Até os dias de hoje a homossexualidade é crime, punível com prisão em Uganda! Em 2010 um jornal ugandense, chamado “The Rolling Stone”, publicou uma lista com 100 nomes de homossexuais e incitou seus leitores a enforcar os mencionados. Baseando-se neste episódio, e em outros com o mesmo teor homofóbico, o roteirista britânico Chris Urch deu vida a peça “O Jornal – The Rolling Stone”.
Lázaro Ramos e Kiko Mascarenhas
A montagem que estreou em 2015, em Londres, agora aterrissa no Teatro Poeira, no Rio de Janeiro. No Brasil Kiko Mascarenhas e Lázaro Ramos são os produtores da peça, além de ocuparem a direção e codireção, respectivamente. O elenco é formado pelos atores: André Luiz Miranda (Joe), Danilo Ferreira (Dembe), Heloísa Jorge (Mama), Indira Nascimento (Wummie), Marcella Gobatti (Naome) e Marcos Guian (Sam).
A peça conta a história de um amor proibido que acaba por afetar a vida de todos ao redor. Após a morte do pai, três irmãos – Joe, Dembe e Wummie – precisam reconstruir suas vidas.
Joe se prepara para ser reverendo enquanto Dembe e Wummie estudam para progredir diante da desigualdade. Dembe conhece Sam e eles se apaixonam. Condenados pela lei, pela sociedade e pela religião, eles terão de optar entre se separar ou arriscar a própria vida para viver esse amor.
Danilo Ferreira (Dembe) e Marcos Guian (Sam)
“O Jornal – The Rolling Stone” está em cartaz desde o dia 3 de novembro de 2017 e vai até o dia 25 de fevereiro de 2018 – de quinta a sábado, às 21h, e domingo às 19h, exceto feriados de Natal, ano novo e carnaval. No Teatro Poeira – Rua São João Batista, 104, Botafogo, Rio de Janeiro (RJ). Ingressos R$80 inteira e R$40 meia, à venda na bilheteria do teatro ou pelo site www.tudus.com.br.
A comunidade negra é ignorada até em ações que tem o propósito de diminuir o racismo. Cresce a lista de casos onde se pensa no receptor da mensagem enquanto pessoa branca, ignorando o negro como leitor, ouvinte, consumidor ou expectador.
O caso do Criança Esperança foi exemplar nesse sentido. Um jogo emocional, envolvendo crianças negras, tinha com o objetivo fazê-las falar sobre o racismo, como se isso fosse algo desatrelado a tristeza, recordações ruins, vergonha e até humilhação. Resultado: crianças e adolescentes negros chorando, muito.
Outro projeto de repercussão foi o da exposição Exhibit B, onde pessoas negras reais faziam parte da mostra, usando algemas, correntes e grilhões. Tudo em nome da reflexão por uma sociedade racialmente consciente. Mas como pessoas negras se sentiriam vendo isso? Ninguém nunca se pergunta.
Exhibit B (Foto: Divulgação)
O caso mais recente é a exposição Pourquoi pas? (Por que não? ) , de Alexandra Loras, negra, jornalista, palestrante e ex-consulesa da França, no Brasil e uma das fontes preferidas dos jornalistas brasileiros para falar sobre racismo. O evento está dando o que falar nas redes socais muito antes do seu lançamento.
A mostra, que será inaugurada no dia 2 de dezembro, em São Paulo, apresenta 20 retratos de personalidades brancas que tiveram seus rostos escurecidos (sim black face) por meio da manipulação digital e que de acordo com o material da campanha, ganharam traços “afrodescendentes”. Donald Trump, William Waak, Michel Temer, Ana Maria Braga, Dilma Rousseff e até o prefeito de São Paulo, João Dória, foram os rostos escolhidos para a exposição.
Exposição Pourquoi pas?
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O projeto foi abraçado por donos de galeria de artes de São Paulo, mas não pela comunidade negra, que está indignada.
“Ser preto não é ser pintado de preto. Pintar personalidades de preto, não é provocador… é caricato, inútil, cafona e não diz nada para ninguém. Nem para o preto é muito menos para o branco”, alerta a militante e arquita Joice Berth em um post no seu perfil no Facebook.
“Há um processo incessante de reconstrução do imaginário negro que foi perdido. Produzir imagens de pessoas brancas pintadas de “negras” é um retrocesso na luta de regaste e valorização da população negra. Não faz sentido algum atribuir negritude à figuras que potencializam o genocídio das pessoas negras. Não há“, protesta Renata Martins cineasta, roteirista premiada e criadora do projeto Empoderadas.
E muitas críticas foram feitas diretamente no Instagram da Alexandra.
Reprodução : Instagram
Arte Ativismo a serviço de quem?
A proposta do “black face em nome de uma causa”, é de acordo com o panfleto de divulgação, trazer “uma dose de humor e ironia sobre o protagonismo do negro na história”.
Para Envio, grafiteiro e curador da exposição, o que se pretende é levar a reflexão sobre quais seriam as nossas posturas se esses nomes importantes da sociedade fossem negros. “Será que faríamos os mesmos comentários preconceituosos? Trataríamos os diferentes da mesma forma?”.
Loras que também escreveu o polêmico livro Racismo Gourmet, optando mais uma vez em usar o humor, para como ela mesma disse na época “elevar o debate sobre mulheres negras” (sic) , tenta agora mostrar uma realidade invertida para provocar uma reflexão.
“Apresento uma realidade invertida para provar como estamos longe de uma democracia racial, que só acontecerá de fato quando tivermos 54% da população negra do Brasil no Congresso, na Mídia e em cargos de liderança“, argumenta a ex-consulesa em sua conta no Instagram.
Outra curiosidade da exposição é a lista de convidados, que aparecem com fotos no material de divulgação do evento, mas algum dizem não terem sido formalmente convidados. Os Youtubers Murilo Araujo, Gabi Oliveira e Nataly Neri foram alguns desses casos e sua agente Egnalda Côrtes emitiu um comunicado oficial sobre o assunto:
“A imagem deles é vinculada a essa exposição é equivocada e mal intencionada, visto que se trata de produtores de conteúdo digital conhecidos por seu ativismo, sendo assim a associação de imagem chancela uma exposição que não representa os ideais defendidos pelos influenciadores digitais citados“, explica a empresária.
Já passou da hora de projetos com temáticas raciais serem provocações. Racismo é crime, e não tem nada de descontraído nisso.
Com que frequência, quando você critica alguma iniciativa ou atitude, a pessoa criticada te diz: “Você está falando isso porque você não entendeu nada do que eu disse/fiz”? Se você é uma mulher ou uma pessoa negra, imagino que essa situação não seja uma novidade. Se você for uma mulher negra, essa é quase uma constante.
Nesse novembro, mês da Consciência Negra aqui no Brasil, tivemos várias iniciativas: feiras, festas, encontros, shows, palestras… Tudo, aparentemente, visando exaltar a contribuição negra para a construção de nossa nação. Neste período tivemos iniciativas acertadas e equivocadas, como quase todo ano.
Tivemos também pessoas negras, principalmente mulheres, tomando a frente em discutir e apontar as atividades que colocam negros em situações pouco confortáveis, para dizer o mínimo. Como quando professores decidem recriar navios negros em peças infantis escolares, ou representar negros através de cabelos com palha de aço.
Mães negras, cada vez mais atentas a essas questões, têm até mesmo reportado nas redes sociais a luta que travam pra que o corpo docente das escolas de seus filhos entenda que, mesmo feita de “boas intenções”, essas atividades que retratam de forma pejorativa nossos traços, ou que ligam os negros unicamente a escravidão, são sim racistas. E o que muitas ouvem? “Não é isso! Você não entendeu nada!”.
Imagem da mostra ‘Pourquoi pas?’ que retrata Dilma Rousseff como negra
Não coincidentemente, esta foi, trocando em miúdos, a resposta dada por Alexandra Loras – ex-consulesa da França – quando, ao apresentar algumas imagens da mostra ‘Pourquoi pas?’, que será lançada em dezembro, foi alertada sobre a prática do blackface que essas trazem a tona. Loras tem postado em sua conta no Instagram imagens de homens e mulheres brancos e famosos, digitalmente transformados para parecerem negros.
O blackface é uma prática de mais de 100 anos que começou no teatro e circo, se estendeu para a TV e cinema. Sua principal característica é a de pintar pessoas brancas com tinta preta ou marrom para representar negros. Além disso, os traços negroides, como boca, nariz e até pé, peito e bunda são extremamente exagerados, fazendo com que pessoas negras sempre sejam retratadas de forma ridicularizada e desproporcional. O blackface também coloca o personagem negro como desastrado, desengonçado, preguiçoso, mau caráter, perigoso. Tudo ligado ao negro era ruim. Lidamos com a herança desta prática racista até hoje.
Imagem da mostra ‘Pourquoi pas?’ que retrata William Waack como negro
Sendo assim, ver pessoas brancas tendo seus traços naturais modificados, sua pele escurecida, fez muitas pessoas negras entenderem esta iniciativa como um “blackface moderno”. Algo que retoma uma prática que nos ridicularizou e tirou nosso protagonismo por muitos anos em diversos seguimentos artísticos, uma vez que, quando o blackface era uma prática em pleno vigor, pessoas negras eram impedidas de atuar.
Porém, não é assim que Alexandra e sua equipe enxergam. E, para explicar esta exposição, a mesma fez uma postagem em suas redes sociais. Entre outras coisas, o texto diz : “(…)a exposição apresenta 20 retratos de personalidades brancas que tiveram seus tons de pele escurecidos por meio de manipulação digital e ganharam traços afrodescendentes, entre elas Donald Trump, Rainha Elizabeth II, William Waack, Marilyn Monroe, Silvio Santos, João Doria, Dilma Rousseff, Michel Temer, Geraldo Alckmin, Xuxa e Gisele Bündchen. Nesse mundo “invertido”, Alexandra propõe, com uma dose de humor e ironia, uma reflexão mais profunda sobre o protagonismo do negro na história. ‘Será que faríamos os mesmos comentários preconceituosos? Teríamos as mesmas posturas? Tomaríamos as mesmas decisões? Trataríamos os diferentes da mesma forma?’”.
Imagem da mostra ‘Pourquoi pas?’ que retrata Xuxa como negra
Confesso que quando vi essas imagens fiquei extremamente incomodada! Me senti ridicularizada. Então será que fui eu que não entendi o proposito “educativo” das fotos? Será que todos que identificaram o blackface desta futura exposição não são “evoluídos” ou “instruídos” o suficiente para entender o conceito?
Blackface não é educativo! O que ele faz é nos ridicularizar enquanto pessoas negras e tirar nosso protagonismo. É exatamente isso que essas imagens fazem! No texto que explica a exposição diz-se que a iniciativa propõe uma reflexão sobre o “protagonismo negro na história” e se, caso essas figuras fossem realmente negras, nossa sociedade teria a mesma postura. Então, será que se a Gisele Bündchen fosse negra o Brasil continuaria racista? .
Nossa sociedade é racista não é por falta de protagonismo preto! O racismo é que nos tira esse protagonismo! Entender o racismo no Brasil e lutar contra ele, é entender que muitos negros e negras com talento foram e são apagados da nossa história, é entender que tivemos guerreiros e guerreiras e que nosso país foi e é construído por mãos pretas. Isso significa dizer que não nos falta talentos, pra que eles sejam recriados ou forjados em pessoas brancas famosas, nos falta reconhecimento, oportunidade. Nos falta justiça!
Imagem da mostra ‘Pourquoi pas?’ que retrata Ana Maria Braga como negra
E caso Gisele Bündchen , Xuxa, Willian Waack, Dilma, Ana Maria Braga, Jô Soares ou qualquer outro dessa lista, fossem pessoas negras, é provável que nem saberíamos de suas existências. Eles não teriam se tornado as estrelas que são e outras pessoas brancas estariam em seus lugares. É isso que chamamos de “privilégio branco”, algo amplamente discutido por quem de fato está comprometido pela luta contra o racismo no país. Será que Alexandra Loras estava ouvindo quando as militantes, produtoras de conhecimento, mulheres e homens negros brasileiros, estavam falando?
Eu entendi sim a exposição, por que tenho plena capacidade de entendimento. E não concordo com ela! Não concordo porque não precisamos inventar ícones negros em pessoas brancas, não precisamos criar uma história que não existe onde nosso protagonismo é retirado. Isso não é eficaz na luta antirracista, muito menos trás uma reflexão que contemple de verdade a população negra. Precisamos valorizar nossa história e nosso povo, atacar na estrutura racista nos dando vez e voz!
Transição capilar é muito mais que uma mudança estética. A gente volta para infância, lembra das piadas, a gente pensa no presente sobre o que fazer, como sair para trabalhar e no futuro, com dúvidas de como é o nosso cabelo natural.
E com a cantora Ludmilla não foi diferente. Desde os 7 anos ela alisava os fios. A idade recomendada pelos médicos é acima dos 12 anos.
Hoje a revista Cosmopolitan revelou a primeira foto da cantora com seus cabelos lindos e naturais.
“Como a maioria eu quando criança achavam o cabelo crespo e enrolado a coisa mais feia do mundo”, relatou a cantora um vídeo publicado em Abril, onde ela anunciou o que estava em processo de transição capilar.
https://www.youtube.com/watch?v=EWi7q-3DoZQ
O Lace Front, surgiu na vida da cantora para reparar os danos que a deixaram praticamente careca.
Mesmo sofrido e mais tendo prazos mais longos para uma do que para outra, a transição capilar traz uma uma sensação de liberdade e verdade consigo mesma, afinal, muitas mulheres negras pularam das tranças quando crianças para a química na adolescência e fase adulta, não sabendo a cor e a textura do seu cabelo real.
Rihanna e sua mega linha de maquiagem Foto: Instagram
2017 é o ano da Rihanna. Premiação na Harvard, quebra de record na Bilboard e agora, sua marca Fenty Beauty foi considerada pela revista Time, uma das mais conceituadas publicações nos EUA, com uma das principais invenções de 2017. E o reconhecimento é merecido por diversos fatores.
Rihanna como negra entende a complexidade de se achar maquiagens para quem está fora do perfil euro-centrado. Mas ao invés de fazer uma maquiagem só para negras, ela criou uma paleta de cores que englobam todas, negras, brancas, asiáticas e até albinas. Esse propósito de pertencimento que a marca confere as suas consumidoras fez com que a Fenty Beauty se tornasse um divisor de águas na indústria da maquiagem com um preço similar ao de marcas consagradas como a MAC.
“As opções são ilimitadas no mundo da beleza e eu amo desafios, então eu vou continuar me divertindo e quebrar barreiras dessa indústria”, disse a cantora a Times.
E o cuidado com suas consumidoras foi além da paleta generosa de cores. As matérias primas focam na hidratação e componentes anti-alérgicos. O design de toda a linha não pode ser ignorado. Todos os produtos têm formatos diferenciados e exclusivos, como o batom que lembra uma embalagem de esmalte.
Negra, linda, humanitária, empreendedora de sucesso sem contar seu talento como cantora. Rihanna está com tudo.
A Youtuber Aline Araújo fez um resenha em português da linha Fenty Beauty que você pode conferir clicando aqui.
“Enquanto eu estava no píer, tomando uma cerveja e jantando, diante de um visual impressionante, as pessoas no Brasil me mandavam mensagens perguntando se eu estava seguro, se tinha o que comer e se não tinha sido atacado por um leão”, conta Gustavo Leutwiler Fernandez, embaixador da African Impact no Brasil, voluntário na África do Sul, em 2013, trabalhando em um hospital infantil; no Zimbábue, em 2014, atuando na Comunicação e Marketing de uma ONG voltada à preservação ambiental; e em 2016, vivendo junto à tribo Hamar, no sul da Etiópia.
Com o objetivo de compilar suas experiências neste trabalho voluntário, Gustavo lançará o livro “Africanamente: o que vivi e aprendi como voluntário na África” (Autografia Editora). Para o autor, ser voluntário da oportunidade de entrar em contato com outros povos e culturas, mudar estereótipos que enclausuram – estes mesmo estereótipos que fizeram seus amigos se preocuparem tanto – e obter o autoconhecimento para encontrar propósitos de vida.
Zimbabue
No livro ele narra, por exemplo, a emoção que sentiu ao se despedir dos garotos que estavam internados no hospital onde trabalhou. “Desabei em lágrimas, desesperado porque estava indo embora. Enquanto isso, as crianças me olhavam com um misto de curiosidade e indiferença. Percebi que aquele período em que fui voluntário mudou minha vida, mas, para eles, foram dias comuns, como todos os outros. Assim como eu, centenas de outros voluntários chegam e vão embora a toda hora.”
O lançamento do livro “Africanamente: o que vivi e aprendi como voluntário na África” , com sessão de autógrafos, acontece no dia 7 de dezembro, às 18h, no Pastucada Livraria Bar & Café – Rua Luís Murat, 40 , Pinheiros, São Paulo (SP).
A Cia. Sansacroma, companhia de dança foi criada no Capão Redondo, na periferia sul de São Paulo, comemora seus 15 anos de atividade em 2017. O grupo trava ações de resistência através da dança e da arte e, esse ano, trás ao público o “Negritudes convergentes: danças independentes” que ocupa a Sala Renée Gumiel do Complexo Cultural Funarte SP – Alameda Nothmann, 1058 – Campos Elíseos, São Paulo – SP, até o dia 26 de novembro.
A programação do projeto apresenta ao público um panorama artístico diverso, que questiona padrões hegemônicos relacionados à noção de corpo, processo e estética. “A dança protagoniza uma trama diversa na qual periferias e centros se encontram, se chocam e se retroalimentam, construindo um território que é multifacetado no que diz respeito aos percursos de concepção, pesquisa e criação artística, assim como distintas visões sobre conteúdos e contextos para o fazer arte”, explica Gal Martins, diretora da Cia. Sansacroma.
Entre as atividades da “Negritudes convergentes: danças independentes” estão espetáculos, rodas de conversa e oficinas de dança. Para os espetáculos na sala Renée Gumiel o valor é de R$ 10 (inteira), R$ 5(meia) e gratuidade para moradores da região dos Campos Elísios com comprovante de residência. Já para os espetáculos externos e oficinas a entrada é gratuita.
Programação:
Dia 22 de novembro, às 19h30 – Espetáculo: Encruzilhada – (Fragmento Urbano)
Duração: 55 minutos Faixa Etária: Livre Local: Área externa
“Encruzilhada” é um espetáculo de dança sobre a atualidade, a ressignificação da ancestralidade, os espaços urbanos e propostas de numa nova consciência corporal e política, em movimento propõe um ato de resistência das periferias, dos mestres da cultura popular e do Hip Hop pouco reconhecidos.
Dia 24 e 25 de novembro, às 21h00 e dia 26 de novembro, às 18h30 – Espetáculo: “Sociedade dos Improdutivos” – Cia. Sansacroma
Duração: 50 minutos Faixa Etária: 14 anos Total de lugares: 40 Sala Renée Gumiel
O questionamento central do espetáculo contrapõe o corpo que é socialmente invalidado ao corpo que é socialmente produtivo. O primeiro é marginal portador de algum tipo de loucura. O segundo é medicado, incluído e sujeitado ao modo de vida capitalístico – corpo explorado até o esgotamento das suas capacidades produtivas. Trata-se da invalidez da reprodução. Força invisível chamada de loucura, transcender coletivo. A não-adequação social produtiva. É solidão. É a história, um itinerário da loucura em fusão para um embate contra o capital. O controle ocidental contrapondo a corporeidade do imaginário africano. São vozes potentes, negras, de territórios e seus povoamentos. Um cotidiano dos que estão à margem e dos que não estão. São vozes da “Sociedade dos Improdutivos”.
Dias 22 e 23 de novembro, das 20h30 às 21h00 – Espetáculo: Sangue, de Flip Couto
Duração: 30 minutos
Tendo como ponto de partida o ambiente dos Bailes Black dos anos 70, festas de bairros, reuniões de famílias negras e as diversas relações presentes no dinâmico cotidiano das cidades, a obra busca criar um ambiente relacional tendo o auto depoimento como disparador de sensações, sonoridades, gestos, imagens e ritmos. Estímulos esses que criam um fluxo de improvisação através da troca de contaminações, culminando assim em um resgate/transformação das memórias de cada um. O processo da obra traz como poética a experiência dos vínculos pré-estabelecidos entre público e obra que se encontram e se diluem em um mesmo espaço, podendo se transformar numa coisa só.
Dias 22 e 23 de novembro, das 21h00 às 21h30 – “Sentir na Pele” – Tiago S. Meira (Boogaloo Begins)
Faixa etária: Livre Local: Sala Renee Gumiel
Corpo negro, corpo este que por ações opressoras transformou-se, e em sua negritude afirmou-se. Sentir na pele, é o negro do passado no presente, o ancestral no descendente, e questiona este corpo na sociedade em que vive. Tiago S. Meira ou como é conhecido no ambiente artístico “Boogaloo Begins”, licenciado em dança, pesquisador e arte-educador em dança. Integra o grupo Chemical Funk desde 2006. Atualmente também desenvolve um trabalho como arte-educador no programa Fábricas de Cultura, ministrando aulas de Danças Urbanas para turmas de crianças, adolescentes e adultos.
Dia 24 de novembro, às 10h – Oficina: Dança materna para mães e bebês de colo e engatinhantes – com: Priscila Obaci
30 vagas Duração: 120 minutos gratuito Local: Sala Renée Gumiel
Não há necessidade de inscrição prévia.
A Cia. Sansacroma, companhia de dança foi criada no Capão Redondo, na periferia sul de São Paulo, comemora seus 15 anos de atividade em 2017. O grupo trava ações de resistência através da dança e da arte e, esse ano, trás ao público o “Negritudes convergentes: danças independentes” que ocupa a Sala Renée Gumiel do Complexo Cultural Funarte SP – Alameda Nothmann, 1058 – Campos Elíseos, São Paulo – SP, até o dia 26 de novembro.
A programação do projeto apresenta ao público um panorama artístico diverso, que questiona padrões hegemônicos relacionados à noção de corpo, processo e estética. “A dança protagoniza uma trama diversa na qual periferias e centros se encontram, se chocam e se retroalimentam, construindo um território que é multifacetado no que diz respeito aos percursos de concepção, pesquisa e criação artística, assim como distintas visões sobre conteúdos e contextos para o fazer arte”, explica Gal Martins, diretora da Cia. Sansacroma.
Entre as atividades da “Negritudes convergentes: danças independentes” estão espetáculos, rodas de conversa e oficinas de dança. Para os espetáculos na sala Renée Gumiel o valor é de R$ 10 (inteira), R$ 5(meia) e gratuidade para moradores da região dos Campos Elísios com comprovante de residência. Já para os espetáculos externos e oficinas a entrada é gratuita.
Programação:
Dia 22 de novembro, às 19h30 – Espetáculo: Encruzilhada – (Fragmento Urbano)
Duração: 55 minutos Faixa Etária: Livre Local: Área externa
“Encruzilhada” é um espetáculo de dança sobre a atualidade, a ressignificação da ancestralidade, os espaços urbanos e propostas de numa nova consciência corporal e política, em movimento propõe um ato de resistência das periferias, dos mestres da cultura popular e do Hip Hop pouco reconhecidos.
Dia 24 e 25 de novembro, às 21h00 e d ia 26 de novembro, às 18h30 -Espetáculo: “Sociedade dos Improdutivos” – Cia. Sansacroma
Duração: 50 minutos Faixa Etária: 14 anos Total de lugares: 40 Sala Renée Gumiel
O questionamento central do espetáculo contrapõe o corpo que é socialmente invalidado ao corpo que é socialmente produtivo. O primeiro é marginal portador de algum tipo de loucura. O segundo é medicado, incluído e sujeitado ao modo de vida capitalístico – corpo explorado até o esgotamento das suas capacidades produtivas. Trata-se da invalidez da reprodução. Força invisível chamada de loucura, transcender coletivo. A não-adequação social produtiva. É solidão. É a história, um itinerário da loucura em fusão para um embate contra o capital. O controle ocidental contrapondo a corporeidade do imaginário africano. São vozes potentes, negras, de territórios e seus povoamentos. Um cotidiano dos que estão à margem e dos que não estão. São vozes da “Sociedade dos Improdutivos”.
Dias 22 e 23 de novembro, das 20h30 às 21h00 – Espetáculo: Sangue, de Flip Couto
Duração: 30 minutos
Tendo como ponto de partida o ambiente dos Bailes Black dos anos 70, festas de bairros, reuniões de famílias negras e as diversas relações presentes no dinâmico cotidiano das cidades, a obra busca criar um ambiente relacional tendo o auto depoimento como disparador de sensações, sonoridades, gestos, imagens e ritmos. Estímulos esses que criam um fluxo de improvisação através da troca de contaminações, culminando assim em um resgate/transformação das memórias de cada um. O processo da obra traz como poética a experiência dos vínculos pré-estabelecidos entre público e obra que se encontram e se diluem em um mesmo espaço, podendo se transformar numa coisa só.
Dias 22 e 23 de novembro, das 21h00 às 21h30 – “Sentir na Pele” – Tiago S. Meira (Boogaloo Begins)
Faixa etária: Livre Local: Sala Renee Gumiel
Corpo negro, corpo este que por ações opressoras transformou-se, e em sua negritude afirmou-se. Sentir na pele, é o negro do passado no presente, o ancestral no descendente, e questiona este corpo na sociedade em que vive. Tiago S. Meira ou como é conhecido no ambiente artístico “Boogaloo Begins”, licenciado em dança, pesquisador e arte-educador em dança. Integra o grupo Chemical Funk desde 2006. Atualmente também desenvolve um trabalho como arte-educador no programa Fábricas de Cultura, ministrando aulas de Danças Urbanas para turmas de crianças, adolescentes e adultos.
Dia 24 de novembro, às 10h – Oficina: Dança materna para mães e bebês de colo e engatinhantes – com: Priscila Obaci
30 vagas Duração: 120 minutos gratuito Local: Sala Renée Gumiel
A queda do jornalista William Waak mostram que a comunidade negra tem usado as redes sociais para se manifestar contra o preconceito e racismo. Hoje, 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, a hashtag #Consciência Negra foi generosamente compartilhada, pelo Twitter Facebook e Instagram.
Nós mesmo fizemos um Moments bem special no Twitter.
Pelo Insta, rede queridinha das celebridades muitos artistas negros e brancos, aproveitaram a data simbólica para falar sobre negritude.
Por meio de perfis, a campanha #NegrasRepresentam tem o objetivo de apresentar os pensamentos de mulheres negras em diversas esferas sociais e como suas ações vem propondo mudanças na realidade racial do país.
Sabemos que ainda não é comum a presença feminina negra nas exatas, mas Sônia Guimarães traz um acalanto ao nosso coração em uma área onde as mulheres negras que realizam pesquisas voltadas para ciências exatas são pouco mais de 5.000, ou 5,5%. PhD em Física da Matéria Condensada, mestre em Física Aplicada e conselheira Fundadora da ONG afrobras, responsável pela Universidade Zumbi dos Palmares, única da América Latina a ter 90% de seus alunos negros.
Estamos falando da dona do primeiro título de doutorado em física concedido a uma mulher negra brasileira, pelo site Black Women of Brazil. Professora de Física no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), uma das instituições de ensino mais conceituadas e concorridas do país, setor sobre a responsabilidade do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial – DCTA.
Como a população negra pode mudar a ciência para melhor?
A população negra pode mudar a ciência para melhor fornecendo diversidade nas idéias, a ciência é basicamente dominada por homens brancos, isso é uma grande limitação, mais cabeças pensam melhor, e maior diversidade irá trazer maior criatividade, pesquisa em maior número de áreas, e com certeza melhores resultados sobre perspectivas até então não imaginadas.São as experiências e os por quês que movem a criatividade e mente humana, a ausência de questionamentos presentes em vivencias outras acabam por não enriquecer algo tão fascinante como a ciência.
Na Bahia, o projeto Oguntec do Instituto Cultural Steve Biko tem como missão fomentar e popularizar a ciência e a tecnologia, junto a estudantes de escola pública. O que te fez escolher a física?
Sempre gostei de matemática, e cursando o cursinho para o vestibular me apaixonei por física, e todas as suas possibilidades… Mas na realidade o que queria mesmo como primeira opção seria fazer engenharia civil, pois fiz técnico em edificação no nível médio… No meu tempo tínhamos 16 opções para o vestibular, sendo que 13 eram engenharias, para não deixar nada vazio, preenchi o resto com físicas, e peguei minha penúltima opção… No meu segundo ano de física, entrou curso de engenharia civil em minha universidade, mas nesse ano estava cursando física moderna e física do estado sólido, que são minhas paixões até hoje, sou doutora em semicondutores, daí a paixão venceu… A minha tentativa de trabalhar com as meninas das escolas públicas foi infrutífera, elas acham ciências, principalmente física, muito difícil, reclamaram que geralmente o professor é ruim… Dei 2 palestras para estudantes de física e entre 20, somente um levantou o braço, quando eu perguntei que vai ser professor do nível médio, mas logo ele abaixo o braço, a situação está bem complicada, não existe nenhum incentivo para as ciências…
O que você diria a mulheres negras que queira seguir os seus passos?
Meninas veeeenham, pois precisamos muuuito de vocês… Precisamos criar a diversidade de raça e gênero, senão a ciência brasileira vai se resumir a um montão de homens brancos fazendo teoria que não leva nada a lugar nenhum… O olhar e coragem de vocês é a formula para uma ciência mais humanizada e de impacto na vida cotidiana.
Por meio de perfis, a campanha #NegrasRepresentam tem o objetivo de apresentar os pensamentos de mulheres negras em diversas esferas sociais e como suas ações vem propondo mudanças na realidade racial do país.
Emanuelle Freitas Góes. Enfermeira, candomblecista sempre soube que seria uma profissional da saúde. Se realizou enquanto enfermeira
Qual importância do sistema universal de saúde para a população negra no Brasil?
Os serviços do SUS atendem majoritariamente a população negra, no entanto o Sistema Único de Saude está longe de cumprir os seus princípios de equidade, universalidade e integralidade. Um sistema de saúde que abarca estes princípios precisa de nossa atuação para fortalecer a sua implantação, atualmente estamos vivendo o sucateamento do SUS que ainda está em processo de implementação e que apresenta profundas disparidades em saúde quando observamos os indicadores de gênero, raça, classe e região. O reconhecimento das desigualdades em saúde e do racismo institucional com estratégias de criação de uma Politica, por exemplo só fortalece os princípios do SUS, estou falando aqui especificamente da Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da População Negra.
A discriminação no sistema público de saúde é mais sentida por negros do que brancos. Como você ver a desigualdade racial na saúde?
A garantia do acesso livre de qualquer tipo de discriminação e do racismo institucional deveria ser visto pelo gestores do SUS (em todas as esferas: municipal, estadual e federal) como uma meta a ser alcançada, “eliminação da discriminação e do racismo institucional”. Porque as barreiras no serviço estão relacionadas a discriminação, o processo de adoecimento e morte que muitas vezes são preveniveis tem em conta isso, o tratamento é definido de acordo com o perfil do/a usuário/a, neste sentido a população negra apresenta desvantagens a todo tipo de acesso, seja em relação aos serviços de promoção e prevenção, aos cuidados das doenças crônicas ou as mortes violentas.
Como a enfermeira que você se tornou, contribuir para atender às demandas da população?
Eu me tornei enfermeira para isso, cuidar das demandas da população negra, em especial as mulheres negras. Passei por várias instâncias de atuação (assistência, gestão, organismo internacional, docência, organização não governamental e pesquisa) e sei da importância de cada uma, fui enfermeira assistente (meu primeiro trabalho) na atenção ao planejamento reprodutivo e pré-natal e foi neste momento que descobrir o que tinha que fazer atuando como uma ativista pela saúde da população negra independente do lugar em que ocupo, pois, meu ativismo é a égide que me movimenta.