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Cansou e quer mudar? Quando é o momento certo de pivotar a carreira?

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Foto: Paulo Barro

Em 2020, muito se falou sobre propósito. Com a pandemia, uma parcela da população passou a trabalhar home office, o que contribui para misturar ainda mais a vida pessoal com a profissional. Antes, se fazia necessário separar ao máximo essas duas coisas, mas, a cada dia que passa, essas facetas se unem com uma única finalidade. Isso fez com que muitas pessoas reavaliassem sua trajetória profissional para que fosse possível adequar o trabalho ao novo momento de carreira e de vida.

Mas, afinal, fazer mudanças, definir seu propósito e entender o que de fato é importante para você requer autoconhecimento. Na vida pessoal nós já fazemos isso com naturalidade, e para aplicar no trabalho, não pense que é necessário ignorar tudo o que já fez até então.Nesse contexto, pivotar a carreira – vulgo, mudar radicalmente o rumo do trabalho – é o movimento natural.

Muito utilizado em alguns esportes, o termo “pivot” remete a um jogador ágil, que consegue mudar drasticamente para uma direção não habitual. Pivotagem de carreira nada mais é do que uma mudança de profissão, que soma-se à sua carreira, acompanhando seus aprendizados, gostos e vontades.

Lisiane Lemos é advogada por formação e especialista em Transformação Digital por paixão. Começou sua carreira como estagiária na área jurídica, atuou na Procuradoria Geral de Pelotas e no Tribunal Regional do Trabalho de Porto Alegre. Depois, foi para Moçambique, onde desenvolveu sua liderança na Aiesec e trabalhou em diferentes frentes, principalmente vendas. Foi após essa última experiência que migrou para Tecnologia e se especializou em Marketing e Transformação Digital.

Confira as dicas da executiva para pivotagem de carreira:

Busque autoconhecimento: A felicidade, por vezes, está associada ao dinheiro e, por conta disso, muitas pessoas acabam optando por profissões que são mais bem pagas sem considerar se é o que realmente gostam. “Em um mundo globalizado e com inúmeras possibilidades de se dedicar a um nicho, é mais fácil percorrer diferentes setores e encontrar uma forma de ter seu trabalho valorizado independente das suas escolhas. É um clichê, mas, de fato, trabalhe com o que você ama e nunca mais precise trabalhar”, diz.

Identifique sua vocação: As grandes conquistas e mudanças na carreira de Lisiane surgiram após um intercâmbio em Moçambique, na África, em que pôde desenvolver sua liderança. Ao entrar em contato com o mundo corporativo e desempenhar tarefas diferentes das que fazia enquanto estudante de Direito, notou seu talento. “Percebi que tinha vocação para a área de vendas e que aquele era o meu desejo para mudança de carreira”, lembra.

Pesquise possíveis caminhos: É dado o momento de pivotar! Mas, primeiramente, pesquise, busque informações e analise qual o melhor caminho a prosseguir, se um curso, uma aplicação em outra empresa ou se basta colocar em prática conhecimentos que já tem. “Eu sou formada em Direito e quando comecei a migrar para a área de Tecnologia, fiz um MBA em Gestão de TI”, conta.

Organize os próximos passos: Após fazer a análise sobre o melhor caminho a seguir, é preciso dar início ao passo a passo. Avalie desde os recursos financeiros para fazer essa transição até o plano de carreira para alcançar seu objetivo. “Não meta os pés pelas mãos. Converse com pessoas que podem te ajudar a fazer essa mudança e a definir um plano de carreira. Pesquise sobre salários, possíveis mentorias e deixe as finanças em ordem”, conclui.

Conheça Juan Calvet, ilustrador que conquistou o Brasil

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Foto: calvet_arts

Através de sua arte, Juan Calvet conta suas histórias e a história do povo preto, para ele, é de extrema necessidade ter essa representatividade no mundo da ilustração. Com apenas 23 anos, Juan tem conquistados os internautas brasileiros ao divulgar suas artes cheia de significados e representatividade em seu perfil no Instagram.

“Acredito que meu diferencial seja ilustrar nosso cotidiano, fazer com que as pessoas se enxerguem nas minhas artes, que elas tenham um gatilho emocional quando veem um trabalho meu. Geralmente eu não costumo fazer um único traço, mas eu sempre coloco uma energia que mesmo sendo traços diferentes de uma arte para outra, as pessoas identificam meu trabalho”, comenta Juan.

Calvet iniciou sua carreira em 2013 com apenas 15 anos ao comprar uma mesa digitalizadora usada para executar sua grande paixão: o desenho. Anos depois, a Wacom, maior empresa de produtos digitais do Brasil, por duas vezes presenteou o jovem com uma incrível e nova mesa, pois acreditavam em seu talento.

“De 2019 até aqui muita coisa mudou, muita coisa mesmo. Em 2019 eu não tinha nem o básico pra trabalhar e eu fiz essa arte (Deus é uma mulher preta), essa arte foi importante pra mim de diversas maneiras, eu jamais imaginaria que eu chegaria onde estou hoje, no final de 2020 eu comecei a fazer vários cursos na Escola Revolution, eu ganhei minha mesa da Wacom, então hoje eu tenho todo o acesso que eu gostaria de ter lá no início”, argumentou o ilustrador.

Para o futuro, além de muitos projetos, Juan pretende dar início a uma história em quadrinhos, fazer ilustrações para jogos até então fictício de cartas para seu portfólio, vender seus prints e participar de eventos.

Confira algumas das artes de Juan:

Foto: Calvet_Arts




Foto: Calvet_Arts

Livro “Rastros de Resistência”, do escritor Alê Santos, é adquirido pelo Governo de São Paulo

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Alê Santos e seu livro, rastros da resistência; Divulgação

O livro “Rastros de resistência”, do escritor e finalistas do prêmio Jabuti 2020, Alê Santos, que fala sobre o passado de grandes reinos que tiveram sua história apagada ou silenciada ao longo dos anos de colonialismo e pós-colonialismo, estará nas escolas do de São Paulo.

A história de reis, rainhas, guerreiros e amazonas que lutaram bravamente em seus territórios vão ser apresentados com toda sua força ancestral para alunos do colégio público do governo.

“Quando estava escrevendo o livro eu imaginava que minha autoestima na infância e, consequentemente, vida no colégio, seriam muito melhores com acesso a essas histórias que eu contei em Rastros de Resistência.” Fala o escritor, relembrando de quando estava escrevendo o livro.

“Inúmeras possibilidades teriam surgido em meu imaginário ao me deparar com figuras que colocam pessoas negras como estrategistas, piratas, líderes poderosos que venceram o sistema de escravidão.  Então quando recebi a notícia eu me emocionei muito,  estou realizando um sonho que eu nem sabia que podia ter, ser um escritor e ser distribuído para as escolas.”

Além desse, segundo o autor, vários livros de outros escritores negros contemporâneos vão chegar para os alunos, após ser comprados pelo governo. “Nunca pensei que um dia eu conseguiria chegar nas escolas dessa maneira, é emocionante”, completa Alê.

Programas sociais de SP focam em capacitação e inclusão produtiva de jovens e mulheres

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Foto: Divulgação

A Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo dispõe de programas e ações de proteção social que visam beneficiar a população paulista mais vulnerável, principalmente nesse momento complicado da pandemia. Além da transferência de renda, programas como o Prospera Jovem e o recém-lançado Prospera Mulher visam a capacitação e a inclusão produtiva de jovens e mulheres, respectivamente.

O programa Prospera Jovem oferta oportunidades para os jovens em situação de vulnerabilidade social, por meio da construção de elaboração de projeto de vida, tutoria, capacitação e transferência de renda para poupança. Em sua primeira edição, no ano passado, o programa beneficiou cerca de 400 jovens da região do Vale do Ribeira, sendo que 54% dos beneficiários se autodeclararam negros.

“A primeira edição do Prospera Jovem foi muito bem-sucedida. Para as próximas edições, pretendemos também viabilizar a capacitação em afroempreendedorismo, promover a representatividade (com mais tutores e orientadores negros) e ampliar o conhecimento em saberes afro-brasileiros e africanos”, destaca a Secretária Estadual de Desenvolvimento Social, Célia Parnes.

O programa Prospera Mulher, lançado no último mês de março, visa a inclusão produtiva, estímulo à geração de renda e empreendedorismo para mulheres chefes de famílias monoparentais, com filhos de 0 a 6 anos, e em situação de extrema pobreza. O programa deve iniciar no segundo semestre desse ano e 62% das mulheres do público elegível se autodeclaram negras.

O último Censo do IBGE aponta que cerca de 30 % da população paulista é negra. No Estado de São Paulo, 49% dos inscritos no Cadastro Único (Cadúnico), base da política socioassistencial, se autodeclaram negros, sendo que as mulheres negras representam 58% dessa fatia.

Alemanha começará a devolver artefatos históricos saqueados da Nigéria no início de 2022

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Adam Eastland/Alamy

O governo alemão anunciou que artefatos preciosos saqueados durante a era colonial serão finalmente devolvidos à Nigéria. As devoluções estão previstas para iniciar em 2022. Segundo agência de notícias Reuters, o governo alemão se comprometeu em devolver os Bronzes de Benin (figuras humanas feitas de bronze, latão e marfim), roubados pelo exército britânico em 1897. Os bronzes foram posteriormente distribuídos por todo o mundo e centenas estão atualmente em museus alemães. A Nigéria busca seu retorno há décadas. 

A Alemanha está “liderando o movimento de restituição global. Outras nações europeias deveriam estar dispostas e abertas para reconhecer que todos os objetos saqueados em 1897 pertencem ao povo do Benin”, declarou por e-mail Osaisonor Godfrey Ekhator-Obogie, pesquisador do Instituto de Estudos de Benin. “Como a Alemanha, eles também deveriam iniciar ou se juntar ao diálogo para discutir o futuro desses objetos. Esta decisão foi uma trégua com as partes, não uma vitória ou o vencedor leva tudo. Vou contar aos meus filhos sobre este momento histórico”, completou. 

A Benin Bronze, pictured in Berlin, depicts a high-ranking dignitary with sword and rectangular bell accompanied by two hornblowers, brass plaque.
Uma parte do Bronze de Benin (Imagem: Adam Eastland/Alamy)

A Nigéria vem tentando resgatar seus tesouros históricos há anos e, por fim, parece estar contanto com mais boa vontade de seus antigos colonizadores. França e Holanda já tinham acenado para o início de novos processos de restituição em 2019.  

Alguns museus de países da Europa tem autonomia para agirem nesses casos, como foi o caso do Museu Nacional da Irlanda que se comprometeu em devolver os bronzes em seu acervo, mas no Reino Unido nenhum museu, por exemplo, pode agir à revelia das ordens de seu governo. 

As informações acima foram divulgadas pela agência de notícias Reuters.

Professora de 55 anos está “morando” há 5 meses no Aeroporto Internacional de Salvador

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A professora Oceya de Souza, de 55 anos, está morando há cinco meses no Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães, em Salvador. Formada em letras pela Universidade Católica do Salvador (Ucsal), Oceya chegou a passar temporadas em quartinhos, mas após não conseguir mais pagar aluguel foi compelida a dormir na rodoviária da capital e posteriormente nas cadeiras do aeroporto. 

Segundo reportagem do Uol, a professora lecionava português no colégio estadual Thales de Azevedo. Após ser diagnosticada com fibromialgia (doença caracterizada por fadiga, alterações na memória e dores musculares crônicas), Oceya teria se afastado das funções no colégio por esse motivo, mas teve seu pedido de aposentadoria negado pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia. 

Oceya de Souza, professora de português que mora há cinco meses em aeroporto de Salvador - Rafael Martins/UOL - Rafael Martins/UOL
Imagem: Rafael Martins/UOL

Apesar do pedido de aposentadoria recusado, a professora diz que não está na folha de pagamento e questiona: “Eu me aposentei, morri ou continuo ativa? Só queria saber isso. Por que já me tiraram da folha?” Pela mesma razão, lhe teria sido negado o auxílio emergencial. “Como vão me dar auxílio se eu consto como funcionária pública?”, questiona. 

Sem pagamentos, Oceya sobrevive com ajuda de conhecidos. “Tenho um grupo de amigos e conhecidos que me ajudam. São colegas professores, feirantes que doam alimentos e até um vereador que me ampara. Sobrevivo graças a eles”, afirma. 

Oceya de Souza, que vive há cinco meses no aeroporto internacional de Salvador - Rafael Martins/UOL - Rafael Martins/UOL
Oceya dorme do jeito que dá/ Imagem: Rafael Martins/UOL

Sem filhos, Oceya revela que o pai faleceu no início da pandemia e a mãe quando ela ainda era bebê. Segundo afirma, os irmãos ficam com a pensão e não oferecem ajuda.  A saga dentro do aeroporto só é interrompida quando em alguns momentos consegue passar alguns dias em quartos cedidos por bem feitores. 

A reportagem do Uol apurou que as alegações de Oceya de Souza tem fundamento com base nas apurações feitas, incluindo seu vínculo com a escola Thales de Azevedo. Sobre a aposentadoria negada a Secretaria de Educação respondeu aos questionamentos informando que a servidora “faltou duas vezes aos exames da perícia médica” para seguir com o pedido de aposentadoria, situação que Oceya nega. Sobre a suspensão dos pagamentos, a secretaria informou que foram suspensos “porque a servidora não realizou o recadastramento obrigatório”. 

Na mesma reportagem, Oceya é descrita como extremamente lúcida e inteligente. Funcionários do aeroporto dizem que ela não incomoda. “Acreditei na história. Você vê logo que é uma mulher sábia e letrada. Como pode uma professora de português ficar assim?”, questiona o taxista Reginaldo Cohim. 

Todos nós gostaríamos de ter essa resposta para dar a Oceya de Souza.

Falar sobre família preta é falar sobre poder

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Foto: Reprodução/Internet

Por Jonathan Raymundo – Professor de História e Filosofia, palestrante, escritor e produtor cultural

É preciso relembrar que família é o núcleo duro, o átomo de qualquer povo/civilização e é por isso que a família africana foi o primeiro alvo da dominação física/espiritual/simbólica do projeto colonial. Por isso, é ainda a desestruturação da família preta um dos pilares da manutenção da nossa condição subalterna.

Quando falamos em Família Preta falando de Poder e de Restauração comunitária. Estamos falando de sobrevivência e permanência, estamos falando do único caminho no qual o nosso povo resgatará a sua dignidade global. É sobre isso e não sobre uma espécie de controle vulgar e mesquinho.

Lembra quando a família era organizada por contrato? Por decisões dos chefes de famílias? Por acordos de sobrevivência de oligarquias? Tudo isso tem a ver com Poder.

Família tem a ver com poder e por mais que você ache que escolhe a sua livremente, você precisa tomar consciência que os que exercem o poder não brincaram com coisa tão séria. Natalidade e sobrevivência são coisas sérias.

Manutenção de patrimônio é coisa séria. Manutenção de valores culturais e espirituais é coisa séria.

Lembro quando criança era ensinado na igreja sobre o perigo de me relacionar com ímpios. É coisa séria, saca?!? Pena muita gente cair no conto liberal de que a família é uma escolha meramente individual, quando a tv brasileira de forma escandalosa continua a apresentar ou famílias brancas ou interraciais.

Comunicando direto ao subconsciente de nossas crianças o compromisso eugenista de clarear as famílias. É sobre poder. O romantismo infantil e essa alienação liberal continuará fazendo com que a frase da ancestral Harriet Tubman faça sentido:

“Liberei mil escravos, poderia ter libertado outros mil se eles soubessem que eram escravos”. Família é sobre poder. Você quer poder ou não?!?

Conversamos com Criolo sobre esperança, música, saúde mental na quarentena e saudade dos palcos

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Foto: Divulgação

Kleber Cavalcante Gomes, o Criolo, vive seu maior tempo distante dos palcos desde os 13 anos de idade. A pandemia afastou o rapper do público, ao menos presencialmente. 

Com lançamentos de singles como “Sistema Obtuso” e “Fellini”, Criolo continua se mantendo entre os artistas mais relevantes da nossa MPB. Desde o álbum ‘Nó Na Orelha’, de 2011, o filho do Grajaú foi alçado a um dos nomes mais requisitados para parcerias, seja na cena do rap nacional ou da MPB, dividindo estúdio e palco com nomes como Ivete Sangalo, Milton Nascimento, Emicida e Rashid

Nina Simone disse uma vez que o artista deveria refletir seu tempo e no Brasil, Criolo pode ser encaixado sem reservas entre os músicos que não tem receio de serem um reflexo de momentos conturbados em que o páis foi jogado. Em 2018, o clipe cinematográfico de “Boca de Lobo” evocava mais referências do que os dedos da mão podem contar, desde o governo Temer, os casos crescentes de dengue e chikungunya, passando pelo assassinato de crianças por policiais militares no Rio, enquanto a letra faz referência a Pablo Escobar, Pablo Neruda. 

Imagem: Acervo do artista

Após ‘Boca de Lobo’ vieram canções emblemáticas como o manifesto ‘Etérea’, sobre o respeito a diversidade no amor (Uma bala/ Quase hétero/ Etérea, massa, complexo/ De não se entender/ Um canalha/ Quase hétero/ Ignorar amor por complexo/ Medo de nele se ver), ‘Sistema Obtuso’, trazendo mais um clipe denúncia sobre a destruição da Amazonia, estrelado pelo ator Júlio Andrade, fazendo papel de grileiro e a mais recente ‘Fellini’, com sua letra imagética: “Parafal e granada/ favela em desgraça/ Só agrada o dono do poder/  2020 afogando os Nazi/ Eu nem sou violento, nem quero ser/ Entrada de ano trocando no asfalto/ se tiver de palio vai morrer”. 

Criolo falou brevemente ao Site Mundo Negro sobre esses lançamentos, a tristeza de estar longe dos palcos e esperança num país melhor. 

Confira a entrevista completa abaixo: 

Mundo Negro: A pandemia afastou artistas do público. Para você como foi lidar com esse distanciamento dos palcos? 
Criolo: Desde os meus 13 anos de idade nunca fiquei tanto tempo sem cantar, dá um tristeza danada na gente . 

Mundo Negro: Os fãs foram presenteados nos últimos anos com singles como “Sistema Obtuso” e mais recentemente “Fellini”, no entanto seu último disco de inéditas foi “Espiral de Ilusao”, de 2017. Há previsão para um próximo álbum? 
Criolo: Tenho algumas canções e espero poder dividir logo com todo mundo, só não sei o formato. Se for um álbum vai ser tão bom! 
 
Mundo Negro: Desde que “Nó da Orelha” foi lançado, você passou a transitar em parcerias com artistas do mainstream como Ivete Sangalo, do Underground como Rashid e com mestreas da MPB como Milton Nascimento. Diante de todas essas experiências como acha que o Criolo pré “Nó na Orelha” se enxergaria hoje? 
Criolo: Como alicerce pra essas andanças na música. O rap e sua força me conduziram a caminhos lindos e a gratidão é eterna. 
 
Mundo Negro: Há uma qualidade vocal para o canto na sua voz que nem sempre é presente nos rappers brasileiros. Quando você percebeu que tinha qualidade 
vocal para o canto?  
Criolo: Na verdade, eu acredito que esse vocal está sim com os Mcs. Seja no rap, no funk ou no trap, antigamente não tínhamos o espaço e eram poucas também as referências. Hoje vejo jovens no rap, no funk e no trap construindo suas melodias, explorando suas extensões vocais, isso é mesmo algo que me alegra. Só um pouquinho de calma, paciência e um tempinho de pesquisa vocês vão encontrar lindas vozes. 

Imagem que representa bem a inquietude de Criolo

 
 
Mundo Negro: Você já mudou algumas passagens de suas músicas porque entendeu que determinado trecho era ofensivo a um grupo social.  Acha que a mudança é um apagamento da obra que reflete um certo período da história do artista ou crê que essas revisões devam ser mais frequentes? 
Criolo:
Não entendo que seja apagamento, nesses casos são correções onde o antes e o depois servem para se compreender o caminho do aprendizado. E a frequência disso é o coração que diz aquilo que você encontra em você e no outro. 

  
Mundo Negro: O que você anda ouvindo de música nesse ano pandemico que tem te inspirado como artista? 
Criolo: Muito rap, muito, muito Milton Nascimento e de tudo um pouco. 
 
Mundo Negro: No clipe de “Sistema Obtuso” há uma mensagem forte sobre as queimadas acontecidas na Amazonia. Enxerga uma melhora no aspecto da preservação ambiental num futuro próximo? 
Criolo: Não se continuar assim. Vai ser como um trecho final de uma música dos Racionais: “minha verdade foi outra, não dá mais tempo pra nada…” 
 
Mundo Negro: “As pessoas não são más. Elas só estão perdidas”. Você chegou a duvidar dessa frase diante do cenário político e social pelo qual estamos passando? 
Criolo: Me apego nessa juventude, que nos momentos de crise do país têm apresentado caminhos para transformação. Inspirando pessoas de todas as idades e classes a se movimentar de modo positivo. 
 
Mundo Negro: O rap é caracterizado por abordar temas sociais e dar voz e visibilidade as agruras das quebradas. Nos últimos anos tivemos a ascensão de artistas que, assim como o funk ostentação, gosta de rimar sobre riquezas, conquistas, e focam menos 
nas denúncias de violência policial, abusos de poder politico. Por que acha que houve a mudança de discurso?
da cena do rap. 
Criolo: Não houve mudança é que algumas músicas giram mais que outras. As vezes, quando um jovem fala que quer ter uma mansão é pelo motivo simples e cruel da sociedade lhe apresentar o seguinte quadro: tem dinheiro? Ok !!! Não tem? você é tratado como lixo. Simples, cruel e real retrato de um efeito eficaz. Nossos jovens cansaram de ser vistos como lixo. Entenderam o jogo e foram jogar, no meio disso tudo muito se ganha e muito se perde, mas isso é fruto de algo que não foram eles que construíram, os jovens tentam de alguma forma sobreviver a tudo isso. Cada um responde do- seu jeito as pancadas que a vida dá. 
  
Mundo Negro: “Povo Guerreiro”, “Etérea”, “Boca de Lobo”, são canções de samba, eletrõnica e boombap com pitadas de trap. Quando poderemos te ouvir cantando 
um rock ? 
Criolo: Tenho ainda muito a aprender e viver para um dia escrever e cantar rock. 
 
Mundo Negro: Saúde mental, ausência de afetos, exercício da sexualidade com o próximo, tem sido assuntos muito discutidos pelas pessoas que cumprem o isolamento enquanto a pandemia não arrefece. Como tem lidado com os fatores citados? 
Criolo: O momento é fúnebre, manter-se vivo é a lei. De onde eu vim essa lei existe há 500 anos, antes da pandemia, e agora segue com mais dificuldades e desafios. O Brasil disse que pobre não tem direito a viver. Aqui nessa terra a gente sobrevive, e a arte é um dos caminhos pra se preparar uma mudança, tendo a educação com nossos professores/as como alicerce fundamental para esse passo. 
 
 
Mundo Negro: O Site Mundo Negro é um portal que tem como público alvo e majoritário pessoas negras e você é uma referência para muitos de nossos leitores. 
Uma mensagem sua para tempos difíceis em um país que massacra negros, gays e mulheres? 
Criolo:A gente segue e a gente não desiste! A gente luta, grita, sorri, chora, mas a gente é a gente em alma, carne e sonhos! Nós somos lindos e é Pokas Idea, ok !?

“I May Destroy You” conquista 8 das 16 indicações ao BAFTA 2021 DA HBO

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Foto: Reprodução/ I May Destroy You

No último sábado (24) foram anunciados os indicados aos prêmios BAFTA® durante uma cerimônia virtual. Ao todo, a HBO conquistou 16 indicações. Entre os destaques, a minissérie original dirigida pela atriz, roteirista e diretora Michaela Coel ‘I MAY DESTROY YOU‘ recebeu oito indicações, incluindo as três das principais categorias do evento: Melhor Minissérie, Melhor Atriz, pela performance de Michaela Coel, e Melhor Ator, pela performance de Paapa Essiedu.

Baseada nas experiências pessoais de sua protagonista, criadora e codiretora Michaela Coel, a I MAY DESTROY YOU explora a questão do consentimento sexual na vida contemporânea e como, no atual cenário de encontros e relacionamentos, é feita a distinção entre liberdade e exploração. Franca e provocadora, a minissérie, que também foi indicada ao Screen Actors Guild deste ano pela performance de Coel como Arabella, conquistou indicações nas categorias Melhor Minissérie, Melhor Atriz, Melhor Ator, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Direção de Ficção, Melhor Edição de Ficção, Melhor Cabelo, Maquiagem e Melhor Roteirista de Drama.

Além da série de produção de uma mulher preta ‘I MAY DESTROY YOU’, a HBO foi reconhecida pela série dramática LOVECRAFT COUNTRY, de produção de Jordan Peele.

A 15ª edição do British Academy Television Awards será realizada em 6 de junho e todas as produções estão disponíveis na HBO GO .

Rincon Sapiência narra as vivências da quebrada em “Cotidiano”

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Foto: Reprodução

A brasilidade do violão aliada à batida de funk dão o tom da música. “Nós segue a meta porque a meta é recuar jamais. Não sai da área de conforto quem tá rodeano. E nunca ache que o seu sonho é querer demais, lembra do corre que é feito no cotidiano”, dizem os primeiros versos despejados na voz e no flow inconfundíveis de Rincon Sapiência. Assim começa “Cotidiano”, novo single que o cantor e compositor, da Zona Leste de São Paulo lança através da Altafonte.

A faixa traz células do funk rasteiro e conta o dia-a-dia da periferia, que apesar das dificuldades, se mantém confiante. A letra soa como incentivo para se seguir em frente. A faixa é produzida por Oldilla Beats, jovem produtor também da Zona Leste de São Paulo. “A ideia é trazer um texto para a periferia se identificar. É importante ter orgulho do nosso lugar de origem, sem abrir mão do desejo de ver as coisas mudarem pra melhor. O momento social do mundo pede muito isso”, acredita Rincon.

Ele explica que no contexto histórico do Brasil, o cotidiano do homem preto e da mulher preta sempre foi sobreviver, mas viver também é importante. “Aproveitar o momento, as formas que a periferia criou de sociedade. Muitas vezes é esgoto a céu aberto, mas também tem árvores, áreas verdes, praças. É falar sobre progresso, saúde, não necessariamente sobre estar numa mansão, morar no bairro X, ou ter um carro Y. É mostrar as outras formas de viver bem”, desenvolve o rapper, que mesmo citando referências automotivas, grifes, costura um texto que frisa também a importância das coisas simples: “…cheio de marca nessas roupas isso custa caro, se não tem grana pra comprar pode ficar tranquilo. Quem nasce no berço de ouro o dinheiro compra, mas veja bem é maloquêro é quem tem estilo”.

A principal referência desta música é o funk consciente, vertente do ritmo que tem se destacado em São Paulo e vem narrando a convivência nas comunidades, mostrando as vielas das quebradas nos clipes, assim como fazia o rap nos anos 90. “Tem um bonde fazendo músicas incríveis como MC Lipe, Paulinho da Capital, Kayblack, Hariel e Menor da VG. Tenho curtido bastante, porque vejo como as pessoas recebem essas mensagens e cantam emocionadas. Por isso me senti à vontade de trazer essa energia pra minha música também”, justifica.

Confira o clipe de “Cotidiano”:

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