Como artistas pretos ocuparam Nova Iorque em uma década e o que isso pode ensinar ao Brasil

0
Como artistas pretos ocuparam Nova Iorque em uma década e o que isso pode ensinar ao Brasil
"A Sutileza, ou o Bebê Maravilhoso de Açúcar", de Kara Walker, que tinha essa figura parecida com uma esfinge como peça central, foi um trabalho definidor da década. Foto: The New York Times

“A Sutileza, ou o Bebê Maravilhoso de Açúcar”, de Kara Walker, que tinha essa figura parecida com uma esfinge como peça central, foi um trabalho definidor da década. Foto: The New York Times

Em uma análise profunda, o Jornal The New York Times publicou, no final de novembro, um compilado de como nos últimos dez anos artistas pretos tomaram conta de Nova Iorque, nos Estados Unidos. O Site Mundo Negro, inspirado pelo levantamento lista a seguir os principais insights para que nossos artistas pretos também possam alavancar suas carreiras. 

 

Notícias Relacionadas


Nas galerias, nos cinemas, na rua, nas rádios, na internet, é impossível não vermos uma notória representatividade étnica quando falamos e pensamos nos Estados Unidos. Mas você já parou para pensar que lá, pretos e pardos somam 14% da população, enquanto aqui somos 54%? 

 

Para o jornal, a década começou um pouco cedo, em 2007, com a impressionante coincidência de duas retrospectivas de museus dedicadas a artistas negros: as representações incendiárias de Kara Walker, no Whitney Museum of American Art e as esculturas silenciosamente insistentes de Martin Puryear no Museu de Arte Moderna. 

 

Para o The New York Times, o ponto de virada para a ascensão dos artistas pretos no cenário cultural estadunidense foi graças a um episódio de apropriação cultural, que gerou uma revolta intensa, que a publicação chama de “tempestade de fogo em torno de “Open Casket””, uma pintura de Dana Schutz na Bienal de Whitney, em 2017. Schutz, que é branca, baseou-se em fotografias famosas do corpo agredido de Emmett Till, o adolescente negro de Chicago que foi linchado no Mississippi em 1955 em alegações fabricadas de flertar com uma mulher branca. A fotografia foi tirada no funeral de Till, onde sua mãe havia insistido em um caixão aberto para que, como ela disse, “todo o mundo pudesse ver”.

 

A discussão sobre a pintura ficaram em torno se um artista branco deveria retratar ou exibir, um assunto tão profundamente traumático para os afro-americanos, e a demanda incendiária – primeiramente feita em uma carta pública pela artista Hannah Black – de que a pintura fosse destruída. No final, o debate sobre a liberdade artística parecia menos importante que a intensidade da raiva: a velocidade e a rigidez com que iluminava o esquecimento e o direito dos brancos.

 

Segundo o jornal, o furor deu início a um movimento que pedia por igualdade de espaço para artistas pretos. E o resultado começou a surgir na Bienal de 2019, com seu alto percentual de artistas negras. Este foi apenas o resumo das mudanças importantes dos anos 2010 para a arte. No curto prazo, houve a presidência de Obama e as barreiras que rompeu, desde a eleição em si até a seleção de artistas afro-americanos do primeiro casal – Amy Sherald e Kehinde Wiley – para pintar seus retratos oficiais.

 

A longo prazo, houve (e existe novamente) o movimento dos direitos civis e as lutas e realizações de artistas e artesãos afro-americanos desde o período colonial, alguns dos quais ainda podem aguardar a descoberta. Desse ponto de vista, a década de 2020 deve ser ainda mais memorável. Para nós, brasileiros este pode ser o caminho: União e nos colocarmos em destaque ao invés de ficarmos brigando, vamos brigar contra uma sociedade patriarcal que nos invisibiliza.

 

Notícias Recentes

Participe de nosso grupo no Telegram

Receba notícias quentinhas do site pelo nosso Telegram, clique no
botão abaixo para acessar as novidades.

Comments

No posts to display