar o mito do povo pacífico, ensinando que as conquistas são fruto da concessão de uma ‘princesa’ e não do resultado de muitas lutas, conta-se uma história na qual as páginas escolhidas o ninam na infância para que, quando gente grande, você continue em sono profundo.”

Relembre o samba-enredo que deu para a Mangueira seu 19º título:

Brasil, meu nego, deixa eu te contar

A história que a história não conta

O avesso do mesmo lugar

Na luta é que a gente se encontra.

Brasil, meu dengo, a Mangueira chegou

Com versos que o livro apagou

Desde 1500, tem mais invasão do que descobrimento.

Tem sangue retinto, pisado

Atrás do herói emoldurado.

Mulheres, tamoios, mulatos

Eu quero o país que não tá no retrato.

Brasil, o teu nome é Dandara

Tua cara é de Cariri

Não veio do céu nem das mãos de Isabel

A liberdade é um Dragão no mar de Aracati

Salve os caboclos de Julho

Quem foi de aço nos anos de chumbo

Brasil, chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles e Malês.

Mangueira, tira a poeira dos porões

Ô, abre alas

Pros seus heróis de barracões

Dos Brasis que se faz um país de Lecis, Jamelões.

São verde e rosa as multidões.

Vai-Vai

Todo o desfile da Vai-Vai foi voltado para a contar histórias do povo preto. Personagens bíblicos, navio negreiro, revolução no Haiti, Apartheid,o partidos dos Panteras Negras e o ex-presidente Barack Obama foram lembrados e muito bem representados com a aparição de artistas pretos.

Confira o samba-enredo:

É que eu sou da pele preta

quilombo do povo… Sou Vai-Vai

um privilégio que não é pra qualquer um

protegido e abençoado por Ogum

Axé… Eu sou a negra alma do Bixiga

herança que marcou a minha vida

tem que respeitar minha raiz

o Orum vai desvendar toda verdade

pra resgatar a nossa identidade

das linhas que a historia apagou

África a negra mãe da humanidade

nas marcas de um passado tão presente

a luta que Mandela ensinou

é a força de lutar por nossa gente

clamando a justiça de xangô

ô Inaê, rainha do mar

Alodê, Iabá, Odoyá

cuida de mim mamãe, leva meu pranto

em seus braços o meu acalanto

Ecoa o grito forte na senzala

nos olhos brilha um novo amanhecer

Aruanda ê, Aruanda

trago a força de palmares

pra vencer demanda

a liberdade é minha por direito

não vamos tolerar o preconceito

somos todos irmãos

e a luz da  razão vai nos guiar

sorrir… “sim, nós podemos” sonhar

pois temos um futuro pela frente

punhos cerrados, a Saracura está presente.

Mancha Verde2019

O tema da Mancha Verde para o carnaval 2019 foi “Oxalá, salve a princesa! A saga de uma guerreira negra”. O samba-enredo narra a história da princesa africana Aqualtune, avó de Zumbi dos Palmares, que foi brutalmente retirada do Congo e trazida para o Brasil escravizada. Chegando aqui, ela viu seu povo subjugado e injustiçado, e lutou não apenas pela sua liberdade, mas pela igualdade e liberdade dos seus, pelos direitos dos negros e das mulheres, e contra a intolerância religiosa. 

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Confira o samba-enredo:

Ô oraieieô… oraieieô mamãe Oxum

Um ventre de luz, o fruto do amor

Kaô Kabecilê Xangô

África, suntuosa riqueza

África, reluz o encanto e a nobreza

A fé conduz o Congo a lutar

Tristeza marejou meu olhar

Oh Senhor, tem piedade

Dos corações sem liberdade

A alma que chora, a pele que sangra

Qual será o meu valor?

Entrego minha vida

Rainha do mar, Iemanjá

Aportou, na terra do sol e do maracatu

Vidas no suspiro derradeiro

Na fria solidão do cativeiro

Mãos calejadas a lavourar

Não perdi a fé nos orixás

Senhora do Rosário, oh Nossa Senhora

Aos pés do seu altar, clamo a igualdade

Palmares, vi um céu de luz e liberdade

A força de Zumbi a nos guiar

Nas bênçãos de Oxalá

Tambores vão ecoar, a festa vai começar

O meu batuque traz a força do terreiro

A Mancha Verde é Kizomba amor

Salve a princesa! Viva o povo negro!

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