O Diretor e cineasta Jeferson De, comparado ao cineasta americano Spike Lee e premiado por ‘Broder’, concorre à indicação brasileira ao Oscar com o longa-metragem ‘M8 – Quando a Morte Socorre a Vida’, como ‘Melhor Filme Estrangeiro”. Em anúncio feito por Camila de Moraes, cineasta, jornalista e produtora de cinema em seu instagram, ela comemora e pede apoio dos que acreditam no audiovisual brasileiro. O resultado está previsto para 13 de dezembro.
A obra que tem produção, co-produção e distribuição de Migdal Filmes, Buda Filmes e Paris Filmes; e já premiada como ‘Melhor Filme de Ficção’, por voto popular, no último Festival do Rio neste ano, tem roteiro de Jeferson De e Felipe Sholl. As produtoras e distribuidora estão articulando a campanha #M8NoOscar. Camila explica como a sociedade pode contribuir com a indicação “Só quem pode votar são os membros da Academia Brasileira de Cinema, mas o que podemos fazer quanto sociedade é participar da campanha para que o Jeferson seja nosso representante brasileiro”, explica a cineasta.
Em vídeo divulgação na última sexta-feira, Jeferson conta do medo que tem da morta prematura e violenta por conta da violência policial. “Isso tem sido muito comum, jovens negros mortos pela polícia”, declara ele.
Já sobre a indicação, Jeferson divide com o site Mundo Negro sua alegria e comenta a importância deste reconhecimento à comunidade audiovisual negra e brasileira: “Estou muito feliz com essa possibilidade de ser um indicado brasileiro ao Oscar, têm muitos filmes importantes que foram feitos esse ano, mas eu acho que é o nosso momento, é um momento de reconhecimento à produção brasileira e negra no audiovisual, de mulheres negras e homens negros que estão não só na direção, mas estão na equipe e principalmente no elenco, encabeçado pela Mariana Nunes e pelo Juan Paiva. E obviamente estou muito feliz de seguir os passos da minha companheira de luta Camila de Moraes, que também teve “O caso do Homem Errado” participando desse pleito. Então estou bastante feliz de poder me juntar à essa luta e dar continuidade ao ocupar esses espaços, e de dizer que nossas vidas importam, nossas vidas retratadas no cinema importam. Entrego nas mãos dos meus ancestrais, dos meus orixás, para que sobretudo o filme seja visto, pois foi feito com muito amor, e é sobre a nossa história contemporânea, mas também sobre a nossa ancestralidade e religiosidade”, declara ele.
No elenco integram nomes como Mariana Nunes, Giulia Gayoso, Bruno Peixoto, Fábio Beltrão, Zezé Motta, Ailton Graça, Alan Rocha, Rocco Pitanga, Dhu Moraes, Léa Garcia e Raphael Logam, como M-8. Já nas participações especiais estrelam Lázaro Ramos, Henri Pagnoncelli e Malu Valle.
Sinopse
“M-8 – Quando a Morte Socorre a Vida”, dirigido pelo cineasta Jeferson De (do premiado “Bróder”), é baseado no livro homônimo de Salomão Polakiewicz e conta a história de Maurício (Juan Paiva), um calouro da prestigiada Universidade Federal de Medicina, filho de Cida (Mariana Nunes), uma auxiliar de enfermagem, que dá duro para ver seu filho entrar pra faculdade . Em sua primeira aula de anatomia, Maurício é apresentado a M-8 (Raphael Logam), corpo que servirá para estudo dele e dos amigos durante o primeiro semestre. Em uma jornada permeada de mistério e realidade, Maurício enfrenta suas próprias angústias para desvendar a identidade desse rosto desconhecido.
A filha de Beyonce e Jay-Z é a narradora do áudio book Hair Love, o best seller foi o vencedor do Oscar de Melhor Curta-Metragem de Animação DE 2020, uma prévia da narração foi compartilhada no perfil do Instagram do autor do livro, Matthew A Cheery.
O filme narra a história de um pai negro que penteia o cabelo da sua filha pela primeira vez, o curta conquistou o coração da comunidade negra pela linda relação entre uma família preta e a representatividade.
Além da versão em áudio narrado por Blue Ivy Carter, o livro vai virar uma série da HBO Max que se chamará “Young Love” que é uma referência ao sobrenome da família.
ÌYÁ’S — Festival de Arte de Mulheres Negras foi criado para acolher poéticas, estéticas e narrativas de mulheres negras, nesta primeira edição serão cinco espetáculos que representam experiências femininas. O festival acontece entre os dias 11 e 27 de novembro, no Teatro Gamboa On-line. Além disso, três mesas temáticas são formadas para promover discussões sobre feituras femininas, abordando Poéticas, Estéticas, Trajetórias de Mulheres Negras Insurgentes e Teatro de Guerrilha com os atravessamentos da militância. As mesas serão exibidas no Canal do Youtube Estudos em Teatro Negro.
Cinco espetáculos fazem parte do Festival ÌYÁ’S: Rosas Negras (Fabíola Nansurê), A Reza (Andréia Fábia), Sobejo (Eddy Veríssimo), Ojú Òbe (Sanara Rocha), e VI(elas) – Inah Irenan, trazem em suas narrativas ramificações da violência, autoimagem, feituras de cabeça e cuidados com o Ori. As apresentações serão ao vivo pela plataforma de videoconferência, cumprindo recomendações da OMS, prevenindo o público e elenco dos riscos da COVID-19.
As interações estão ocorrendo pelo perfil oficial @festivaliyas, onde atrizes fazem chamadas para o evento, contando como ele vem sendo pensado e quem está por trás de cada projeto.
Para Juliana Monique, essa ação artística promove o reavivamento de existências de mulheres negras. Enquanto Fabíola Nansurê acredita que mais um lugar de produção de conhecimento está sendo realizado, essa pesquisadora, dançarina e protagonista de Rosas Negras acrescenta “O empoderamento só é real se ele for coletivo”.
Confira a programação completa:
MESA TEMÁTICA I – 11/11 de Novembro: Teatro de Guerrilha e Protagonismo Feminino Negro.
A atriz e apresentadora Giovana Ewbank anunciou neste domingo (8) que a filha Titi Gagliasso irá estrelar na capa da revista Harper’s Bazaar Kids. Titi tem apenas 7 anos, mas pelas fotos publicadas pelos pais, percebemos que ela e o irmão de 5 anos, Bless têm muita intimidade com as câmeras.
A atriz disse que há um tempo a filha vem mostrando interesse em realizar ensaios fotográficos, mas ela adiava por ser um trabalho cansativo para uma criança, porém não teve jeito. Titi insistiu e a mãe cedeu.
“Nós segurávamos porque ela era muito pequena. Achávamos que ela não sabia o que era, nem se gostava”, revelou, justificando: “Só que, de uns dois anos para cá, ela começou a pedir para participar de um ensaio. Tentei demovê-la da ideia, falei que cansava… Não adiantou e terminei concordando”. Contou Giovana em entrevista para o jornal O Globo
A mãe de Titi postou a novidade em suas redes sociais, muito orgulhosa.
“(…) AMANHÃ sai a primeira capa dela sozinha 💗😭😭😭 Depois de muito tempo nos observando e insistindo pra participar dos ensaios, eu e @brunogagliasso cedemos aos pedidos da nossa princesa!”
Após diversas declarações do candidato referente a ação da prefeitura em homenagem ao dia da consciência negra e sua última entrevista a UOL em que disse “Não ver diferença entre brancos e negros” e que “Já namorou mulheres negras e tem grandes amigos negros”, Celso Russomanno foi denunciado por racismo.
O candidato a prefeito da cidade de São Paulo, chegou a dizer que foi criado por uma mãe de leite, encargo que era posto as mulheres negras escravizadas que precisavam cuidar dos filhos dos brancos enquanto os seus ficavam desamparados.
A ação de denúncia o crime de racismo veio através da Uneafro Brasil, pela coordenadora de núcleo, Elaine Mineiro a denúncia foi protocolada na última semana.
Um abaixo-assinado está circulando para pressionar o Ministério Público a apurar o caso e consequentemente punir o candidato. As falas de Celso Russomano, além contribuírem com a estigmatização de pessoas negras, banalizam a comemoração do mês da consciência negra e resumem os atos de combate ao racismo à vandalismo. Para acessar o abaixo-assinado clique aqui
Como muitos dos povos indígenas na antiguidade, os Suruí Paiter e os Cintas-Largas, comunidades dos estados de Rondônia e Mato Grosso viviam de forma simples nos últimos anos. Porém com a chegada da pandemia do COVID-19, a parte dos impactos como o garimpo ilegal e o agronegócio, a existência de ambas as comunidades ficou comprometida. Com isso, se uniram e idealizaram a moeda OYX, que está em fase final de criação e será lançada no dia 11 de novembro no evento online Blockchain Connect 2020, às 18h.
A ideia é garantir uma renda mínima, segurança alimentar e integração das aldeias criando um efeito de união entre elas, criando uma estrutura que possibilite o desenvolvimento de outros projetos na região. Laço de união entre os dois povos – que são, historicamente, rivais – Elias Oyxabaten Surui é uma voz da comunidade que idealizou um projeto: a criação de uma criptomoeda que viabilizasse, de forma emergencial e contínua, a arrecadação de recursos para a região. “É uma ideia minha de união. A intenção é trabalhar com os dois povos e mostrar serviço para auxiliar as duas comunidades na região”, afirma.
Os recursos gerados pelo ativo digital serão destinados a construir e manter projetos nas regiões onde vivem os indígenas, nos estados de Rondônia e Mato Grosso. A expectativa é que, com o sucesso da iniciativa, seja possível investir em mais plataformas, que permitam a venda de artesanato e criação de trabalhos para a população das tribos. Todo o restante do dinheiro será para investir em mantimentos básicos e na estrutura da região.
“Fomos abandonados à própria sorte pelo Governo Federal durante a pandemia do coronavírus”, conta Elias, que trabalha no Distrito Sanitário da Saúde Indígena e ajuda jovens na região com o desenvolvimento de projetos. “Além dos ataques nas terras indígenas, o governo vem atacando os direitos dos povos indígenas. Queremos mudar essa história: tudo o que buscamos é um auxílio básico, que viabilize a retomada de trabalhos, artesanato e cuidados básicos de saúde”, afirma.
Há décadas, os cintas-largas pedem maior atenção ao povo na região. Por diversas ocasiões, o garimpo ilegal ao leste de Rondônia foi tema de discussões junto ao Governo Federal, que nos últimos anos passou a ignorar as mortes provocadas pela situação.
Uma década depois de ter sido a mãe eu me pego em dualidade comigo mesma entre querer ser mãe novamente e não querer lidar com tudo mais uma vez.
Após assistir o filme italiano “18 Presentes” que narra a história de Anna (Benedetta Porcaroli), uma garota que vai descobrindo a história da mãe, que morreu logo após seu nascimento, por meio de presentes deixados à ela para cada aniversário. Junto com as lembranças, há cartas que a guiarão em diferentes momentos da vida. Contando assim, de forma resumida, parece tranquilo, mas não se engane: o drama de 1h54 de duração pega muito mais pesado e eu entrei em colapso de tanto chorar.
A premissa do filme é verdadeira. O roteiro é inspirado na história da italiana Elisa Girotto. No dia do nascimento da filha, Anna, ela foi diagnosticada com um câncer de mama avançado. O casamento com o pai da menina, Alessio Vincenzotto, aconteceu um mês depois de receber a notícia. Sabendo da gravidade do caso, ela começou a preparar presentes para que fossem entregues à filha a cada aniversário, até atingir a maioridade. Elisa morreu aos 40 anos em setembro de 2017, pouco depois de Anna completar 1 ano de vida.
Ainda assim, não parece ter motivos suficientes para desencadear uma crise de choro, não é mesmo?
Bom, tentarei explicar, mas fui expulsa de casa aos 16 anos quando engravidei. Passei anos sem falar com a minha mãe. Tive uma gravidez difícil, de muito choro. Não tenho sequer uma foto grávida e preciso me esforçar pra me lembrar de como era a minha barriga durante os 9 meses de gestação.
E quando chegou a hora mais importante na vida de uma mãe, a violência obstétrica veio e me atingiu em cheio.
Voltemos rapidamente à noite de domingo, dia 16 de maio de 2010. Nessa data por volta das 23h eu comecei a sentir dores de contração. A meia noite fui para o hospital. Passei a madrugada em uma pré sala de parto, ao meu lado tinha uma mulher branca mais velha, também em trabalho de parto.
Duas enfermeiras nos acompanhavam madrugada a dentro. A moça mais velha gritava muito de dor, eu apenas me retraia. As enfermeiras passavam de um lado para o outro falando “a novinha vai ter o bebê primeiro que você”, “para de gritar, seja forte como ela”, “a moreninha é forte, nem grita”. Às 5h50 meu filho nasceu, ali, na sala de pré parto, depois de eu gritar falando “ele vai nascer”. Eu nem sei como é uma sala de parto. Permaneci ali até as 8h30, suja de sangue com o meu filho no colo.
Hoje aos 26 anos e depois de contar essa história inúmeras vezes de como eu praticamente fiz o meu parto, consigo enxergar a violência que sofri. A tal da violência obstétrica sobre a mulher, e principalmente sobre a mulher preta por ser considerada mais forte.
Voltando para o filme, ele desencadeou todo aquele choro porque hoje, uma década depois, eu sinto uma imensa vontade de ser mãe novamente. Ver no filme como aquela gravidez foi desejada, planejada e cultuada foi como um murro no meu estômago mostrando que eu nunca tive nada disso.
Coisa que talvez fosse, digamos, simples de resolver se não fosse um grande cisto no ovário em 2016 e lá fui eu passar por uma cirurgia, quase que uma cesariana com direito a corte e a famosa anestesia raque e um terrível pós operatório. Segundo o médico são poucas as minhas chances de voltar a engravidar.
Todo esse texto são reverberações que vem de dentro pra fora de mim. Sem adolescência, sem uma gravidez planejada e sem poder ter uma lembrança bonita do considero ser o momento mais importante na vida de uma mulher, o nascimento do seu filho.
Você é um “negão” da cor do pecado, com certeza é dotado e bom de cama! Tenho fetiches por negão! Sempre fui a fim de ir pra cama com um negão! Nossa imagino esse negão na cama deve fazer um estrago! Deve ter a pegada esse negão, sem sombra de dúvida.
Pode parecer engraçado para alguns, ou até mesmo clichê, ou ainda uma recordação da música de Alcione – Meu Ébano, mas sabia que isso é comumente escutado pelos homens negros seja eles heteroafetivo ou homoafetivofetivo.
Do ponto de vista da tutela da construção social de raça, o negro do gênero masculino, carrega uma carga negativa neste contexto, e certas definições que antes mesmo dele se auto conhecer, já estão estipuladas pelos outros. Basta um pouco de pesquisa e estudo, para saber que desde os tempos sombrios da escravidão o negro, foi categorizado como objeto e um ser dominado, que está ali para realizar certos trabalhos, dentre eles os braçais, de forvça e lavroura, ou ainda o absurdo de satisfazer a lascivia dos seus dominadores.
O antropólogo Dr.Osmundo Pinho – Mestre e Doutor em Ciências Sociais, em seu brilhante artigo “Qual é a identidade do homem negro?”, nos afirma que: “O corpo negro masculino é fundamentalmente corpo-para-o-trabalho e corpo sexuado. Está fragmentado em partes: a pele; as marcas corporais da raça (cabelo, feições, odores); os músculos, ou força física; o sexo, genitalizado dimorficamente como o pênis, símbolo falocrático do plus de sensualidade que o negro representa e que, ironicamente, significa sua recondução ao reino dos fetiches animados pelo olhar branco”.
Me recordo como se fosse ontem, próximo dos meus 22 anos, uma grande amiga me disse numa conversa, onde falávamos amenidades, que eu como negão deveria ser bom de cama, e que varias mulheres deviam “se atirar em cima de mim”, eu estranhei a afirmação e deixei claro que para a mesma que eu era homoafetivo, ela mesmo assim insistia em dizer, então os homens “se atiram em cima de ti”, onde complementou como um negão deste gay, é um desperdício, imagina só.
Acontece que mesmo tendo anos de amizade, ela sequer detinha conhecimento de outros relacionamentos prévios meus, ou relacionamentos duradouros em que ocorreu a apresentação do meu companheiro a ela, ou sequer tinhamos “ficado”, ela simplesmente deduziu que pela minha cor, e pelo meu porte físico e tamanho (tenho 1,86 de altura), que eu deveria ser bom de cama no sentido violento e agressivo, como nos filmes pornôs em que os estereótipos de negros sejam eles heteros ou gays, são os bons de cama e tratam com agressividade seus parceiros(as), quase um ato animal sem afeto, agindo com um impulso sexual sem qualquer racionalidade.
Eu mesmo já fui hipersexualizado, e usado como “troféu” para um ex-relacionamento onde eu era o “nossa amigo, tirou a sorte grande, olha esse negão que você está namorando” antes mesmo de saber possivel qualidades, minha cor, meu corpo foi sexuado e usado como objeto de ganho e mérito para outros, que sequer conhecem minha história.
A questão problemática, que me faz voltar ao início do texto, e ao grande questionamento deste texto, seria da objetificação do negro, a transformação do afeto em mero objeto de prazer alheio, sem qualquer pensamento no outro, apenas no prazer daquele que transforma o outro em objeto
Imaginem se eu fosse um homem cisgênero hetero branco, sequer precisaria estar redigindo este texto acerca da hiperssexualização do meu corpo, ou da inevitável naturalização da objetificação que os corpos negros sofrem para satisfazer as fantasias sexuais dos brancos, e nos tornamos o troféu sexual que eles ostetam muitas vezes por ai.
Podemos ainda tratar isso de uma maneira bem simplória, onde é fato comum é de conhecimento de que os homens brancos exercem, com todo direito, sua sexualidade e seus desejos sem que aquilo os categorize emocionalmente, intelectualmente e/ou sexualmente o transformem em mero objeto de desejo e realizador de fantasias das demais pessoas.
A classica hipersexualização, está presente no dia a dia e de certas maneiras são as mais sutis, para que sejam naturalizadas e passem a certos olhos e ouvidos desapercebidos, em especial basta vermos que a maioria dos “modelos negros estão usando sungas brancas, com o proposito de marcar seu orgão genital” e “ativar” a imaginação sexual dos seus visualizadores, visando chamar atenção e focar na sexualização ao extremo do corpo negro.
A Hipersexualização dos corpos negros, inibem ou ainda me atrevo a dizer reduzem o exercicio da sexualidade ou da possibilidade da pessoa se mostrar sem pré-julgamentos sexuais em sua plenitude ser transformado em objeto, tirando-lhe a capacidade por óbvio de amar seu corpo, sem amarras e sem relfexos e consequencias de julgamentos que sequer deveriam existir.
O simples fato de “postar uma foto” de sunga, lhe retira toda a sua capacidade intelectual negra, seu conhecimento se reduz, lhe é decotado a possibilidade de ser um homem negro pensante, e lhe extrai ainda a capacidade de ser um humano emocional, para lhe dar uma classificação de objeto sexual visando a satisfação do imaginário branco e suas fantasias com os corpos negros, na qual insistem em trazer a tona, de maneira ainda que me atrevo a dizer bem perversa e retoma a mentalidade colonizadora de sermos “escravo para satisfazer seu prazer” e não a visualização do outro como um humano.
Muito embora, a hiperssexualização é na verdade um problema de quem o faz, não de quem se mostra, de quem se sente bem com o próprio corpo, mas está confortável em sua própria pele, nem sempre somos capazes de visualizar desta maneira, por sermos ensinados muitas das vezes em que nossos corpos são “públicos”.
Trazer para a reflexão acerca do que é a beleza, estética, atributos físicos é um exercício extremanente relevante e necessário para o entendimento que levam quaisquer seres humanos a projeções imagéticas de sexualidade propia e do outro, além do erotismo contido. Tais projeções ainda ajudam a termos um pouco do entendimento onde sobrevoam questões de onde o corpo negro masculino fora construído socialmente por meio da erotização e objeto de desejo dos brancos.
A necessidade do homem negro, ao meu ponto de vista no debate é de fato entender que ele não tem nenhuma necessidade de se encaixar nos estereótipos criados pela sociedade, ou aqueles criados para satisfazer as fantasias dos brancos, e que ele pode ir além da questão sexual e afirmar sua sexualidade na totalidade da forma que lhe achar melhor e mais conveniente, sem receio de ser objetificado para atender os desejos, e entender que está tudo bem se amar, gostar de seu corpo, sem préjulgamento ou necessidade de aprovação.
É necessário que todo o restante do conjunto que engloba o meio de convívio, seja dele de contato direito ou não, ter a capacidade de observar que não somos apenas um corpo sexuado, ou objeto para a satisfação de seus desejos, mas sim homens por inteiros, pensantes, racionais, e com emoções que devem ser respeitadas e não reduzidas ao falo.
Então fica o convite, qual foi a ultima vez que você homem negro, se viu como pessoa que você enxerga aos seus olhos, e não com os olhos dos objetificadores que o transformam em saciador de suas fantasias?
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Paulo Alexandre Roscoe é Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas, e Pós Graduando em MBA em Gestão de Recursos Humanos pela IBF. Atuando em Direito do Trabalho, amante de pesquisas científicas relacionadas a racismo, intolerâncias, e escravidão contemporânea e nos ultímos 03 anos, transitou em sua carreira atuando com Customer Success e Brandings para maior contato com público. Sempre em busca de novas e melhores maneiras de fazer a diferença, tem estudado e focado em ações anti-racista, busca e valorização pela ancestralidade, e conexão com a diaspora africana,e na luta contra o racismo.
Nas horas vagas, gosta de praticar esportes, corrida e AMA cinema, movido pela música, acredita que pode mudar o estado de espírito das pessoas, e valorizar o sagrado afroancestral e ajudar as demais pessoas.
A funkeira Taty Quebra Barraco - Foto Reprodução Faacebook
Taty Quebra Barraco usou um texto do Diretor e produtor audiovisual Leo Harris para expor sua opinião sobre a real situação das favelas no RJ.
O texto postado nas redes sociais da funkeira é direcionado aos MCs que usam seu sucesso para afirmar que a favela venceu, quando na verdade, quem venceu foi só o artista. As comunidades tanto do RJ como de outros cantos do país, ainda são as regiões de maior escassez e vulnerabilidade. Sem contar que nas favelas é que acontecem as maiores atrocidades relacionados à violência policial, com mortes e desaparecimento de corpo de pessoas inocentes.
Confira o texto na íntegra:
“FAVELA NÃO VENCEU
RECADO AOS MCS
Antes de Falar que a Favela Venceu, Veja se vc não está confundido ( MINHA VIDA MUDOU) com ( FAVELA VENCEU ) Já perdi as contas de quantos MCs veio gravar aqui na Favela ostentando carros e motos e nao Dão nem Obrigado quando vão embora.
Parem de usar a FAVELA para promover a Fama, Carreira e Nome de artistas que só pensam no próprio Rabo.
Parem de vir em datas Especias com Falsidades e doações de Coisas velhas e próximas da Validade como se fossemos cachorros atrás dos seus restos.
Não usamos Roupas somente no Natal, Nossas Crianças precisam de atenção o ano todo e não somente no dia 12 de Outubro, Aqui ainda as pessoas passam fome, Frio e todas as Necessidades que vcs já estão cansados de saber que existe
Então Pensem Bem antes de Querer promover sua Vida Falando Que A Favela Venceu. a Favela não venceu porra nenhuma.“
Anielle Franco, Valesca Popopuza, Karok Conka e Fabrício Boliveira foram alguns dos artistas que comentaram apoiando a postagem de Taty.
Tem gente indo longe demais para ganhar engajamento. Na tarde de sábado começou a circular um vídeo, onde uma suposta diarista negra estaria sofrendo ataques gordofóbicos e racistas. Ela então usou suas redes sociais para denunciar o patrão que a filmou e estava zombando de uma pessoa “preta, gorda e de cabelo duro” que queria ser cantora famosa.
Todo mundo ficou revoltado com o teor do vídeo, entre eles a influenciadora Camilla de Lucas.
Em pouco tempo a verdade veio a tona. Elisama Alves é cantora e não doméstica e o “patrão” é seu amigo de longa data Junior Launther. Os dois fizeram a pegadinha para chamar a atenção das pessoas para uma música que eles estão lançando juntos, que se chama “Me respeita”.
“Nós somos cantores e atores (artistas) e queremos levar a nossa voz e o que temos para dizer para as pessoas. Ser desconhecido é como não ter voz… ainda mais no país que vivemos. Sem dinheiro e sem NINGUÉM nos apoiando, decidimos por criar uma situação (que, a propósito, ja aconteceu comigo-Flor) que chamaria atenção das pessoas e assim, conseguiríamos dar voz a nossa arte”, explicou a cantora no perfil do amigo.
Eles fizeram um outro vídeo explicando que foi tudo de caso pensado para viralizar.
“Criar um vídeo fake, soltar na internet, para que as pessoas compartilhasse e pudessem me ‘hatear’ e causar esse caos foi a forma que a gente encontrou para fazer as pessoas ouvirem”, disse o Junior.
Muita gente não gostou.
O tom do vídeo original despertou várias emoções em pessoas que lidam com racismo e gordofobia de forma cotidiana, o famoso gatilho que é real e tem consequências.