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A importância da tradição oral africana para a manutenção da história

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Abdias Nascimento / Foto: Ascom Parlamentar

Por Opai Big Big e Izy Mistura

Durante séculos, a opinião mundial se alimentou de pensamentos distorcidos sobre a história da África, inspirados por pensadores europeus como Friedrich Hegel, autor da frase “A África não possui consciência exterior que possa resultar em universalidade”. A África foi rotulada pelos europeus como uma terra sem história, por falta de registros escritos, apesar da escrita ter nascido no continente. Neste artigo pretendemos explicar a força da literatura oral na África, suas manifestações e importância para a manutenção de todo um legado histórico. 

A tradição oral sempre teve um importante papel na cultura africana. A maioria das informações culturais, sociais e ancestrais eram transmitidas oralmente, de uma geração em geração. Os griôs e os mais velhos eram, e em alguns lugares continuam,  sendo os responsáveis por essas transmissões. Como dizia o escritor Amadou Hampaté Bâ, natural de Mali “Na África, quando morre um velho, é toda uma biblioteca que queima”.

A tradição oral na África conta com quatro principais canais de veiculação e perpetuação das informações, que são a música, a história, os contos e os provérbios. 

1. A música

Desde a antiguidade, grandes fatos históricos e grandes nomes de heróis eram imortalizados pela música. Todo povo tinha seus griôs que conheciam sua história de cor e a passavam para seus filhos, visto que em geral, ser griô era uma função hereditária. Até hoje, nos países do Sul do Saara, é comum encontrar um jovem griô de vinte anos que consiga contar a história de uma família por sete gerações através de uma canção enquanto dedilha sua Kora. Além de ser o jornal da comunidade, a música na África também sempre carregou lições de moral, já que ela é destinada a todos. Por isso que muitas músicas tradicionais eram até histórias do dia a dia (storytelling) que findavam com um ensinamento. 

2. A história

Outro veículo da tradição oral africana era histórias de fatos contada oralmente. Na sociedade africana, sempre se falou da importância de uma pessoa saber quem ela é.  Não há como saber de sua identidade sem conhecer sua história. Por isso, os jovens africanos eram instruídos desde cedo sobre a história de sua tribo, de seu povo, sobre a sociedade, seus fundamentos, e os nomes importantes do povo. Aqui o termo ‘história’, não se refere a algo fictício. Mas dos fatos reais. O lado fictício era desenvolvido nos contos.

 3.  Os contos

Antes de La Fontaine escrever seu livro, as mães e os velhos africanos já contavam fábulas para seus filhos. E até hoje os contos continuam sendo importantes veículos de sabedoria. As fábulas eram mais curtas e os contos mais compridos. Os dois gêneros tinham em comum a personificação dos animais e sua interação com os humanos. Às vezes, eram usados para explicar de forma lúdica alguns fatos naturais, como por exemplo o porquê do tigre ter listras na pele, ou porque o sol todo dia se põe no oeste, claro explicações bem criativas não muito próximas de tudo que hoje se sabe graças aos telescópios. 

4. Os provérbios

Os provérbios são frases curtas que possuem uma lição de moral. A maturidade do homem na África era perceptível pelo uso frequente que ele fazia dos provérbios. Quando uma pessoa diz por exemplo: “A mão que comeu a carne é a mesma que come ovo”,  ela quer dizer que a vida tem momentos diversos, altos e baixos. Isso denota o entendimento dele da vida e suas estações. Quanto mais velha a pessoa na África, mais provérbios ela fala. Por isso as vezes para um jovem, é algo complexo conversar com um mais velho porque a cada cinco frases, três são um provérbio e para quem não foi treinado a entender as coisas tão metaforicamente, ou pensar um pouco mais profundamente, leva tempo para entender. 

O primeiro meio natural do ser humano se expressar é a palavra, o verbo. Por isso, além de ser um veículo propício à emoção, a palavra do homem na cultura africana  tem o maior peso. Ao oposto da cultura européia em que um contrato escrito vale mais que um acordo verbal. Escutar uma história da boca de um mais velho sempre terá mais aceitação na África do que lê-lá de um livro. Sobretudo em determinados assuntos como história, tradições, costumes ou religiões. E pelo lado místico e sagrado das coisas na África, os anciões preferiam transmitir algumas informações apenas a alguns iniciados, que como mensageiros reais, protegiam essas informações com a própria vida. Também precisamos notar que apesar da escrita ser mais precisa na transmissão da informação, ela não garante automaticamente a sua veracidade. Muita informação sobre a África foi escrita pelos europeus, com vários registros incorretos, marcados pela apropriação cultural, ou mesmo adulterados. Como diz o ditado popular: ‘’Os caçadores contaram sua versão da história’’. E não é porque sua versão foi escrita, que é automaticamente verdadeira. Se o parâmetro de credibilidade for baseado nos medidores europeus, a África sempre sairá como inferior.

Contudo, de um tempo para cá, se tem feito um grande esforço para documentar a parte que faltava da história da África. O desafio permanece para a nova geração africana: continuar a obra iniciada pelos mais velhos com o objetivo de corresponder a essa necessidade.

Opai Big Big e Izy Mistura são cantores, compositores e produtores musicais, que formam a dupla Dois Africanos, e vem do Benin e do Togo, respectivamente.

HBO Max lançará série documental sobre Nicki Minaj

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Nicki Minaj, que virou mãe neste ano, fechou contrato com a HBO Max para contar sua história em um projeto inédito. A novidade foi anunciada pela própria rapper, nesta sexta-feira (20), em seu Instagram. De acordo com Minaj, a série irá mostrar uma versão “sem filtro da minha vida pessoal e da minha jornada profissional”. Na legenda, ela afirmou: “Estou mais que grata e animada em compartilhar esta notícia com vocês. Eu não poderia estar mais entusiasmada para ter o HBO Max a bordo para ajudar a contar a minha história desta forma delicada e memorável. Uma forma que os meus fãs vão amar para sempre. Este documentário é outro nível. Posso prometer isso para vocês.

A produção do documentário é da BRON Studios, com direção de Michael John Warren. É o mesmo diretor dos documentários “Fade to Black” (2004), sobre Jay Z, e “Drake: Better Than Good Enough” (2010), desenvolvido para a MTV.

10 Anos de “Pink Friday”

Nicki Minaj está completando neste fim de semana, dez anos do lançamento de seu primeiro álbum, “Pink Friday” (2010). É o disco que trouxe o hit “Super Bass”, certificado como oito vezes platina nos Estados Unidos. Foi seu primeiro sucesso no Top 3 da Billboard Hot 100.

Para comemorar a data, a rapper liberou nas plataformas digitais uma nova edição do disco – agora chamado “Pink Friday (Complete Edition)”. De novidade, há oito faixas bônus, incluindo participações de Eminem e Lil Wayne em uma outra versão de “Roman’s Revenge”.

Cine África trará programações até dezembro

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Vaya, de Akin Omotoso (2016)

O cine África, que estava programado para terminar em novembro, trará novas programações para o mês de dezembro. A nova leva inclui produções da África do Sul, Gabão, Nigéria e Tunísia, com todos legendados e começando a ficar disponíveis à partir do dia 3 de dezembro.

Os títulos dos quatro filmes escolhidos serão “O Africano que Queria Voar” (2016), de Samantha Biffot, “Kasala!” (2018), de Ema Edosio, “Olhe Para Mim” (2018), de Néjib Belkadhi e “Vaya” (2016), de Akin Omotoso. 

As exibições serão gratuitas e vão ocorrer no site da plataforma Sesc Digital, cada filme poderá ser assistido por apenas uma semana e estará disponível apenas para o Brasil.

Confira os filmes e semanas dos lançamentos:  

03/12 (qui) – “Vaya”, de Akin Omotoso (África do Sul, 2016) – 115 min – Drama – 14 anos;

10/12 (qui) – “Olhe Para Mim” (“Regarde-moi”), de Néjib Belkadhi (Tunísia/França/Catar,

2018) – Drama – 98 min – Livre;

17/12 (qui) – “O Africano que Queria Voar” (“The African Who Wanted to Fly”), de Samantha Biffot (Gabão/França/Bélgica/China, 2016) – Documentário – 70min – Livre;

24/12 (qui) – “Kasala!”, de Ema Edosio (Nigéria, 2018) – Comédia  – 90 min – 14 anos.

Gigantes nacionais e multinacionais fazem ações históricas para diminuir o racismo

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Foto: Getty Image

2020 foi o ano que muitas empresas despertaram para a questão racial. Algumas já tinham programas modestos de diversidade, mas os resultados de inclusão de gênero sempre foram mais expressivos do que a de raça. Um exemplo disso é a 15ª edição da International Business Report (IBR) – Women in Business 2019, realizado pela Grant Thornton mostra que  93% das empresas do país responderam que têm pelo menos uma mulher como líder – acima da média global de 87%.

Selecionamos aqui algumas ações de grandes empresas para diminuir o racismo dentro do quadro de funcionários e também suas estratégicas de impacto social com foco na comunidade negra.

Google Org

Google.org vai apoiar organizações sem fins lucrativos e de pesquisa que tenham seus trabalhos focados no avanço da justiça racial e no combate à violência contra a população negra no Brasil. O anúncio foi feito nesta sexta-feira, 20, Dia da Consciência Negra e envolve doações que totalizam US$ 500 mil (cerca de R$ 2,5 milhões).

A maior parte desta verba (US$ 400 mil; aproximadamente R$ 2,1 milhões) será destinada ao Fundo Baobá, o primeiro e único fundo destinado exclusivamente à promoção da equidade racial no Brasil, que selecionará 10 organizações negras a terem seus projetos financiados pelo braço filantrópico do Google.

Spotify

A plataforma de assinatura de streaming Spotify criou o  hub “Pretos no Topo” para ampliar a visibilidade de criadores negros.

Nesse hub será possível conferir as playlists criadas por 17 dos grandes nomes da música negra que fizeram suas escolhas musicais, a fim de ampliar a sua visibilidade e a de outros artistas dentro do streaming. Entre os convidados estão Edi Rock, Elza Soares, Emicida, Gilberto Gil, IZA, Karol Conká,Kleber Lucas, Leo Santana, Liniker, Ludmilla, Mc Dricka, Mc Zaac, Nívea Soares, Orochi, Rennan da Penha, Thalles Roberto Thiaguinho. 

 No hub também teremos conteúdo de podcasters e criadores negros. Tudo começa com duas novas playlists editoriais de podcasts: a Pretos de Impacto, que destaca personalidades negras de diferentes áreas de atuação; e a Escurecendo as Ideias, com o objetivo de ser uma ferramenta de desenvolvimento de uma consciência anti-racismo e  Vidas Negras“, o mais recente podcast original do Spotify, que semanalmente retrata a vida de homens e mulheres negros que fizeram sua contribuição à comunicação, literatura, filosofia, entretenimento, música, ciência, política e religiosidade do Brasil

P&G

A gigante americana P&G lançou o projeto Racial 360° para contratar mais negros e capacitar funcionários e até mesmo fornecedores da comunidade negra. O programa “P&G Para Você”, por exemplo, visa desenvolver estudantes negros com aulas de inglês e mentoria.

“Trabalhamos para ser uma força para o bem e uma força para o crescimento. Queremos dar o exemplo e promover reflexões, conhecimento e consciência. O projeto Racial 360° é mais um passo no caminho para uma sociedade justa e igualitária, por isso, vamos continuar investindo em ações de diversidade e inclusão étnico-racial dentro e fora da companhia”, diz Juliana Azevedo, presidente da P&G no Brasil.

Empregueafro e Movimento Black Money são parceiros da empresa do projeto que também trouxe mais diversidade em suas ações publicitárias contratando nomes como Babu Santana, Mc Soffia, Sheron Menezes, Tia Má e a Thelma Assis.  

Nestlé

Helen Andrade gerente executiva de Diversidade e Inclusão na Nestlé Brasil é uma mulher negra e o resultado da sua presença é um programa de mentoria para negros sempre precedentes na história da empresa.

No dia 19 de novembro foi lançado o Programa de Mentoria para Profissionais Negros e a primeira turma conta com 30 profissionais de todo o Brasil, que terão como mentores 30 lideranças nas diversas áreas de atuação da Nestlé. Os mentees ocupam cargos não gerenciais em centros de distribuição, na Sede e nas fábricas pelo País, representando as diferentes facetas da força de trabalho da companhia em localidades onde a Nestlé está presente. 

“Queremos que a Nestlé seja um espelho do nosso Brasil, diverso, criativo e inovador, e esse é mais um passo importante para alcançarmos esse objetivo”, defende Helen Andrade.

Grupo Boticário

Com o objetivo de incluir, desenvolver e atrair talentos e gerar awareness para a questão racial no Brasil, o Grupo Boticário criou o Programa Geração B de estágio e trainee, no qual foi eliminada a barreira do inglês e na última etapa de aprovação, 41% da turma de trainees se declararam como pretos ou pardos.

Outra iniciativa realizada foi o “Entrevistaço”, iniciativa de busca e prospecção ágil de profissionais negros no mercado de trabalho para ocupar vagas em aberto e criar banco de talentos negros para acelerar contratações futuras. 

“Sabemos que é apenas o começo, mas quando olhamos para 2020 em retrospectiva, já temos 54% das contratações desse ano foram de talentos autodeclarados negros. Em 2019, nesse mesmo período, eram 43%. Há muito a fazer ainda, mas estamos profundamente orgulhosos do caminho que estamos trilhando por uma empresa mais semelhante à população brasileira como um todo”, conclui Bassili.

PepsiCo 

Além da continuidade do programa de mentoria para profissionais negros que se iniciou em 2019  funcionários PepsiCo também participam de feiras e palestras, por meio de uma parceria instituída com a Universidade Zumbi dos Palmares.

Já para apoio nos processos seletivos, a PepsiCo uniu-se com a Comunidade Empodera e tem à disposição um centro de talentos com mais de 50 mil perfis de estudantes universitários, sendo 62% de mulheres e 52% de negros. 

“Para nós, a diversidade é um diferencial para o negócio, pois garante pontos de vista distintos, gerando mais inovação e conexão com os vários perfis de consumidores”, defende Fábio Barbagli, VP de Recursos Humanos da PepsiCo.

Basf

A BASF conta com grupos de afinidade que atuam nos temas prioritários definidos pela companhia: equidade de gênero, diversidade sexual, equidade racial e inclusão de pessoas com deficiência. Um dos quatro grupos de afinidade da empresa, o BIG (Black Inclusion Group) foi criado em 2017 com a missão de promover a conscientização da diversidade étnico-racial.

“O BIG é uma plataforma de incentivo à educação sobre a luta da equidade racial. De forma coletiva, criamos iniciativas que despertam o diálogo e motivam as pessoas a pensarem mais sobre essa questão”, comenta Tayse Cruz, analista de Sustentabilidade da BASF e líder do BIG na fábrica de Guaratinguetá (SP).

Avon

Avon lançou um pacto com o  compromisso antirracista  de  contratar mais mulheres negras para cargos de liderança.  Neste mês de novembro a empresa, a empresa fez o lançamento de produtos para mais tons de pele em seu portfólio atendendo a diversidade real das brasileiras.  O processo  envolveu muitas mulheres negras.

“Queremos uma Avon tão diversa quanto o Brasil pois a sub-representação de mulheres e homens negros não só desperdiça talentos, mas renuncia perspectivas diferentes que contribuem para ampliar nossa capacidade de inovar, ampliar nossa competividade e conexão com nossas clientes”, afirma Daniel Silveira, Presidente da Avon Brasil. “Acreditamos ter um papel fundamental no processo de mudança da sociedade e esperamos inspirar outras empresas. O caminho ainda é longo para que possamos reparar as injustiças históricas, mas essa jornada será trilhada com consistência em cada passo”, completa o executivo.

Bayer

Entre setembro e outubro de 2020, a Bayer organizou o primeiro Programa de Trainees exclusivo para a população negra de sua história – que foi, também, o maior já realizado pela empresa em número de vagas.

Para auxiliar a empresa em ter mais diversidade racial e reter pessoas negras contratadas, foi criado em 2015 o grupo de diversidade étnico-racial BayAfro, que é parte do Comitê de Inclusão e Diversidade e de que fazem parte colaboradores negros da empresa.

 Desde então o grupo – e a Bayer, de forma mais ampla – têm buscado promover iniciativas inclusivas interna e externamente.

As oportunidades estão aí e quem sabe uma dessas empresas tem uma vaga com a sua cara?

“Manhãs de Setembro”: série protagonizada por Liniker ganha trailer em forma de clipe

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A cantora e compositora Liniker será a protagonista da nova produção nacional do Prime Video, a série “Manhãs de Setembro”. A obra teve o primeiro trailer oficial divulgado nesta quinta-feira (19). No vídeo, Liniker aparece ao lado de um garoto, enquanto a trilha sonora toca uma versão da música cantada por ela que dá nome à série.

Na série, a artista irá interpretar a personagem Cassandra, uma mulher trans que decide deixar a vida antiga para trás e começar do zero. Ela se apaixona novamente, conquista a independência e finalmente alcança o sonho de ser cover da cantora Vanusa. Quando parece que ela finalmente está no controle de toda a situação, a ex dela, Leide, reaparece com uma criança que ela diz ser filho delas.

A primeira temporada da produção terá cinco episódios e, apesar de não ter data prevista para ser lançada, deve chegar no serviço de streaming da Amazon em 2021.

Assista ao trailer:

Festival Encontro das Pretas terá show de Karol Conká e talks com Katiúscia Ribeiro e Isaac Silva

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Karol Conká - Foto: Rodrigo Quinteros Gruner / Katiuscia Ribeiro - Foto: Divulgação / Isaac Silva - Foto: João Bertholini

Entre os dias 20 e 29 de novembro, acontece a sétima edição do “Encontro Das Pretas”, um dos maiores eventos de cultura negra do Brasil e o primeiro do Espírito Santo. Realizado pelo Instituto DasPretas.Org, o evento que será 100% online e gratuito, reúne afroempreendedorismo feminino, música, tecnologia, educação e poesia em um festival virtual. No domingo, 22, o grupo musical de samba raíz ‘Quinteto Preto+1’ inicia uma live-show às 12h. Já o show de encerramento, no dia 29, ficará por conta da cantora e rapper Karol Conká, e no dia 26 acontecerá uma exposição virtual da fotógrafa e artista visual baiana Márvila Araújo. Outros nomes de destaque compõem esta edição, como a filósofa Katiúscia Ribeiro, o estilista baiano Isaac Silva, a pedagoga e assessora parlamentar Maria Clara Araújo (Afrotranscendente) e a influenciadora digital Xan Ravelli.

Com espaços destinados a conectar movimentos e idéias inovadoras, líderes, formadoras de opinião, o principal intuito do Festival Encontro das Pretas é ressaltar a potência e conexão das forças do afroempreendedorismo, periférico e fora do eixo Rio-São Paulo.  “A maior parte dos grandes eventos acontecem no eixo RJ-SP, a proporção que o Festival Encontro Das Pretas chegou ao reunir mais de 10 mil pessoas em um evento físico, mesmo fora desse eixo, é a consequência de um trabalho com o objetivo de inovar socialmente. Existe potência para além do eixo”, comenta a CEO Priscila Gama. 

Por isso, a programação que será distribuída para diferentes plataformas digitais e redes sociais inicia sexta-feira (20), às 19h, com o lançamento da tradicional Feira Afro-empreendedora, agora com vendas on-line e que ficará em funcionamento até 31 de dezembro. A Feira Virtual visa a redução de impactos econômicos pré e pós-COVID-19 e promove a participação gratuita de afroempreendedores de todo o Brasil, tais como: Clube da Preta, Era Uma Vez O Mundo, Kizzala, Nativa Eco-Cosméticos, Crioula Criativa, Flor do Mato, Negrita e Barbarizy. 

Com diálogos de igualdade e redução das desigualdades em linguagem contemporânea, tecnológica, diversa e inclusiva o projeto propõe soluções para as questões étnico-raciais e de gênero e um mundo conectado pelo respeito. Uma circularização de saberes em economia criativa para o desenvolvimento de pessoas e negócios periféricos, além de um ambiente aberto, humanizado, receptivo para que negros e não-negros celebrem e movimentem a transformação do país.

O Festival Encontro Das Pretas é uma iniciativa de Priscila Gama, TED Speaker, Estrategista de Inovação em Tecnologia Social, Consultora de Políticas de Diversidade e CEO do Instituto DasPretas.Org. A 7ª edição tem como parceiros institucionais o Governo do Estado do Espírito Santo e a TV GAZETA, patrocínio de ArcelorMittal,  e o apoio de Budweiser, Tambor, Casa Sete e Instituto João XXIII.

SERVIÇO
7ª edição Festival Encontro Das Pretas

Péricles lança seu novo single em parceria com Projota

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O homem invisível é o novo single de Péricles e Projota

O cantor Péricles, em parceria com o rapper Projota, anunciou o lançamento de sua nova música “O homem Invisível”.

Péricles explica que a composição de Prateado, Luiz Claudio Picolé, Braga e o rap do Projota é um pedido por respeito vindo das ruas, daqueles que só são lembrados quando fazem gol ou quando cantam na avenida, mas que não têm voz para galgar melhores lugares na sociedade.

O lançamento da música demostra sentimentos profundos para os dois cantores, para Projota cantar com Péricles demostra um sentimento de honra e gratidão “Ouvia ele cantando exaltassamba com os moleques”. O cantor Péricles fala sobre o motivo de escolher a data para o lançamento do single “Escolhemos o Dia da Consciência Negra para o lançamento de ‘Homem Invisível’ para que essa música seja também uma ferramenta de luta por melhores condições de vida para o povo menos favorecido, que em sua maioria é o povo negro. Temos muito o que comemorar, mas a luta não está vencida ainda”.

A nova faixa faz parte do álbum “To Achando Que é Amor”, que desde agosto vem sendo divulgado em EP´s. O single de “Homem Invisível” vem acompanhado de um clipe, algo que Péricles vem fazendo em cada etapa de lançamento do projeto. “Este álbum está me trazendo muitas alegrias. Agradeço a todos que participaram das gravações, os compositores e todos que se sentiram tocados pelas músicas”, finaliza. 

O videoclipe e a música já estão disponíveis no youtube e em todas as plataformas digital.

Ara Ketu lança segunda parte de álbum “em casa” com homenagem à música baiana

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A banda Ara Ketu lançou, nesta sexta-feira (20), dia de celebração da Consciência Negra, a segunda parte do projeto Ara Ketu em Casa. No álbum, que tem seis faixas, os fãs vão contar com hits do grupo e homenagens ao Olodum e Timbalada que, assim como o Ara, fomentam a cultura negra no Brasil e no mundo.

Com 40 anos de história, o Ara Ketu surgiu no subúrbio ferroviário de Salvador (BA) como bloco afro. Atualmente comando pelo vocalista Dan Miranda, o Ara é presidido pela professora Vera Lacerda desde 1980. Para Dona Vera, como é carinhosamente conhecida, colocar o Ara Ketu na rua foi um desafio.

Somos negros, suburbanos e o Ara Ketu nasceu dentro de um terreiro de candomblé. Imagine como era difícil em 1980 pra gente, a sociedade que já tinha uma rejeição aos blocos afros. Muitas pessoas diziam que a gente não passaria de Plataforma, segundo bairro depois de Periperi em direção ao centro da cidade, e olhe onde o Ara Ketu chegou”, diz orgulhosamente Dona Vera.

No lançamento desta sexta-feira, a banda faz questão de levar ao público hits que marcaram a história do Ara e da música baiana através de grupos que fomentam a cultura negra. Serão quatro músicas do Ara Ketu (Avisa a Vizinha, Toma lá, dá cá, Ô meu pai e Praça da Paixão), um medley em homenagem ao Olodum (Protesto Do Olodum/Faraó Divindade do Egito) e um hit da Timbalada (Beija-Flor).

Estou empolgado por conseguir fazer essa homenagem para grupos tão marcantes em nossa história. Tenho muito orgulho de representar o Ara Ketu, de ser a voz que leva o nome desse movimento para o mundo e estou ainda mais feliz por cantar clássicos de bandas como Olodum e Timbalada. São amigos de palco, de luta. No início do ano dividimos palco com o Olodum algumas vezes e quando estamos juntos é só alegria”, contou Dan Miranda.

O álbum está disponível em todas as plataformas digitais. O projeto “em casa” foi idealizado durante a pandemia, logo após a Live do Ara Ketu. A primeira parte também está nas plataformas e conta com músicas novas e a regravação de Telegrama, do Zeca Baleiro.

Leonardo Alan critica intolerância religiosa com single ‘Danado’

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Foto: Fanny Chupz

Para marcar o Dia da Consciência Negra, o cantor e compositor Leonardo Alan, lança nesta sexta-feira (20) o videoclipe de ‘Danado’ seu segundo single de carreira. O multiartista que reside atualmente na Bélgica, tem longa trajetória como ator e agora se aventura na música. Em crítica à intolerância religiosa o artista interpreta Zé Pilintra, a entidade da linha dos malandros, conhecida entre os adeptos de religiões de matriz africana, como o Catimbó e a Umbanda. 

Com um mix de samba e funk, seu novo som faz posicionamentos políticos sobre nossa identidade. Seu intuito com a obra é a denúncia ao preconceito religioso, e traz questionamentos sobre a desvalorização e decorrente demonização, da cultura e cultos afro-brasileiros. O ator e cantor, conta que desde jovem presenciou diversas formas de exclusão e preconceito por conta de suas particularidades. Ainda assim, conta que foi a arte quem o salvou quando “não sobrava nada”. 

O single ‘Danado’, vem seguido do recém lançado em inglês “Watching You”, em que questionou a manipulação das massas. Seus trabalhos vêm sempre com forte mensagem política sobre a hipocrisia das relações, frustração sexual, preconceito racial e libertação do ego. A produção musical é de Zee La e o videoclipe foi gravado nas instalações do Palácio da Colônia em Bruxelas, que foi recentemente renomeado como Museu da África, como forma de reivindicar e legitimar a colonização do Congo. A produção audiovisual foi dirigida por Alex Cepile, editada pelo premiado diretor Edson Lemos, e teve direção criativa da ASBL Espírito Mundo. 

“Sempre me identifiquei como um artista. Desde pequeno já era o bailarino nas festas de família e cantava músicas que escrevia para colegas da escola. Hoje escrevo e danço a minha própria música. Comecei cursando teatro na escola de atores Wolf Maya, porque sempre gostei muito da dramaturgia, autores e atores brasileiros. A partir daí comecei a fazer espetáculos pelo Brasil e pelo mundo. Também fui apresentador em um programa na TV Belga e fiz parcerias com instituições brasileiras ligadas a direitos humanos e meio Ambiente”, relata. O single ‘Danado’ é mais um dos passos do multiartista, que tem em sua agenda o lançamento de seu primeiro EP em 2021.

Assista agora ao videoclipe:

A democracia não é uma aventura

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Arte de Taynara Cabral

Para o povo negro o exercício da democracia é uma construção coletiva conquistada a custas de trabalho e organização. Passadas as primeiras 24 horas do resultado das eleições, já é possível refletir sobre os resultados e desenhar suas consequências.

Nesse pós-eleitoral o que fica expresso em votos e vitorias é a importância da organização popular, foi ela que elegeu no Brasil inteiro um número expressivo de mulheres negras e mulheres trans as câmaras de vereadores. Esse resultado significa um passo importante para o avanço civilizatório e a possibilidade de construir concretamente mudanças estruturais numa sociedade racista, machista e transfóbica.

A revolução será feminina, negra e LGBTQI+ porque essas minorias politicas ultrapassaram as barreiras impostas pela violência do estado e pelo silencio social que juntos e por séculos invisibilizaram suas existências.

Ao desconsiderar sua capacidade de intervenção, também deslegitimaram suas vozes e suas necessidades, sufocando o desejo de participação ativa dessas pessoas, a sociedade aumentou o abismo social entre elas, ao mesmo tempo possibilitou que esses grupos pudessem se organizar, ampliar seus espaços de inserção e principalmente se colocarem nesses ambientes como agentes de transformação social.

A construção dessa vitória foi lenta e a base de muitas reivindicações e lutas. Essa campanha eleitoral, foi o ápice de uma caminhada que começou antes de Palmares e se consolidou numa série de movimentos e revoluções que envolveram as experiências do povo negro.

Desde o século passado o povo negro se organiza em busca de liberdade, autonomia e protagonismo. A Revolta dos Búzios, a revolta dos Malês, A Revolta da Chibata, a Balaida e tantos outros são a base desse chão que hoje pisa as câmaras municipais de cidades como São Paulo, Rio de janeiro, Curitiba, Salvador e tantos outros.

Na medida que o povo negro foi se organizando suas pautas foram carecendo de visibilidade, temos então a criação de importantes veículos de comunicação como o periódico O Mulato e O Homem de Cor no Rio de Janeiro, O Homem no Recife, A Pátria, a Imprensa Negra Paulista e o Teatro Experimental do Negro em São Paulo.

A conquista do espaço político é parte importante das experiências de luta por participação do povo negro. As pressões feitaS para que a sociedade nos ouvisse como representantes legítimos de parcela substancial da população, são capitulo indispensável para entender os efeitos da organização para alcançar espaços de poder e decisão.  

A Frente Negra Brasileira, o MNU e a Marcha Zumbi dos Palmares foram movimentos fundamentais para que homens e mulheres, negros e negras, se organizassem organicamente para ampliar o espaço de intervenção na sociedade.

A importância, envolvimento e inserção das mulheres negras nesse processo de luta por respeito, participação e reconhecimento da população negra na sociedade brasileira é inegável, diria que foi fundamental.

São muitos os movimentos que nasceram a partir dos olhares da mulheres negras temos o Geledés, a Marcha da Mulheres Negras de São Paulo, o Crioula, a Articulação de Mulheres Negras do Brasil, a Casa de Cultura da Mulher Negra, o Fala Preta, o Fórum Nacional de Mulheres Negras e o Instituto AMMA Psique e Negritude são algumas das organizações de mulheres negras organizadas no pais que discutem estratégias e formulam políticas públicas sobre as questões de gênero e raça para a inclusão e bem viver da população negra.

A presença e o crescimento das mulheres negras na luta por cidadania fez em meio as violências físicas e emocionais, além da invisibilidade, quando não do apagamento social sistemático de referências femininas negras como Neuza Borges do Nascimento, Lélia Gonzales e Carolina Maria de Jesus.

Sobreviver ao pensamento escravocrata que permeia o inconsciente coletivo, exige de nós mulheres negras organização, tenacidade, persistência, coragem e sobretudo confiança na ancestralidade que rege nossos passos.

A presença de Marielle Franco ao longo desse doloroso processo do exercício da cidadania para as mulheres negras, materializa a potência e a capacidade de reinvenção, organização e intervenção dessas mulheres.  A ausência de Marille Franco, ainda que nos doa, fortaleceu esses movimentos e possibilitou chegar em 2020 tão grande quanto foi Palmares.

Nós somos semente e os frutos das experiências dos nossos corpos negros irão transformar as estruturas sociais, as transformações estão em curso e nós somos os instrumentos dessa revolução.

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