A mídia negra ainda é muito preterida até por celebridades negras. Todo mundo valoriza os veículos famosos, mas ignoram os veículos feitos especialmente para comunidade negra, como se fosse uma imprensa de segunda linha.
A jornalista afro-americana Emerald Marie relatou uma experiência emocionante ao tentar entrevistar a atriz Halle Berry durante a lançamento do filme John Wick 3, em Los Angeles, longa que Berry atua ao lado do protagonista Keanu Reeves.
Junto com um colega, Lamar, que também negro, Emerald ficou vendo vários jornalista brancos conseguirem falar com Berry. Ela ficou pacientemente segurando o microfone e esperando a sua vez, e viu o momento da imprensa acabar sem que ele pudesse ter sua chance. “Desculpa, mas o tempo acabou o filme já vai começar”, disse a Relações Públicas da atriz.
A assessora de Hally Berry fez jornalistas negros desistirem da entrevista (Foto: Reprodução Instagram)
Emerald e seu colega então começaram a sair, quando Halle Berry notou o que aconteceu e foi em direção a eles . “Ela olhou para mim e para o Lamar e disse ‘eu vou ter tempo para vocês, eu não vou fugir da minha irmã e do meu irmão’, e ela veio em nossa direção e concedeu a entrevista. Eu fiquei emocionada e com muito orgulho de ser negra”. Emerald e Lamar eram os únicos jornalista negros no tapete vermelho.
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“Eu quero encorajar homens e mulheres negras a quebrarem barreiras dentro da indústria por que nossos rostos precisam ser vistos e nossas vozes escutadas”, finaliza Emerald.
Com o objetivo de desenvolver projetos que visam a inclusão social e econômica de pretos e pardos que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em sua Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) representavam 64,6% dos desempregados no último trimestre de 2018, organizações não governamentais buscam combater essa realidade.
No início desta semana completamos 131 anos da assinatura da Lei Áurea, que fez com que os negros escravizados no Brasil tivessem direito à “liberdade” garantido. Apesar desta “simbólica” assinatura, mais de um século depois ainda temos muito a avançar. A população preta ainda é atingida de forma brutal pelo racismo e sente as consequências vividas pelos antepassados que foram escravizados. Segundo o IBGE, no levantamento realizado em 2012, 65% dos brasileiros em situação de extrema pobreza são negros.
O Instituto Ser+ é uma das organizações que desenvolve projetos em parceria com empresas renomadas e visa o desenvolvimento de autoestima, autoconhecimento, empreendedorismo, cidadania, além de cursos técnicos, para jovens em vulnerabilidade social, fazendo com que possam trilhar novos caminhos, tornando-os protagonistas sociais.
Crédito: Instituto Ser +
Segundo a diretora executiva do instituto, Wandreza Ferreira, o trabalho pela inclusão de jovens em situação de vulnerabilidade social, oferecendo cursos para capacitação técnica e socioemocional é fundamental.
“É preciso empoderar esses jovens, fazer com que se sintam protagonistas na construção de uma nova história. E para tanto, entender quem são, o que gostam e, principalmente, o que podem fazer para mudar suas próprias vidas, é essencial. No caso dos jovens pretos e pardos, esse trabalho é ainda mais valioso e necessário, afinal vivemos em um país onde o preconceito existe, apesar de velado“, diz.
A Iniciativa Lift é um dos projetos especiais do Ser+ para jovens pretos e pardos, fundada em 2014 pelo Goldman Sachs, grupo financeiro internacional, em parceria com a Linklaters e a Associação Alumni, que hoje também conta com a Bloomberg, Bank of America Merrill Lynch, HSBC e McKinsey como patrocinadores e com o apoio do CesconBarrieu, Consulado Geral Britânico e Grupo Cia de Talentos, visa promover a igualdade racial, utilizando o ensino da língua inglesa como ferramenta de mobilidade social.
Nessa edição da Iniciativa, há novos parceiros interessados em somar com os demais apoiadores. A proposta é o curso de inglês, que acompanha mentoria e workshops sobre o desenvolvimento de carreira. O público-alvo são universitários pardos e pretos, em situação de vulnerabilidade social, da grande São Paulo.
Crédito: Instituto Ser +
A outra iniciativa é o Projeto Diversidade Racial, realizado pela Faculdade Zumbi dos Palmares e o Instituto FEBRABAN de Educação (INFE), em parceira com o Instituto Ser+ e a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Durante o Projeto, serão desenvolvidas habilidades exigidas pelo mercado de trabalho, além de abordar disciplinas como macroeconomia, matemática financeira e comercial e contar com atividades práticas com profissionais do mercado e empresas para aproximá-los do mundo corporativo. A capacitação visa, também, desenvolver competências socioemocionais dos jovens, com aulas sobre relacionamento interpessoal, comportamento no ambiente de trabalho, comunicação empresarial e educação financeira.
“Essas e outras iniciativas, voltadas para população em vulnerabilidade social, são extremamente importantes para mostrar a esses jovens que eles podem ser muito mais. No Instituto trabalhamos diversos cursos que focam em inclusão social, como educação empreendedora, fotografia, cidadania, entre outros. Há, ainda, o Programa de Socioaprendizagem, que abre oportunidades para o primeiro emprego. O único caminho para a igualdade social e maior desenvolvimento do país é a educação“, finaliza Wandreza.
O Ser + é uma organização sem fins lucrativos, nascida em 2007 com o propósito de desenvolver o potencial de jovens em vulnerabilidade social, com idades entre 15 e 24 anos, contribuindo com a sua formação integral, descoberta de talentos e conquista do primeiro emprego.
Apostando em pilares como protagonismo social, valor compartilhado e novas oportunidades, em 2014, o Instituto foi incorporado ao sonho da empresária Sofia Esteves, que tinha como propósito devolver à sociedade tudo aquilo que ela havia aprendido e conquistado trabalhando por mais de 30 anos com o público jovem, estando à frente do Grupo Cia de Talentos.
A cientista Joana D’Arc Felix já é bem conhecida por ter uma história de vida que inspira muitas pessoas. Além de superar pobreza, ela ainda se tornou uma das cientistas de maior prestígio nacional, sobretudo por conta das suas pesquisas relacionadas ao aproveitamento de resíduos de couro para finalidades médicas, farmacêuticas e alimentícias.
Seu nome voltou para mídia por conta do filme biográfico sobre Joana produzido pela atriz Taís Araújo em parceria com a Rede Globo. Um dos grandes destaques da biografia da cientista nascida em Franca, interior de São Paulo, é sua formação acadêmica.
Joana tem graduação, mestrado e pós doutorado pela UNICAMP, uma das mais prestigiadas e concorridas Universidades do Brasil. Além dessa formação nacional fora da curva, durante as diversas entrevistas e palestras que Joana deu, ela menciona um pós Doutorado em Harvard, que inclusive aparece em seu Lattes (o sistema oficial que reúne informações de pesquisadores de todo o País. ).
Porém na noite de quarta, 13, o jornal Estadão publicou um texto afirmando que o diploma da Harvard de Joana é falso e que ela nunca pisou na Universidade Americana. A reportagem pediu documentos que demonstrassem o trabalho que havia sido feito nos Estados Unidos. Ela enviou um diploma, datado de 1999, com o brasão de Harvard, o nome dela e titulação de “Postdoctoral in Organic Chemistry”. O Estado mandou o documento para Harvard que, ao analisá-lo, informou que não emite diploma para pós-doutorado. Também alertou sobre um erro de grafia (estava escrito “oof”, em vez de “of”).
Joana usou as redes sociais para se manifestar sobre a reportagem. ” Será que a jornalista e os veículos de Comunicação já fizeram algo pela Educação e/ou já retiraram algum Jovem da condição de vulnerabilidade social para dizerem que falsifiquei documento?”, pergunta a cientista em seu manifesto.
“Tudo que foi publicado já está sendo apurado por um advogado ligado ao Movimento Negro brasileiro, porque tenho certeza que ainda estão achando que negros e negras ainda têm que viver na senzala, ou seja, estão achando que os negros não podem estudar”, desabafa Joana.
Mais uma vez o badalado hotel Copacabana Palace sediou um dos eventos mais importantes da comunidade negra: o Prêmio Sim à Igualdade Racial promovido pelo ID_Br na noite de 14 de maio, no Rio de Janeiro.
A premiação contou com a presença de muitas celebridades, como a atrizes Juliana Alves e Cris Viana, o ator Ícaro Silva, além de contar com as apresentações mais do que especiais da bailaria brasileira de maior prestígio internacional Ingrid Silva e o cantor Gilberto Gil.
Considerado o maior abolicionista do Brasil, Luiz Gama ganha história em quadrinhos para fortalecer ainda mais a significância de sua luta. Intitulada “Província Negra“, a obra tem lançamento previsto para o segundo semestre de 2019. Este ano, ele também foi homenageado com uma ala de desfile da Mangueira, campeã do carnaval carioca.
A história é ambientada na São Paulo de 1869 e transporta os leitores para um momento em que a maior cidade do país tinha pouco mais de 40 mil habitantes, muita garoa e muita efervescência cultural. Província Negra mistura ficção e realidade, produzindo uma graphic novel policial que agrada aos interessados em história, política, Direito e no movimento negro no Brasil. E, principalmente, aos interessados em histórias em quadrinhos.
O roteiro é assinado por Kaled Kanbour e as artes por Kris Zullo. A parceria artística é reeditada depois de quase duas mil páginas de quadrinhos criadas pela dupla, ao longo de cinco anos para a Editora Abril e Caras. Segundo Kaled, o objetivo do projeto é “divulgar a figura histórica de Luiz Gama para o maior número de pessoas e refletir sobre as terríveis condições em que ele se criou, resistiu e lutou pela abolição da escravidão. Personagem que ainda é relevante e fundamental no contexto atual”.
Conheça o enredo: Província de São Paulo, 1869. Luiz Gama, jurista negro, o mais combativo abolicionista do país, é envolvido numa série de assassinatos de proprietários rurais, sendo considerado pela força policial como o principal suspeito. Com a ajuda de seu aprendiz, o jovem e aspirante a advogado, Saul Pompeu, Luiz Gama percorre os labirintos e cenários da cidade provincial, numa sociedade escravagista e violenta, para resolver por conta própria o mistério e provar sua inocência.
A cantora Rihanna, através da instituição Clara Lionel Foundation (CLF), criada por ela, em 2012, está financiando estudos de jovens em universidades dos Estados Unidos. Jovens do Brasil e de outros seis países (Haiti, Cuba, Barbados, Grenada, Jamaica e Guiana) serão os beneficiados. A bolsa tem o valor de até R$ 170 mil reais para brasileiros.
Para concorrer ao benefício, é necessário que o jovem tenha sido aprovado em uma universidade norte-americana. As inscrições para a edição deste ano vão até 10 de junho pelo site da CLF. Não há número de vagas pré-estabelecido.
Para se inscrever, basta preencher um formulário on-line, enviar o histórico escolar e uma cópia da “carta de aceite” da instituição norte-americana. Os candidatos participarão de um processo seletivo, em que serão avaliadas a capacidade de liderança e a participação em atividades de caridade.
O Prêmio Sim à Igualdade Racial 2019, criado pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), que será realizado no dia 14 de maio, às 19h, no Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, traz Heloísa Jorge, a Gilda, de “A Dona do Pedaço“, próxima novela das 21h da Rede Globo, para substituir a atriz Adriana Lessa, que está doente, como apresentadora do Prêmio.
Além de ancorar a noite, Heloísa vai dançar e cantar “Pata Pata”, clássico de MiriamMakeba. No teatro, a angolana Heloísa é uma das atrizes que vive Dona Ivone Lara, no musical escrito e dirigido por Elisio Lopes Jr. e que, depois do sucesso no Rio, entra em cartaz em São Paulo no mês de agosto. Ele, inclusive, é o responsável pelo roteiro da festa.
A premiação acontece durante o jantar beneficente do ID_BR que reúne celebridades e executivos de grandes empresas e visa arrecadar fundos para programas e ações do Instituto. Gilberto Gil e Ingrid Silva são as atrações musicais confirmadas. Gil será o principal homenageado.
Além de Heloísa, Draysson Menezzes, FelipeAdetokunbo e UdilêProcópio serão os apresentadores do evento. O prêmio visa conhecer pessoas e iniciativas de todo o país. O ID_BR recebeu milhares de indicações para as categorias e tiveram indicações de diversas regiões do Brasil.
Todos os olhares em mim e eu não sabia para onde olhar. A professora falava sobre negros escravos (não escravizados), chibata, mortes, famílias separadas, até que uma princesa branca chamada Isabel, assinou a lei Áurea e libertou os meus ancestrais, no dia 13 de maio de 1888.
Uma salvadora branca, como todas as minhas bonecas.
E eu, a única negra da sala era a representação dessa tragédia, a personificação de um povo que só sofreu, de acordo com os meus professores. Uns olhares eram de dó, outros me intimidavam, mas todos me deixavam desconfortável.
O período da escravidão até a abolição era a única menção à população negra em quase toda a minha vida escolar, durante os anos 80 e 90. Como gostar de ser negra, se tudo o que eu aprendi na escola sobre meus antepassados estava atrelado ao maior ato terrorista da humanidade que foi a escravidão negra, que durou mais que o Holocausto e a maioria das guerras?
No dia 10 de maio, o programa Conversa com o Bial, da Rede Globo teve como tema a abolição, e bem no começo do bate-papo de altíssima qualidade, que teve o professor Doutor Hélio Santos, a Phd em Física Sonia Guimarães ( a primeira negra com esse título no Brasil) e o rapper Emicida, a maneira como as escolas abordam a abolição foi comentado por eles.
Hélio Santos, Sonia Guimarães e Emicida no Conversa com o Bial (Foto: Divulgação)
“O pior momento da escola era quando falavam sobre escravidão. Eu me sentia humilhado, pouco protagonista”, descreve o professor Santos.
“Era desagradável (falar sobre abolição), já que o protagonismo da nossa história não era nosso. Era comum sermos alvos de piadas e insultos”, explicou Emicida.
Sonia Guimarães só descobriu há poucos anos as contribuições dos negros para ciência, sua área de atuação. “Eu só descobri sobre as riquezas da África, recentemente, só nos anos 2000”.
Uma luz no fim do seria se sanção da Lei No. 10.639/03 que completa 15 anos em dezembro, tivesse saído do papel. O primeiro parágrafo do documento prevê que “ O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil”.
Muitas iniciativas apareceram nos últimos anos para cobrir essa lacuna deixada pelo não cumprimento da lei. O EMEI Nelson Mandela e Afroeducação em São Paulo, o projeto Quilombinho no ES, e centenas de livros paradidáticos que contam outras narrativas negras para as os pequenos afro-brasileiros em idade escolar têm feito a diferença.
Essas duas últimas gerações de pais negros, mais empoderados e conscientes já são responsáveis por uma mudança positiva. Vemos os pequenos e pequenas amando seus cabelos, querendo brinquedos com representatividade, naturalmente gostamos mais de si mesmos.
Resta agora que as escolas educadores se preparem para ensinar sobre os negros, não só sobre suas dores, mas sobre suas contribuições para humanidade, para alunos de todas as etnias.
O Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), criador do Prêmio Sim à Igualdade Racial 2019, que será realizado no dia 14 de maio, às 19h, no Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, divulgou os indicados ao prêmio.
A premiação acontece durante o jantar beneficente do ID_BR que reúne celebridades e executivos de grandes empresas e visa arrecadar fundos para programas e ações do Instituto. Gilberto Gil e Ingrid Silva são as atrações musicais confirmadas. Gil será o principal homenageado. O roteiro da festa será assinado por Elísio Lopes Jr. Adriana Lessa, Draysson Menezzes, Felipe Adetokunbo e Udilê Procópio serão os apresentadores do evento.
O prêmio visa conhecer pessoas e iniciativas de todo o país. O ID_BR recebeu milhares de indicações para as categorias e tiveram indicações de diversas regiões do Brasil.
Confira as categorias e os nomes que irão concorrer ao Prêmio Sim à Igualdade racial 2019, maior premiação de temática racial da América Latina.
O Prêmio Sim à Igualdade Racial 2019, criado pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), será realizado no dia 14 de maio, às 19h, no Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, e tem Gilberto Gil como principal homenageado. O roteiro da festa será assinado por Elisio Lopes Jr., que foi um dos indicados aos prêmios no ano passado.
Diretor, dramaturgo, escritor e roteirista, Elisio é o roteirista de “Espelho“, de Lázaro Ramos, no Canal Brasil e um dos roteiristas de “Medida Provisória“, primeiro longa de Lázaro, ainda sendo filmado. Dirigiu também o evento que encerrou os festejos pelos 470 anos de Salvador, um cortejo branco que atracou no Farol da Barra e teve Ivete Sangalo, Filhos de Gandhy, Muzenza e muito mais.
Além de Gilberto Gil, o evento terá ainda a presença de Ingrid Silva, carioca de Benfica que hoje integra o Dance Theatre of Harlem. Adriana Lessa, DrayssonMenezzes, FelipeAdetokunbo e UdilêProcópio serão os apresentadores do evento.
O prêmio tem o objetivo de reconhecer nomes e iniciativas que atuam em prol da Igualdade Racial no Brasil é representado pela estatueta “Mad World”, do artista plástico Vik Muniz, que retrata um globo terrestre a partir de acontecimentos importantes pelo mundo.
ID_BR é uma organização sem fins lucrativos, pioneira no Brasil, que promove os direitos humanos. Com foco na luta pela igualdade racial, desenvolveram a campanha Sim à Igualdade Racial, com o proposito de conscientização e engajamento de organizações e da sociedade civil em prol das ações afirmativas e crescimento socioeconômico da população negra, através da inserção no mercado de trabalho.