Com reflexões fundamentais sobre passado, futuro e educação no Brasil, o Festival LED – Luz na Educação iniciou o primeiro dia de evento levantando discussões sobre as “Trajetórias ancestrais: como o passado pode guiar futuros plurais?”, reunindo o ator, diretor e escritor Lázaro Ramos, a escritora Ana Maria Gonçalves e o ator e escritor Daniel Munduruku para explorar a importância de aprender com nossos ancestrais como forma de moldar futuros desejáveis.
O diálogo, que ocorreu nesta manhã no auditório do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, buscou estabelecer conexões entre as raízes históricas do país e as possibilidades de construir um futuro mais equitativo e inclusivo.
Foto: Maycon Cabral
A escritora Ana Maria Gonçalves, conhecida por suas obras que exploram questões históricas e sociais, trouxe sua visão afiada sobre a importância de resgatar e compreender a trajetória ancestral para construir sociedades mais justas. A escritora falou sobre seu livro “Um defeito de cor”: “Conta também a história oficial do Brasil contada a partir de um ponto de vista que a gente não está acostumada a ler”, disse ela ao destacar a importância de trazer um novo ponto de vista sobre a escravização no Brasil, contando a história a partir do povo negro, diferente do que é contado pelo colonizador e que está nos livros das escolas.
Lázaro Ramos contribuiu com suas experiências e reflexões sobre a representatividade e a valorização das narrativas negras, trazendo à tona a relevância da ancestralidade afro-brasileira na construção de futuros plurais. O ator e diretor pontuou a importância da valorização do saber e dos professores: “Professores, além de necessários, precisam ser valorizados, respeitados e são fundamentais para a construção do projeto de nação”.
Lázaro relembrou sua própria trajetória educacional e deixou um recado importante sobre a importância da educação: “Desejo que a gente tenha a coragem de cultivar todos os dias o amor pelo saber, pela escola, pelos professores, porque nesse ambiente da escola a gente cria memórias que vão durar para sempre”.
Daniel Munduruku, escritor, professor, ator e ativista indígena, trouxe uma perspectiva valiosa sobre a sabedoria ancestral indígena e sua relevância na construção de um futuro mais consciente. “Eu sou um educador de formação e quero ser visto dessa maneira e estou usando as ferramentas possíveis para educar o olhar do meu povo que é o povo brasileiro. Os povos indígenas trazem consigo a sabedoria ancestral, a sabedoria muito antiga, pra antes de nós e para além de nós”, destacou ele.
“O povo indígena que tem milhares de anos de existência nessa terra é um povo criativo. Tão criativo que é capaz de preservar sua vida, sua existência e seu modo de olhar para o mundo sem precisar se autodestruir”, pontuou. “O povo indígena está aí para provocar e dizer, ‘nós somos filhos da terra’ ou não seremos nada”.
A conversa no palco LED Inspira foi um momento de reflexão coletiva sobre como o passado pode ser um guia para a construção de futuros desejáveis. Através da intersecção de perspectivas diversas e da valorização das trajetórias ancestrais, buscou-se iluminar caminhos para uma sociedade mais equitativa, inclusiva e consciente de suas raízes.
“Ela tem toda a certeza da impunidade. São três anos lutando por justiça pela morte de Miguel e Sari Corte Real vem tocando a sua vida como se nada estivesse acontecendo. Isso é bem difícil para mim. Ainda mais pelo curso que ela vai fazer. Um curso que salva vidas. E ela não teve a capacidade de salvar a vida do meu filho. Ela teve todas as oportunidades nas mãos de fazer e não fez. Isso me deixa muito reflexiva sobre as pessoas que futuramente ela pode atender”, desabafa Mirtes Renata, mãe do menino Miguel que trabalhava como empregada doméstica para Sari, em live realizada no Instagram, nesta quinta-feira (15).
“Até foi postado ela se apresentando no grupo de whatsapp do curso da faculdade, que era o sonho dela de fazer medicina, já que agora os filhos dela estão grandes. Como se ela fosse uma pessoa que a maternidade ocupasse muito o tempo dela. Nunca ocupou porque tinha eu e minha mãe para cuidar dos filhos dela quando ela queria sair. E quando queria ir para festa, também tinha quem ficasse com os filhos dela. É algo que não condiz”, lamenta.
A mãe de Miguel aproveitou a ocasião para atualizar sobre o caso que corre na Justiça contra Sari Corte Real. “No mês de maio [o caso] estava na relatoria, na mão do desembargador relator. Ainda vou procurar saber se eles já terminaram para mandar ao revisor, para depois ser distribuído aos outros desembargadores para ter a votação dos nossos pedidos, da nossa parte e da ré”.
No dia da morte da criança, em 2 de junho de 2020, Sari Corte Real foi presa em flagrante por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar), mas foi liberada após pagar fiança de R$ 20 mil. Apesar da sentença de oito anos e seis meses de prisão, o juiz José Renato Bizerra, da 1ª Vara dos Crimes contra a Criança e do Adolescente de Recife, diz que “não há pedido algum a lhe autorizar a prisão preventiva [de Sari], a sua presunção de inocência segue até trânsito em julgado da decisão sobre o caso nas instâncias superiores em face de recurso, caso ocorra”.
Pureza Lopes Loyola, 80, recebeu na última quinta-feira (15) em Washington, EUA, o prêmio “Heróis no Combate ao Tráfico de Pessoas” por seu combate ao trabalho escravo no Brasil. Ela recebeu a honraria, uma das maiores da área dos direitos humanos, das mãos do secretário de Estado, Antony Blinken, e se tornou a primeira brasileira a receber o prêmio desde sua criação, em 2004.
Dona Pureza, mulher preta, nordestina e de fé, nasceu no Maranhão e se alfabetizou aos 40 anos para conseguir ler a Bíblia. Seu combate ao trabalho análogo a escravidão começou em 1993 quando ficou meses sem notícias do filho mais novo, Abel, que estava na Amazônia trabalhando no garimpo. Por três anos, ela descobriu e enfrentou um grande sistema de trabalho precário.
Seu combate ao trabalho em condições análogas à escravidão ajudou o Brasil a se tornar referência mundial. Em 1995, inspirado na luta de Pureza, foi criado o Grupo Especial de Fiscalização Móvel, que já libertou 62 mil trabalhadores em condições análogas à escravidão entre 1995 e 2021.
Seu ativismo também inspirou o filme ‘Pureza’, do diretor Renato Barbieri. O longa já recebeu quase 30 prêmios internacionais e nacionais. “Essa premiação do TIP HERO, conferido à Dona Pureza Lopes Loyola pela Secretaria de Estado dos Estados Unidos, é de relevância histórica, pois trata-se da única pessoa no Brasil a receber as duas maiores condecorações abolicionistas que conhecemos: o TIP HERO, em Washington, em 2023, e o ANTI-SLAVERY AWARD, conferido pela Anti Slavery International, em Londres, em 1997. É a coroação da luta incansável dessa nossa heroína cabocla em favor dos direitos à Vida, vivida de forma impactante por Dira Paes no filme Pureza, como também fortalece sobremaneira a luta abolicionista no Brasil em todos os campos.”, comenta o cineasta.
Em homenagem a Dona Pureza, o filme será transmitido na próxima segunda-feira (19) na Tela Quente, na Globo, às 22h.
São incontáveis os casos de racismo e violências sofridas por entregadores de aplicativos. Uma queixa bem comum quando mais uma notícia vem à tona, é o desamparo que estes profissionais enfrentam ao serem vítimas de clientes. Quase a totalidade destes entregadores, não possui recursos para contratar um advogado particular ou ter um acompanhamento psicológico.
Demorou, mas finalmente surge uma iniciativa realizada pela Black Sisters in Law em parceria com o iFood, com o objetivo de combater a discriminação e oferecer apoio aos entregadores, a marca lança uma central de apoio psicológico e jurídico para entregadores vítimas de discriminação. A associação global de advogadas negras, reconhecida por seu trabalho em várias áreas do Direito, se une à plataforma de delivery para garantir que os trabalhadores não sejam vítimas de ofensas, preconceito, assédio ou violência.
A iniciativa ganha destaque por sua importância no cenário atual, onde a proteção e valorização dos entregadores se tornaram fundamentais. Por meio dessa parceria estratégica, o iFood disponibilizará uma central assistencial dedicada aos entregadores que sofreram discriminação, garantindo-lhes acesso à justiça e apoio em suas demandas.
A atuação da Black Sisters in Law, que reúne advogadas negras comprometidas em promover a igualdade e a justiça social, traz uma abordagem abrangente para enfrentar os desafios enfrentados pelos entregadores. Além de oferecer suporte jurídico, a associação reconhece a importância do cuidado psicológico para ajudar os trabalhadores a superar os traumas causados pela discriminação.
“Ganha o iFood, que fornecerá aos seus entregadores um instrumento de segurança e proteção quando experimentam situação de racismo e injúria racial. Ganham as Black Sisters in Law, que terão a oportunidade de exercer a advocacia com dignidade. E ganham os entregadores, que passam a ter ao seu dispor uma plataforma que os acompanhará e fornecerá assistência jurídica nos momentos mais desafiadores do exercício da atividade.”, celebrou a fundadora da Black Sister in Law, Dione Assis.
Todos os casos reportados pelos entregadores no aplicativo do iFood serão encaminhados para as advogadas e psicólogas associadas à Black Sisters in Law, que fornecerão atendimento especializado e individualizado. Essa medida visa garantir que os entregadores recebam a devida assistência legal e emocional, auxiliando-os a enfrentar os momentos mais desafiadores de sua jornada de trabalho.
Em comunicado oficial nas redes sociais da organização, a Black Sisters in Law afirmou que as advogadas “trabalharão em estreita colaboração com o iFood para identificar casos de racismo e injúria racial, oferecendo suporte legal, psicológico, orientação e representação jurídica apropriada” e reforçou a mensagem de apoio aos entregadores “Se você é um entregador que sofreu discriminação racial, saiba que agora há um apoio jurídico ao seu alcance”.
Para denunciar casos de discriminação e receber suporte da Central de Apoio Psicológico e Jurídico do iFood, os entregadores podem reportar os episódios diretamente no aplicativo. Ao clicar na opção “Alerta de casos graves” e selecionar “Quero reportar um caso grave”, eles poderão relatar o incidente e anexar fotos, se necessário. De acordo com informações do iFood, a equipe de Segurança de app entrará em contato para fornecer orientações e encaminhar o caso às profissionais da Black Sisters in Law.
Foto: Jason Koerner/Getty Images e Henry Nicholls/Reuters
O ator John Boyega, 31, cresceu assistindoJamie Foxx, 55, atuar em “The Jamie Foxx Show” e no filme “Ray”, e agora, realiza o sonho de estrelar o filme junto com ele, em “Clonaram Tyrone!”, da Netflix.
“É alguém em quem me inspiro muito”, disse Boyega à Variety no tapete vermelho do American Black Film Festival. “Ele definitivamente foi uma das principais mãos por trás da minha carreira que me ajudou a conseguir papéis, oportunidades e eu aprecio isso”.
Mesmo Boyega também ser uma estrela consagrada, pelas atuações em “A Mulher Rei” e na trilogia de “Star Wars”, por exemplo, ele valoriza a experiência de Foxx nos cinemas.
“Minha lembrança duradoura é dele ter a capacidade de ler seis páginas de novos diálogos e apenas dizer ‘Sim, entendi.’ Eu fico tipo, ‘O quê? Como você fez isso? Isso é coisa de estrela de cinema”, conta o ator. “Incrivelmente generoso com as pessoas, sempre cheio de energia, muito positivo”, diz sobre o Foxx.
Teyonah Parris também se junta à dupla no protagonismo da longa-metragem “Clonaram Tyrone!” chega no dia 21 junho na plataforma da Netflix. Na trama de comédia e ficção científica, “um traficante (Boyega), um cafetão (Foxx) e uma prostituta (Parris)”, se envolvem em uma grande teoria da conspiração governamental de clonagem de pessoas negras e outros experimentos ilegais.
Nesta última quarta-feira (14), o grupo Raça Negra anunciou que fará um cruzeiro temático em novembro para comemorar seus 40 anos de carreira. O ‘Cheia de Manias em Alto-Mar’ promete reviver o melhor dos anos 1990, com um repertório repleto de hits que embalaram gerações.
Entre os dias 9 e 12 de novembro, o grupo liderado por Luiz Carlos realizará apresentações a bordo do navio MSC Preziosa. O evento contará com a presença de convidados especiais como Belo e o vocalista Leonardo do grupo Menos é Mais. Além disso, os cruzeiristas terão a oportunidade de curtir o show intitulado “Gigantes do Samba”, que apresentará a incrível dobradinha entre Raça Negra e Alexandre Pires.
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Venha viver esse momento histórico. Me leva junto com você para esse mar de didididiê! 🛳🌊
O roteiro dos três dias de festa ainda será divulgado e pode ser conferido no site oficial do evento (CLIQUE AQUI). “Venha viver esse momento histórico do grupo que inspirou gerações e até hoje é adorado por todo o Brasil. Não há quem não conheça, se emocione, e se entregue as músicas icônicas desses gigantes“, diz a descrição oficial. “Nesse mar de didididiê, transformaremos um mega transatlântico de luxo no cenário perfeito para a comemoração de 40 anos dos maiores artistas do Brasil, desde sempre tocando nossos corações e histórias”.
Com uma trajetória marcada por sucessos, o Raça Negra se tornou uma referência no cenário musical brasileiro. Suas canções são conhecidas por sua melodia cativante e letras que abordam temas como amor, saudade e paixão. Hits como “É Tarde Demais”, “Cheia de Manias”, “Jeito Felino” e “Cigana” se tornaram verdadeiros hinos e embalaram gerações, conquistando um lugar especial no coração do público.
Ao longo de sua carreira, o grupo acumulou uma impressionante lista de prêmios e honrarias. Eles foram agraciados com discos de ouro, platina e diamante, destacando o sucesso comercial de suas músicas. Além disso, a banda continua a encantar o público em suas apresentações ao vivo, lotando casas de show e participando de grandes eventos musicais.
Entre os dias 16 a 25 de junho o Sesc São Paulo recebe a 7ª edição do CIRCOS – Festival Internacional Sesc de Circo, uma experiência circense com produções nacionais e internacionais. Pela primeira vez, o festival vai contar com a presença de espetáculos de artistas de Togo, Guiné. Ao todo serão 40 atividades, sendo 21 espetáculos, e mais intervenções, vivências, oficinas, mesas de discussão, instalação interativa, lançamento de livro e encontro de programadores.
A programação vai contar com 10 apresentações internacionais, sendo seis estreias mundiais e quatro nas Américas, e mais 11 nacionais. A companhia Circus Baobab, de Guiné, abre o CIRCOS 2023 com números acrobáticos coletivos em Yé! – Água. O grupo guineense aborda temas como disputa por água, questões ambientais, violência de gênero, corrupção e desigualdade social em suas apresentações.
A companhia de Togo, Cia Afuma, apresenta a tradição togolesa em Edukikan – Coração Valente. Um espetáculo para todas as idades com pernaltas que se equilibram em pernas de pau de mais de três metros de altura ao som de ritmos típicos.
Além dos dois países africanos e grupos nacionais, o festival conta com a presença de produções da Alemanha, Argentina, Bélgica, China, Colômbia, Estados Unidos, França, México, Peru, Uruguai e Hungria, que também estará pela primeira vez.
O CIRCOS tem como objetivo trazer “um panorama multifacetado da produção circense contemporânea” no mundo e no Brasil. Para o diretor do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, o festival traz uma experiência de diversidade e representatividade. “Assim, o CIRCOS – Festival Internacional Sesc de Circo apresenta um panorama diversificado, dialogando com a importância da diversidade e da representatividade de povos e culturas em suas apresentações, corroborando assim para uma sociedade verdadeiramente mais justa e democrática”, comenta Miranda.
Serão 12 unidades da capital e Guarulhos que vão receber os espetáculos: 24 de maio, Avenida Paulista, Belenzinho, Campo Limpo, Consolação, CPF – Centro de Pesquisa e Formação, Guarulhos, Ipiranga, Itaquera, Pinheiros, Pompeia, Santana e Vila Mariana.
A programação completa e ingressos estão disponíveis no site circos.sescsp.org.br/. Os ingressos também podem ser adquiridos presencialmente nas bilheterias.
Cinco empresas e organizações negras, de 45 inscritas, foram selecionadas para firmar uma parceria entre o Fundo Baobá e o MOVERno edital de educação tecnológica para pessoas negras, visando incrementar a empregabilidade no setor, no Programa Presente e Futuro em Movimento.
Um dos selecionados foi o Instituto da Hora, organização sem fins lucrativos de Duque de Caxias (RJ), fundada em 2020 pela cientista da computaçãoNina da Hora, para descentralizar o conhecimento científico, potencializar narrativas antirracistas na tecnologia e emancipar os direitos digitais no Brasil através de pesquisa focada em dados, articulação em rede e incidência.
“O programa será muito importante para nós que estamos atuando com direitos digitais e tecnologias a partir de territórios e ações antirracista. Possibilitará a empregabilidade de pessoas nesta área e a disseminação de educação tecnológica”, relata Nina da Hora, fundadora e diretora executiva do instituto.
Os outros selecionados são: Casa de Cultura, Esporte e Cidadania Dona Joana – Água Fria/BA; Instituto de Assistência e Proteção Social – IAPS – Fortaleza/CE; Instituto Oportunidade Brasil – Vitória/ES; e UX para Minas Pretas – São Paulo/SP.
Em comum entre as beneficiadas estão: a busca pela qualificação profissional de jovens negros e negras em vulnerabilidade social; a qualificação sócio-profissional; a inclusão digital; a preparação para o mercado de trabalho e o estímulo ao pertencimento à realidade étnico-racial.
“Ter o Fundo Baobá como parceiro, e contar com toda sua expertise no trabalho para investir e alavancar a capacitação e empregabilidade voltados à promoção da equidade racial e da justiça social, nos ajuda a fomentar cada vez mais projetos e ações pró-equidade racial para a população negra. Os valores do Fundo Baobá (Ética, Transparência, Gestão e Justiça Social) estão diretamente ligados aos esforços que o MOVER realiza diariamente com as 47 empresas que fazem parte do Movimento”, declara Marina Peixoto, diretora-executiva do Mover.
Uma ex-funcionária branca do Starbucks, localizado na Filadélfia, nos Estados Unidos, obteve uma vitória em um processo no qual acusava a empresa de demiti-la por motivos raciais. A decisão judicial, proferida em 12 de junho, concedeu a ela uma indenização no valor de US$ 25,6 milhões (cerca de R$ 123,3 milhões).
No entanto, o Starbucks negou veementemente as acusações e alegou que a mulher, que ocupava o cargo de gerente regional na época, não soube lidar de forma adequada com um caso de racismo ocorrido em uma das lojas da rede, envolvendo dois clientes negros. O caso foi divulgado pelo jornal The New York Times.
A ex-gerente regional, Shannon Phillips, foi uma das funcionárias demitidas após o incidente. Ela alega que, diante da controvérsia, recusou-se a acatar as ordens de sua superior, uma mulher negra, para demitir outro gerente branco acusado de conduta discriminatória, sustentando que as acusações eram falsas.
Phillips afirma ter sido injustamente transformada em “bode expiatório” pela empresa, que teria poupado o gerente negro responsável pela loja em questão. No processo, ela ainda alega que outros funcionários brancos também foram “punidos”.
A defesa do Starbucks argumentou em tribunal que Phillips não desempenhou adequadamente sua função durante o período de crise, o que resultou em sua demissão. Segundo um advogado da empresa, “a regional da Filadélfia precisava de um líder, e a sra. Phillips falhou em todos os aspectos desse papel”. Ela era responsável por cerca de 100 lojas.
O tribunal decidiu que o Starbucks violou os direitos civis e as leis contra discriminação racial. A condenação incluiu o pagamento de US$ 600 mil em compensação e uma indenização de US$ 25 milhões por danos morais a Phillips.
Após a divulgação da decisão judicial, o Starbucks não emitiu nenhum posicionamento oficial sobre o caso. Porém, a ex-gerente demonstrou satisfação com o resultado. De acordo com o The New York Times, sua defesa alegou que ela apresentou provas “contundentes” de que foi punida por ser branca.
O incidente envolvendo os clientes Rashon Nelson e Donte Robinson, que aguardavam um amigo no estabelecimento, ocorreu quando eles solicitaram o uso do banheiro e foram negados pelo funcionário. O gerente, diante da recusa dos clientes em deixarem a loja, chamou a polícia. Os dois homens foram algemados e levados para a delegacia, onde ficaram detidos por oito horas.
Rashon Nelson e Donte Robinson também chegaram a um acordo compensatório com o Starbucks, além de um acordo com a prefeitura, que se comprometeu a destinar US$ 200 mil para um projeto educacional contra o racismo.
Rodrigo Françafaz um pouquinho de tudo, ele é diretor, escritor, ex-BBB, ativista e agora pode colocar mais um empreendimento na sua lista, dono de restaurante. Inaugura nesta quinta-feira (15), o restaurante Àmàlá, no Pelourinho, em Salvador, focado na culinária ancestral.
Ele conversou com o Mundo Negro sobre o restaurante e sua relação pessoal com a culinária. Para ele, a Àmàlá surgiu com a missão de acolher e levar comida afetiva para a população negra baiana. “Àmàlá tem uma pesquisa de afeto, acolhimento. E acolhimento também é uma comida gostosa, afetiva, que gera memórias e ensinamento, porque estamos falando de comida ancestral. Uma comida que existe há séculos e vem contemplar o contemporâneo”, contou Rodrigo.
O nome Àmàlá vem de origem Iorubá e é um prato votivo aos orixás, Xangô, Iansã, Obá e Ibeji, nas religiões de matrizes africanas e também carro chefe do restaurante que leva o mesmo nome. “Àmàlá porque é uma comida sagrada, de suma importância pra quem é de Axé, porque tem uma sonoridade que nos lembra o verbo amar”, descreveu o diretor. O chef responsável pela cozinha e menu será Andrey Basttos.
Já a escolha de ser no Pelourinho, foi uma forma de reconquistar o espaço para os negros. Rodrigo acredita que empreendedores negros e a população preta de Salvador está ressignificando o lugar que já foi de dor para o nosso povo: “O próprio negro ressignifica esse espaço que também deve ser de potência, sem esquecer a história do lugar, mas a gente precisa ocupar e deixar registrado que lá, como qualquer outro lugar, é nosso por direito.”
Mas quem acompanha a rotina de Rodrigo França sabe que ele não é uma pessoa de fazer um projeto por vez. Além da abertura do restaurante, ele está em cartaz com o espetáculo “Meus dois pais”, no Rio de Janeiro, e ainda nesta semana começa a filmar a terceira temporada de “Arcanjo Renegado”, da GloboPlay.
Em julho, ele lança mais um livro infantil. Já em agosto, ele se prepara para estreia da série “Humor Negro”, da Multishow e Globoplay, no qual ele é diretor, e a peça “Para meu amigo branco”, baseada no livro de Manoel Soares.
Para dar conta de tudo isso, Rodrigo conta com equipes, formadas por 90% negros, que o ajuda em cada projeto e nas decisões. Ele diz que esse ritmo traz estresse e cansaço, mas que ele tenta não passar para as pessoas que trabalham com ele e nem para os clientes, por isso sempre tira um tempo para descansar e cuidar da saúde mental e espiritual. “Férias, pra mim, é desligar de tudo pra dar conta de um ano que é de muito trabalho”, contou o empreendedor.
Confira a entrevista completa:
O que podemos esperar do Àmàlá e como foi o processo de surgimento do restaurante?
Àmàlá tem uma pesquisa de afeto, acolhimento. E acolhimento também é uma comida gostosa, afetiva, que gera memórias e ensinamento, porque estamos falando de comida ancestral. Uma comida que existe há séculos e vem contemplar o contemporâneo, mas uma comida gostosa e feita por pessoas que amam o que fazem, que entendem a culinária como um aspecto cultural forte.
Por que o nome Àmàlá e como decidiram que seria no Pelourinho?
Àmàlá porque é uma comida sagrada, de suma importância pra quem é de Axé, porque tem uma sonoridade que nos lembra o verbo amar, e no Pelourinho porque, junto com outros empresários negros, a gente precisa entender que aquele espaço também é nosso. Um espaço que começa de dor com a população negra, e hoje, o próprio negro ressignifica esse espaço que também deve ser de potência, sem esquecer a história do lugar, mas a gente precisa ocupar e deixar registrado que lá, como qualquer outro lugar, é nosso por direito.
Para você, qual a importância de restaurantes que exaltam e mantêm viva nossa ancestralidade e cultura preta?
A cozinha sempre foi um espaço de potência para nós, negros. Não um espaço de subalternidade. Pra maioria das casas de famílias negras, a cozinha é o melhor lugar, de afeto, conversa e carinho. Cozinhar significa colocar, imprimir na comida o melhor que a gente tem. Quando a gente pensa em gastronomia, a gente está falando sobre a ética e estética de um povo, valores culturais de um grupo. Colocar essa culinária afro-brasileira num cardápio, é uma das formas de sinalizar que estamos presentes, que é uma culinária muito viva. Estamos nos terreiros, nas residências e estamos nos melhores restaurantes. Feito pelos nossos e onde também os nossos são donos do espaço.
A procura de espaços (restaurantes, bares e afins) comandados por pessoas negras vem aumentando cada vez mais, você acha que estamos vivendo um bom momento para o empreendedorismo preto?
Acredito que cada vez mais a comunidade negra está entendendo a importância e o que é black money, esse dinheiro que gira entre a gente, entendendo que a gente não vive em uma democracia racial e que existe um apartheid socioeconômico. O dinheiro só está na mão da branquitude. Então, comprar produtos, consumir serviços de gente preta é também possibilitar economicamente que diminua essa distinção econômica que existe no Brasil. A gente vai encontrar as melhores comidas, os melhores serviços, os melhores produtos também das mãos de pessoas pretas. A negritude já está atenta a isso.
Você já tinha interesse em entrar no ramo culinário ou foi uma oportunidade que surgiu na sua vida de repente?
Sou de uma família onde os homens cozinham, então a comida pra mim sempre esteve presente desde criança, cortando a cebola pro meu pai cozinhar. A necessidade de expandir da arte, da cultura, pra gastronomia foi por conta de primeiro, gerar empregabilidade pra muitos artistas que estavam na entressafra de trabalho. Comecei com restaurante no Rio de Janeiro, pensando em um público que lotava o teatro em que eu estava presente, e não tinha pra onde ir, ou que ia a um restaurante sem o menor compromisso com a negritude, levar o seu dinheiro, aí pensei: esse público pode levar esse dinheiro de volta pra mão preta. Essa necessidade vem daí, de gerar empregabilidade, e o público negro que consome cultura possa usar o seu dinheiro pra serviços e produtos de negros que geram cultura, e aí a gente acaba estabelecendo um black money.
Além da abertura do restaurante, você está em cartaz com o espetáculo “Meus dois pais”, vai começar a filmar a terceira temporada de “Arcanjo Renegado”, está nos preparativos finais para a estreia de “Humor Negro” e ainda vai lançar um livro. Você pode falar mais um pouco sobre seus trabalhos e como faz para dar conta de tudo na sua rotina?
Eu tenho equipes extraordinárias, estou em todos os processos, embora não seja uma pessoa centralizadora, as decisões estão nas minhas mãos, mas sempre a partir de uma escuta. Esse Rodrigo que faz não tem a ver com mérito, isso é sempre importante sinalizar. Sou de uma família preta, de classe média, que pôde me instrumentalizar na educação, e é uma exceção à regra quando a gente pensa em uma relação socioeconômica.
E consciência tem a ver com a minha militância, não posso negar um trabalho que vai difundir dezenas, centenas de empregos. Trabalhar comigo, em todas as pontas, significa mais de 90% de profissionais negros. Então traz cansaço, estresse, mas vale a pena e o mais importante é que esse cansaço não vá para as pessoas com quem trabalho, para os clientes. Eu paro e descanso. Férias, pra mim, é desligar de tudo pra dar conta de um ano que é de muito trabalho. E cada vez mais estou cuidando da minha saúde espiritual, mental, em dia, pra conseguir seguir.