Em entrevista para a TV Globo, Key Alves, 23, eliminada do BBB 23 com apenas 56,76% dos votos na última terça-feira (7), falou os seus motivos de não confiar no ex-brotherFred Nicácio, 36, mas continuar aliada com ele no jogo.
“Quando ele subiu ao quarto do líder para falar que queria votar no Cristian, a gente foi entendendo que quem estava querendo começar a trair o grupo era ele. Isso fez com que a gente ficasse com o pé atrás e desconfiasse dele”, diz a jogadora de vôlei. Na época, a equipe do Fred havia publicado imagens da própria Key levando o nome do amigo com intenção de voto.
https://www.instagram.com/p/CokofSEg4Tu/
Key Alves também revelou outras situações para não gostar do Fred Nicácio. “A forma de jogo dele de gritar, falar alto, o jeito como ele se posicionava com todo mundo parecia, sim, um pouco arrogante, era o que a gente via lá dentro. Essas coisas começaram a incomodar eu e o cowboy e foram motivos para sairmos do grupo”, conta.
“E eu acho que a partir do momento em que eu saí do grupo, eu não devo nada para ninguém ali dentro. A gente decidiu votar juntos, mas eu já não jogava mais com ninguém”, afirma Key, que manteve as estratégias de jogo com o quarto Fundo do Mar.
“No momento em que eu estive sentada com Sapato, Amanda e Aline, houve uma conversa em que eu não estava alimentando eles com informações contra o Fred para incentivá-los a votar nele, porque eles já tinham essa opinião. Eu fui sincera – que é o que eu sou – talvez até demais, mas falei o que eu achava dele”, finaliza.
Programa sem fins lucrativos, o C101 visa ampliar a participação de mulheres negras e indígenas em Conselhos de Administração
Neste Dia da Mulher, 8 de março, o Conselheira 101 abriu as inscrições para a quarta turma do programa de incentivo à diversidade de gênero e étnico-racial nos Conselhos de Administração, Conselhos Consultivos e Comitês das empresas brasileiras. Por meio de encontros online e eventos presenciais, a iniciativa atua na ampliação do conhecimento de lideranças femininas negras e indígenas sobre o papel dos Conselhos e Comitês e amplia o networking das participantes com a comunidade de governança corporativa. As inscrições vão até 31 de março e poderão ser feitas através do link aqui.
“Desde o início do Conselheira 101, em 2020, já conseguimos impactar 62 executivas negras, sendo que 47% das participantes conquistaram posições em Conselhos e também Comitês de Assessoramento. Além disso, 50% tiveram, também, relevantes movimentações em suas carreiras executivas. Esse segue sendo o nosso objetivo, dar visibilidade para mais profissionais negras e indígenas”, declara Elisangela Almeida, cofundadora do Conselheira 101.
Para participar, é preciso se autodeclarar negra ou indígena, ter 10 anos de experiência e no mínimo de 5 de atuação em posição de liderança (cargo sênior). O processo de seleção, que acontecerá durante o mês de abril, se dará em duas etapas, sendo a primeira de avaliação de currículos e a segunda de entrevistas virtuais com as pré-aprovadas. Com início no dia 2 de maio, o programa terá 15 encontros virtuais de 1h30 de duração com executivos e conselheiros de grandes empresas, que compartilharam experiências e responsabilidades inerentes ao papel de conselheiro, formação e skills buscados, desafios e boas práticas de governança corporativa, entre outros. Ao final, é oferecido gratuitamente às participantes o curso “Temas Relevantes em Governança Corporativa”, do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).
Segundo dados do Censo da Gestão Kairós, especializada em Sustentabilidade e Diversidade, divulgados em 2022, mulheres negras são apenas 3% entre líderes nas empresas. Esse dado considera posições de gerência para cima – no topo, na cadeira de CEO, não há nenhuma. Quando se trata de Conselhos de Administração, onde a participação de mulheres é 16%, no recorte racial a representatividade é tão baixa que estatisticamente é traço. Esse é o cenário que o Conselheira 101 busca mudar, promovendo, além de visibilidade para as profissionais, awareness para o mercado.
O programa é idealizado por um coletivo de mulheres formado por Ana Beatriz Trejos, Ana Paula Pessoa, Elisangela Almeida, Graciema Bertoletti, Jandaraci Araujo, Leila Loria, Lisiane Lemos, Marienne Coutinho, Mayra Stachuk e Patrícia Molino, o programa, sem fins lucrativos, tem o apoio da KPMG, da WCD (Women Corporate Directors) Foundation, da Happy Eagle Consultoria de Executive Search, do IBGCe da Oliver Press.
Eis que chegamos em Março, nosso mês. Todos os anos observamos um cenário mais afável nesse período em específico, não que as violências contra nós diminuam, óbvio, mas somos tomados por um espírito repentino em que a mulher é enaltecida e celebrada, embora nossa jornada seja paulada após paulada. Poderia escrever sobre empoderamento, sobre matriarcado, sobre coisas belas do feminismo. Optei por um caminho mais tortuoso, abordar um tema recorrente em minha clínica psicológica. Lá vem a psicóloga novamente dizer que só pode falar de sua experiência clínica. Pois é, estou aqui novamente amigues.
Falar do mês da mulher para mim é um processo natural, estou muito familiarizada com tal universo, entretanto, reduzo-me a insignificância de um lugar pontual, daquela que escuta atenta as repetidas queixas no tão desejado espaço seguro. E é sobre a mulher negra e suas dores que escolhi abordar. Mas lá vem ela falar da solidão da mulher negra! Mulher negra palmita como homem negro, não tem diferença! Mulher negra só quer negro padrão, por isso está sozinha! Quem nunca escutou tais bordões em nossa comunidade, não é mesmo?!
Mulheres negras são vistas como raivosas e ressentidas, infelizes e reclamonas, escutamos com frequência que nossas queixas são infundadas, que somos exageradas, e que tudo é racismo. Sabemos bem os enfrentamentos diários, as dores no armário, o choro engolido. Existe uma realidade dura, ninguém interessa-se em acolher mulheres negras, o mundo parece nos odiar deliberadamente. Tem alguns caminhos reservados a nós, a invisibilização, a hostilidade ou o puxa saquismo, este último é quando somos muito úteis aos interesses alheios.
Foto: Getty Images.
Mas nem só de dor vive a mulher negra. Também podemos observar um esforço coletivo em refletir criticamente sobre esses destinos, produzir discurso na primeira pessoa, fortalecer as redes de apoio, criar aquilombamentos e, não mais importante, entender que autocuidado é fundamental e saúde mental é inegociável. A questão é que a sociedade tem forjado mulheres negras mais poderosas, mais autodeterminadas, potentes, com mais figuras de identificação positiva. Parece que agora é moda ser mulher negra, não é à toa que muitas irmãs têm se reconhecido negras, fenômeno bem novo no Brasil. Até pouco tempo atrás, ser negra era carregar o defeito de cor e nem todas queriam. Até as brancas têm “avó negra”. Contém ironia!
Apesar de todo esse movimento de empoderamento, o mercado afetivo para mulheres negras têm mudado ao passo de uma tartaruga. É bem verdade que nos tornamos muito mais interessantes aos olhos de uma sociedade que antes nos ignorava por completo. Entretanto, o pouco de visibilidade é meramente instrumental, pois estamos em escassez de novas histórias, de novas trajetórias e, quando chegamos lá, somos atacadas pois nossos corpos não estão identificados socialmente com o sucesso, a capacidade e com o feminino.
A mulher negra infelizmente encabeça os índices de celibato, de concubinato, de monoparentalidade, de violência e de sexualização de seu corpo. Voltando ao tema mercado afetivo, as queixas não diminuem, só aumentam. Diante deste cenário cruel e ingrato, muitas mulheres negras têm demonstrado um sentimento de desesperança, de exaustão, de até preguiça quando o assunto é relacionamento. Como está o mercado heteronormativo para a mulher negra?
Este artigo tem o objetivo de abordar um tema relativamente novo, oherteropessimismo e como esse fenômeno impacta a vida da mulher negra em específico. Este conceito geralmente é abordado somente pelo recorte de gênero, sendo assim achei que poderíamos aprofundar a questão racial e discutir os prejuízos emocionais das mulheres negras diante desse fenômeno. É um conceito cujo objetivo é problematizar a heteronormatividade por possuir em suas bases a violência e a desigualdade como estruturantes.
A pesquisadora dos estudos de gênero, sexualidade e questões das mulheres, Asa Seresin, ressalta que a crise da heteronormatividade está intrinsecamente ligada à cultura ocidental branca patriarcal, determinando até hoje performatividades de gênero obsoletas e insuficientes. A autora diz: “heteropessimismo é a desidentificação performativa de mulheres com a sua própria heterossexualidade” (2019). Para ela, a heteronormatividade limita experiências, perpetua a subjugação feminina e cria tensões incontornáveis. O heteropessimismo consiste num sentimento compartilhado coletivamente entre as mulheres, em que generaliza o fracasso das relações heteronormativas e instala um sentimento de profunda desconfiança dos homens.
Ademais, aqui temos que salientar o lugar do homem negro enquanto figura estigmatizada, como seres incapazes de estar numa relação formal sem que esteja numa posição de suspeição, o racismo assim acaba por reforçar o conjunto de preconceitos acerca do homem negro: infiéis, palmiteiros, irresponsáveis, insensíveis e objetos de desvalorização. Se o homem branco cisgênero hétero tornou-se questionável, quiçá o homem negro cisgênero hétero.
Foto: Reprodução.
As mulheres negras vivem uma ambivalência, entre o desejo de viver uma relação amorosa e a iminência da desilusão. A relação conjugal ainda é um valor, um status, um capital social, ao passo que muitas mulheres podem internalizar o fracasso feminino caso não alcance o tão sonhado relacionamento amoroso. E para as mulheres negras, o sentimento agrava-se pelo nosso histórico de exclusão sistemática do mercado afetivo. Para enfrentar essa dura realidade e tantos desencontros, as mulheres em geral, e principalmente mulheres negras, estão produzindo uma espécie de aversão aos homens, uma devolutiva da desvalorização que eles costumam perpetuar.
Começamos a perceber mulheres negras num pseudo processo de resiliência e naturalização a solidão como um posicionamento político do existir, uma espécie de mecanismo de defesa em que racionalizam-se as dificuldades para não entrar em contato com a dor da rejeição, da exclusão e da impossibilidade. É comum ouvir nas redes sociais que ser hétero é um castigo, a heteronormatividade é um saco, que homens héteros são precários e assim por diante. Como contornar essa situação?
Não existe uma receita mágica, ainda estamos reconstruindo rotas de sentido outrora perdidas durante o processo da colonização e escravização, processos esses causadores de sérios prejuízos em nossas relações afetivas. É bem verdade que o modelo ocidental relacional acarretaria mais cedo ou mais tarde um descompasso nesse âmbito, na linguagem popular ia dar ruim, né?! Não podemos esquecer que trata-se de uma comunidade calejada de traumas ainda não curados, feridas abertas. Talvez pensar nas relações sob outros vieses pode ser bem interessante. O modelo colonial é patologizante e cada dia torna-se menos contemplativo para nossa comunidade.
Uma coisa é certa, mulheres encabeçam o ranking do heteropessismo, especialmente mulheres negras por terem mais prejuízos simbólicos no modelo heteronormativo de relação. Este modelo está a cada dia mais desacreditado, e consequentemente faz com que mulheres negras enfatizem as experiências negativas em detrimento de encontrar seu par ideal. Será que seremos capazes de promover encontros saudáveis sem todos os prejuízos que o racismo produz em nossas vidas? Chegará o tempo em que a mulher negra cisgênero e hétero poderá vislumbar um lugar nesse mercado perverso e cruel? A esperança continua.
O Grupo+Unidos está recebendo inscrições para um curso de inglês online e gratuito direcionado para jovens profissionais e empreendedores negros e indígenas. O curso intensivo, denominado Access E2C, é oferecido pela Embaixada e Consulado dos Estados Unidos por meio do Escritório Regional de Ensino de Língua Inglesa (RELO) e é voltado para pessoas entre 18 e 35 anos que já possuem conhecimento básico da língua inglesa.
As inscrições vão até o meio-dia do dia 21 de março e podem ser feitas pelo site https://www.maisunidos.org/accesse2c/. O curso tem previsão de início para abril e deve se estender até dezembro deste ano, com 240 vagas disponíveis para alunos de todo o Brasil e um total de 210 horas de formação.
Para Daniel Grynberg, diretor-executivo do Grupo +Unidos, o curso é uma oportunidade que “vai além do ensino de língua inglesa”. “Estamos muito felizes em anunciar a terceira edição do Access E2C. Este programa vai além do ensino da língua inglesa, é também sobre conexões entre esses jovens e aprendizados que os ajudarão no desenvolvimento de suas carreiras”, comentou.
Além da formação em um novo idioma, os participantes também terão a chance de realizar atividades extracurriculares e de receber mentorias com profissionais especializados em diferentes áreas do mercado de trabalho.
“O Escritório Regional de Ensino de Língua Inglesa tem observado resultados impactantes do programa Access E2C. Os participantes melhoram seu inglês, potencializam sua confiança para falar a língua e tornam-se protagonistas para mudanças no contexto social.”, celebrou a diretora do RELO, Maria Snarski.
Nesta quinta-feira, 9 de março, a Conta Black, hub de serviços financeiros alocados em conta digital, lança um mini documentário como parte da campanha “Sou Black”, que visa destacar histórias de sucesso de empreendedores negros e promover a educação financeira. O documentário apresenta cinco histórias únicas de empreendedores e clientes da fintech, todos com percepções e relações distintas com as finanças, mas com semelhanças notáveis em seu conteúdo.
A iniciativa tem como objetivo reforçar a importância do Black Money, incentivar o empreendedorismo afrodescendente e promover o acesso ao crédito. Com duração de 14 minutos, o documentário é uma inspiração para todos aqueles que buscam prosperar em seus negócios. De acordo com Fernanda Ribeiro, o foco do projeto é potencializar o acesso das pessoas à educação financeira. “O documentário nasceu da ideia de abordar a relação das pessoas com o dinheiro de forma leve. Além de pautar temas importantes como empreendedorismo negro, investimentos e principalmente a visão desses personagens com o futuro”, destaca a executiva.
O material produzido por Fábio Henrique, conta o enredo de Aline Gabriel, CEO da Nala Nandê, hub de serviços para potencializar carreiras de comunicadores; Bia Moremi, empreendedora da Brafrika Viagens, agência de afroturismo que leva especialmente pessoas pretas para viajar pelo Brasil; Gerusa Gama, fundadora da MAPA Lingerie; Rodrigo Portela, idealizador e diretor na Terra Preta Produções; e Luiz Campos, analista de uma grande empresa de tecnologia. O filme, além de trazer toda a trajetória desses personagens, vai acompanhar a rotina deles e de que forma estão ligados à narrativa de negócios da Conta Black.
O documentário estará disponível no canal oficial do youtube da Conta Black, que também será lançado no dia 09 de março.:
Serviço:
Lançamento documentário Sou Blck Data: 09/03/2023
Horário: 19:00
Local: Campus Google SP – Rua Coronel Oscar Porto, 70 – Paraíso, São Paulo – SP, 04003-000
Uma mulher negra, pioneira e revolucionária, protagoniza a estreia de mais uma temporada da série “Mulheres Fantásticas”, que será exibida no ‘Fantástico’ deste domingo, dia 12. A ativista americana Rosa Parks, que se tornou um dos maiores símbolos na luta contra o racismo nos Estados Unidos e no mundo, terá a sua história narrada pela cantora Ludmilla. O material será exibido em forma de animação.
Já adulta, voltando do trabalho, Rosa Parks entrou em um ônibus, na cidade de Montgomery, no Alabama, Estados Unidos, pagou a passagem e se sentou na primeira fileira para negros, pois em 1955, ainda separavam as pessoas por cor. Quando o transporte coletivo encheu, passageiros brancos ficaram em pé. O motorista, então, parou a condução e a mandou se levantar. Por se recusar a fazer isso, ela foi levada presa, o que despertou um boicote coletivo de outros negros à condução e motivou a mudança nesta divisão de lugares. Por feitos importantes como este, Rosa Parks se transformou em um símbolo da luta pela igualdade racial.
O filme “Medida Provisória”, que marca a estreia do ator Lázaro Ramos como diretor de cinema, será exibido na Angola e em Portugal a partir do dia 31 de março. Desde o ano passado, o filme já está disponível para os espectadores do Reino Unido e deve ser distribuído para mais países em breve.
Sucesso de crítica e público, sendo um dos maiores lançamentos do ano de 2022, ‘Medida Provisória’ conquistou prêmios internacionais como o de Melhor Roteiro (Lázaro Ramos e Lusa Silvestre) no Indie Memphis Film Festival, Melhor Filme no Cordillera Filme Festival e Melhor Ator para Alfred Enoch no Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa. O Inffinito Film Festival, de Miami, consagrou ‘Medida Provisória’ como o grande vencedor da noite de sua 26ª edição. O longa ganhou nas categorias Melhor Filme, Melhor Roteiro e Melhor Ator Coadjuvante (Seu Jorge).
“Medida Provisória” se passa em um futuro distópico onde o governo brasileiro decreta uma medida que obriga os cidadãos negros a voltarem à África como forma de reparar os tempos de escravidão — a partir desse conflito e da história de amor vivida por Capitu (Taís Araújo) e Antonio (Alfred Enoch), o filme debate questões sociais e mistura drama e thriller.
O roteiro é baseado no sucesso teatral brasileiro “Namíbia, Não!”, de Aldri Anunciação — que também integra o elenco como ator. Escrito originalmente em 2011, Lázaro se apaixonou pelo texto e o adaptou para o cinema em 2015, sendo ele filmado em 2019 em diversas locações na cidade do Rio de Janeiro.
O livro infantil “Amoras“, escrito pelo rapper Emicida, foi alvo de vandalismo e racismo religioso pela mãe de um aluno, em Salvador. As páginas foram riscadas com versículos da bíblia e manifestação de ódio contra os orixás. Na noite desta terça-feira (7), o Emicida se pronunciou sobre o caso. “Não é a primeira vez que isso acontece”, diz no vídeo publicado no Instagram.
“Eu confesso pra vocês, que as minhas reações com relação a isso já foram várias. No começo, um pouco mais imaturo, fiquei com raiva, levei pro pessoal. Mas era maior que uma questão pessoal, então depois eu fiquei triste. Porque é de entristecer viver entre radicais, que se propõe a proibir e vandalizar livros infantis. Livros. Sobretudo um tão inofensivo como esse: Amoras. Quer dizer, inofensivos pros não-racistas”, conta o rapper, que relata sentir tristeza neste momento.
“A tristeza que eu sinto é por essas pessoas, que querem que a sua religião, no caso a cristã, protestante, conhecidos como evangélicos, seja respeitada. E deve ser respeitada. Mas não se predispõe nem por um segundo, a respeitar outras formas de viver, de existir, de manifestar sua fé”, critica a intolerância por parte de outros religiosos.
Foto: Arquivo pessoal
Apesar do crime, Emicida celebra a vitória do livro. “Não só por se tornar um best-seller comercial nos últimos tempos. Ele figurou durante alguns anos como o livro infantil mais vendido no país. Ele é uma vitória porque joga luz num assunto crucrial, que graças a muito gente foda, vem sendo cada vez mais discutido e fazendo com que os pequenos passos de criança das ‘Amoras’ vai fazendo que o mundo melhore”.
O músico aproveitou para agradecer cada pessoa que comprou o livro e o professor que usa a obra com seus alunos. “Eu sei da luta que vocês enfrentam. Das pessoas de todas as cores e de todas as fés, que decidiram afirmar através desse gesto que o país é imenso, e nós enquanto brasileiros, por consequência, precisa ser. Vocês são gigantes e as nossas crianças, graças às posturas de vocês, também serão. Deixamos essa pequenez sórdida, aqueles que são barulhentos, mas são vazios”, afirma.
Para encerrar, Emicida questiona os seguidores evangélicos para uma reflexão. “Se Deus é amor em sua crença e eu não duvido disso, por que tantas manifestações de ódio encontram abrigo e segurança entre os seus? […] Vocês são capazes de criar um ambiente que respeite a fé alheia? Viva o Candomblé! Viva a Umbanda! Viva as religiões de matriz africana e indígena”.
Foto: Arquivo pessoal
Entenda o caso
O livro “Amoras” foi encontrado vandalizado na segunda-feira (6), pela escola particular Clubinho das Letras. A obra é usada nas práticas de ensino, indicada com sugestão para o projeto Ciranda Literária. Em entrevista ao g1, a direção assegurou que a obra será reposta para que os alunos continuem tendo acesso ao conteúdo e a família será convocada para uma reunião.
O portal também encontrou em contato a mulher que vandalizou o livro. Ela não quis ser identificada, mas diz que não considera o caso como intolerância religiosa, pois escreveu no livro que ela mesma comprou e não se negou a levá-lo à escola. Ela também afirma que só comprou o livro sugerido por achar que seriam abordadas apenas questões raciais.
Mulheres negras protagonistas quebraram barreiras e receberam destaques em duas revistas com números dedicados às mulheres: Época Negócios e Pequenas Empresas & Grandes Negócios do mês de março. Um retrato otimista e de muita esperança para a comunidade negra.
Histórias de vida e de superação, com estratégias de crescimento, muita expertise na propagação das ideias e na arte do que fazem. Elas impressionam pela ruptura dos estereótipos, de vozes, de imagens, sobre a responsabilidade e o privilégio de serem profissionais em uma sociedade racista que se reinventa de forma rápida e convulsiva.
As mulheres negras foram indicadas, entre as 100 mais inovadoras do Brasil e são exemplos de empreendedorismo. Elas têm uma formação escolar sólida realizada em universidades como a USP, UnB, Unicamp, UFSCar, Fundação Getúlio Vargas e Faculdade Zumbi dos Palmares, e muitas vezes complementada em cursos de mestrado, doutorado e MBA nos Estados Unidos e na Europa. São engenheiras, economistas, advogadas, farmacêuticas, administradoras, psicólogas.
Elas romperam nossa capacidade de imaginar como seria fazer parte de diretorias e de conselhos de administração de grandes empresas com capital nas Bolsas de Valores. Histórias de vida que mostram o papel das famílias, persistência, tempo de trabalho. No universo da inovação encontramos mulheres negras protagonistas de muito fôlego e entusiasmo. Todas têm consciência das desigualdades sociais e raciais. O que não é pouco. Ao ler seus depoimentos chegamos a nos emocionar e a acreditar que é possível.
Mafoane Odara – Foto: Mariana Pekin
Mafoane Odara Poli Santos, psicóloga formada e com mestrado pela USP: líder de Recursos Humanos para América do Sul na Meta, criou metas sobre diversidade na empresa que tem 40% de mulheres ocupando cargos de liderança e em 2025 pretende atingir 50%: “Não adianta contratar mais mulheres sem um ambiente em que todos possamos errar e acertar”.
Luana Ozemela – Foto: Divulgação
Luana Ozemela, com mestrado e doutorado em economia é Vice-presidente em residência da Ifood: “Inovar é ter a ousadia de acreditar que é possível solucionar problemas que outros consideram irremediáveis(…). Desde muito cedo venho atuando na luta contra as desigualdades no ativismo social no mundo do desenvolvimento internacional e desde 2019 como empresária”.
Nina da Hora – Foto: Divulgação
Nina da Hora consultora de tecnologia responsável pela Thoughtwork e influencer. Cientista em construção e hacker antirracista de tecnologia, combatente do racismo algorítmico, criadora de tecnologias decoloniais (fora dos circuitos europeu e americano).
Amanda Ferreira – Foto: Divulgação
Amanda Ferreira, formada na Faculdade Zumbi dos Palmares e pós-graduada na Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, a executiva leva a prática do conceito de diversidade na ViaVarejo, dona de marcas como Casa Bahia e Ponto Frio.
Solange Cabral – Foto: Reprodução
Solange Cabral, vice-presidente, partner de tecnologia da CI&T, vive em Londres e trabalha para propagar cultura digital dentro e fora do Brasil. Estudou na Universidade Federal de São Carlos e fez mestrado na Unicamp. Durante muito tempo atuou como divulgadora do método Lean Agile, o pensamento enxuto das startups, com proposta de trabalho multidisciplinares trabalhando em ciclos rápidos.
Anna Telles tinha três salões de beleza e durante a pandemia teve que se reinventar. Teve que fechar um salão transformá-lo em loja virtual de produtos para cabelos cacheados e ondulados que leva seu nome. Começou a dar cursos de com cuidar e trançar os cabelos e abriu um mercado para seus produtos de beleza. Os cursos transformavam suas alunas em suas aliadas e ela conseguiu sobreviver no mercado durante a pandemia.
Essas histórias de vida são inspiradoras, e representam exceções no mercado de trabalho no mundo corporativo. As histórias representam barreiras vencidas por meio de muita luta individual e familiar. Para cada uma dessas histórias há também a luta invisível de um ativista negro, militante do movimento negro, que denuncia o racismo e cobra por um país democrático. A luta individual, familiar não está descolada da luta política antirracista. Por isso é importante a consciência de que queremos uma sociedade justa e igualitária, precisamos de exemplos de luta antirracistas em todos os espaços da sociedade.
É comum ouvirmos que a liderança é um caminho solitário, ainda mais se tratando de uma liderança que passa por interseccionalidade de raça e gênero. Sendo bem sincera, e sendo a única mulher negra na maioria dos espaços que ocupei, considero esta fala verdadeira.
Mentalmente criamos uma persona, vivendo uma situação perfeita de liderança, com um time diverso, empoderado e que cresce com uma pessoa líder super heroína, capaz de equilibrar todos os pratos. Mas isso é real?
No dia a dia, a solidão para nós, mulheres negras, se apresenta de forma sutil, porque não encontramos pares na alta liderança que compartilhem das mesmas vivências. Obviamente as experiências que absorvemos dos pares nos ajudam a evoluir, mas na maioria das vezes precisamos fazer um filtro e trazer para a nossa essência e realidade.
Partindo do ponto de que muitas líderes são mães, isso automaticamente se potencializa, cresci profissionalmente em uma geração que pregava que a maternidade acaba com a carreira de uma executiva, mas hoje entendo que a maternidade me fez uma líder melhor.
Lá no fundo muitas vezes existe uma dúvida das escolhas que fizemos, a conquista da liderança para uma pessoa preta vem a partir de muito trabalho, muita insegurança e com a responsabilidade de inspirar e trazer os nossos que ainda estão à margem da sociedade.
Nas empresas brasileiras, menos de 30% dos cargos de liderança são ocupados por pessoas negras. O percentual é baixo e ainda sofreu queda. Em 2018, a população preta ou parda ocupava 29,9% dos cargos gerenciais. Em 2019, esse índice caiu para 29,5%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Enquanto as mulheres brancas correspondiam a 66,9% dos cargos gerenciais, a parcela de negras nessas posições é de 31%. A diferença entre homens brancos (69,3%) e negros (28,6%) em postos de liderança é maior. Nas grandes corporações, a proporção é ainda mais desigual.
Os negros representam 55,9% da população brasileira, mas ocupam apenas 4,7% dos cargos de liderança nas 500 maiores empresas do país, segundo pesquisa do Instituto Ethos. As mulheres negras representam 9,3% dos quadros destas companhias e estão presentes apenas em 0,4% dos altos cargos.
De forma estruturada, tenho buscado desenvolver interna e externamente ações intencionais para ajudar a impulsionar carreiras de meninas e mulheres pretas e grupos minorizados, trazendo situações práticas, mostrando a realidade, e a necessidade de transformação do machismo e racismo estrutural, vida pessoal e profissional caminhando juntas e outros temas que nos atravessam diretamente.
É importante fortalecer e acolher todas as pessoas que saem de situação vulnerável, olhar se as oportunidades são justas, além de criar uma rede de apoio.
Promover a transformação social e na cultura das empresas, é uma tarefa diária e muitas vezes exaustiva, mas é nosso papel como pessoas pretas líderes influenciar, contagiar e cuidar, dos que virão, porque quando um vence todos nós vencemos.
*Kelly Baptista Gestora Pública, diretora executiva da Fundação 1Bi, mentora, membro da Rede de Líderes Fundação Lemann e Conselheira Fiscal do Instituto Djeanne Firmino.