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O Antirracismo é uma luta constante

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Em 2018, foi publicado no Brasil o livro “A Liberdade é uma Luta Constante”, de Angela Davis. Pensei muito sobre ele e, em um dos seus trechos, Angela fala sobre o título, enquanto uma frase de uma canção do Movimento dos Direitos Civis americanos no século XX:  

“Dizem que a liberdade é uma luta constante 

“Oh, Senhor, lutamos há tanto tempo 

Devemos ser livres, devemos ser livres” 

Pensar sobre antirracismo é também refletir sobre a luta pela liberdade e os processos de mudança dessas opressões ao decorrer dos anos, décadas, séculos…

Nina Simone, durante uma entrevista, reflete sobre o que é a liberdade e chega à conclusão que liberdade, para ela, é não ter nenhum medo. “Esse é o jeito mais próximo que eu posso descrever. Não é tudo, mas é algo realmente que se sente…Nenhum medo” 

Rosana Albuquerque em um artigo na Universidade de Porto em Portugal afirma que o racismo é um fenómeno mutável, historicamente contingente, que se transmuta consoante as condições que se desenvolvem e intersectam em contextos particulares, e considerando que a persistência do racismo enquanto fenômeno político-social de múltiplas faces exige-nos o compromisso da reflexividade sobre o legado da nossa história, procurando compreender o que deste passado perdura no mundo de hoje. 

Se o racismo nos séculos XV a XVIII, advindo da escravatura e do colonialismo, se desenvolveu previamente à emergência dos conceitos de “raça” e “racismo” (no século XIX), hoje manifesta-se de formas diversificadas.  

O racismo enquanto projeto ideológico, fruto de um círculo virtuoso entre ciência e política, que se reforçou cumulativamente ao longo de séculos, viria a ser desconstruído cientificamente e deslegitimado politicamente em meados do século XX, após a tomada de consciência dos horrores do holocausto, como eu já falei aqui no post sobre Eugenia.  

Como marcos significativos desse “fim” podemos apontar a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) – que confirma, à época, a rejeição de projetos políticos assentes na discriminação ou perseguição racial e étnica – e as declarações da UNESCO (1950, 1951, 1964 e 1967) – onde acadêmicos de diferentes áreas científicas desenvolveram reflexões críticas sobre a história, o conceito de raça e a diversidade cultural da humanidade.  

Todavia, ”o fim do racismo científico não significou o fim do racismo na sociedade. Este transformou-se e diversificou-se, o que levou alguns autores a falar de ‘racismos’ e não de ‘racismo’ para salientar a multiplicidade de manifestações”.  

O contexto científico-político-social de meados do século XX explica a mutação de um “velho racismo” – com uma clara dimensão ideológica e ênfase na hierarquização racial – para “novos racismos” – que produzem processos de distinção, discriminação e desigualdade com base na cultura, apropriando-se de conceitos como o de grupo étnico ou etnia em substituição do conceito de “raça” por este já não colher apoio científico nem político.  

Assim, nos “novos racismos” o processo de racialização ou de categorização por via da “raça” é substituído por um processo de “etnização”, ocorrendo de forma mais sutil.  

No Brasil uma pesquisa dos psicólogos sociais Marcus Eugênio Oliveira Lima e Jorge Vala revela que, ao contrário do esperado, após o surgimento das leis antirracistas, o racismo não cessou, mas tomou outras formas menos abertas e flagrantes o que corrobora para o pensamento de uma multiplicidade de racismos existentes.  

Winnie Bueno em um texto para sua coluna na revista Gama reflete sobre a dificuldade do brasileiro em identificar o racismo. 

 “A compreensão que a sociedade tem sobre o que é racismo ainda é muito rasa. As pessoas compreendem o racismo apenas quando ele se apresenta na esfera das relações sociais de forma nua. Nós ainda temos dificuldade em entender que o racismo é um sistema de dominação, que tem múltiplas camadas e que opera em variadas dimensões. Patrícia Hill Collins nos alerta que o racismo pode apresentar formas específicas conforme gênero, sexualidade, status de cidadania, capacidade física e classe social […] A sociedade não enxerga pessoas negras como seres humanos plenos de subjetividade. Elas são tolhidas das possibilidades de exercício da sua multiplicidade e, no geral, são todas interpeladas a partir de uma visão única. A forma com que o racismo nega a subjetividade opera em uma lógica que faz as próprias pessoas negras pensarem que somos todos iguais e que temos que agir de forma unificada, sem divergências, sem uma pluralidade de ideias.” 

O que seria isso senão uma forma de nos tirar liberdade e nos fazer sentir medo o tempo todo? 

Em 25 de Maio de 2021 se completa 1 ano do assassinato de George Floyd por um policial nos Estados Unidos. Um Homem negro que foi asfixiado até a morte por um policial branco que, durante sua defesa, alegou que Floyd consumia drogas, na clássica tentativa racista de imputar crime e consumo de drogas a pessoas negras, como se isso justificasse o assassinato.

Estamos falando de 2020, mas tudo isso foi um processo histórico que, mesmo após o fim da escravidão, a branquitude utilizando de seu poder estruturou e institucionalizou formas de criminalizar a existência negra. Podemos voltar ao Brasil de 1890, apenas dois anos após o fim da escravidão no país, onde tivemos a lei dos vadios e capoeiras que basicamente era uma justificativa para se prender pessoas negras, agora “livres”. E foi assim com diversas tentativas de criminalização da existência preta, capoeira, samba, hip hop, rap, funk… E não podemos deixar de mencionar a famigerada “Guerra às Drogas” que funciona basicamente como uma justificativa estatal para chacinas nas comunidades de maioria negra no nosso país, vide o recente acontecido em Jacarezinho.

No Brasil, a gestão de segurança pública segue sob comando de mãos violentas e racistas e, como consequência, temos o descaso total com vidas negras nas periferias. Essa péssima administração da segurança pública, que deveria cuidar da vida dessas populações, através de ideais racistas define quem e como essa população deve morrer. Essa é a realidade Necropolítica brasileira, sob o disfarce de uma guerra de combate às drogas nas comunidades periféricas, estados brasileiros promovem o genocídio sem pudor algum. Ainda que digam não direcionar suas políticas dessa forma, os números mostram o contrário.

No Fear...Sem medo… Pensem um pouco sobre esse conceito de liberdade e analisem se viver em um país como o Brasil, onde as chances de ser assassinado mais do que dobram se você for negro.

A sociedade brasileira possui uma sensibilidade muito baixa a injustiças direcionadas a populações negras. Como herança da escravidão nossa sociedade construiu uma “empatia seletiva” e com isso o Estado mantém a política de morte direcionada ao povo preto e periférico, já que as chances de reação popular são menores.

Sem medo…

2020 marcou a internet devido ao insurgente onda de pensamento dito antirracista, mas será mesmo que algo mudou? Uma sociedade antirracista deveria no mínimo manter sob alerta e medo todos aqueles que expressarem racismo, mas não vejo isso acontecer. Isso sem aprofundarmos na dimensão estrutural dessa discussão que é fundamental para que consigamos frear o avanço e as expressões do racismo. Mas, o que temos visto é um conforto dos brancos com relação a essas pautas. Basta uma atitude em apoio a comunidade e uma gentileza direcionada a negros e pronto.

Ao invés de esperar conforto na luta antirracista brancos deveriam esperar o enfrentamento ao status quo, reconhecimento de privilégios, confronto a comportamentos nocivos e um olhar atento ao sistema que faz deles o privilegiado dessa situação toda a ponto.

Mesmo em 2021 ainda somos apontados como raivosos ao questionarmos o racismo na nossa sociedade ou classificados como professores que devem ensinar aos brancos sobre como nos respeitar.

Ainda precisamos explicar que antirracismo não tem a ver com a evolução espiritual e moral de pessoas brancas.

Quando brancos compreenderem que não são o centro dessa discussão, talvez aí, nesse momento, eles entenderão que se indignar com um negro apontando suas contradições é apenas mais uma forma de se alinhar ao pensamento hegemônico da branquitude. sendo assim a luta ainda tem sido a mesma…Uma luta constante, histórica…

As expressões do racismo contemporâneo revelam a persistência e a reprodução da hierarquização social com base numa classificação de quem ocupa que lugar em sociedades que defendem a igualdade de direitos.  

Refletir sobre o racismo, olhar para o passado para compreender os processos que marcaram a construção do nosso mundo e os seus efeitos nas relações entre povos e entre saberes e analisar o legado de séculos de relações marcadas pela escravidão de seres humanos e por projetos políticos coloniais de desumanização e subalternização nos permite estar mais atentas/os às mutações e expressões do racismo e da discriminação nos dias de hoje.  

O caminho antirracista implica olhar com responsabilidade coletiva para o passado e compreender os processos que marcaram a construção do mundo que hoje habitamos.

Eu ainda não consigo respirar, eu ainda tenho medo – logo não sou livre -, eu ainda preciso lutar contra o sistema todos os dias.

Fontes e referências:  

Angela Davis, A Liberdade É Uma Luta Constante – Boitempo 2018  

Rosana Albuquerque, Mostra Internacional de Cinema Antiracista – Micar 2020 

Rosana Albuquerque, Uma Reflexão Sobre o Racismo –  Repositório Aberto – Universidade Aberta  – 2016 

Winnie Bueno, O RACISMO E SUAS COISAS A PARTIR DO BBB –  Revista Gama 2020 

Jorge Vala, Novos racismos: perspectivas comparativas – 1999 

The Weeknd leva dez prêmios e Drake é homenageado como ‘Artista da Década’ no BMAs

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The Weeknd e os dez prêmios da noite. Foto: Getty

The Weeknd fechou a noite de domingo (23) da Billboard Music Awards 2021, como o grande vencedor. Premiado em dez das 16 categorias em que concorreu, o cantor levou os prêmios de Melhor Artista, Melhor Artista Masculino, Melhor Artista HOT 100, Melhor Artista de Rádio, Melhor Artista de R&B, Melhor Artista Masculino de R&B, Artista TOP 100, Melhor Álbum de R&B, Melhor Música HOT e Melhor Música de Rádio.

Ao receber o prêmio de Melhor Artista, The Weeknd agradeceu aos pais. “Eu sou o homem que eu sou por causa de vocês”. Falando em pai, um outro ponto alto da noite foi a homenagem a Drake. O artista foi reconhecido como Artista da Década e Melhor Artista de Streaming e recebeu o prêmio ao lado de seu filho de três anos, Adonis. “Eu sei que passei muitas horas tentando analisar o que fiz de errado, mas, agora, tenho certeza de que fizemos alguma coisa certa”, disse em seu discurso. Drake foi indicado em sete categorias este ano, incluindo a de Melhor Artista.

Pop Smoke, assassinado a tiros em sua casa em fevereiro do ano passado, levou cinco prêmios. Os prêmios foram recebidos pela mãe do artista, Audrey Jackson. “Agradeço aos fãs por honrarem a vida e o espírito do meu filho, de tal forma que ele continua a se manifestar como se estivesse aqui em carne”, disse ela.

Kevin Hart estrela em novo drama da Netflix “Paternidade”, que estreia dia 18 de junho

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“Paternidade”, primeiro longa de drama protagonizado por Kevin Hart chega à Netflix Brasil no dia 18 de junho. Kevin Hart se junta a grandes nomes da comédia que se aventuram em filmes com temática mais séria. Um dos ídolos de Hart, Eddie Murphy já foi aclamado por atuações mais densas em “Meu Nome é Dolemite” e em “Dreamgirls”. Esse último lhe rendeu uma indicação ao Oscar.Em ‘Paternidade’ Kevin Hart interpreta um homem que perde a esposa e precisa enfrentar os desafios de ser pai solo.Redação: @aquilesmarchelImagem Columbia Pictures

Paternidade”, novo filme estrelado de Kevin Hart (“Jumanji: Próxima Fase”) é destaque de junho  entre as estreias da Netflix. Após a morte repentina da esposa, um pai encara a paternidade solo. Baseado na história real do escritor Matt Logelin, o filme, dirigido por Paul Weitz, trará o primeiro protagonista dramático de Hart, conhecido por seus papéis cômicos e caricatos em filmes como “Pense Como Eles” e “Todo Mundo em Pânico 3”.

Imagem: Columbia Pictures

O ator de 41 anos entra na lista de comediantes que tentam se provar com talento dramático, assim como já fizeram Jim Carrey,  Steve Carell e Eddie Murphy. Todos os citados conseguiram quebrar o preconceito que Hollywood nutre por atores que fizeram fama em filmes de comédia. Carell e Murphy já foram indicados ao Oscar e Jim Carrey foi injustiçado pela não indicação por “Show de Truman”.

A julgar pelo trailer, Hart promete não decepcionar e provar que consegue interpretar personagens que não pareçam ele mesmo.

“Paternidade” chega à Netflix dia 18 de junho.

“Futuros Ancestrais”: série de vídeos traz influenciadores negros e indígenas em conversas e reflexões sobre igualdade étnico-raciais

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Foto: divulgação

A partir de 24 de maio, a série de vídeos ‘Futuros Ancestrais’ chega ao Facebook Watch. Criada pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) e Trace Brasil, em parceria com influenciadores negros e indígenas, a série conta com 5 episódios e um vídeo manifesto, com artes criadas pelo artista Jeff Corsi, e busca amplificar as conversas e reflexões sobre igualdade étnico-racial no Brasil.

Ao lado de Babu Santana, Juliana Alves, Jonathan Azevedo, Ellen Oléria e Kunumi MC, nomes como Luana Génot, fundadora do Instituto Identidades do Brasil, Ad Junior, Tukumã Pataxó, Kenya Sade, Alberto Pereira Jr, entre outros, vão debater diferentes temas relacionados à comunidade negra e indígena no país. Todos os vídeos estarão disponíveis nas páginas das figuras públicas, do ID_BR e da Trace Brasil no Facebook.

Com estreia de um episódio por dia durante toda a próxima semana, o conteúdo criado busca destacar um assunto diferente a cada vídeo, sob os títulos “Entendendo o conceito ‘O mundo ideal’”, “Futuras Ancestrais: Mulheres Negras e Indígenas Liderando o Futuro”, “Empoderando Crianças Negras e Indígenas”, “Conhecendo os Expoentes da Arte Afrofuturista no Brasil” e “Ancestralidade na Música”.

Imagem: ID_BR/ Trace Brasil

“Transformar o ideal da igualdade em realidade é possível. Somos todas e todos responsáveis por esta co-construção, e entendemos que para mudar o mundo precisamos antes de tudo mudar a nós mesmos. Não devemos ter medo de abordar temas delicados como a pauta antirracista e revisar constantemente nossas atitudes do dia a dia. Esse é o primeiro passo para chegarmos no mundo ideal que queremos ter num futuro não tão distante. Ao provocar o público através desta série de conversas e do Prêmio Sim à Igualdade Racial, o ID_BR pretende espalhar esperança e inspirar a ação individual e coletiva para um mundo antirracista”, afirmou a fundadora e Diretora-Executiva do ID_BR, Luana Génot. 

Além da série no Facebook, as pessoas poderão também interagir e engajar com o tema usando o Filtro de realidade aumentada nos Stories do Facebook e do Instagram. Ainda no Instagram, as pessoas poderão aderir a um desafio no Reels usando o áudio original do rapper Renegado e compartilhando suas principais referências sobre as temáticas negra e indígena com seus seguidores 

“Essa parceria fortalece aquilo em que sempre acreditamos: a promoção da diversidade através do diálogo. Para a Trace, poder participar desse projeto com o ID_BR e levá-lo para as redes sociais reforça o nosso pioneirismo em trazer mais pluralidade e igualdade para o mercado  de entretenimento,  apostando em novos rostos, olhares e saberes. Acreditamos em um futuro cada vez mais conectado com iniciativas como a deste projeto, que está incrível.” conta o Head de Marketing e Comunicação da Trace Brasil, Ad Junior.

Erupção de vulcão no Congo deixa 15 mortos e mais de 30 mil desabrigados

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Foto: Justin Kabumba

A erupção do vulcão Nyiragongo, na República Democrática do Congo, matou 15 pessoas e deixou e mais de 30 mil desabrigados, segundo informações das autoridades locais, no último domingo (23). O fenômeno teve início no sábado. As lavas correram até bem próximo da cidade de Goma, que fica a 10km do vulcão. O centro da cidade, que tem dois milhões de habitantes, não foi atingido.

O número de mortos divulgado oficialmente deve aumentar nas próximas horas, conforme as autoridades alcancem as áreas mais atingidas. Nove das vítimas morreram em um acidente de trânsito enquanto tentavam fugir, quatro foram assassinadas enquanto tentavam escapar de uma prisão, e duas morreram queimadas, segundo nota oficial do porta-voz do governo, Patrick Muyaya.

Mais de 170 crianças podem estar desaparecidas e outras 150 foram separadas de suas famílias, de acordo com o Unicef. Ainda de acordo com o órgão, serão criados centros para receber crianças e adolescentes desacompanhados.

Antes mesmo das autoridades anunciarem o plano de evacuação, os moradores das regiões próximas ao vulcão já começaram a sair de suas casas. Autoridades de Ruanda, país vizinho, informaram que mais de três mil pessoas entraram oficialmente no país.

Em 2002, o mesmo vulcão entrou em erupção. Cerca de 250 pessoas morreram e mais de 100 mil habitantes de Goma ficaram desabrigados.

Com informações da Associated Press.

Conheça os finalistas do Prêmio de Fotografia Africana Contemporânea

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Foto: Justin Dingwall

A edição de 2021 do Prêmio de Fotografia Africana Contemporânea (CAP) já tem seus 25 finalistas. Todos foram escolhidos a partir de uma lista de mais de 800 inscritos por 21 jurados internacionais. A lista tem trabalhos de Aàdesokan, Yetunde | Ayeni-Babaeko, Thami Benkirane, Marcus Trappaud Bjørn, Nabil Boutros , Katel Delia , Justin Dingwall , Andrew Esiebo, Jason Florio, Pippa Hetherington, Brian Hodges, Eldin Zainab Imad, Matt Kay, Adil Kourkouni, Tamary Kudita, DeLovie Kwagala, Dillon Marsh, Fabrice Monteiro, Claudia Ndebele, Emeke Obanor, Joseph Obanubi, Léonard Pongo, Mahefa Dimbiniaina Randrianarivelo, Paul Shiakallis e Mauro Vombe .

Uma riqueza enorme de narrativas está presente nos trabalhos dos fotógrafos selecionados, como religiosidade, pandemia, e questão de gênero. Todos os anos, o CAP premia cinco portfólios que estejam relacionados com o continente africano ou com a diáspora. Os vencedores serão anunciados em junho na feira internacional de arte Photo Basel.

Confira alguns dos trabalhos finalistas:

YETUNDE AYENI-BABAEKO – Nascido em Enugu, na Nigéria, vivem atualmente em Lagos e decidiu retratar pessoas com albinismo em seu ensaio belíssimo.

Pessoas com albinismo

Yetunde Ayeni-Babaeko. Gêmeos

JUSTIN DINGWALL – Nascido na África do Sul, trabalhou com o ditado “um assento à mesa” para representar a ideia de uma oportunidade de ser ouvido, de ser visto e ter voz e opinião, e assim, poder fazer a diferença.

Um assento à mesa

Justin Dingwall. Um assento à mesa.

ANDREW ESIEBO – Nigeriano, retratou o trabalho de profissionais do Centro Nigeriano para Controle de Doenças durante a pandemia de covid-19.

Andrew Esiebo. Coro Angels.

Tudo muito lindo, né? Para ver os trabalhos de todos os finalistas, acesse a página oficial do CAP Prize.

‘Pardo é papel’ exposição de Maxwell Alexandre chega nos principais museus de São Paulo

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Foto: divulgação

O Instituto Tomie Ohtake recebe ‘Pardo é Papel’, a exposição é tão maravilhosa que levou 60 mil visitantes ao Museu de Arte do Rio – MAR. O artista é o Maxwell Alexandre, na exposição ele pinta corpos pretos sobre o papel pardo, a “cor” parda foi usada durante muito tempo para velar a negritude no nosso país, o que contribuiu para essa desigualdade social e o racismo que vivemos até os dias de hoje.

A mostra disponibiliza ao público painéis enormes e nos faz refletir sobre a situação da população preta e a sensibilidade da realidade social do Rio de Janeiro.

Sobre Maxwell:

@calazansculturaearte

O jovem artista Maxwell Alexandre vive e trabalha na favela da Rocinha e já carrega em seu currículo o prêmio São Sebastião de Cultura, Maxwell também se formou em design na PUC-Rio, em 2016

A exposição irá ocorrer de 8 de maio a 25 de julho de 2021, de terça a domingo, das 12h às 17h.
Endereço: entrada pela R. Coropes, 88, Av. Brg. Faria Lima, 201 – Pinheiros, São Paulo -Entrada franca

Banhos de ervas: A ancestralidade a serviço do seu bem-estar físico e mental

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Não está fácil para ninguém. A saúde mental do negro brasileiro não resiste a tantas notícias ruins sobre COVID, violência, estatísticas que mostram que estamos ficando mais pobres, isso sem contar os prejuízos educacionais. As mudanças externas dependem de muitos fatores, alguns deles, fora do nosso controle. O que a gente pode fazer e assumir é a responsabilidade integral pelo nosso bem-estar. Não é fácil, mas a natureza pode ser a cura e dentro desse contexto, os banhos de ervas podem mudar a sua vida.

Mãe Celina é Yalorixá tem 30 anos de iniciação no Candomblé é iniciada também no culto de Ifá. Ela é Gestora do Centro Cultural Pequena África e idealizadora e criadora do projeto “O Poder das Ervas” . Durante a quarentena ela lançou o livro “O poder das Ervas” (Editora Córrego).

“Quando eu fiz o livro foi pensando em como as pessoas podem e devem se cuidar e como é importante trazer a natureza para o dia a dia e para a vida”, explica a Mãe de Santo e escritora.

Imagem: Márcio Monteiro

Para ela cuidar do corpo está diretamente ligado ao nosso mental. “Os banhos de chá trazem tranquilidade, paz, harmonia e calma mental. Eles preservam a saúde mental e através dela você protege a saúde física sim. A cabeça comanda tudo, o Ori comando todo o corpo. Quanto o Ori está em paz, o corpo está em paz” detalha a especialista em ervas.

Selecionamos alguns banhos do livro para você preparar para si ou para alguém que precisa restaurar suas energias.

O PODER DAS ERVAS

BANHO PARA DEPRESSÃO/ANTIDEPRESSIVO

– Flor de laranjeira

– Elevante

– Alecrim

– Lavanda

– Camomila

– Malva branca

– Coentro ricos

 Uso: Esse banho é muito indicado para pessoas que estejam se sentindo muito indispostas, tristes e deprimidas, sem motivações para sair de casa ou encontrar pessoas. Para pessoas que estão com sua energia muito baixa, este banho reativa, revigora e aumenta a energia e o ânimo de quem o utiliza.

Instruções: Quando estiver preparando o banho, mentalize coisas positivas para si. Após lavar as ervas, colocar porções generosas de cada erva em uma bacia com 5 litros de água mineral com gás, macerar as ervas na água com as mãos até colorir a água e as ervas estarem bem misturadas. Coar o líquido e reservar o bagaço. Banhar-se da cabeça aos pés por 5 dias seguidos sempre à noite antes de dormir.

Após: Vestir roupas brancas ou claras para atrair paz e harmonia. Devolver o bagaço das ervas à natureza, num jardim, horta ou espaço com árvores, adubando a terra do local.

BANHO PARA EQUILÍBRIO DA MENTE

– Lavanda

– Poejo

– Alecrim

– Hortelã

– Mulungu

– Camomila

– Colônia

Preparação: Deixar porções de uma xícara de cada uma dessas ervas imersas numa bacia com 5 litros de água filtrada ou mineral em repouso sub a luz do luar, num quintal, varanda ou próximas à janela, durante toda uma noite de lua nova.

Instruções: Na manhã seguinte, em jejum, macerar bem a ervas na água com as mãos até colorir a água e as ervas estiverem bem misturadas. Coar o líquido, reservar o bagaço e banhar-se da cabeça aos pés por 7 dias seguidos.

Após: Vestir roupas brancas ou claras para atrair paz e harmonia. Devolver o bagaço das ervas à natureza, num jardim, horta ou espaço com árvores, adubando a terra do local.

BANHO PARA RELAXAR

-1 colher de sopa de camomila

-1 colher de sopa de erva-doce

– 2 paus de canela

– 3 rosas brancas

Instruções: Adicionar e ferver 3 litros de água mineral ou filtrada com as especiarias (camomila, erva-doce e canela). Após ferver, adicionar as pétalas de rosas, tirar do fogo e deixar repousar por alguns minutos. Coar o conteúdo todo e separar o bagaço. Banhar-se da cabeça aos pés quando o banho estiver em temperatura morna, confortável ou frio.

Recomendação: Aconselho fazer esse banho num fim de semana, preferencialmente preparando o pela manhã. Enquanto o faz, mentaliza coisas boas para si. Após banhar-se, procure evitar roupas pretas ou escuras. O bagaço deve ser despachado à Natureza, como adubo ou você pode secar ao sol e usar para fazer defumação.

Mais informações sobre o livro clique aqui.

“Nenhuma pessoa negra merece sentir culpa por ter dinheiro”: Luana Génot e o estereótipo imposto à empresária preta

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Luana Génot, empresária, publicitária, especialista pela igualdade racial e fundadora do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) é uma das gestoras mais importantes da atualidade na comunidade negra e vive desconstruindo padrões impostos diante daquilo que representa, um desses, é sua apresentação pessoal perante o cargo que ocupa.

A publicitária, que está à frente de um dos eventos mais importantes da comunidade preta do país, remete a sua ancestralidade e quebra tendências ao mostrar que a mulher negra traz diversidade, beleza e informação em qualquer das suas ações, gerando ainda, lucro e movimentação financeira positiva ao consumir de outras pessoas negras.

A idealizadora da Campanha “Sim à Igualdade Racial” mostra cuidado na sua apresentação pessoal sem deixar sua ancestralidade e carisma de lado. Luana vem usando o “loiro pivete”, estilo de resistência da comunidade, mas que foi influenciado e levado para uma marginalização do povo preto, caracterizado como “coisa de favelado”, para simbolizar um visual desfavorecido e, principalmente, criminoso.

Ao trazer uma referência negra diante de um espaço empresarial transformador, a empresária avança num debate de extrema importância para as mulheres negras: “qual o visual adequado para que uma mulher preta e empresária seja considerada boa no que faz?”

Luana Génot usa joias HStern e cabelo por Suelen Paiva – Foto: Victor Vieira

Assim como diversos outros elementos culturais da cultura preta, o “loiro pivete” é desprezado até virar moda em corpos brancos, mas descartados nos cabelos da população negra. Ao usar e mostrar sua cultura em espaços elitizados, Luana representa uma cultura populacional marginalizada e desprezada, que é reconhecida apenas em alguns dias do carnaval.

Além dos cabelos, a publicitária fala sobre usar joias que fortalecem o quanto trabalhou e merece frequentar o local que está, roupas que mostram suas identidades ancestrais e reconhecimento. Luana ressalta: “Acredito que nem eu ou nenhuma outra pessoa negra mereça se sentir culpada por ter dinheiro e qualidade de vida. Pelo contrário, é uma pequena alegria e que sirva de incentivo para que, do outro lado, as marcas, empresas contratem mais pessoas negras e as valorizem por isso.”

Avançar, para além da falta de mais lideranças e transformações, essa é a mensagem que a empresária demostra em suas linguagens e modelos, sobre as mulheres negras. “Que as remunerem bem, para que cada vez mais pessoas negras possam viajar pra fora do Brasil, usar marcas de luxo e investir o seu dinheiro no que escolherem, sem culpa”, finaliza Luana.

Nicole Karateca: Família protocola denúncia contra ataques sofridos pela adolescente nas redes sociais

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A proteção de Nicole Cristina (conhecida nas redes sociais como Nicole Karateka) e da sua família motivou, nessa sexta-feira (21), a formalização da denúncia de crimes de ódio e injúria racial cometidos contra a adolescente de 15 anos, que atua como criadora de conteúdo nas redes sociais. Acompanhada e assessorada pela Dr. Fayda Belo, advogada criminalista, a família de Nicole foi à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, na cidade do Rio de Janeiro para formalizar a medida, que além de proteger, visa identificar e responsabilizar as pessoas por trás dos perfis que a atacam, nos últimos meses.

A mãe de Nicole, Ana Cristina, destaca a ação criminosa, lembrando que ela “é menor de idade, e isso podia ter destruído a autoestima dela e feito com que ela ficasse com depressão. Nicole não sofreu uma simples ofensa, ela sofreu injúria racial”. A advogada Fayda Belo, que está assessorando juridicamente a família, complementa: “Não podemos normalizar e nem ignorar condutas racistas como essas. Discriminar alguém pela cor da pele, pela fibra do cabelo, é crime, inclusive com chancela Constitucional. É necessário sempre dar uma resposta jurídica a atos assim, para que o racismo que já é tão gritante no Brasil não possa continuar se perpetuando”.

Vale ressaltar que a adolescente e sua família têm recebido a solidariedade de personalidades, artistas, marcas, e até instituições, como a Razões para Acreditar, responsável por uma campanha de arrecadação de fundos para permitir a aquisição de uma casa para a família. Com mais de meio milhão de seguidores nas redes sociais, Nicole segue mudando sua vida para melhor com suas publicações sobre a família, receitas, cuidados familiares e com os animais. Aos 15 anos, Nicole ama karatê e pretende, em breve, voltar às aulas.

Roger Cipó, influenciador que assessora e dá suporte para Nicole, ao lado da youtuber Neggata, comenta: “Nós vamos trabalhar para que Nicole tenha segurança para produzir o que ela quiser. Uma adolescente talentosa como ela, precisa ser amparada e protegida. Meu apoio é nesse sentido. Foi assim que mobilizamos uma rede de suporte e também estamos em diálogos bem importantes com o próprio TikTok Brasil. A plataforma tem sido parceira e dado a devida atenção para o caso de Nicole”.

Finalmente, sobre a denúncia, a mãe de Nicole afirma o que deveria ser óbvio e não precisar ser repetido: “É um absurdo, em pleno século XXI existir esse tipo de racismo. Tem que ser dado um basta. Somos um povo livre”.

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