O “Marambiré” é uma manifestação cultural quilombola, que envolve dança, música e cantos que fazem referência aos antigos reinados da África Central. Este ocorre, principalmente, em homenagem a São Benedito, um santo católico venerado em Portugal desde o século 16. Ao ser trazido ao Brasil pelos padres portugueses, foi prontamente adotado pelos escravos – principalmente pelo fato de o santo ser um ex-escravo – tornando-se um santo negro de grande devoção.
Esta manifestação, religiosa e cultural, resiste há mais de um século no Brasil como instrumento de preservação da cultura, das raízes africanas, das memórias dos escravos e de seus descendentes na região amazônica. Passada de geração em geração, a dança cria um universo teatral-ritual com rei, rainhas, “valsares”, tocadores e contramestres.
Com o apoio do projeto “Rumos Itaú Cultural”, o documentário “Marambiré”, que documenta esta celebração, mostra a dinâmica desta manifestação cultural na comunidade quilombola do Pacoval, no município de Alenquer, no Pará, e das famílias que dele participam. O filme também conta com depoimentos dos quilombolas.
A primeira exibição do documentário “Marambiré”, dirigido por André dos Santos, acontece dia 1 de novembro, às 18h, de forma gratuita, no Sesc Boulevard – Boulevard Castilhos França, 523 – Campina, Belém(PA). A classificação é livre.
Assista ao teaser:
Confiram o trailer do documentário Marambiré, realizado pela Lamparina Filmes, com recursos do edital Rumos Itaú Cultural 2015-2016. O documentário mostra a dinâmica do Marambiré, que reúne dança, música e cantoria marcada fortemente por tambores, fazendo referência aos antigos reinados da África Central, recriando um universo teatral com rei, rainha mestra, rainhas auxiliares, valsares, tocadores e contramestres. Passada de geração em geração pelos escravos refugiados em busca de liberdade, a dança hoje se apresenta na forma de um festejo sincrético que inclui elementos de cultos africanos e religião cristã, assim como culturas portuguesa e africana. Obrigado equipe: Artur Arias Dutra Denise Schaan Davi Paes Andersonbatista Batista Rodrigo Cley Luan Gurjão Vilson Vicente. Obrigado pela parceria e suporte: Mayra Koketsu e Thays Viana Ishikawa#rumositaucultural #marambire #lamparinafilmes
A “Cresparia. Soluções Pretas” é uma agência com prestação de serviços em produção cultural, afroempreendedorismo, saúde, bem estar e assessoria acadêmica à população negra. A agência criou o “Novembro Preto”, com o objetivo de potencializar empreendedores negros, dar visibilidade a estes e permitir que os interessados compartilhem e vivenciem a cultura negra.
O “Novembro Preto” conta com várias atividades, entre elas: rodas de conversa, feira cultural, baile black, exposição fotográfica, sessões de cinema, além de , palestras sobre saúde mental com temas como “homem negro”, “Lgbttqia+”, “Mulher”, entre outros temas e atividades.
A abertura será no dia 1º de novembro, quarta-feira, às 19h, com a performance “CURA”, com Micaela Cyrino. O evento acontece do dia 1 ao dia 30 de novembro, no Centro Cultural Butantã – Av. Corifeu de Azevedo Marques, nº 1882 – São Paulo (SP).
Para acessar a programação completa, saber como se inscrever nas atividades (caso a atividade em questão necessite) e todos os horários, acesse o evento “Novembro Preto”, no Facebook, clicando AQUI.
O “AfroeducAÇÃO no Cinema”, é um projeto realizado pelo “Clube do Professor”, em parceria com o espaço Espaço Itaú de Cinema. As seções tiveram início na cidade de São Paulo, em 2011, com o objetivo de ajudar os espectadores a conhecer e valorizar a cultura e a identidade negras, por meio dos filmes apresentados.
A iniciativa é direcionada, principalmente, a educadores interessados na aplicação da Lei Federal 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira na educação básica.
Nesta sessão serão exibidos de dois filmes brasileiros que discutem a ancestralidade negra no Brasil. Serão os curtas “Quando Zumbi chegar”, do coletivo 5 nOMundo e “Esse bumbo é meu”, dirigido por Ruy Reis e Paula Simões. Logo após a sessão, haverá debate com o público, com a participação dos realizadores dos filmes.
O “AfroeducAÇÃO no Cinema” acontece no dia 28 de outubro, à paris das 11h da manhã, no Espaço Itaú de Cinema – Shopping Frei Caneca – R. Frei Caneca, 569 – Consolação, São Paulo – SP. A entrada é gratuita, com distribuição de senhas à partir das 10h30 da manhã.
Para saber mais e confirmar sua presença, acesse o evento do “AfroeducAÇÃO no Cinema”, criado no Facebook, clicando AQUI.
Tiradentes é homenageado com feriado nacional, mas Zumbi não. Muitas datas católicas, param o Brasil, mas a representatividade do líderes do Quilombo do Palmares, não parece ser suficiente para convencer nosso poder legislativo em ampliar o feriado de 20 de novembro para todo país.
A data foi incluída no calendário escolar nacional em 2003 e em 2011, a Lei 12.519 instituiu oficialmente a data como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.
Um projeto de 2015, de autoria do Deputado Valmir Assunção (PT/BA) propõe que 20 de novembro seja feriado em todo território nacional:
“Dada à centralidade de tal significado, o estabelecimento um feriado para o reconhecimento da contribuição da população negra no Brasil é medida que há muito deveria ser considerada. Designar o 20 de novembro como feriado nacional significa, nesses termos, fazer integrar o plano simbólico do Brasil a herança histórica de tradição e resistência de metade de sua população, que ainda se vê apartada em todos os aspectos da vida social”
A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania) aprovou o projeto, no início de outubro deste ano, porém o mesmo foi rejeitado pela CDEICS (Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviço). Ele agora segue para análise no plenário.
20 de novembro é feriado em mais de mil cidades
Há feriados estaduais como no Rio de Janeiro e Amazonas e somente municipais, sendo quase mil municípios em todo o Brasil onde 20 de novembro é um dia para reflexão ou descanso.
Confira as cidades onde o dia da Consciência Negra é feriado. (Fonte da relação das cidades: Terra)
Acre
Não é feriado em nenhuma cidade do Acre o dia 20 de novembro.
Alagoas
De acordo com a Lei Estadual n° 5.724 de 1995, todos os municípios do estado de Alagoas têm feriado no Dia da Consciência Negra.
Amazonas
Lei estadual de 2010 institui o dia 20 de novembro como feriado emtodos os municípios do Amazonas . A capital Manaus também tem uma lei municipal que decreta o feriado do Dia da Consciência Negra.
Amapá
Desde 2007 o Estado do Amapá determinou, via lei, que a data é feriado em todas as cidades do Estado.
Bahia
Só três cidades têm lei municipal que termina a data como feriado:
– Alagoinhas
– Camaçari
– Serrinha
Ceará
O Dia da Consciência Negra não é feriado em nenhuma cidade.
Distrito Federal
Não há feriado no DF para o Dia da Consciência Negra.
Espírito Santo
Apenas duas cidades têm feriado oficial no dia 20 de novembro:
– Cariacica
– Guarapari
Goiás
Quatro cidades goianas celebram o Dia da Consciência Negra:
– Goiânia
– Aparecida de Goiânia
– Flores de Goiás
– Santa Rita do Araguaia.
Maranhão
Só o município de Pedreiras tem lei municipal que determina 20 de novembro feriado.
Minas Gerais
É feriado Dia da Consciência Negra em 11 municípios mineiros , incluindo a capital, Belo Horizonte.
– Além de Paraiba – Belo Horizonte
– Betim
– Guarani
– Ibiá
– Jacutinga
– Juiz De Fora
– Montes Claros
– Santos Dumont
– Sapucai-Mirim
– Uberaba
Mato Grosso do Sul
Somente em uma cidade, Corumbá , é feriado oficial.
Mato Grosso
Todas as cidades do Estado , inclusive a capital Cuiabá, têm feriado em 20 de novembro.
Paraíba
Só João Pessoa , capital do Estado, tem o 20 de novembro como feriado.
Pará
Nenhuma cidade do Pará tem feriado na data.
Paraná
Só duas cidades paranenses têm feriado oficial no 20 de novembro:
– Guarapuava
– Londrina
Pernambuco
Nenhuma cidade de Pernambuco tem feriado na data
Piauí
Não é feriado em nenhuma cidade do Estado.
Rio de Janeiro
Uma lei estadual de 2002 determina que o Dia da Consciência Negra seja feriado em todos os 92 municípios fluminenses , inclusive na capital a cidade do Rio de Janeiro .
Rio Grande do Norte
Não é feriado em 20 de novembro em nenhuma cidade do Estado.
Rio Grande do Sul
Não é feriado em nenhum município do Estado.
Rondônia
Não é feriado, em 20 de novembro, em nenhuma cidade do estado.
Roraima
Em nenhuma cidade do estado será feriado no dia 20 de novembro.
Santa Catarina
Florianópolis
São Paulo
A data está no calendário oficial de 102 municípios, incluindo a capitalSão Paulo . Veja a lista de cidades:
– Aguai
– Águas Da Prata
– Águas De São Pedro
– Altinópolis
– Americana
– Americo Brasiliense
– Amparo
– Aparecida
– Araçatuba
– Aracoiaba da Serra
– Araraquara
– Araras
– Bananal
– Barretos
– Barueri
– Bofete
– Borborema
– Buritama
– Cabreuva
– Cajeira
– Cajobi
– Campinas
– Campos do Jordão
– Canas
– Capivari
– Caraguatatuba
– Carapicuíba
– Charqueada
– Chavantes
– Cordeirópolis
– Cruz das Almas
– Diadema
– Embu
– Embu Das Artes
– Estância De Atibaia
– Florida Paulista
– Franca
– Franco Da Rocha
– Francisco Morato
– Franco da Rocha
– Getulina
– Guaira
– Guarujá
– Guarulhos
– Hortolândia
– Ilhabela
– Itanhaem
– Itapecerica da Serra
– Itapeva
– Itapevi
– Itararé
– Itatiba
– Itu
– Ituverava
– Jaguariuna
– Jambeiro
– Jandira
– Jarinu
– Jaú
– Jundiaí
– Juquitiba
– Lajes
– Leme
– Limeira
– Mauá
– Mococa
– Olímpia
– Paraiso
– Paulo de Faria
– Pedreira
– Pedro de Toledo
– Pereira Barreto
– Peruíbe
– Piracicaba
– Pirapora do Bom Jesus
– Porto Feliz
– Ribeirão Pires
– Ribeirão Preto
– Rincão
– Rio Claro
– Rio Grande Da Serra
– Salesópolis
– Salto
– Santa Albertina
– Santa Isabel
– Santa Rosa de Viterbo
– Santo André
– Santos
– São Bernardo do Campo
– São Caetano do Sul
– São João Da Boa Vista – São Paulo
– São Vicente
– Sete Barras
– Sorocaba
– Sumaré
– Suzano
– Votorantim.
Tocantins
Só Porto Nacional tem lei municipal que determina feriado em 20 de novembro.
“O menino tinha 7 anos quando desapareceu e já era obrigado a cuidar de seus irmãos menores. Detalhe, a última vez que foi visto, ele estava na frente de um mercadinho comendo um pacote de bolachas. Provavelmente, naquele dia ele não voltou para casa com medo da reação da mãe por ele ter saído e da vizinha por ter gasto o dinheiro do jogo em um pacote de biscoito. Depois disso ele ficou vagando pelas ruas do Rio e foi recolhido a abrigos, pela polícia. Em uma época em que não havia internet e mesmo telefonia era artigo de luxo, o resultado dessa “aventura” foram 32 anos de desaparecimento. Tudo por causa de um pacote de biscoito”. Anderson Jesus resume de um dos episódios da próxima temporada da série Desaparecidos, onde ele assina a direção. A série traz em cada episódio dois casos de pessoas que sumiram sem deixar rastro e segunda temporada estreia na quarta-feira, 25, no canal A&E.
Filho único de uma mãe solteira, negra e de periferia, ele foi o maior que seus obstáculos e Desaparecidos, onde ele também atua como Produtor Executivo, foi uma das séries não ficcionais mais assistidas no canal A&E em sua primeira temporada, sendo uma das três maiores audiências do canal durante meses.
“Produzir e dirigir essa série tem me proporcionado muito crescimento pessoal e profissional. Já trabalhai na produção de grandes projetos de cinema e televisão, mas esse é o primeiro a emplacar que é totalmente de minha autoria, fruto de um trabalho íntimo e intenso de pesquisa e desenvolvimento”, detalha Anderson.
Anderson Jesus, diretor de Desaparecidos, com a jornalista Joyce Ribeiro e a atriz Angela Peres (Reprodução Instagram)
No Brasil, de acordo com Anderson, são mais de 250 mil pessoas desaparecidas todos os anos e muitos casos são explicados pelo do racismo estrutural. “Me assustou mais ainda perceber que isso está ligado, diretamente, a um racismo estrutural, considerando que 90% dos casos de desaparecimento acontecem com pessoas de regiões ou condições menos favorecidas. O desaparecimento de pessoas passa por questões habitacionais, financeiras, segurança e até de saúde pública, considerando o alto índice de infarto, câncer e depressão que as mães de desaparecidos são vítimas. Na maioria mulheres negras, famílias negras e pobres. É muito duro de ouvir uma mãe dizer que deseja encontrar o filho, mesmo que seja morto, mas quer encontrá-lo”.
Desaparecidos
Nova Temporada no canal A&E
Mais informações: www.canalaetv.com
“A Força do Querer”, telenovela da Rede Globo, exibida em “horário nobre”, chegou ao fim com uma grande audiência! O Último capítulo bateu o recorde do ano em vários estados, entre eles São Paulo e Rio de Janeiro. Você pode não ter assistido à novela, mas, com certeza, viu alguma cena rolando no Facebook, acompanhada de inúmeros comentários.
“Bibi Perigosa”, “Jeisa”, “Ivan” (no início da novela conhecido como “Ivana”) e outros personagens, entraram na casa das pessoas e fizeram parte de suas rotinas. Durante meses essas histórias arrebataram o coração do público, coisa que poucos produtos além de uma novela, conseguem fazer aqui no Brasil.
“A Força do Querer” pode até ser vista como “inovadora” em alguns aspectos, como, por exemplo, o personagem transexual, a drag queen no elenco, ter 3 mulheres fortes e independentes como protagonistas da trama… Mas, em vários quesitos, ela continuou usando a mesma “receita” de sempre! Perpetuando preconceitos e invisibilidade.
Essa novela usou e abusou de brigas entre mulheres para alavancar a audiência. As principais foram de Joyce e Irene; Bibi e Carine – onde houve agressão física de fato. Então o cara traia a esposa e todo mundo espera a surra que a mulher vai dar na amante. Oi? Ou o “Ruy” abandona a noiva as vésperas do casamento e a culpa é da “Ritinha”, que o seduziu. Jura?
Lucy Ramos como “Leila” em “A Força do Querer”
Mas, o que mais me incomodou nessa trama foi a dificuldade que a autora, Glória Perez, demonstrou em escrever personagens negros complexos, interessantes e com vidas próprias. Quando soube que Lucy Ramos estaria na novela, fiquei feliz! Lucy é uma ótima atriz, mulher negra que impõe presença e já fez ótimos papeis. Na trama ela era “Leila”, personagem retratada como uma mulher “bem sucedida, sofisticada, independente”.
Qual foi minha surpresa quando percebi que Leila não era nada além de uma “pedra no caminho” de Caio e Bibi! Leila não teve trama própria, não teve um real desenvolvimento enquanto personagem, enquanto indivíduo. Ela esteve presente, orbitando a casa dos brancos, o arco dramático dos brancos e, quando ela não era mais útil, simplesmente saiu da trama, sem maiores explicações.
“Marilda” e “Ritinha” em “A Força do Querer”
E o que dizer de Marilda? Outra mulher negra sem história! Eu até hoje não sei se ela trabalhava, onde morava, se tinha pai, mãe, se estudava, se tinha sonhos, se namorava… A única coisa que nos foi permitido saber sobre Marilda é que ela era “Amiga de Ritinha”, uma das brancas protagonistas, mais nada!
E isso é tão comum, que dá raiva! A gente fala tanto sobre mudar os nossos papeis, que não somos só empregadas… Mas, o que adianta ser a mulher “sofisticada”, se no fim das contas você nem mesmo tem uma história própria pra contar? Ou não ser a doméstica, mas também não ser nada além de amiga da personagem branca?
“Sabiá” em “A Força do Querer”
Sem falar de “Sabiá”, o típico bandido negro! Parece mais fácil para a Glória Perez escrever bons personagens indianos, turcos e até árabes – desde que sejam interpretados por atores brancos – que um personagem afro-brasileiro!
Eu poderia listar várias personagens negras, densas, fortes, profundas e maravilhosas (e o farei, em outro texto) mas, por hora, só quero deixar esse questionamento (fingindo não saber a resposta): qual a dificuldade de autores brasileiros em criar bons personagens com a pele preta?
Imagine se um garoto negro, pobre, morador da periferia de São Paulo, possuísse superpoderes? A Jornalista e escritora Edna Pessanha imaginou e, assim nasceu “Mano K”- um super-herói fora dos padrões.
“Manos K” é uma história em quadrinhos que se passa na nossa realidade, um tom que se encontra com obras como “Cidade de Deus” e “Cidade dos Homens”, porém, a HQ vai além, acrescentando elementos fantásticos e poderes sobre humanos à narrativa.
O dom de manipular a “Energia do Caos” e alterar a probabilidade dos acontecimentos, ou seja, a própria realidade, é o poder de Mano K!
Devido à dificuldade de autores desconhecidos conseguirem uma boa editora para novos projetos, Edna recorreu ao financiamento coletivo, para poder publicar a 1ª edição de sua revista em quadrinhos. O financiamento coletivo permite que várias pessoas contribuam financeiramente para que o projeto seja concretizado.
O projeto de “Mano K” está no “Catarse” – maior plataforma de Financiamento Coletivo do Brasil. Para acessar a página, conhecer mais do projeto e dar a sua contribuição para que o mesmo aconteça, clique AQUI!
Maira Ranzeiro é atual campeã brasileira de tênis de mesa.
(Fotos da entrevista - Arquivo Pessoal)
Meninas e mulheres estão carentes de referências no esporte, indústria famosa por tornar atletas tão populares quanto estrelas de cinema. Faça um exercício. Pense em poucos segundo, 5 nomes de mulheres famosas por serem atletas.
Uma pesquisa da marca Always, revelou dados alarmantes sobre sobre a relação das mulheres com o esporte. Até os 17 anos, o final da puberdade, mais da metade das meninas (53%) terá abandonado o esporte, justamente no momento em que o esporte poderia trazer maior benefício.
80% das jovens gostariam que houvessem mais modelos de mulheres nos esportes, porém o maior desafio é enfrentar o preconceito. Mulheres não são vistas como boas no esporte e 35% reclamam da falta de incentivo, inclusive dentro da família.
Maira Ranzeiro, 30, tem uma história que felizmente foge as estatísticas. Seu amor pelo esporte, mas especificamente pelo tênis de mesa, teve apoio total dos seus familiares ainda quando ela tinha 11 anos. E o resultado do investimento não poderia ser melhor. Maira foi a primeira negra a conquistar o título de Campeã Brasileira de Tênis de Mesa e atualmente é líder do ranking brasileir. Mas ela quer ir além e motivar mais mulheres, sobretudo as negras, publicando um livro. “O esporte tem características que a gente carrega para vida”.
Ela conversou com a gente sobre como o tênis de mesa surgiu na sua vida, quem ela admira na área e planos para incentivar outras garotas a praticar o esporte.
Mundo Negro: Como o tênis surgiu na sua vida? Levando em conta que não é um esporte popular no Brasil ainda mais entre negros.
Maira: A minha família sempre gostou muito de esporte e a gente frequentava o SESC (Vila Mariana) no final de semana e aí eu comecei a brincar de Ping Pong e ganhei um campeonato. Então me indicaram para um clube só de tênis de mesa. E eu não imaginava que existia isso e foi ali que eu comecei a treinar.
MN: O que o esporte trouxe para você, em termos de títulos e conquistas no geral?
Eu jogo tênis de mesa há 19 anos, desde meus 11 anos de idade. Fui a primeira negra campeã brasileira de tênis de mesa, Tricampeã Jogos Abertos de Santa Catarina, fiquei
10 anos de seleção brasileira, fui Bicampeã latino americana, participei de dois mundiais no Japão e na Áustria, sou atual campeã brasileira, melhor do ano e primeira do Ranking brasileiro de tênis de mesa.
Quem você admirar no esporte. As mulheres negras são as que mais sofrem de hipertensão e diabetes, como a atividade física pode ser interessante para elas?
Entre as que mais admiro, tem a Ligia Silva, que é do tênis de mesa brasileiro. Ela tem três Olimpíadas e foi durante uns 10 anos a melhor do Brasil. É uma pessoa incrível com características de campeã mesmo. Fora do Brasil, no tênis, me inspiro nas irmãs Willians, principalmente na Serena. Ela abriu vários caminhos, com vários Grands Slams , ela me inspira demais.
Para nossa população negra o esporte já entra como prevenção e tem vários benefícios para saúde física e mental.
Como você pretende estimular outras mulheres e meninas? Você já faz algo atualmente?
Com as minhas conquistas eu decidi fazer um livro, que já terminei. Estou na fase de encontrar uma editora e ilustradores, para que esse livro chegue na mão de um grande número de pessoas. Esse marco de ser a primeira negra campeã, tem que ser a primeiro de muitos.
Quero falar sobre as coisas boas que o esporte traz, que são importantes para vida e que a gente adquire e treina com os esportes. E é legal ter essas referências, dessas conquistas vindas de uma mulher negra, para inspirar outras mulheres negras. Estou trabalhando fortemente nesse projeto.
Maira está a procura de editoras e ilustradores para poder concluir seu livro e publicá-lo. Quem acha que pode somar com a atleta campeã, pode entrar em contato com ela pelo e-mail: maranzeiro.vibe@hotmail.com
Amanda Martins estudante de direito que será uma das homenageadas por Sandra em NY.
Sandra Regina Barbosa Soares Coleman, mais conhecida como Sandra Coleman, é uma mulher negra, brasileira e mestranda na Universidade de New York, New Paltz. Filha de lavadeira, ela trabalha desde os 8 anos para ajudar em casa. Hoje Sandra não só vibra com suas conquistas, como com as de muitas negras brasileiras que estão estudando, se formando e fazendo parte da produção de conhecimento.
Para exaltar essas mulheres negras, brasileiras e acadêmicas, mostrar que elas existem, Sandra criou a exposição “Black Brazilian Women: Presence and Power” (Mulher Negra Brasileira: Presença e Poder). A ideia e expor , na Universidade New Paltz, biografias de 52 mulheres negras brasileiras de diversas áreas de atuação, evidenciando sua inteligência, lutas e vitórias.
Entre as 52 mulheres que compõe a exposição está Amanda Martins, mulher negra, periférica, nascida em São João de Meriti na Baixada Fluminense. Hoje Amanda é graduanda em direito, além de atuar como escritora, produtora de conteúdo e pesquisadora.
Para a futura advogada, essa oportunidade é muito especial, e ela explica porque: “Ter minha biografia em uma exposição internacional, minhas origens e feitos mostrados ao mundo, sendo reconhecida pelo meu intelecto, me deixa honrada e feliz. Além disto, é uma oportunidade de poder compartilhar essa experiência com outras mulheres ao voltar.”
Neste momento Amanda corre contra o tempo para conseguir os recursos necessários para estar em New York. As despesas incluem o passaporte, visto, passagem e hospedagem. “Black Brazilian Women: Presence and Power” acontece em dezembro, por isso a data limite fixada para ajudar financeiramente é o dia 15 de novembro.
Dados para a colaboração: Banco Itaú / Agência: 8097/Conta corrente: 12998-8 – Amanda Martins Cruz de Mattos. Saiba mais clicando AQUI.
São mais de 300 mortos e outros milhares de feridos… São hospitais abarrotados de gente, muitas sem atendimento adequado. Tudo isso em 2017, consequência de um ataque terrorista – um dos maiores medos modernos da humanidade. Este atentado só não é maior e mais devastador que o ocorrido nos EUA, no fatídico dia 11 de setembro de 2001.
atentado nos EUA – 11 de Setembro de 2001
Você se lembra do “11 de setembro”? Eu lembro! Eu tinha 8 anos e consigo me lembrar bem daquela sensação de medo e revolta que tomou a todos. Só se falava disso nos telejornais, nos programas de variedades, revistas, no rádio, até no horário dedicado a publicidade. Nada nos deixava esquecer!
Mais recentemente, em 2015, tivemos o atentado à sede do jornal Charlie Hebdo, em Paris. Foram 12 mortos e 11 feridos. O ícone do YouTube mudou em solidariedade, no twitter a hastag que dava conta do atentado estava em alta. Nos telejornais, nos portais, não se falava de outra coisa.
Agora voltamos para este atentado, em pleno 2017, que deixou mais de 300 mortos. Você viu alguma comoção que se compare ao 11 de setembro, ou até mesmo ao atentado em Paris? Eu não vi! Eu gostaria muito de dizer que estou surpresa com isso, mas não estou!
Estamos tratando da Somália, país africano que vive em guerra civil por mais de 20 anos. Estamos falando de um país fora da Europa, fora da América do Norte, onde as vítimas são pretas! Então quem se importa? Porque os executivos do YouTube ou de qualquer outro grande site/rede social, se preocupariam em manifestar apoio à Somália? Porque os portais, os telejornais, os programas de variedades e todos os outros, perderiam tempo por essas vidas perdidas?
Imagem da Somália logo após o atentado
“A carne mais barata do mercado é a carne negra” – infelizmente, isso faz tanto sentido, que dói! Pessoas brancas, vítimas de violência, mortas por atentados em qualquer lugar do mundo, comovem porque todos sentem que elas estão fora de lugar, que essas pessoas não mereciam isso, não viveram pra isso!
Pessoas negras nas mesmas condições, não comovem, porque a violência, a morte, a dor infligida à pessoas pretas é naturalizada. E como se tivéssemos nascido pra isso, pra viver sob a guerra, sob a violência, sob a dor. E esse silêncio, essa naturalização, também nos fere, e também nos mata, não só na Somália, mas no mundo todo.
Imagem da Somália logo após o atentado
No Brasil mais de 70% dos jovens assassinados, são negros. A violência nos mata e ninguém se importa! Quanto potencial se perde com tanta morte de pessoas negras? Quantas famílias despedaçadas, quantos sonhos interrompidos?
Penso em tudo isso e um grito fica preso em minha garganta: NOSSAS VIDAS IMPORTAM! Nós não nascemos para a dor, para a violência! Não é normal, muito menos natural, ver pessoas negras sendo dizimadas, seja em um atentado terrorista, seja pela violência urbana. A Somália importa! Cada vida negra importa!