Ter uma mulher negra cuidando do nosso cabelo afro faz toda a diferença. Conversamos com Maia Boitrago que cuida do cabelo das mais badaladas celebridades negras como Taís Araújo, Iza, Camila Pitanga, Jennifer Nascimento e Lellê.
Do crespo armado às tranças super estilizadas Maia tem o dom, mas também profissionalismo . Suas clientes famosas não economizam nos elogios, fazendo de Maia um dos nomes mais requisitados quando falamos de beleza negra.
Ela mesma passou por um processo de transição capilar e entende a importância disso.
Mundo Negro : Quando e como foi que tudo começou, quando você descobriu esse dom que é trabalhar com tranças, e se teve algum fator que te incentivou seguir essa área?
Maia Boitrago: Então, eu sempre fiz trança no meu próprio cabelo, desde novinha. Em 2015 eu fiquei desempregada, daí comecei a trançar o cabelo das minhas amigas pra ajudar na renda. Eu sempre amei mexer em cabelo, sempre inventava vários penteados em mim. Eu comecei a trabalhar com tranças porque estava precisando, mas eu sempre amei.
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Há alguns anos atrás muitas mulheres passaram por transições capilares talvez um pouco mais dolorosas do que seria atualmente, as tranças ainda não eram tão bem aceitas aqui, então a única solução era usar os cabelos bem curtos ou com a textura dupla mesmo. Hoje em dia podemos apontar os penteados nagô, ou as tranças soltas mesmo como aliados das mulheres na transição capilar?
Maia: Quando eu resolvi colocar trança eu fui muito criticada, diziam que ia ficar feio, que não ia combinar, que era coisa de gente suja… Eu sempre fui muito teimosa e coloquei as tranças mesmo contra a vontade de todos. Eu, na época não sabia o que era racismo, não sabia que a minha atitude estava um ato de resistência enfrentar e sustentar todas aquelas pessoas com suas opiniões totalmente preconceituosas e racista.
As tranças foram o primeiro passo pra eu passar pela transição sem saber também o que estava acontecendo, eu apenas parei de usar química e comecei a usar as tranças. Com o tempo eu fui me interessando pela cultura, comecei a frequentar feiras e eventos de pessoas pretas para pessoas pretas e aos poucos fui me descobrindo e me entendendo como mulher negra. As tranças além símbolo de resistência elas ajudam muito nesse processo de transição que é bem doloroso, muitas mulheres chegam bem fragilizadas por tudo o que já passaram e mexer com a autoestima é algo muito delicado e de uma grande responsabilidade.
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Geralmente, qual é a reação da mulher na transição capilar após se ver pela primeira vez de tranças? O quão gratificante algo que muitos veem apenas como vaidade pode ser para você e para o cliente?
Todas ficam muito felizes, principalmente quando vamos passando o processo juntas e elas vão vendo o resultado a cada vez que vão refazer suas tranças.
Nós vimos também que atualmente você faz os penteados de muitas mulheres negras em evidência na mídia, como é essa sensação de ver a proporção que seu trabalho tem chegado.
Às vezes eu ainda não acredito e me assusto quando alguém vem até mim me elogiar, mas acima de tudo, eu fico feliz em saber que de alguma forma eu estou fazendo parte nessa luta diária. Eu atendo meus ídolos, mulheres que eu admirei a vida toda e hoje fazem parte da minha vida não só como clientes, mas trocando experiências também.
Em relação aos penteados que você fez recentemente dessas mulheres famosas, teve algum que você gostou mais? Achou mais desafiador, ou sentiu uma responsabilidade maior?
Os penteados de todas elas são desafiadores. São mulheres de muita personalidade e eu além de colocar a minha personalidade no meu trabalho preciso respeitar e ser a fiel a delas também. Não tenho nenhum de preferência, todos são muito especiais e todos têm histórias que vou levar pro resto da vida!!!! Vou ter histórias pra contar para os meus netos!
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Falando sobre as tendências para esse fim de ano, verão… Que tipo de penteado as mulheres podem apostar para curtir confortavelmente essa época mais quente do ano?
No verão eu gosto de usar muito nagô que é a trança mais leve, confortável e fresca que tem. Mas todas elas são tendência e nunca saem de moda!!!!! Vai de cada pessoa escolher o que seja mais confortável.
Negros, índios, quilombos, favelas, terreiros, Bahia, lavadeiras… O Carnaval 2020 do Grupo Especial do Rio vem preto, forte e destemido. Confira a trilha sonora do “maior espetáculo da terra” para este ano e se prepare com muito samba no pé: Depois de consagrar suas Marias, Mahins e Marielles com a “História para ninar gente grande” de 2019, a campeã Mangueira leva Jesus Cristo ao morro com “A verdade vos fará livre”: “Eu sou a Estação Primeira de Nazaré/Rosto negro, sangue índio, corpo de mulher”, canta Marquinho Art’Samba.
Comandada por Quinho e Emerson Dias, o Salgueiro conta a história de Benjamin de Oliveira, o primeiro palhaço negro do Brasil. Falando em referência da arte brasileira e preta, a Mocidade homenageia Elza Soares, com o tema “Elza Deusa Soares”, na voz de Wander Pires e samba assinado por Sandra de Sá.
“Oh, mãe, ensaboa, mãe, ensaboa, pra depois quarar” vem de Niterói, trazendo a Viradouro (vice-campeã do último Carnaval) e sua homenagem às Ganhadeiras de Itapuã, grupo musical que leva adiante a tradição das lavadeiras.
De azul e branco, a Vila Isabel homenageia Brasília, com um samba que é a cara do povo de Noel Rosa, puxado por Tinga, intérprete que transpira o DNA da agremiação. A Vila fala de “Jaçanã e um índio chamado Brasil”.
A Portela – que estreia em 2020 ninguém menos do que a dupla de carnavalescos Renato e Márcia Lage – vem de “Guajupiá, terra sem males”, enredo que conta a lenda dos Tupinambás, um dos povos que ocupavam originalmente esta terra.
De Padre Miguel para a Tijuca, mais uma voz inconfundível do carnaval traz o povo do Borel à Sapucaí: “A minha felicidade mora nesse lugar/ Eu sou favela”, canta Wantuir em “Onde moram os sonhos”, que marca o retorno do carnavalesco Paulo Barros à Unidos da Tijuca, onde foi campeão três vezes.
Em São Cristóvão, o método foi o mesmo: mais uma vez, Moacyr Luz, Cláudio Russo e parceiros assinam o samba do Paraíso do Tuiuti, “O santo e o rei – Encantarias de Sebastião”.
De São Cristóvão o Grupo Especial pega a Linha Vermelha e vai até Duque de Caxias, e exalta o sacerdote Joãozinho da Gomeia, pai de santo visitado por nomes como Jorge Amado, Juscelino Kubitschek e dezenas de atrizes, atores e músicos. Celebrado como um dos enredos (e sambas) do ano, “Tatalondirá – O canto do caboclo no quilombo de Caxias”, da Grande Rio, canta o axé do baiano Joãozinho com garra, além de passar pelo essencial alerta contra a intolerância: “Eu respeito o seu amém, você respeita o meu axé”, na voz de Evandro Malandro.
Pegando a mesma Linha Vermelha de volta, o disco desembarca na União da Ilha, onde Ito Melodia canta “Nas encruzilhadas da vida, entre becos, ruas e vielas, a sorte está lançada: salve-se quem puder”, um emocionante hino de louvor ao povo das comunidades.
Encruzilhadas, becos e vielas também aparecem, em abordagem diversa, em “Se essa rua fosse minha”, com que a Beija-Flor fala dos caminhos por onde o homem anda desde o início das civilizações, não esquecendo, é claro, os orixás e o povo da rua. “Nilopolitano em romaria/ A fé me guia”, garante Neguinho da Beija-Flor, mais de quatro décadas de serviços prestados à azul-e-branco da Baixada.
Promovendo a estreia de um craque do humor, Marcelo Adnet, no posto de compositor de samba-enredo (com parceiros), a São Clemente volta a um tema caro e necessário ao Carnaval: a malandragem, com “O conto do vigário”. A escola de Botafogo revive seus dias de crítica social (o que a levou ao Grupo Especial lá nos anos 1980) no belo samba puxado por Bruno Ribas, Leozinho e Grazzi Brasil. “La garantía soy yo!”.
Para fechar a coleção, o velho Estácio reaparece no Grupo Especial, em edição luxuosa comandada pela carnavalesca Rosa Magalhães (que fez história na escola décadas atrás): “Pedra”, que passa pela mineração, construção e tudo o que tem minerais envolvidos.
A atrizShari Headley fará parte do longa “Um príncipe em Nova York 2”. Ela está na versão original de 1988 e de acordo com o site Deadline, ela retorna como Lisa McDowell, esposa do príncipe Akeem, papel de Eddie Murphy.
A atriz Shari Headley
Vanessa Bell Calloway, a belíssima noiva escolhida pelos pais de Akeem no primeiro filme também volta para interpretar Imani Izzy mais uma vez.
A atriz Vanessa Bell Calloway
“Um príncipe em Nova York 2” adicionou um grande número de atores conhecidos que foram divulgados pela imprensa nos últimos dias, entre eles Wesley Snipes, Leslie Jones, Rick Ross além de outros atores da versão original comoArsenio Hall, James Earl Jones e John Amos.
A sequência segue com a história do Príncipe Akeem , agora Rei de Zamunda que descobre que ele tem um filho na América ,que ele nunca tinha ouvido falar. Junto com seu melhor amigo, Semmi, ele retorna para os EUA para conhecê-lo e torná-lo príncipe, desejo de seu pai.
O criador do seriadoBlack-ish, Kenya Barris é o roteirista do filme que será dirigido por Craig Brewer. A vencedora do Oscar de melhor figurino pelo filme Pantera Negra, Ruth E. Carter será a responsável pelos modelitos dos atores do longa.
O filme tem estreia prevista para Agosto do ano que vem.
Favela Mundo realizará colônias de férias gratuita para 500 crianças e adolescentes de comunidades do Rio
Época de férias escolar e a criançada só quer saber de diversão! Não tem para onde ir? Está em casa sem saber o que fazer? Calma, a ONG Favela Mundo realizará durante o mês de janeiro, a oitava edição de sua colônia de férias! Anote na agenda, pois as atividades são gratuitas, ocorrem em Acari e na Cidade de Deus, e são ótimas opções para a garotada que mora nas zonas norte e oeste do Rio. Cerca de 400 crianças estão sendo aguardadas.
Brincadeiras tradicionais como dança das cadeiras e corrida do saco serão desenvolvidas ao lado de jogos com bola e treinamento funcional para crianças. É importante ressaltar que qualquer criança, independente da região onde mora, pode participar. Ao término de cada dia será distribuído um lanche para os participantes. São apenas 50 vagas por dia, respeitando a ordem de chegada. Senhas serão distribuídas 30 minutos antes.
“Nossa colônia de férias tem sido um sucesso nas comunidades, desde a primeira edição em 2014. Como há poucas opções para a criançada nessa época dentro das favelas, a colônia acaba sendo uma das atividades mais esperadas do ano”, conta Marcello Andriotti, fundador da ONG Favela Mundo.
A Favela Mundo conta com patrocínio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura, LAMSA, MetrôRio e Libra Terminais Rio, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS e apoio do Instituto Invepar.
Fundada em setembro de 2010, a Favela Mundo passou por 12 comunidades e beneficiou 5.987 crianças e jovens. A ONG tem em seu currículo o reconhecimento de “Modelo de Inclusão Social nas Grandes Cidades”, concedido pela ONU em 2014, no World Cities Day, em Nova York, além de representar nosso país em outros eventos nos Estados Unidos, Canadá, México, Cuba e Marrocos.
SERVIÇO
O Projeto Favela Mundo realizará sua tradicional colônia de férias na Cidade de Deus (nos dias 13, 14, 20 e 21) e em Acari (dias 15, 16, 22 e 23 de janeiro). Horário: 9h às 12h
Acari: Escola Municipal Daniel Piza. Av. Professor Sá Lessa, 200.
Cidade de Deus: EDI Senhora Perciliana de Alvarenga, Rua Moisés s/n.
Informações:www.favelamundo.org.br ou pelo telefone 2236-4129
A liberdade é um dos aspectos da nossa vida mais subestimados. O direito de ir e vir, a hora que quiser, é algo que há não muito tempo atrás, não era possível para os antepassados da comunidade negra. Viajar , conhecer o mundo é uma das formas mais plenas de se sentir livre, e saber um outro idioma além do português aumenta suas possibilidades.
Conheça a história de quatro mulheres negras, que decidiram colocar o conhecimento da da língua inglesa como meta de vida e revolucionaram suas histórias pessoais. O que elas têm em comum? Todas fazem parte da família Ebony English, uma escola de inglês com foco na cultura negra e conhecida pela qualidade de ensino, amizade entre professores e alunos e possibilidades de intercâmbios em países africanos.
Juliana Paula Rosa, 37 anos, Formada em Administração, Pós em Estratégia de Mercado.
Juliana não sabia muito bem falar inglês na sua primeira experiência internacional, quando foi visitar seu padrinho na Flórida. “Eu havia começado o curso de Inglês há pouco tempo. Disse a mim mesma que na próxima viagem será de outro jeito! Praticamente não conseguia me comunicar sozinha”, detalha.
“Depois de um ano de intensivo em uma segunda escola, ‘meu inglês estava ‘tinindo’ e no ano de 2004 realizei a minha segunda viagem internacional. Dessa vez a Montreal (Canadá), meu primeiro Intercambio”, explica Juliana sobre o aprimoramento do seu nível de inglês.
Com o inglês mais avançado, ela pode conhecer muitas cidades africanas, como Joanesburgo, Pretoria e Cidade do Cabo.
Juliana em Signal Hill – Atras a Table Montain (Foto – Arquivo pessoal)
“Falando especificamente do continente Africano a importância do turismo internacional na minha vida é gigante! Com o inglês, eu visitei e vou visitar a maioria dos países africanos que também falam inglês. Para mim é importante mostrar para os meus, povo preto, que é possível estarmos onde quisermos. Mas tem que se preparar, planejar! Fazer conexões conhecer as diversas culturas. Honrar nossos ancestrais”.
Sarah Aparecida Rocha, Administradora de Empresa, 30 anos
Sarah começou a se aproximar do estudo da língua inglesa, quando participou de projeto da TUTU, uma ONG brasileira, parceira de uma ONG americana de Nashiville (EUA) chamada Charges Davis Foundation.
“Eu usei o inglês em outras situações antes deste ocorrido, mas se fosse para destacar, a vez que mais me marcou foi a minha primeira entrevista em inglês para uma empresa muito grande! Apesar de não ter sido lá essas coisas, eu fiquei muito orgulhosa de mim”, relata Sarah.
Em Agosto de 2018 , Sarah foi para Cape Town, África do Sul. ” Foi minha primeira viagem internacional e minha primeira viagem de avião da vida! Foi um dos momentos mais importantes da minha vida até agora. Uma experiência incrível que não cabe em palavras, apenas vivendo para sentir a emoção”.
Sarah na África do Sul – Foto – Arquivo Pessoal
A administradora de empresas, diz que a viagem para a África do Sul a transformou como pessoa. ” Porque eu conheci muitas pessoas que nunca imaginaria. Meus melhores amigos na África do Sul, onde fiquei 2 meses, foram um japonês chamado Nori e a Iftkhar da Arábia Saudita. Esta foi a experiência mais gratificante, poder ter ido pra África e estar na Terra Mãe, mas também por ter tido a oportunidade de conviver por 2 meses com pessoas de culturas extremamente diferentes da minha, foi muito rico e emocionante!”. E toda essa experiência mudou o seu modo de lidar com a vida. “Hoje posso dizer que consigo lidar melhor com conflitos, resolver situações de forma mais assertiva, conviver em grupo e respeitar as diferenças das pessoas também, além de conseguir confiar mais em meu potencial ! A experiência internacional traz isso”, finaliza.
Thaís Mariê Camargo Sena, 28 anos, professora de inglês e estudante de pedagogia
Thaís começou seu contado com a língua Inglesa, sozinha.”Eu estudei por iniciativa própria porque eu realmente gosto muito de inglês, mas eu comecei a estudar numa escola com cerca de 17 anos, então eu não tinha a mesma visão da minha mãe sobre a importância de estudar inglês, eu comecei por diversão, mas logo depois do intercâmbio comecei a fazer entrevistas e percebi como o mercado me tratava diferente por eu ser uma mulher negra que falava inglês.”, relata a professora.
Thais em Nova York (Foto Arquivo pessoal).
“Eu nunca me senti insegura aqui no Brasil. No avião, eu confundi duas palavras bem parecidas e a aeromoça foi bem grosseira comigo, daí eu me senti travada, mas foi só desembarcar que essa sensação passou. Quando eu viajei e fui elogiada pela minha família canadense foi aí que eu percebi que eu realmente falava inglês. Como nós estamos sempre ouvindo conselhos dos outros, eu ouvia muitas pessoas dizendo ‘você acha que fala inglês até sair do país’. Mas eu não tive essa experiência, como eu aprendi vendo filmes, assistindo TV, eu já estava minimamente condicionada a me virar pra entender o que foi dito sem ter alguém a quem recorrer”, detalha Thaís.
A professora conheceu além do Canadá onde fez intercâmbio, Nova York, Seattle e Los Angeles. “Foi bem importante pra mim. Na viagem para Nova York, por exemplo, eu tinha acabado de sair de um relacionamento longo e que não acabou bem. Sair do meu ciclo de contatos, ter contato com outra cultura e pensar sobre a vastidão do mundo, me ajudou muito a expandir meus horizontes e superar o meu momento. Eu sempre tive muita facilidade pra me comunicar em inglês, então essas viagens foram ótimas pra aumentar minha auto estima, passear, conhecer pessoas”. comenta.
Adriana Lima, 27 anos, formada em comunicação e marketing
“Minha primeira viagem internacional sozinha foi para a África do Sul, a terra do Mandela, sempre quis saber e conhecer um pouco mais de perto como tudo aconteceu durante e após o apartheid. Aqui no Brasil o que sabemos está em algumas publicações ou documentários, mas ter a oportunidade de estar no país onde Mandela nasceu é fascinante”, descreve Adriana.
Adriana em Table Mountain – África do Sul Foto – Arquivo Pessoal)
Ela se descreve como uma pessoa solidária, e as viagens internacionais lhe trouxeram um novo olhar sobre o mundo. “Sempre fui uma pessoa que gosta de ajudar o próximo dentro das minhas possibilidades, as viagens me trouxeram um olhar mais sensível sobre a vida aprendi a dar mais valor a tudo, ser mais observadora estar mais próxima dos valores básicos que aprendi dentro da minha casa. Aprendi a viver, a me conhecer, a explorar e descobrir tudo aquilo que meu coração desejar”.
A liberdade de poder se comunicar na língua nativa do seu destino turístico foi uma das grandes satisfações da viagem de Adriana. “O inglês foi fundamental para o meu convívio com as outras pessoas, pois em todo o momento a minha comunicação foi em inglês, desde das coisas básicas como ir a uma cafeteria e pedir um chocolate quente, fazer compras no supermercado, pedir informação e conversar com os habitantes locais e o mais importante fiz tudo sozinha e não precisei de ajuda de ninguém na hora da comunicação, isso para mim foi muito gratificante pois eu me preparei para estar lá e o resultado foi a oportunidade de interagir e compartilhar momentos simples na mesma linguagem”.
Ebony English empodera os alunos por meio do inglês e intercâmbios na África
A experiência de viagem, foram uma grande mudança na vida profissional de Thaís. “Depois de empregos em multinacionais, retornei à minha paixão de infância que era lecionar. Procurei me especializar antes de entrar na sala de aula, fui professora voluntária. Encontrei a Ebony há 5 anos por indicação da Ana Paula Xongani e me encontrei por me identificar com a escola, que foi uma coisa que nunca aconteceu quando eu era aluna. Poder oferecer uma aula com a qual os alunos se identificam não têm preço pra mim. Poder poder compartilhar com os alunos a importância do inglês não só no mercado, mas na nossa conexão enquanto diáspora (que também é uma grande lição que eu aprendi com a Ebony) é o meu grande propósito hoje.
Para Adriana, A Ebony foi um achado precioso, enquanto mulher negra.”Encontrei a Ebony em 2016, e algo me chamou atenção desde o início uma escola de inglês com cultura negra?! Nunca tinha visto esse modelo de negócio em São Paulo, me interessei pelo projeto e em pouco tempo já estava frequentado a unidade localizada na Frei Caneca, foi a primeira vez na minha vida que tive contato com uma grande quantidade de negros em sala de aula (as salas de aula da Ebony English são compostas por no máximo oito alunos por sala)”.
Um diferencial única da escola paulistana, é a conexão com outras culturas através de vídeo conferência, palestras com pessoas nativas de outro país tendo o inglês como língua oficial, método de ensino, questão social e o atendimento de qualidade.
Tá fácil ser mulher preta não, é chicote estalando de todo lado!
Haja resistência, mas Não se cale! Não silencie suas dores! Reaja!
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Quando fere sua existência, seja resistência!
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Mulher preta não pode ser? Não pode estar e fazer o que quer?
Se você estuda demais, você é arrogante!
Se não estuda, você é preguiçosa!
Se trabalha demais é egoísta
Se fala algo ou tem opinião, é metida!
Se nos posicionamos, somos raivosas!
Se argumentamos, somos loucas!
Se criamos ações, somos censuradas!
Se propomos, somos ridicularizadas!
Se amamos, somos desprezadas!
Se temos qualidades, não consideram!
Se temos defeitos, somos julgadas!
Se somos persistentes, somos apenas suficientes!
. Não podemos ser humanas?
. Porque nosso esforço tem que ser sempre melhor e maior do que o dos outros?
. A todo tempo somos discriminadas e rejeitadas pelos racistas (e/ou machistas)!
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Raça – Racismo – Gênero – Patriarcado – Violência: tudo direcionado a um corpo!
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Tem sempre um racista falando que não somos dignas de respeito e consideração!
Tem sempre um racista querendo diminuir ou deslegitimar nosso trabalho ou nossa ação!
Seja onde estivermos, independente do cargo, escolaridade ou posição que ocupa, para o racista (e machista), nunca seremos suficientes, haverá sempre uma crítica destrutiva, no sentido de te desqualificar enquanto pessoa, artista e/ou trabalhadora, por exemplo.
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Na boca dos racistas, nunca somos gente: somos tratadas feito verme, humilhadas, xingadas, abandonadas e maltratadas pelo fato de sermos quem somos!
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Quando não conseguem nos matar, matam nossa continuidade: matam nossos filhos!
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Nesse mercado racista, patriarcal e eurocêntrico, a carne mais barata ainda é a negra.
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Por isso, não se paute pelo que o racista acha de você, se paute por aquilo que somos!
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Como diz Marimba Ani; “nossa cultura é nosso sistema imunológico”.
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E essa cultura só pode ser nossa cura, quando é trabalhada de fato, quando resgata, preserva e educa pessoas a partir dos valores civilizatórios africanos; não é cultura por mero ritual ou crença, por mero interesse político ou acadêmico, é cultura por te fazer uma pessoa melhor, seja no aspecto individual ou coletivo. Esse sistema imunológico é nossa cultura, porque baseie-se em nossa ancestralidade. Entenda que:
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“a ancestralidade nos conecta: o que você faz a mim, você faz para você mesmo e o que faço a ti, faço para eu mesma. Estamos interligados, tudo está interligado. Não existe separação da vida; tua vida pessoal é continuidade da profissional, tua vida profissional é extensão da vida pessoal. Somos o que somos, somos o que fazemos, somos o que pensamos, somos seres com propósito, com pré-destino, com missão; nessa direção afroperspectivista, não existe acaso, existem ciclos e continuidades” (SOUZA, 2019).
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Há fluxo e refluxo. Tudo é movimento e tudo é cíclico, feito roda gigante, observe o movimento da roda gigante! E digo mais, tanto Bell Hooks quanto Paulo Freire, mostram que não há separação, cisão entre teoria e prática, quando nossa experiência construída ao longo da vida soma-se à construção e perspectiva teórica. Logo, a teorização está intrinsicamente ligada à vida.
A teoria na prática e a prática da teoria em vida devem ser a cisão de uma prática libertadora, pois não basta combater o racismo no coletivo e reproduzir o racismo nas relações pessoais; não basta homenagear comunidade negra e praticar auto-ódio consigo mesmo e com os outros, por exemplo. O racismo como estrutura foi impregnado no subconsciente por uma educação envenenada pelo eurocentrismo que desde a infância foi construindo a negação da nossa humanidade.
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O racismo estrutura até nossas emoções! Nossa luta não é somente pela razão, mas também pela descolonização de nossa emoção! Para trazer uma outra racionalidade que não provoca a separação entre mente e corpo, entre prática e teoria, entre o que se faz e o que se diz!
Nossa luta é árdua e esses processos educativos precisam ser conscientes para localizar e descolonizar e depois africanizar nosso pensamento e nossa ação. O que pensamos, falamos e fazemos tem que ser coerente com tudo aquilo que defendemos ou anunciamos.
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A teoria enquanto prática e a prática como reflexão da teoria, devem caminhar juntas como processo crítico e reflexivo que provoque mudanças de pensamentos, comportamentos e atitudes, que por sua vez, geram impactos significativos na vida das pessoas. Esse é um aspecto da ciência engajada que busca alinhar ativismo e construção teórica, proporcionando não somente o conhecimento, mas a “cura”, o despertar de consciência do indivíduo e/ou do coletivo diante dos impactos do racismo, e também, diante da imensidão do legado de África para o mundo. Nesse sentido, a escrita e a oralidade podem anunciar transformações de existência e de resistência.
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A resistência só é possível por que existimos, porque temos nossas vozes!
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Quando tentarem silenciar tua voz, fale e se faça ouvir!
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“Infinitas vezes, os esforços das mulheres negras para falar, quebrar o silêncio e engajar-se em debates políticos progressistas radicais enfrentam a oposição. Há um elo entre a imposição de silêncio que experimentamos e censura anti-intelectualismo em contextos predominantemente negros que deveriam ser um lugar de apoio (como um espaço onde só há mulheres negras), e aquela imposição de silêncio que ocorre em instituições onde se dizem as mulheres negras e de cor que elas não podem ser plenamente ouvidas ou escutadas porque seus trabalhos não são suficientemente teóricos” ou considerados bons (HOOKS, 1994, 95), tem sempre alguém querendo deslegitimar nosso trabalho.
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Por tudo isso, Decida Não se Calar!
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Temos que aceitar as injustiças caladas?
Temos que aceitar humilhações?
Temos que aceitar gritos, mandos e desmandos?
Aceitar os açoites, aceitar as acusações?
Aceitar os julgamentos e silenciar nossas dores?
Você acha mesmo que temos que silenciar nossas dores e aceitar os julgamentos?
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Quando não nos batem com as mãos, nos batem com as palavras, abrem feridas que doem até a alma, custa a cicatrizar, outras formam calos que traumatizam tanto que viram doenças físicas ou mentais… essa dor mata! É preciso terapeutizar, tratar, curar. É verbo, é ação e nosso primeiro ato de libertação é falar…
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Temos que trazer a fala silenciada, dentro e fora de Nós.
Temos que trazer e falar da dor causada pelo racismo em Nós.
Se assim for: Peça ajuda. Procure ajuda. Seja escuta, seja ajuda.
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Falar é cura.
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Decida Não se Calar!
Decida não se calar diante das opressões e só se cale se for estratégico e redefinir sua realidade!
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Decida ser quem você veio para ser, descubra-se e seja potência!
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Somos protagonistas e ao mesmo tempo somos vítimas de um sistema.
Somos injustiçadas socialmente.
Nós mulheres negras somos atacadas pelo ódio, discriminação, opressão, desigualdade e pela violência sistemática contra nós, e isso não se constitui num evento isolado e nem repentino ou inesperado;
Essa violência acontece todo dia e a qualquer momento e em qualquer lugar, principalmente dentro de casa e no trabalho. Toda hora tem uma mulher sendo oprimida.
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Segundo o Dossiê Violência contra as Mulheres, há um processo contínuo de violências contra a mulher, principalmente contra a mulher negra, cujas raízes misóginas e racistas se caracterizam no uso da violência simbólica à violência extrema. Essa violência se apresenta por uma vasta gama de abusos, desde verbais, físicos e sexuais, como o estupro, e diversas formas de humilhação, tratamento cruel, perverso ou degradante, mutilação e de barbárie (Instituto Patrícia Galvão, 2015).
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Alguns dizem em tom de deboche que somos as mais sofridas, as vítimas, os principais alvos da violência, mas os números confirmam essa realidade! Temos que dar visibilidade a isso e tratar o assunto com seriedade. Mulheres negras estão morrendo e de várias formas!
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O mapa da violência de 2015, mostra que a vitimização entre as mulheres negras no Brasil cresceu: em 10 anos, os homicídios de mulheres negras aumentaram 54%, enquanto o homicídio das mulheres brancas caiu 9,8%. Mulheres negras ainda são as maiores vítimas do feminicídio!
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Todo dia, da escravidão até os dias de hoje, milhares de mulheres negras são vítimas da:
violência doméstica
violência sexual
violência racial
violência de gênero
violência psicológica
violência moral
violência física
violência cultural
violência econômica
violência política
violência institucional
violência religiosa
violência virtual
violência informativa
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Essas violências isoladas, juntas ou combinadas nos atingem todos os dias dentro e fora de casa, no espaço público e privado na sociedade!
Todo dia lutamos por uma vida livre de todas as formas de violência!
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Todo dia lutamos!
Lutamos para não sermos excluídas
Lutamos para não sermos invisibilizadas
Lutamos para não ter nossas vozes silenciadas
Lutamos para sermos amadas
Lutamos para amar
Lutamos para ter e/ou permanecer nas relações
Lutamos para descolonizar nossos corpos, africanizando mente, alma e espírito
Lutamos para expressar o que somos
Lutamos para combater a dor causada pelo racismo
Lutamos para proteger nossas vidas
Lutamos para ter direito à vida.
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Nossa história importa…
Nossa cultura importa…
Nossa Vida Importa!
Nossa alegria importa!
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Nosso luto é luta!
Nossa luta é resistência!
Só é possível resistir, porque existimos!
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E o que é que nos dá força para lutarmos?
É nossa existência, é a fé na nossa espiritualidade…
É acreditar que nossos passos vêm de longe…
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Somos potências e a continuidade ancestral…
Do nosso ventre fértil saí a vida materializada ou espiritualizada
Somos guardiães e progenitoras de universos transcendentais
Somos matriarcas, mães, gestoras e gestantes
Somos muitas e milhares de mulheres pretas dignas de amar e sermos amadas.
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É o amor e a fé que nos nutre!
E apesar de toda dor e rejeição causada pelo racismo e patriarcado…nossa existência nos faz renascer a cada dia. Dia após dia nos levantamos para lutar pelo direito de existir…
Tatiane Pereira de Souza, Ituitaba-MG.
Quem escreve: Tatiane Souza é Congadeira do Terno de Congada Chapéus de Fitas, Pedagoga/UNIRP, Mestre em Educação/UFSCar e Doutora em Ciências Sociais/UNESP, Consultora, Palestrante, Professora e Pesquisadora das ciências e culturas da África e de sua diáspora negra; nesse sentido, em seu projeto @afroeducar, propõe a descolonização do saber e a africanização do saber/fazer a partir do legado africano.
Fruto de uma família de classe média negra que valorizou a educação dos filhos, o dentista Dr. Otávio Ribeiro se encontra em uma excelente fase profissional. Ele é sócio de uma clínica de odontologia na Zona Sul da cidade de São Paulo, mas isso nunca impediu que ele tivesse um olhar racial durante sua trajetória.
“Durante a faculdade (Universidade de Santo Amaro) fiz muitos amigos, que tenho amizade até hoje, sempre fui muito querido e respeitado por meus colegas e professores. Na minha turma iniciamos o curso com 100 alunos no matutino e 100 no vespertino, aproximadamente, 5% eram negros, um número muito pequeno”, detalha Ribeiro.
Hoje em sua bela clínica na Vila Clementino, o dentista gostaria de atender mais pacientes negros.
“Fiz um levantamento referente ao ano de 2018 e conclui que somente 15% dos meus pacientes são negros, creio que isso acontece por vários motivos, o primeiro é o fator econômico, a população negra ainda não atingiu uma posição econômica favorável na qual consiga ter acesso à tratamentos de ponta”, reflete o dentista.
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O segundo fator que ele levanta, vem da estrutura social brasileira que faz com que negros ainda sejam a minoria dos rostos em profissões clássicas.
“Outro fator que eu acredito que possa ocorrer é que alguns pacientes negros não confiam em profissionais negros que exercem cargos como médicos e dentistas, por não conhecerem muitos profissionais nessa área”,pondera Ribeiro.
Dr Otávio em sua clínica (Foto Arquivo pessoal)
Otávio que é irmão da jornalista Joyce Ribeiro da TV Cultura, e tem outro irmão formado em Relações Internacionais Luis Gustavo Ribeiro, conta exemplos que reforçam sua ideia sobre essa insegurança em relação aos profissionais negros:
“Uma pacienteque realizei um tratamento longo, após criarmos uma amizade, me relatouque no começo estava meio insegura em fazer o tratamento comigo pois pensava ‘O que esse negão vai fazer’, as palavras dela me deixaram espantado, levamos na brincadeira mas foi uma história que me marcou muito”, relembra Ribeiro.
Outro caso, foi de uma paciente que quis fotos com ele para mostrar aos amigos, que o dentista negro, não era invenção. “Apaciente tirou uma foto minha enquanto fazia uma prescrição de medicamentos para ela, ao perceber eu perguntei porque ela tirou uma foto minha, e ela me respondeu que era para mostrar para os amigos dela que o dentista dela era negro, pois eles não acreditavam”.
Felizmente a cada dia as pessoas parecem estar aceitando que a excelência negra, veio para ficar. “Hoje em dia independente da raça, os pacientes que eu atendo me admiram, me respeitam e sempre me elogiam pela minha história, por minha dedicação aos estudos e à profissão, me sinto muito honrado por isso, os pacientes negros se identificam e se sentem orgulhosos por verem um negro sendo dentista deles, me sinto muito honrado também por atender pacientes estrangeiros e brasileiros que moram em outros países e vem para o Brasil para tratar comigo, já atendi pacientes dos EUA, Angola, França, Líbano e Paquistão”, finaliza Otávio.
Para quem quiser conhecer mais o trabalho do Dr. Otávio, é só anotar os contatos abaixo.
"A Sutileza, ou o Bebê Maravilhoso de Açúcar", de Kara Walker, que tinha essa figura parecida com uma esfinge como peça central, foi um trabalho definidor da década. Foto: The New York Times
“A Sutileza, ou o Bebê Maravilhoso de Açúcar”, de Kara Walker, que tinha essa figura parecida com uma esfinge como peça central, foi um trabalho definidor da década. Foto: The New York Times
Em uma análise profunda, o Jornal The New York Times publicou, no final de novembro, um compilado de como nos últimos dez anos artistas pretos tomaram conta de Nova Iorque, nos Estados Unidos. O Site Mundo Negro, inspirado pelo levantamento lista a seguir os principais insights para que nossos artistas pretos também possam alavancar suas carreiras.
Nas galerias, nos cinemas, na rua, nas rádios, na internet, é impossível não vermos uma notória representatividade étnica quando falamos e pensamos nos Estados Unidos. Mas você já parou para pensar que lá, pretos e pardos somam 14% da população, enquanto aqui somos 54%?
Para o jornal, a década começou um pouco cedo, em 2007, com a impressionante coincidência de duas retrospectivas de museus dedicadas a artistas negros: as representações incendiárias de Kara Walker, no Whitney Museum of American Art e as esculturas silenciosamente insistentes de Martin Puryear no Museu de Arte Moderna.
Para o The New York Times, o ponto de virada para a ascensão dos artistas pretos no cenário cultural estadunidense foi graças a um episódio de apropriação cultural, que gerou uma revolta intensa, que a publicação chama de “tempestade de fogo em torno de “Open Casket””, uma pintura de Dana Schutz na Bienal de Whitney, em 2017. Schutz, que é branca, baseou-se em fotografias famosas do corpo agredido de Emmett Till, o adolescente negro de Chicago que foi linchado no Mississippi em 1955 em alegações fabricadas de flertar com uma mulher branca. A fotografia foi tirada no funeral de Till, onde sua mãe havia insistido em um caixão aberto para que, como ela disse, “todo o mundo pudesse ver”.
A discussão sobre a pintura ficaram em torno se um artista branco deveria retratar ou exibir, um assunto tão profundamente traumático para os afro-americanos, e a demanda incendiária – primeiramente feita em uma carta pública pela artista Hannah Black – de que a pintura fosse destruída. No final, o debate sobre a liberdade artística parecia menos importante que a intensidade da raiva: a velocidade e a rigidez com que iluminava o esquecimento e o direito dos brancos.
Segundo o jornal, o furor deu início a um movimento que pedia por igualdade de espaço para artistas pretos. E o resultado começou a surgir na Bienal de 2019, com seu alto percentual de artistas negras. Este foi apenas o resumo das mudanças importantes dos anos 2010 para a arte. No curto prazo, houve a presidência de Obama e as barreiras que rompeu, desde a eleição em si até a seleção de artistas afro-americanos do primeiro casal – Amy Sherald e Kehinde Wiley – para pintar seus retratos oficiais.
A longo prazo, houve (e existe novamente) o movimento dos direitos civis e as lutas e realizações de artistas e artesãos afro-americanos desde o período colonial, alguns dos quais ainda podem aguardar a descoberta. Desse ponto de vista, a década de 2020 deve ser ainda mais memorável. Para nós, brasileiros este pode ser o caminho: União e nos colocarmos em destaque ao invés de ficarmos brigando, vamos brigar contra uma sociedade patriarcal que nos invisibiliza.
Continuando nossa lista das reportagens mais lidas, no quarto lugar temos Terry Crews, que ficou famoso como o pai pão duro, Julius, em Todo Mundo Odeia o Chris, além de atuar, ser ex-atleta e muso fitness também desenha, e muito. O seu trabalho de ilustrador pode ser visto no livro Come find me (Venha me encontrar), relançado em uma versão digital 20 anos após sua primeira publicação.
“A ideia do livro na época já era inovadora. Dois meninos negros que se imaginam como pilotos de avião, capitães, pilotos de corrida ainda era legal essa noção ideológica que uma pessoa tem que cuidar outra, mesmo sendo apenas um jogo”, explica Terry.
Seu amigo de time, Ken Harvey (Crews jogava futebol americano no Washington Redskins) escreveu o livro e o ator fez as ilustrações.
A nova versão da obra interage juntamente com um aplicativo para ser baixado no celular ou tablet, ou seja, você soma a diversão da leitura com a de um jogo online.
Felizmente o livre tem uma versão em português e custa U$ 17 no site oficial do livro. Clique aqui para acessar.
Na terceira posição das matérias mais lidas de 2019, temos o filme The Look, da P&G: Nas lojas, no trabalho, na faculdade, na festa. Quem é negro sempre se depara com alguém branco jogando aquele olhar que nunca sabemos se é de desprezo, preconceito ou medo. A verdade é que ele mesmo sendo frequente machuca e essa dor não deveria ser parte do cotidiano.
A P&G depois do sucesso da campanha The Talk (A conversa) a marca resolveu abordar mais uma vez em um filme publicitário questões cotidianas e intimas da negritude. Nesse novo trabalho, o filme The Look (O olhar) relata o incomodo de um homem negro que ao longo do dia, se depara com vários olhares tortos de pessoas brancas, inclusive quando ele está com seu filho. Na rua, na piscina, na loja, no ambiente de trabalho, os olhares são presentes e notados por esse homem. A marca se propõe a discutir o preconceito inconsciente.
“Não se trata de vergonha. Trata-se de conscientizar as pessoas de que isso realmente acontece e que precisamos apenas reconhecer para podemos avançar “, explica Keith Cartwright, membro da Sunday Morning, coletivo que atua na diminuição do racismo e preconceito no mercado publicitário americano e que foi parceiro da P&G nessa campanha.