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Diálogo sobre o negro na música brasileira

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Tiganá Santana - compositor, cantor, violonista e pesquisador

O “Diálogos Ausentes” é um projeto que visa discutir a presença afro-brasileira nas diversas produções artísticas nacionais. No dia 13 de julho mais uma etapa deste ganhará forma, a partir das 20h, no Instituto Itaú Cultural, idealizador do evento.

Este encontro contará com Tiganá Santana, compositor, cantor, violonista e pesquisador. O artista é responsável pelo primeiro registro fonográfico brasileiro de composições autorais em línguas africanas, além de ser doutorando do Programa de Pós-graduação em Estudos da Tradução (Departamento de Letras Modernas) da Universidade de São Paulo (USP).

Nesta proposta de diálogo, Tiganá traçará um panorama histórico da representatividade do negro na música brasileira e abrirá discussão sobre a produção de afrodescendentes no país.

Já no dia 14 de julho, às 20h, também no Instituto Itaú Cultural, será apresentado o show da Filafro – Filarmônica Afro Brasileira –, sob direção artística e musical do maestro Josoé Polia. Esta formação executa um repertório que transita do erudito ao folclórico, com mais de 300 músicas arranjadas e orquestradas.

Todos os meses, o Itaú Cultural realiza uma chamada aberta aos artistas, para que falem no encontro do “Diálogos” Ausentes sobre os seus trabalhos relacionados à música. Neste ano, também houve debate sobre o negro na dança e na literatura. O tema da música encerra a série deste ano em setembro.

Para saber mais e como participar, acesse o site da instituição: http://www.itaucultural.org.br/

“Sou uma mulher negra“: Uma das maiores youtubers brasileiras revela seus erros e acertos em busca da sua identidade

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Rayza e sua mãe. (Foto: Reprodução Instagram)

“Branca demais para ser preta, preta demais para ser branca”. Foram com essas palavras que Rayza Nicácio, uma das primeiras mulheres a falar sobre cabelos crespos no Youtube, divulgou o vídeo  em seu canal no Youtube, onde ela tenta colocar um ponto final na polêmica sobre a sua cor/ etnia. Eu particularmente comecei a segui-la bem no começo do canal sempre achando que ela era negra. Porém me chamou a atenção, quando vi em alguns grupos de discussão, um pessoal fazendo duras críticas a Youtuber pelo fato de ela não se assumir negra.

Sempre fiquei meio cismada com essas cobranças de assumir cor e orientação sexual, digo, como se falar que faz parte do grupo dos oprimidos e estar sujeito a ofensas e agressões, on e offline, fosse algo simples e fácil. Nós nos descobrimos em relação ao nosso gênero, orientação sexual, nossa cor, crenças entre outra coisas. E todo processo de construção interno não tem um tempo cronometrado ou estabelecido como “normal”. Cada um tem o seu e há quem apesar de todas as evidências vai morrer velhinho achando que é moreno.

Rayza felizmente descobriu ainda jovem e está muito bem com isso. Ela inclusive assume ter ficado em cima do muro em muitos momentos onde poderia ter dito que era negra, mas com bom humor e humildade ela confessa que estava perdida sobre quem ela realmente era e as pessoas a definiam, não ela mesma. “O meu pai é um homem negro, mas eu só sei disso hoje. Quando eu era criança nunca tinha pensado sobre isso”, explica Rayza.

Imagem: Reprodução Facebook

A Youtuber disse ter sido coagida por alguns seguidores para que não se assumisse negra. Outros comentários vindos de pessoas negras também a intimidaram e dificultaram seu processo de “sair do armário”.  “Recebia mensagens privadas de pessoas de pele escura dizendo que eu não era negra por ter estudado em escola particular e nunca ter sofrido racismo”, desabafa Nicácio que disse, eu seu vídeo, que sofreu racismo sim, até por conta do seu cabelo, que ela por muito tempo odiou.

O bocão e o cabelo crespo de Rayza sempre foram os indícios da sua negritude ( Foto: Instagram)

Ela assume tranquilamente sua ignorância em relação a temas, que sejamos sinceros, estão fora do alcance da maior parte da população negra que não usa Facebook como fonte de informação para assuntos de conotação social e política, que são colorismo, feminismo negro e racismo reverso.

Feliz na própria pele

Por meio de vídeos de Youtubers negras, como Nataly Neri e Gabi Oliveira, Rayza disse que começou a entender quem ela era, e que se assumir como mulher negra passou a ser inevitável. “Eu sempre soube que eu era negra, mas tive medo até por conta da posição de alguns militantes do movimento negro, mas hoje quero conversar e aprender com eles. Eu tenho muito orgulho do que eu sou e ninguém pode tirar isso de mim, mesmo tendo a pele clara” finaliza Nicácio que ainda sugere que seus seguidores assistam Dear White People (Netflix), para como ela, entender melhor o que é ser uma pessoa negra no mundo.

Ninguém é obrigado fazer um vídeo dizendo que descobriu que é negro, mas no caso de influenciadores, atitudes como essa ajudam seus seguidores quem também têm questionamentos similares.  Nossos jovens negros precisam não só do rosto negro bonito, mas de discursos empoderados como o que Rayza fez em seu vídeo. Ela não precisa mais falar sobre raça ou racismo, mas sendo uma mulher negra com mais de 1 milhão de assinantes no seu canal no Youtube,  ela se torna uma das nossa maiores referências afro-brasileiras da atualidade.

#JulhoDasPretas ONU Mulheres Brasil nomeia Taís Araújo como defensora dos Direitos das Mulheres Negras

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Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil, e Taís Araújo, defensora dos Direitos das Mulheres Negras da ONU Mulheres Brasil, em frente ao espaço Lélia Gonzalez, uma das pioneiras do movimento de mulheres negras Foto: ONU Mulheres/Bruno Spada

Texto – Divulgação

Por ocasião do #JulhoDasPretas – período de mobilização do movimento de mulheres negras em decorrência do 25 de Julho, Dia da Mulher Afro-latino-americana, Afro-caribenha e da Diáspora –, a ONU Mulheres Brasil nomeou Taís Araújo como defensora dos Direitos das Mulheres Negras. A partir desta segunda-feira (3/7), a atriz passa a apoiar a visibilidade das mulheres negras como um dos grupos prioritários do Plano de Trabalho da ONU Brasil para a Década Internacional de Afrodescendentes, alinhado com o princípio de não deixar ninguém para trás, focando nos grupos em situação de maior vulnerabilidade, preconizado na Agenda 2030 e nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e ressaltado no Marco de Parceria para o Desenvolvimento Sustentável 2017-2021. Estes princípios estão aglutinados na estratégia de comunicação da ONU Mulheres Brasil Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030.

A estratégia já conta com o apoio de Kenia Maria, defensora dos Direitos das Mulheres Negras, em plena atuação pública desde a sua nomeação, ocorrida no Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, em março deste ano.

“É com imensa alegria que a ONU Mulheres Brasil recebe o voluntariado de Taís Araújo, pela sua defesa fervorosa em favor dos direitos das mulheres. Taís tem sido uma das pessoas emblemáticas no enfrentamento ao racismo e ao sexismo no Brasil por sua postura política e artística, colaborando para a construção da representação positiva de negras e negros na dramaturgia brasileira. A voz de Taís agregará aos debates sobre os direitos das mulheres negras durante a Década Internacional de Afrodescendentes e nos esforços para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, considera Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil.

Há um ano, Taís Araújo vem colaborando com o mandato da ONU Mulheres, especialmente na visibilidade das mulheres negras. Em julho de 2016, respondeu ao desafio “Que mulher negra é um exemplo para você?”, mobilizando seguidoras e seguidores de suas redes sociais, para a ação de comunicação desenvolvida pela ONU Mulheres e pela Articulação de ONGs de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB). Em fevereiro de 2017, apoiou a campanha de mobilização de recursos do Instituto Maria da Penha. E, em março passado, participou da ciranda virtual Planeta 50-50, ação digital da ONU Mulheres para o reconhecimento do trabalho de ativistas brasileiras em defesa do empoderamento das mulheres e da igualdade de gênero no Dia Internacional da Mulher – #8M.

Na sua primeira declaração como defensora dos Direitos das Mulheres Negras da ONU Mulheres Brasil, Taís Araújo, disse: “Estou muito emocionada e honrada com esse convite. Quero usar a minha voz e falar de forma abrangente para que eu possa agregar as mulheres negras, as mulheres brancas e também as indígenas. Apenas com a união de todas as mulheres e, importantíssimo dizer, dos homens, poderemos caminhar por uma sociedade igualitária”.

Ao se referir ao marco de transformação da Agenda 2030, Taís frisou a importância de mobilizar a sociedade civil para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. “A transofmração é um objetivo na minha vida. E se a gente tem uma data, até 2030, eu já me agarro a uma data concreta. Isso faz com que eu tenha, cada vez mais, empenho. Uma organização como a ONU Mulheres me deixa muito confortável em saber que não estou sozinha, que tem uma série de pessoas, não só aqui no Brasil, mas no mundo inteiro que estão pensando o que estou pensando”, apontou.

Taís Araújo compreende o sentido da urgência em acelerar os esforços políticos e sociais para promover a igualdade de gênero e raça. “Daqui para 2030, são 13 anos. De fato, é urgente e é possível, se a gente conseguir, nesses 13 anos, elucidar as pessoas, fazer com que as mulheres negras saibam a potência que são. Eu acho que realmente o que falta é a consciência de que o poder econômico é importante e que podemos usar de maneira inteligente para os passos que a humanidade precisa dar. Esse país é feito por nós. Esse mundo é feito por nós”, considerou a defensora dos Direitos das Mulheres Negras da ONU Mulheres Brasil.

Planeta 50-50 – As mulheres negras no Brasil são 55,6 milhões, chefiam 41,1% das famílias negras e recebem, em média, 58,2% da renda das mulheres brancas, de acordo com os dados de 2015 extraídos do Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça. Em cada três mulheres presas, duas são negras num total de 37, 8 mil detentas – quantidade que se elevou em 545%, entre 2000 e 2015, de acordo o Infopen Mulher. E entre 2003 a 2013, houve um aumento de 54% no número de assassinatos de mulheres enquanto houve redução em 10% na quantidade de assassinatos de mulheres brancas. No quadro diretivo das maiores empresas no Brasil, as negras são apenas 0,4% das executivas – apenas duas num total de 548 executivos e executivas.

Em 2015, a ONU Mulheres apoiou a realização da Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver. Na ocasião, a subsecretária geral da ONU e diretora executiva da ONU Mulheres, a sul-africana Phumzile Mlambo-Ngcuka, presente à manifestação de 2015, declarou: “No meu país, na África do Sul, as mulheres são fortes e poderosas. E vejo que aqui no Brasil mulheres negras poderosas e fortes. Na África do Sul, as mulheres estavam à frente na luta contra o apartheid. E aqui no Brasil, as mulheres negras estão à frente da luta contra o racismo”.

Mulheres públicas pela igualdade de gênero – Taís Araújo, defensora dos Direitos das Mulheres Negras da ONU Mulheres Brasil, se soma ao grupo de mulheres públicas em favor da igualdade de gênero no Brasil, composto por Camila Pitanga, embaixadora da ONU Mulheres Brasil; Kenia Maria, defensora dos Direitos das Mulheres Negras; e Juliana Paes, defensora para a Prevenção e a Eliminação da Violência contra as Mulheres.

AFÉTO traz ao Instituto Pretos Novos as relações de carinho nos terreiros de Candomblé

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Afeto, palavra pequena mas com imensa profundidade. Do latim, vem do particípio passado do verbo afficere, que tem como principal significado, comover o espírito e, por extensão, se unir ou fixar. E é exatamente esse o efeito que a obra de Roger Cipó tem sobre o público.

No dia 08 de julho, às 16:00, a Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea receberá a exposição AFÉTO, de Roger Cipó, com curadoria de Marco Antonio Teobaldo. Em sua primeira exposição individual, o fotógrafo cuidadosamente apresenta em seus registros, as muitas relações de afeto constituídas dentro dos terreiros de Candomblé.

Iniciado na religião, Cipó percorreu dezenas de terreiros no Estado de São Paulo e focou a sua pesquisa no Asè Iya G’unté, localizado em Juquitiba. Vivenciou das rotinas mais comuns até as mais complexas, registrou a interação dos fiéis entre si durante as cerimônias e ao redor de suas obrigações. Viu com os próprios olhos, o afeto manifestado pelos orixás, por meio de seus sacerdotes.  

Em um país onde mais de 50% da população se considera negra, um registro documental como esse de Cipó, vai muito além do que apenas contar histórias ou apresentar os aspectos específicos do Candomblé. O trabalho reitera a importância das relações interpessoais como forma de resistência da cultura afro-brasileira.

“Os terreiros não são só espaços de resistência. São espaços de educação política, social, artística e cultural afro-diaspórico. Quem se reencontra e se permite nascer para o candomblé, renasce para a Africanidade adormecida pelo racismo.”, disse Roger Cipó.

O resultado da mostra se amplifica quando exibida sobre o sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos, dentro da programação do festival de fotografia FotoRio. A Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea tem acolhido, dentro de sua programação, diversas temáticas de exposições de artes visuais, realizadas por artistas contemporâneos do país. Marco Antonio Teobaldo, que é o curador do espaço, realiza pesquisas para convidar artistas a apresentarem propostas que tenham como ponto de partida, as suas percepções acerca do ambiente expositivo e a importante história que ele abriga.

A Galeria Pretos Novos fica localizada no bairro da Gamboa, na Rua Pedro Ernesto, 32. A exposição terá abertura no dia 08 de julho, às 16:00 e ficará disponível para visitação dos dias 11 de julho a 02 de setembro. A entrada é gratuita.

Para mais informações, acesse o site da Galeria (clique aqui) ou entre em contato pelo número (21) 2516-7089.

 

Inscrições Quilombinho – Edição São Paulo

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Estão abertas as inscrições para a primeira versão do Quilombinho em São Paulo. O evento acontece nos dias 15 e 16 de julho (sábado e domingo), das 14hs às 18hs  e é destinado para crianças de 4 à 14 anos.

O evento é gratuito, porém colaborativo.

Faremos uma grande mesa, um banquete para crianças e seus familiares, mas para isso cada família deverá levar um prato de de doce ou salgado para compor a nossa mesa. Isso durante os dois dias. Se cada um traz um pouco, teremos uma fartura digna das festas dos nossos ancestrais.

A criança deverá ter um adulto presente durante os dois dias do Quilombinho. Teremos voluntários para monitorar e orientar as famílias, mas é importante que tenha um adulto responsável pela criança no local.

O link para inscrição está aqui https://goo.gl/forms/cdUU1ta5JrETHvfM2 

CRIANÇAS DE 4 A 14 ANOS (SUJEITO A ALTERAÇÃO CONFORME DEMANDA)

Quilombinho – (EDIÇÃO SÃO PAULO)
Data: 15 e 16 de julho
Hora: das 14h às 18hs
Local: Centro de Culturas Negras do Jabaquara
Endereço: R. Arsênio Tavolieri, 45 – Jardim Oriental, São Paulo – SP, 04321-030
Telefone: (11) 5011-2421
Inscrição gratuita
Link para evento no Facebook:http://bit.ly/2salLRx
Para maiores informações: quilombinho.daspretas@gmail.com

Sobre Jay-Z, 4:44 e homens negros

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Foto: Reprodução Instagram

JAY-Z lançou um álbum lindo demais, impactante, desses que a gente ouve as músicas se tremendo toda.

A faixa mais linda é a que da nome ao disco “4:44”. Li em algum lugar que, em entrevista, ele diz que acordou exatamente as 4:44 da madruga e escreveu essa letra.
Dá pra sentir a angustia nas palavras, em cada uma.

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Jay fala em como errou, em como quase perdeu o amor da sua vida. Uma das frases que mais me impactou foi: “Não é pra viver sofrendo e chorando dentro dessas mansões/ não é pra ir dormir de costas viradas”.

Ele também fala “Foi preciso nascer minha filha pra eu ver através dos olhos de uma mulher/ foi preciso gêmeos naturais pra que eu acreditasse em milagre”.

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E aí apareceu muita gente dizendo que tudo isso é marketing, que Beyoncé e Jay-Z só pensam em dinheiro e estão fazendo álbuns apelativos. Eu só posso concluir que pessoas que fazem esse tipo de comentário não têm a menor ideia do que seja arte.

Ser artista, nas mais diversas áreas, é expressar suas dores, medos angústias. É dar corpo, cor, ritmo, forma, palavras, e o que mais vier, aos seus sentimentos. Arte é nossa expressão maior, nossa visão de mundo.

Está todo mundo tão acostumado a formulas, a letras genéricas e impessoais, que dar de cara com alguém se entregando a um trabalho como esse não parece certo.

Ouvindo ao álbum senti um monte de coisa. Tristeza, angustia, surpresa… Mas, ao final, fiquei feliz que Jay o tenha feito como o fez. Da mesma maneira que Beyoncé fez o “Lamonade” sabendo que atingiria em cheio muitas mulheres negras, ele sabe que está falando com muitos homens negros, e isso é sensacional!

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Porque ele fala de sentimentos, de amor, de valorizar a família, valorizar a mulher preta que está do seu lado, te dando apoio. Jay pede perdão, assume inclusive que não merece a mulher com quem se casou.

E eu parei pra pensar em quantos homens negros a gente conhece que não valorizam suas famílias, porque foram ensinados a não fazer isso. Socialmente o homem negro é o cara da farra, da festa, da boêmia, das várias mulheres. Ele não é um bom pai, ele não ama, ele não chora, ele não se arrepende.

Jay, em seu álbum, quebra tudo isso.

Temos poucas oportunidades de ver homens negros falando de suas dores, de ver homens negros admitindo seus erros, suas fragilidades.

Realmente espero que este trabalho impacte muitas pessoas negras como o “Lemonade” fez e que mais homens negros, pelo mundo, parem para pensar em como podem ser melhores para suas esposas, seus pais, seus filhos e pra si mesmos.

Um amor para Joelle? Dear White People tem nova temporada confirmada para 2018

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Imagem : divulgação

Que alívio. Depois que a Netflix cancelou séries grandes como Get Down e Sense8, muitos ficaram com medo de que Dear White People uns dos melhores seriados de 2017 também subisse no telhado. Ano que vem a série vem com 10 episódios.

2018. Dear White People season 2. Don't @ me.

Posted by Dear White People – Show on Friday, June 30, 2017

“Na próxima temporada finalmente veremos o que está acontecendo na vida amorosa da Joelle”, diz Ashley Blaine Featherson atriz que interpreta uma das personagens mais queridas do projeto e que foi preterida, por ser presente, mas não ter sua história aprofundada como os demais. Ela inclusive comemora essa nova fase do cinema negro americano.

“Acho que hoje está melhor do que era antes e nem falo como atriz negra, digo, como mulher negra. Nunca me senti tão representada como agora”, comemora a atriz durante uma entrevista para revista Essence.

A primeira temporada de DWP está disponível pela Netflix.

Infância interrompida: Estudo mostra que meninas negras são vistas como menos inocentes do que meninas brancas da mesma idade

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“Meninas negras precisam de menos proteção, acolhimento, são mais independentes e sabem mais sobre sexo do que as meninas brancas”. Dados de uma pesquisa americana mostram que adultos veem meninas negras como menos inocentes e com mais características de adultos do que meninas brancas da mesma idade. O estudo foi realizado pelo The Georgetown Law Center on Poverty and Inequality, que estuda questões de pobreza e desigualdade e que somou ao estudo, questões como o estereótipo que cercam garotas e mulheres negras para analisar os resultados.

Foram entrevistados 325 adultos de várias etnias, escolaridade, residentes em várias regiões americanas, sendo 74% dos entrevistados pessoas brancas, 62% mulheres e 30% entre 25 e 34 anos de idade.

“Os resultados sugerem que garotas negras são vistas mais como adultas brancas  praticamente em todos os estágios da infância, dos 5 anos, sendo acentuado entre 10 e 14 anos” diz Rebecca Epstein uma das autoras do estudo.

Resultado da pesquisa mostra que para a maioria dos adultos, essa garota branca é mais criança que a negra, da mesma idade.

“Em essência, adultos parecem ter diferentes visões e expectativas em relação as meninas negras, especialmente na metade da infância e começo da adolescência, épocas muito críticas em termos de identidade para essas garotas”, comenta Epstein.

“Temos garotinhas em idade pré-escolar que são vistas como crianças que precisam de menos proteção e carinho do que as brancas. Nessa idade, eu acho desolador”, completa Rebecca.

Esse estudo coincide com outro dois. Um que mostra que garotas negras, sofrem mais punições e expulsões na escola do que as brancas e outro que aponta que meninos negros com 10 anos, tendem a serem vistos como mais maduros quando julgados pela justiça, o que resultam em uma maior taxa de prisão quando eles são suspeitos de estarem envolvidos em algum crime. Um dos responsáveis por esses dados aterrorizantes são os estereótipos.

Aqui no Brasil sabemos que mulheres negras são as maiores vítimas de violência sexual e isso está diretamente ligado à hipersexualização dos seus corpos. Meninas negras são a maior parte das adolescentes grávidas no Brasil. Precisamos ter um olhar de proteção sobre essas jovens, orientá-las e acolhe-las, já que a sua infância pode ser roubada a qualquer momento por um adulto que a veja como mulher e não criança ou adolescente inocente e vulnerável.

Semana Nelson Mandela e a força do “mandelar”

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Uma das frases mais famosas de Mandela diz que “a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. E esse foi apenas um dentre tantos outros milhares de ensinamentos deixados por ele. Considerado pelo povo um guerreiro na luta pela liberdade, Mandela foi um dos responsáveis pela queda do apartheid – regime que negava aos negros, mestiços e indianos, os direitos políticos, sociais e econômicos na África do Sul.

Em julho, o Sesc Vila Mariana abrirá as portas para receber a 3ª Semana Nelson Mandela. O evento é realizado pela Associação Palas Athena junto ao Sesc, e com cooperação da UNESCO, da Mandela Foundation e do Consulado Geral da África do Sul. Esse time de peso trará para a capital paulistana o tema “Valores, conexão e propósito – a força do mandelar”, transformando em verbo, o sobrenome do grande líder sul africano, Nelson Mandela.

O público será convidado a refletir sobre as influências pacíficas que os fundamentos do verbo “mandelar” trazem para o nosso cotidiano. A ideia é fazer com que o público compreenda que resistir em busca de liberdade, pode acontecer de maneira não violenta, mas assertiva. Mandelar nos convida a implementar a busca de conexão e entendimento, aceitando a condição natural e desejável de diversidade pois é ela que garante a regeneração, a criatividade, a riqueza de possibilidades e de experiências.

Os cantores Damião e Andreia Bal abrirão a noite com uma apresentação, seguida do discurso do Cônsul Geral da África do Sul, o Sr. Malose Mogale. O mesmo abordará a necessidade de salvaguardar os ideais de Nelson Mandela para promover a paz, o não racialismo, os direitos humanos e a justiça. A mesa temática trará Marcos Lopes, escritor, professor e mediador de conflitos, e a jornalista e ativista Juliana Gonçalves. O encerramento será feito pelos jovens artistas da Rede Cultural Beija-Flor.

A Semana Nelson Mandela acontece há 03 anos e sempre no mês de julho. A celebração de seus valores e sua trajetória tem como objetivo, perpetuar a inspiração e força de sua vida exemplar para aprofundar a luta pela criação de uma sociedade internacional pacífica e solidária. E que o verbo “mandelar” seja a tônica desta sociedade.

O evento acontecerá no dia 18 de julho, às 19h no Sesc Vila Mariana. O endereço é Rua Pelotas, 141 próximo a estação Ana Rosa do metrô. A retirada dos ingressos acontecerá na bilheteria do Sesc, no dia do evento, a partir das 14h. Para mais informações, (11) 3050-6188.

Popular, mas sem a cara do povo: Na televisão brasileira, apenas 3,7% dos apresentadores são negros, diz pesquisa

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Sim. Gringos que visitam nosso país ainda se espantam como em nossa televisão, atores, jornalistas, apresentadores são em maioria brancos, enquanto os dados demográficos e as imagens do Brasil no exterior, mostram que somos uma nação de pessoas negras em maioria, incluindo-se aí os miscigenados, filhos de casais inter-raciais.

Em 2014 escrevi um artigo sobre a ausência de negros como colunistas nos principais jornais de São Paulo. E não era em cima de achismo não, meu texto foi baseado em uma pesquisa realizada pelo Gemaa (Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ações Afirmativas) da UERJ que mostrava que apenas 10% dos colunistas, dos três maiores jornais do país, O Globo, Folha de S. Paulo e Estadão eram negros. Pouca coisa mudou de lá para cá. A Folha não tinha nenhum colunista negro, agora tem o Preta, Preto, Pretinhos dedicado à comunidade negra, escrito pelo jornalista Denise Mota. Porém, nada para ser muito comemorado, até porque as notícias da coluna, muito interessantes por sinal, não ganham nenhum destaque na homepage do portal.

A televisão é o veículo escolhido por 61% dos brasileiros como principal fonte de informação, mas as notícias são entregues por apresentadores brancos em quase totalidade, pelo menos em São Paulo. Quem traz esses dados frescos, colhidos entre 2016 e 2017, é o Coletivo Vaidapé, que aborda questões de direitos humanos e violência institucional.

Como alguns veículos como Rede Globo, que disse não separar seus funcionários por raça (!), não entregaram dados para o estudo, os responsáveis então resolveram organizar a pesquisa para obter esses números de outra forma. Eles então analisaram sete emissoras da rede aberta: Cultura, SBT, Rede Globo, Rede Record, RedeTV, Gazeta e Bandeirantes.  Os números são piores do que eu imaginava. Brancos são 97% dos apresentadores de programas na TV aberta.

“Checamos 204 programas das sete emissoras citadas que foram transmitidos entre o segundo semestre de 2016 e o primeiro de 2017. O resultado foi um levantamento de 272 apresentadores que compõem as grades de programação. Ainda que a maioria dos programas sejam exibidos em rede nacional, para os casos que variam de região para região foi adotado como padrão a programação de São Paulo. Mesmo assim, a pesquisa dá um bom panorama da televisão brasileira”, explicam os responsáveis pela pesquisa no site do Vaidapé.

Fonte e Arte: Vaidapé

Record e SBT não tem um único apresentador negro. A emissora que apresenta maior diversidade é a RedeTV!,  com quase 9% de apresentadores negros.

Outro dado interessante da pesquisa é que negros quando conseguem ser apresentadores, encabeçam projetos ligados ao entretenimento, cabendo mais uma vez aos rostos negros, a função de divertir, como se não tivéssemos credibilidade para falar sobre política e economia, por exemplo.

Fonte e Arte: Vaidapé

“Ah Silvia, mas tem muito repórter negro!”. Talvez, mas dentro da hierarquia de um programa de TV,  ele está atrás de algumas funções e a maior parte dos apresentadores hoje em dia, são também editores, ou seja, pautam, decidem o que o repórter tem que falar.

As pautas, abordagem de temas, edição dos textos e reportagem seriam diferentes se o apresentador fosse negro? Se ele também for editor, com certeza. Quantas reportagens que mostram rostos negros, mas que não estejam ligadas à pobreza, racismo e criminalidade você vê nos noticiários? Quantos economistas negros você viu na TV falando sobre reformas, ou nutricionistas, professores, pais, estudantes falando de assuntos do cotidiano?

Apesar de ainda estar longe ser a principal fonte de notícia do brasileiro médio, a Internet, sobretudo o Youtube, é o espaço onde negros apresentam seu próprio programas. Filmam, editam, encontram personagens negros com outras narrativas como fonte para suas produções e estão mais próximos do que a TV aberta deveria ser.

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