Home Blog Page 1268

“O Caso do Homem Errado” está entre os 22 filmes brasileiros pré-selecionados para a vaga de representante oficial na premiação do Oscar

0


A diretora Camila de Moraes e a produtora Mariani Ferreira relembram um crime ocorrido em Porto Alegre que gerou bastante polêmica na década de 80. O operário negro Júlio César de Melo pinto foi executado por policiais militares após ser confundido com um assaltante de supermercado. A história ficou conhecida como “O Caso do Homem Errado“.

O longa-metragem está entre os 22 filmes brasileiros pré-selecionados para a vaga de representante oficial brasileiro na premiação do Oscar.

Alguns internautas se posicionaram sobre o assunto, como Nelson Maca, que afirma “ter saído da comodidade da poltrona” com o filme. “Esse filme me lança na vida! Que é um filme essencial, eu já sabia. Eu sinto. Por isso vejo essa indicação não como legitimadora nem avaliadora do filme, mas reconhecedora da força de sua linguagem, ou seja, de sua beleza artística. Insisti tanto nisso: na poesia que, paradoxalmente,´pode e deve haver na representação de nossa tragédia negra cotidiana. E, na minha opinião (de quem igualmente encontrou na arte sua forma de ação direta e contundente), esse filme é, como bem nos ensinou Fela Kuti, também uma nossa arma“.

O documentário apresenta a história de Julio contada por meio de depoimentos, inclusive o de Ronaldo Bernardi, que através de suas fotografias tornou o caso conhecido. Apresenta também o depoimento de Juçara Pinto, viúva do operário.



Cineastas negras têm projetos selecionados para o 9º Brasil CineMundi – Internacional Coproduction Meeting

0
Foto: Leo Lara

A relação de projetos de longas-metragens brasileiros selecionados para o 9º Brasil CineMundi – Internacional Coproduction Meeting foi dominada por mulheres negras. O evento reúne profissionais de diversas partes do mundo para uma rede de contatos e negócios do audiovisual. O programa acontece acontece no âmbito da 12ª CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte, de 28 de agosto a 2 de setembro na capital mineira.

De acordo com a comissão responsável pela seleção dos projetos, o futuro do cinema brasileiro é predominantemente feminino: 12, dos 20 escolhidos, têm a presença de diretoras.

A produtora, diretora e fundadora da Preta Portê Filmes, Juliana Vicente, é uma das mulheres negras que teve destaque. Seu projeto “Cores de Maio”, para um longa-metragem de ficção foi selecionado para a categoria CineMundi. A cineasta paulista dirigiu o curta-metragem “Cores e Botas”, exibido no Festival Iberoamericano de Huelva – 2011 e no Festival de Havana – 2010, e o documentário média-metragem “Leva”, também exibido no Festival de Havana – 2011 e premiado no New York Film Festivals.

Há também projetos selecionados para o 9º Brasil CineMundi que contam com mulheres negras como protagonistas. É o caso da documentarista capixaba Tati W. Franklin, cujo projeto “Toda Noite Estarei Lá”, também foi selecionado para o a categoria Doc Brasil Meeting. E do realizador e montador belo-horizontino Víctor Dias, com o projeto de documentário em longa-metragem “Okaia Dunga – Mulheres Valentes“, selecionado na categoria Foco Minas.

Spartakus Santiago: Excelência negra, do Youtube para TV

0
Foto: Julia Assis

A mídia negra não é novidade no Brasil. Antes mesmo da abolição, comunicadores negros já se mobilizavam para produzir conteúdo relevante para sua comunidade e contestar a sociedade que viviam. Após a chegada da Internet no final dos anos 90, veículos online voltados para negros surgiram timidade (nós inclusive fomos um deles). Já  nos últimos 10 anos, o cenário mudou muito devido ao advento das Redes Sociais, como Facebook e Youtube.

Por meio do seus smartphones muitos comunicadores negros, começaram a usar um espaço massivamente branco e elitizado, para trazer suas narrativas. Alguns pela necessidade de serem ouvidos e contribuir para sua comunidade, muitos por narcismo e fama (assim como muitos brancos).  Dessas centenas de jornalistas, Youtubers, influenciadores, publicitários, poucos conseguiram destaque.

Um dos nomes negros que saiu do status de aspirante a Youtuber para um dos maiores influenciadores negros do país é Spartakus Santiago, de 24 anos. E não é só pela presença de vídeo, beleza e carisma. Ele leva a profissão a sério. Nascido em Itabuna, na Bahia, ele é formado em publicidade pela UFF e em direção de arte pela Miami Ad School em Nova York. Ele corre atrás e já vem colhendo frutos do seu empenho e investimento (ele se mudou para Tijuca no RJ)  e conquistou um programa só seu no canal Futura.

Confira a entrevista exclusiva que ele concedeu a nossa editora, Silvia Nascimento:

Mundo Negro: Quando você percebeu que ser comunicador era a sua praia? Foi uma sugestão de alguém ou algo que nasceu em você naturalmente?

Eu sempre tive talento escrevendo, ganhava concursos no colégio e tal. Mas só decidi seguir nessa profissão quando no meu terceiro ano, um trabalho de matemática que fiz viralizou na internet. Era uma paródia de Lady Gaga e Beyoncé ensinando geometria espacial, que saiu na Globo, SBT, Record, enfim. É o vídeo mais antigo do meu vlog. A partir desse acontecimento, decidi seguir a carreira de comunicador e criativo.

Quais são suas referencias como creator. Quais suas redes sociais favoritas e quem te inspira? Suas pautas são baseadas no buzz?

Eu sempre gostei muito da Jout Jout, assisto bastante o conteúdo do AD Junior, mas meu conteúdo vem de blogs e leituras fora do youtube; leio muito o Geledés, por exemplo. Minha rede social principal é o facebook, pois sua estrutura permite que meus vídeos viralizem, mas hoje em dia prefiro os stories do instagram por proporcionar uma forma mais prática e direta de criar conteúdo. Sim, eu uso muitas vezes o buzz pra fazer minhas pautas serem ouvidas. Uso o interesse das pessoas pela notícia pra criar um aprendizado útil, como uma estratégia pra fazê-las entenderem questões que eu acho necessárias. Mas também tenho vídeos que não são em cima de polêmicas, que por não serem em cima de um acontecimento quente acabam sendo menos conhecidos.

Foto: Julia Assis

Você muitas vezes tuíta sobre a toxidade das redes sociais e comentários permissivos que você recebe. Como você lida com isso? Já chegou a bloquear a sua criatividade? Sofreu alguma ameaça que te tirou o sono?

Comentários racistas e homofóbicos de conservadores são algo constante na minha vida e eu sinceramente nem ligo mais. No início me incomodava mas depois que entendi que é o preço que se paga por falar coisas que desafiam privilégios. O que mais me incomoda hoje é militância tóxica, é aquela pessoa que é dentro do movimento que te vê como inimigo ao invés do patriarcado branco e heteronormativo. Isso aí realmente me faz mal e eu tenho que bloquear pra preservar minha saúde mental. Sim, eu recebo ameaças que às vezes até posto nos meus stories, e isso me dá um pouco de medo de anunciar minha ida a algum lugar, por exemplo. Mas faz parte.

O projeto Influência negra, como surgiu e quais suas expectativas sobre ele? As marcas não se associam a influenciadores negros, sem ser aqueles 2 ou 3 de sempre? Ou vc percebe uma mudança?

O Influência Negra surgiu como forma de lutar contra marcas que reproduzem a falta de representatividade da mídia tradicional no meio digital, escolhendo só influenciadores brancos. Surgiu também como forma de empoderar criadores de conteúdo negros que são invisibilizados pelo racismo dos usuários das redes sociais. Entendo que por ser um homem negro de pele clara tenho privilégios do colorismo e esse projeto é uma das formas que achei pra dar espaço a outros criadores menos privilegiados. Mas o Influência Negra não foi criado só por mim, ele é antes de tudo um coletivo formado por vários criadores: homens, mulheres, negros de pele clara, retintos, heteros, LGBTs, grandes, pequenos, do sudeste e fora dele também. Entre eles, Ana Xongani, Cleyton Santanna, Maíra Azevedo, Camilla de Lucas, AD Junior e etc. É a nossa forma de se organizar e responder em conjunto, seja pra criticar uma campanha racista, seja pra elogiar a representatividade de um comercial, seja pra divulgar algum influenciador pequeno que merece mais atenção. Infelizmente muitas marcas só escolhem influenciadores baseados em números, sem pensar em representatividade; quando escolhem, realmente usam sempre os mesmos. Mas longe de mim querer culpar esses poucos criadores negros contratados, o problema pra mim é a miopia das agências de publicidade que ignoram nosso valor. Eu sei do meu alcance, eu sei da qualidade do meu conteúdo, eu sei do impacto que eu causo na internet e se as marcas preferem se associar a youtubers brancos que twittam piadas racistas, quem perde são elas. Só lamento.

https://www.instagram.com/p/BlOhxQClIoX/?taken-by=spartakusvlog

Por que você acha que canais cujo os donos são notoriamente racistas, não são bloqueados?

Li recentemente uma entrevista do Mark Zuckeberg falando sobre esse problema dentro do facebook. Infelizmente, são empresas com donos brancos que às vezes acham que o racismo é liberdade de expressão, e que lutar contra esse ódio é “censura”. Claramente uma visão de pessoas que não entendem a gravidade desse conteúdo, como ele pode influenciar pessoas a serem cada vez mais preconceituosas e fazer negros serem discriminados. Uma grande irresponsabilidade que pode custar vidas. Mais do que isso, as plataformas não se preocupam em criar pontes nem dar visibilidade a conteúdos com impacto social. Eu me sinto totalmente ignorado. Mas aceito que é o tipo de coisa que vamos passar a vida toda por sermos minoria e tento hackear o sistema.

Vimos que você começou a trabalhar no canal Futura. Como está sendo essa experiência para você. Como chegou esse convite?

Existia um programa antigo no canal chamado Cine Conhecimento, onde um filme era exibido e depois uma apresentadora fazia um comentário cinematográfico sobre ele. O pessoal do futura viu um vídeo meu que viralizou analisando Pantera Negra e resolveram me chamar pra um projeto que buscava renovar esse programa. Agora ele virou o Cineclube Futura, e agora no final do filme há um debate entre eu e outros convidados sobre questões sociais presentes no filme. Terminamos de gravar a primeira temporada agora e foi uma experiência incrível. Os debates foram extremamente relevantes, falamos sobre racismo, machismo, homofobia, aborto, drogas, violência, corrupção, meritocracia, desigualdade, privilégios… todos os temas possíveis. A maior parte da equipe é composta de mulheres, num programa apresentado por um gay negro. E nos debates os convidados são bem diversos: negros, brancos, mulheres, homens, héteros, LGBTs, cis, trans, pessoas do sudeste e fora dele. É uma grande dádiva poder estar nesse projeto, de verdade.

Você fez um vídeo muito legal sobre a solidão do homem negro. Nessa era digital, o relacionamento offline está mais difícil, não só o amoroso, mas o social como um todo?

É um vídeo bem pessoal, que surpreendentemente teve uma resposta bem grande do público. Vários gays negros se identificaram com minha história e se inspiraram com o vídeo, o que eu acho incrível. Eu não acho que o relacionamento offline está mais difícil, na verdade as redes se tornaram até pontes pra que eles sejam possíveis. Se você é gay, a única forma de você conseguir arranjar alguém era ir numa balada gay. Hoje em dia você tem aplicativos de encontros, tem o instagram, o Facebook… É claro que tem pessoas que acabam preferindo as relações digitais, que ignoram as pessoas ao seu redor pra ficar no celular, mas acho que faz parte desse momento onde a sociedade ainda está aprendendo a lidar com toda essa nova tecnologia.

Como você explica o fato dos canais negros no Youtube terem baixo alcance, se somos mais de 54% da população? Você acha que é uma plataforma black-friendly?

Os criadores brancos chegaram nessas plataformas antes de nós, por ter mais poder financeiro pra ter acesso a tecnologia. Agora que nós estamos ocupando esse espaço, o topo já está ocupado por eles. Além disso temos que lidar com o racismo dos usuários, que acham criadores brancos mais bonitos, mais interessantes, mais inteligentes. Somos vistos por muitas pessoas como negros chatos reclamões, até por outros negros. Apesar de 54% da nossa população ser negra, nem todo mundo se interessa por questões raciais ou sabe a importância de apoiar outros negros. Somos educados desde crianças que os brancos são os centros do mundo e muitos de nós reproduzem isso inconscientemente. É preciso descolonizar a mente.

Pelos Stories você diz que está relançando o seu Vlog. O que podemos esperar de novidade?

Meu vlog começou por acidente, quando eu postei um vídeo no meu perfil do Facebook sobre apropriação cultural que viralizou. Como eu era publicitário e tinha pouco tempo livre, durante esse ano eu tinha levado ele como um hobbie, gravando quando dava, sem muita organização. Agora eu larguei a publicidade e meu canal virou meu trabalho principal. Por isso, agora começa a fase profissional do meu vlog. Vou mudar toda a identidade visual, vinhetas, estou fazendo um planejamento de conteúdo e finalmente começarei a fazer colaborações com outros Youtubers. Podem esperar um canal mais completo, com conteúdo mais diverso e cada vez maior.

Reunião de Jovens Negras e Negros pela Inclusão no Mercado de Trabalho acontece dia 23 em São Paulo

0
Foto: Reprodução

Coordenadoria Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade) Nacional e Regional, do Ministério Público do Trabalho (MPT), fará uma Reunião de Jovens Negras e Negros pela Inclusão no Mercado de Trabalho. O evento será realizado na próxima quinta-feira, 23 de agosto, às 10h00, no auditório do MPT, em São Paulo, localizado na Rua Cubatão, número 322 – 3º andar, próximo ao Metrô Paraíso.

Para se inscrever, acesse o site www.prt2.mpt.mp.br ou clique aqui.

Aretha Franklin: Queen Latifah prestou a mais bela homenagem “Você me ajudou a me respeitar “

0

Apesar da importância história e artística de Aretha Franklin, cantora afro-americana que faleceu nessa quinta-feira (16), muitos artistas apenas compartilharam fotos ou vídeos com hashags para homenagear a artista.

Não foi o caso da cantora, atriz e apresentadora Queen Latifah. Visualmente caracterizada como algum personagem, ela deu um tempo nas gravações para fazer uma declaração de amor a Aretha em seu Instagram.

“Descanse em paz e em poder, irmã Aretha Franklin”, ela diz visualmente emocioda. “Muito obrigada por todo sua influência positiva para nós como pessoas e nação, você deixou sua marca no mundo”.

https://www.instagram.com/p/BmjbnKDlTcR/?taken-by=queenlatifah

Ela continua com lágrimas no olhos e som do set gravação ao fundo.

“Definitivamente para mim, como mulher, você me ajudou a me respeitar e me sentir como uma mulher natural (menções às canções Respect e Natural Woman) e sua música gospel, me ajudou em tempos muito difíceis, com a canção Holy Holy. Obrigada pelo seu presente, por sua arte, descanse, Deus te abençoe. Paz.” (tradução livre)

Nos comentários, o seguidores de Latifah mencionaram diversas vezes que com a partida de Aretha, uma parte da história afro-americana também morreu. Outros disseram que quando a falecida cantora ganhar um filme em sua homenagem, Queen seria a atriz perfeita para interpretá-la.

Segurança da Sorveteria Bacio di Latte Moema expulsa cliente negro que estava com amigos brancos

0
Imagem reprodução FB

Nunca sabemos quando o racismo dará as caras. No caso de Carlos Ribeiro, de São Paulo, ele apareceu quando ele saiu para tomar sorvete na balada sorveteria Bacio di Latte, no bairro de Moema,Zona Sul de São Paulo.

“Na frente de meu grupo de amigos, todos brancos, independentemente de suas profissões, ou cargos, ou condição social, fui convidado a me retirar da loja, confundido com não sei o que, porque sou negro, segundo palavras do próprio segurança mal treinado que pediu que eu me retirasse da loja”, descreve Ribeiro em seu perfil no Facebook, e ainda acrescenta: 

“Uma empresa como a mencionada investe, seguramente, em seus produtos e em sua marca, mas deve investir zero ou muito mal no treinamento de seus colaboradores, daqueles que estão na linha de frente de suas lojas, representando a tal marca que recebe vultosos investimentos. Racismo é crime! “

Carlos enviou e-mails a empresa relatando o ocorrido, mas três dias após a denúncia, ele ainda não tinha obtido resposta.

O dono da Bacio di Latte, apareceu no perfil de Cláudio com aquela conversa de sempre de não admitir racismo, pedir desculpas e estudar providências. Muito diferente do que acontece na StarBucks que usou o caso de racismo para rever toda a política de treinamento de funcionários. E nesse caso específico, o crime foi de racismo mesmo, não injúria, já que Cláudio, ao contrário dos amigos brancos, foi expulso do local somente por ser negro.

Racismo não é confusão ou mal entendido. Expulsar alguém por conta da cor da pele, não é falta de educação, é crime de racismo previsto na lei  7.716/1989, que diz que  recusar acesso a estabelecimento comercial ou elevador social por conta da etnia é crime  inafiançável e imprescritível. A pena também vai de um a três anos e multa.

Felix Kaputu participa de projeto sobre escritores refugiados nesta quarta (15), no CCBB

0

O congolês Felix Kaputu completou um ano de residência no Brasil como primeiro escritor refugiado acolhido pelo país, por meio da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Nesta quarta-feira (15), ele é o convidado do ciclo de debates internacional, que acontece no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro.

O ciclo “A palavra fora do lugar: escritores refugiados e em risco” discute temas como: efeito do bilinguismo na escrita de autores levados ao afastamento compulsório do país natal; diálogo entre tradições literárias; confronto, no processo criativo, entre territórios físicos, culturais e linguísticos; conexão com a condição humana, em sua solidão; engajamento político.

Kaputu vem mediante acordo com o ICORN (órgão internacional criado por Salman Rushdie, do “Versos Satânicos” e outros), para proteger escritores em risco), em convênio com Casas Brasileiras (Cabra). Ele passou 12 anos de exilado de sua terra natal, a República Democrática do Congo, onde esteve preso. A ideia é que a vinda dele desperte o interesse de outras instituições em acolher artistas em risco, são cerca de 1000 cadastrados.

Felix é pesquisador sobre África, em particular no campo da opressão em relação às mulheres, HIV e religião comparada. Foi detido ilegalmente, sendo solto após pressão da Anistia Internacional, da comunidade acadêmica internacional e da imprensa, decidiu deixar o país em 2006. É também professor universitário, escritor, doutor em Literatura Inglesa e Literatura Comparada, e atualmente encontra-se como residente na UFMG, devido ao acordo da universidade com a International Cities of Refuge Network (Icorn), uma rede de cidades e regiões que acolhe escritores e artistas refugiados que sofrem com a falta de liberdade de expressão em seus países de origem.

Escritor de livros acadêmicos e de ficção, já publicou Power: exquisite meat! (Xlibris, 2011), Jo-Mary: black free Slave (Xlibris, 2010) e K-Triangle de la mort: descente aux enfers (Presses Universitaires du Nouveau Monde, 2013). Além de falar onze línguas, o congolês já esteve em diversos países e universidades. Lecionou na New York State University, ao pesquisar aids e gênero, e em Tóquio e Kioto atuou em estudos de xamanismo e religiões africanas e japonesas, enquanto no Massachusetss College of Artsand Design ministrou aulas de literatura, filosofia africanas e arte.

Quase meio milhão de negros chegam às classes A e B

0
Foto: Pexel

Ações afirmativas da era Lula ou programa de diversidade nas grandes empresas? Não há resposta precisa, mas o fato é que negros e pardos avançaram 5,4% na pirâmide social. Ainda  estamos muito atrás dos brancos em termos quantitativos, mas é um progresso a ser comemorado.

Essa novidade foi matéria do jornal A Folha de S. Paulo  que entrevistou pessoas negras que fazem parte desse grupo que avançou economicamente. Uma das fontes foi Rachel Maia, ex- Pandora que pertence a classe AA, o grupo minoritário composto pelos brasileiros mais ricos.

Os números da pesquisa são do Pnad Contínua Anual, uma pesquisa feito pelo IBGE. Famílias de classe A são aquelas que ganham acima de R$ 14.200 e as classes B, ganham R$4.000 em média mensalmente.

Uma terceira hipótese além da era PT ou ações afirmativas, de acordo com a reportagem, é  auto-declaração. Não teríamos mais negros e sim mais pessoas que se identificam como negras.

A verdade é, vemos mais pessoas negras em carros caros, em bons hotéis, restaurantes, com produtos da Apple (um símbolo de ascensão social para muitos), além claro, de mais rostos negros ocupando, mesmo que lentamente, espaços em grandes  empresas.

A Rede de Profissionais Negros de São Paulo é um exemplo desse avanço profissional da comunidade negra. Mensalmente eles se encontram para fazer network em espaços sofisticados da capital paulistana. Entre os membros do coletivo, estão homens e mulheres negras em cargos de liderança em multinacionais.

A imagem pode conter: 29 pessoas, pessoas sorrindo, pessoas em pé e área interna
Encontro da Rede de Profissionais Negros (Reprodução Facebook)

O acesso a educação é fator fundamental nessa cenário que tem tudo para crescer ainda mais, ao passo que grandes empresas reconheçam o racismo institucional e ofereçam oportunidades  para que profissionais negros capacitados ocupem cargo de lideranças e portanto ganhem melhores salários.

O futuro ainda é mais promissor se pensarmos nos descendentes desse grupo. Se hoje muitos negros de classe A e B ainda têm usar parte da sua renda para ajudar a família, esse provavelmente não será um problema para os seus filhos, que já nascerão em um lar mais próspero. Temos números para sermos otimistas. Sejamos então.

Faculdade Santa Marcelina oferece palestra sobre “Apropriação Cultural” em São Paulo

0
Foto: Reprodução Internet

A Faculdade Santa Marcelina, por meio do curso de pós-graduação em Fashion Law, convidou Sonia Maria D´Elboux, advogada, parecerista, perita judicial e assistente técnica nas áreas de propriedade intelectual, direitos da personalidade e direito do entretenimento e da comunicação social, para realizar a palestra “Expressões Culturais Tradicionais e Moda”, que trata sobre Apropriação Cultural. O evento ocorrerá no dia 16 de agosto, às 20h, na Rua Dr. Emílio Ribas, n°89, na unidade de Perdizes da instituição.

A proposta do curso é responder questões como, “Quais são os riscos envolvendo o uso não autorizado de expressões estéticas das comunidades de tradição oral (indígena, afrodescendentes entre outros)?”. Por ser um tema de bastante discussão nos meios acadêmicos, existem muitos questionamentos a cerca de como a lei atua para identificar os limites do que é ou não apropriação cultural.

A área da Moda é parte fundamental nessa discussão, por isso é importante entender qual o papel dos profissionais desse setor. Em sua palestra, Sonia, conhecida pelos seus trabalhos acadêmicos sobre a questão, explicará as diretrizes do direito da Moda em relação ao assunto.

O curso é destinado aos alunos de Moda, Direito e áreas correlatas, além de advogados e gestores políticos, a palestra é gratuita e aberta ao público externo. Para se inscrever é preciso enviar e-mail para eventos.fasmper@santamarcelina.edu.br, informando nome completo, RG e CPF. Mais informações: (11) 2898-7498.

Novelinha do SBT: Racismo não é paranoia de negros

0
Imagem: Reprodução Youtube

Tão desonesto quanto culpar a saia curta da vítima pelo seu estupro, é desviar a responsabilidade do racismo, dos racistas para os próprios negros. Assim como a novela da filha do Silvia Santos, Iris Abravanel. “As aventuras de Poliana” mostrou em uma cena que gerou um bafafá nas redes sociais, muitas pessoas negras reproduzem esse discurso (criado por brancos), jogando a batata quente de um negro para outro e isentando pessoas brancas racistas, dos seus erros.

Na cena, a aluna negra Kessya ( a talentosa Duda Pimenta) é chamada pela coordenadora da escola Helô (Eliana de Souza) após encontrarem o nariz de uma escultura vandalizada por outros alunos em sua mochila. A acusação era de que Kessya teria quebrado a escultura  e guardado parte da peça com ela mesma. A aluna negra acha que a falsa acusação foi racismo, mas a coordenadora diz, docemente, que é coisa da cabeça dela.

As aventuras de Poliana – racismo

Vídeo da cena em que a coordenadora negra ensina a menina que o racismo é culpa dos negros. A branquitude se aproveitando da nossa imagem para reproduzir e propagar o seu discurso racista, fugindo da responsabilidade pelos seus atos.Com todo respeito ao trabalho das atrizes Duda Pimenta, que interpreta a menina Késsya, e Elina de Souza, representando a coordenadora Helô, essa cena é apropriação da nossa imagem negra para reprodução de um discurso racista branco, que vem da escritora da novela Iris Abravanel, da sua equipe de roteiristas, da direção e produção desta novela que não questionaram a violência sombólica e psicológica desse tipo de cena. Deslegitimar a percepção de uma menina negra da situação de racismo que ela viveu e ainda, "ensinar" a essa criança que o racismo é culpa dos negros que se enxergam diferente dos outros e que não se valorizam a partir da voz de uma mulher negra é mais uma vez violentar a nossa subjetividade e nos colocar como responsáveis por um sistema de exclusão criado e mantido para garantir o provilégio branco. Por ser uma novela voltada para o público infantil, essa cena se torna ainda mais problemática, porque ofende as crianças negras que assistem e as induz a adotar uma postura passiva diante do racismo na escola. Quem propaga o racismo, diferente do que foi falado na cena, são os próprios racistas, que ocupam os espaços de poder, escrevem novelas e utilizam nossa imagem negra para legitimar seus discursos de ódio.

Posted by A mãe preta on Thursday, August 9, 2018

A filosofia do pior racista é o próprio negro tem algumas vertentes a serem analisadas. A primeira é de que negros veem racismo em tudo, como se os índices sociais que mostram que a  comunidade negra é a base da pirâmide social, a maioria dos desempregados, analfabetos, e as maiores vítimas de violência (homicídio e feminicídio) fossem frutos da nossa imaginação.

Avançamos sim, mas se na pirâmide social, um homem branco ganha mais que o dobro  que a mulher negra que está na base, convenhamos que a igualdade é distante. Para ser exato, de acordo com o Instituto Ethos, ela não chega em menos de 150 anos.

https://www.instagram.com/p/BlDhbb8A1Dq/?taken-by=sitemundonegro

A segunda vertente é de que negros brigam entre si, se prejudicam entre si, são racistas entre eles.  Uma teoria que parece muito com as premissas da Carta de Lynch, que era basicamente um plano maldito para que negros escravizados não se entendessem. Acontece que nem todos os brancos se entendem, nem todas as mulheres, nem todos os Corintianos e obviamente, nem todas as pessoas negras. Porém na tentativa de desmoralizar o nosso direito à um debate intrarracial, há quem diga que brigamos por sermos racistas com nós mesmos. Isso é uma técnica que a branquitude usa para silenciar nossos debates.

A terceira vertente, usada pela coordenadora da escola da novela é que para nos vermos como iguais aos outros, precisamos fechar os olhos para o racismo. Se não falamos sobre ele, ele não existe, certo? Errado. Pessoas brancas racistas precisam ser confrontadas e punidas pelos seus atos, porque é assim que o mundo melhora.

Na cena da novela infantil do SBT, que chega ser horripilante,  Kessya, tem uma visão muito lúcida, que sua cor gera suspeitas, mas seus protesto foi silenciado, se tornou paranoia,  coisa da cabeça da criança. Isso é um perigo.

Mais uma vez a falta de um toque negro no roteiro, resultou em uma cena que pode ter gerado um estrago na cabeça de crianças negras e brancas, e até mesmo nos adultos desinformados.

Racismo não é ficção, nem paranoia. Quisera estivesse somente em nossa mente, como um pesadelo que cessa assim que abrimos os olhos. Não funciona assim e a Kessia está correta, a culpa é sempre dos racistas.

 

error: Content is protected !!