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Cabo Verde quer um lugar no pódio da inovação digital em África

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Imagem: Reprodução/Batuman

O continente africano, apesar dos efeitos da pandemia de covid-19, está em plena expansão econômica. O Banco de Desenvolvimento Africano (BAD) previu que, em 2021, o continente vai progressivamente desenlaçar-se da recessão de 2020 – a pior dos últimos 50 anos – com uma previsão de crescimento do PIB de cerca de 3,4%.

Este cenário favorável ao desenvolvimento tem como principal catalisador a efervescência do sistema tecnológico que se vive atualmente no continente, com Cabo Verde a assumir-se como um agente expedito na transformação digital da sua economia. Em 2019, à margem do lançamento oficial do projeto Cabo Verde Digital (CVD), o agora re-leito primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva indicou que “a economia digital é uma grande aposta do Governo cabo-verdiano”, sublinhando que o país tem “talentos e um sistema que se está a preparar, que vai do sistema educativo ao ecossistema de financiamento, passando pelo apoio ao empreendedorismo e a estabilidade”.

Um dos principais projetos, a Bolsa Cabo Verde Digital, tem como grande objetivo apoiar anualmente 100 jovens e 50 startups, com um montante mensal de 30 mil escudos (cerca de 270 euros) durante seis meses, com serviços de mentoria e incubação.

A aposta principal está centrada no aumento da literacia digital, com foco nas pessoas e nas suas capacidades e potencialidades individuais de desenvolvimento de projetos que ajudem Cabo Verde a tornar-se no próximo hub tecnológico africano, através de cursos de codificação a bolsas para o desenvolvimento de projetos de base tecnológicas e criação de empresas.

A Smart Solutions é uma das empresas que já pôde beneficiar desse impulso. A startup, que pretende resolver problemas do quatidiano dos cabo-verdianos através da inovação, foi uma das vencedoras do programa Re!venta <Turismo>, que quer dinamizar o setor do turismo no país. Fundada por Igor Fonseca e Eriksson Monteiro, dois jovens residentes na diáspora “que nunca perderam as raízes” que os ligam ao arquipélago, a empresa está a “desenhar soluções disruptivas, adaptadas à realidade e às necessidades de Cabo Verde. Soluções que visam aumentar a produtividade e a sustentabilidade das cidades cabo-verdianas.”

Em exclusivo para o Re!venta, a dupla criou e desenvolveu a plataforma guiatur.cv, uma ponte entre operadores turísticos e guias de turismo certificados e devidamente credenciados por entidades selecionadas pelo Ministério de Turismo e Transporte. Na prática, a plataforma pretende acelerar a digitalização desse segmento de mercado, proporcionando aos seus utilizadores “guias certificados, formação contínua dos guias de turismo, pagamento digital, normalização dos preços praticados, classificação dos serviços prestados pelos Guias de Turismo, entre outros serviços”, explicaram-nos.

“O programa, os mentores e os prêmios foram fundamentais para começar e continuar com o desenvolvimento do produto. Conseguimos ter uma ideia mais clara sobre como resolver os problemas do setor e monetizar o produto. Tivemos acesso direto a mentores que têm dezenas de anos de experiência no setor, mentores na área de desenvolvimento de software, tivemos prêmios importantíssimos como os recursos cloud da IBM, acesso à plataforma do NOSi e ainda 800 contos (cerca de 7.200 euros) para auxiliar no investimento do desenvolvimento do produto”, explicou-nos a dupla de empreendedores.

Atualmente à frente do projeto NhaTáxi, um aplicativo que quer resolver as dificuldades de mobilidade e segurança no país, Igor e Eriksson acreditam num futuro promissor para o ecossistema tecnológico cabo-verdiano.

“Estamos muito entusiasmados com o ecossistema que se está a criar. Vemos jovens com soluções interessantes e inovadoras e vemos uma aposta grande neste ecossistema. Nos últimos anos a aposta no digital tem vindo a ganhar grande importância em Cabo Verde e projeta-se que no futuro venha a ter um enorme impacto no PIB nacional. Como alguns dos maiores exemplos da aposta no ecossistema digital de Cabo Verde podemos identificar a criação dos data centers em Santiago e em São Vicente, a criação do Parque Tecnológico e a aposta na Bolsa Cabo Verde Digital. Tivemos a oportunidade de participar na Bolsa Cabo Verde Digital que permite, além do auxílio financeiro, capacitar as startups com mentoria qualificada no momento que mais precisam. Para nós, uma jovem startup tecnológica, fazer parte do ecossistema ajudou-nos imenso na fase inicial da empresa e neste momento conseguimos ver o quão importante foi beneficiar da bolsa e de toda a rede criada à volta.” 

A NhaTáxi está atualmente em fase de testes no terreno, com cerca de 20 táxis. “Normalizamos a tabela de preço praticada no mercado, inserimos o pagamento electronico e estamos a trabalhar num botão de pânico a bordo, que gera um alerta em tempo real para a Polícia Nacional”. O que torna a app atrativa é o fato de criar uma espécie de rede de segurança para o utilizador. “Em Cabo Verde, os táxis circulam mais nas ruas principais, obrigando as pessoas a deslocarem-se até estas ruas para conseguirem um. São nestes pequenos trajetos que correm o risco de serem assaltadas. A ideia por trás de NhaTaxi é garantir a segurança destas pessoas, desde o momento em que solicitam o táxi até chegarem ao seu destino”.

Este ambiente tecnológico em plena ebulição atinge todos os setores profissionais, com o contínuo florescer de novos serviços e aplicativos. É o caso, por exemplo, de Josimar Bazílio, de 28 anos e originário da ilha de São Vicente, que criou a All Seven, uma ferramenta que quer revolucionar e aprimorar o contacto entre artistas e o mercado. Apesar de crescer com a ideia de desenvolver anti-vírus para combater “os maus da fita” do sistema informático, Bazílio acabou por aliar a sua formação em Engenharia Informática ao gosto pelo mundo da música.

A tecnologia, uma arma para alavancar o sector das artes

Ao participar na Bolsa Cabo Verde Digital, o empreendedor ganhou uma participação num programa de pré-incubação e financiamento, para levar a cabo o seu projeto. A All Seven “é uma comunidade artística e tem como objetivo permitir ao artista expor o seu produto, obter financiamento para alavancar os seus projetos, e ainda dispor o seu serviço através de um serviço de agenciamento”, tudo num ambiente colaborativo entre artistas. Ainda numa fase embrionária de desenvolvimento, com o estabelecimento de contacto com os vários atores culturais, a aplicação teve como ponto de partida a necessidade de os artistas passarem de produzir apenas por amor à arte para passarem a ter uma fonte de rendimento dessa arte.

A participação no programa permitiu a Josimar Bazílio criar um sistema de organização para despontar o seu negócio. “Para mim, a chave da Bolsa Cabo Verde Digital na All Seven é organizar. Eu não era organizado e se não formos organizados não vamos para a frente. Nós temos o conhecimento mas não conseguimos aplicar essa metodologia corretamente e foi com essas instruções, de como organizar as ideias e de como trabalhar de forma empresarial, que eu comecei a correr. Acima da quantia que tínhamos mensalmente e do suporte, o maior presente que recebemos da CVD foi isso”, explica-nos o jovem.

Agora, com uma planificação, metas e prazos para cumprir, a All Seven vai começar já a partir de maio o contato com os artistas, com base numa rede de profissionais de programação, marketing, multimédia e comunicação, que engloba as redes sociais.

Não é apenas o empreendedorismo que está debaixo dos holofotes da CVD. Com o crescimento da digitalização de serviços nos vários setores do mercado económico, está atrelado o aumento do interesse por parte dos jovens nos diferentes segmentos profissionais das tecnologias. É o que acontece com Fábio Alves, 18 anos, natural da Boavista. Com o 12.º ano concluído e vários projetos informáticos que não concluiu, o entusiasta pela cultura pop, descobriu no programa de código Kode for All/ Kode Verde – que conta com a parceria da Academia de Código -, a oportunidade para desenvolver as suas habilidades de programação, com o propósito de finalmente materializar as suas ideias de projeto.

Com direito a acomodação – 40% dos participantes residiam fora da cidade da Praia -, o Kode Verde ofereceu aos seus participantes um curso intensivo, das 9 às 18 horas, de segunda a sexta-feira, durante 14 semanas, que aliou teoria e prática, naquilo a que Fábio chama de bootcamp. “Com toda a bagagem que ganhámos, podemos agora trabalhar remotamente para qualquer empresa em qualquer ponto do mundo.”

Com o objetivo de se tornar um desenvolvedor profissional, Fábio Alves acredita que este tipo de programas estão a abrir portas para a juventude, de forma a que esta possa ter um papel ativo nesta transformação digital e económica que o país está a viver. Como nos disseram Igor Fonseca e Eriksson Monteiro, da Smart Solutions: “Estes programas “têm impulsionado os jovens a ter ideias inovadoras e disruptivas, desenhando soluções para o nosso mercado e resolvendo os problemas e desafios do dia-a-dia dos Cabo-verdianos. São programas que despoletam e desafiam o digital a resolver os desafios reais de Cabo Verde e que, além do apoio financeiro, fornecem uma mentoria muito próxima do promotor do projecto, com foco no sucesso do mesmo.”  

Para jovens, menos jovens, homens ou mulheres, o sector tecnológico em Cabo Verde goza de boa saúde e recomenda-se, na garantia que o governo está a olhar para um futuro próspero e a criar soluções para capacitar os seus cidadãos neste setor. A meta será exportar os serviços nacionais para outras geografias, que, para os fundadores da Smart Solutions, é a aposta certa. “Isso sim nos transformaria num verdadeiro hub. Isto é a imagem do povo que somos. A falta de recursos naturais sempre nos obrigou a apostar na educação e no conhecimento. Gostaria de ver-nos no Top 5 de África, nesta área, nos próximos cinco anos. Sabemos que é uma meta ambiciosa, mas com um percurso muito excitante. Por isso, de certeza que valerá a pena”, disseram à BANTUMEN.

“Empoderamento Contábil” fortalece microempreendedoras periféricas a partir da gestão financeira

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Imagem: Arquivo Pessoal/ Ludmila Hastenreiter

Filha de uma técnica de enfermagem e de um serralheiro, Ludmila Hastenreiter, criadora do “Empoderamento Contábil”, foi a primeira da família a concluir um curso superior. Formou-se em algumas das principais universidades do país e fez especialização nos Estados Unidos, ambas com bolsa integral. Sobre sua experiência internacional, foi aprovada em um curso concorridíssimo da Ohio University, mas o sonho só se concretizou por meio de uma campanha de financiamento coletivo, que custeou a viagem. Toda essa experiência só reforçou os laços com o seu propósito.

“Percebi que as mulheres periféricas que são empreendedoras individuais precisavam receber informações de gestão financeira e contábil, tudo em uma linguagem descomplicada. Comecei com ações voluntárias, eventos gratuitos, que faço até hoje, para levar algum conhecimento para elas. Com o tempo, desenvolvi uma consultoria personalizada a um preço bem popular, a partir de R$ 97, para que elas possam trabalhar na formalidade, o que é muito importante até para que consigam empréstimos que possibilitem investir no próprio negócio”, conta.

Nos deslocamentos da Baixada para a Zona Sul da capital fluminense, para estudar e trabalhar,  cruzou o caminho de diversas mulheres. diaristas, ambulantes, manicures…  Empreendedoras individuais invisíveis para muitos, mas não para ela, que passou a usar os seus conhecimentos para melhorar a realidade que a imensa maioria enfrenta de forma solitária.

Daí surgiu a Empoderamento Contábil, primeiro negócio de impacto social do país com foco em Contabilidade e Gestão Financeira para micronegócios periféricos liderados por mulheres, com a missão de fortalecer empreendedoras de periferias do Rio de Janeiro e do Brasil para se tornarem agentes de transformação de suas próprias histórias por meio do conhecimento em Contabilidade e Finanças.

Em três anos, mais de 2 mil mulheres foram fortalecidas com conhecimento que as apoiam a transformar seus micronegócios (que para muitas é apenas um “bico”), em empresas cheias de potencial. Além disso, vários eventos gratuitos foram realizados de forma independente ou em parceria com coletivos, microempreendedoras e OSC’s (Organizações da Sociedade Civil). A iniciativa vem ganhando cada vez mais espaço, como o convite para participar do projeto “Repercutindo Histórias”, do Grupo Globo, e de workshops com a organização da Copa América no Brasil.

Desde o início da pandemia de Covid-19, a demanda da Empoderamento Contábil aumentou, o que fez com que Ludmila ampliasse a sua atuação para as redes sociais, promovendo encontros online, produzindo conteúdos sobre gestão de pequenos empreendimentos e tirando dúvidas recorrentes do seu público-alvo por meio do perfil @empoderamentocontabil no Instagram.

“A procura da mulher que quer saber como ter um CNPJ, como se tornar MEI (Micro Empreendedora Individual) e como emitir nota fiscal cresceu bastante desde a pandemia. Sinto que, cada vez mais, a mulher quer deixar de trabalhar com carteira assinada para conquistar uma fonte de renda sem abrir mão do contato com os filhos”, analisa.

The Underground Railroad”: Nova série da Amazon é dirigida pelo mesmo diretor de “Moonlight”

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Foto: Divulgação

Divulgado o trailer de “The Underground Railroad”, nova série da Amazon, que estreia dia 14 de maio. 

A produção é baseada no romance homônimo de Colson Whitehead e acompanha Cora, uma jovem escravizada que vê na existência de uma estrada subterrânea a chance para escapar ao seu trágico destino. O livro, lançado em 2016, venceu o Prêmio Pulitzer de Melhor Ficção. 

A adaptação terá Barry Jenkins na direção. O diretor ganhou o Oscar de Mlehor Filme por “Moonlight” e também dirigiu “Se a Rua Beale Falasse”, longa que rendeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante á Regina King. 

De fato existiu um Underground Railroad, que era rede de rotas e esconderijos usados por escravizados que conseguiam fugir. Na série, esses esquemas de fuga serão tratados como uma rede de ferrovias mais bem equipados. 

A sul-africana Thuso Mbedu estrela a série, que também conta em seu elenco com  Aaron Pierre, Chase W. Dillon, Joel Edgerton, Amber Gray, Damon Harriman e Willian Jackson, além de outros.

Confira o trailer abaixo.

O que fazer caso sofra discriminação racial no ambiente de trabalho

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A advogada e jurista Zaíra Castro - Foto: Divulgação

Por Zaira Castro – Jurista e Advogada

O preconceito e a discriminação racial no ambiente de trabalho são mais recorrentes do que se imagina, apesar das iniciativas de inclusão, diversidade e compliance  que significa estar em conformidade com a lei, ainda assim ocorrem inúmeros casos de conduta abusiva nas relações de trabalho.

Inicialmente vale destacar que qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência fundamentada exclusivamente na cor da pele, raça, nacionalidade ou origem étnica pode ser considerada discriminação racial.

A discriminação no ambiente de trabalho é prática abusiva que pode gerar indenização por danos morais. Um exemplo de discriminação dar-se-á pela imposição preconceituosa quando a empresa determina  que o trabalhador de cabelo crespo, natural,  black power ou  dread deve alisar o cabelo. Assim  como quando não permite  que faça  uso de seu cabelo solto em razão de ser um cabelo crespo, ferindo assim  o princípio da igualdade e da  dignidade da pessoa humana.

Apesar da luta antirracista evidenciada em pleno século XXI, os atos discriminatórios e estatísticos ainda demonstram a desigualdade entre raça e gênero. Cotidianamente as pessoas negras são demitidas em razão da cor ou  por ter o cabelo crespo. Sequer passa no processo seletivo, e em regra  estão desempregados em virtude da falta de inclusão e disparidade social. 

Todavia, quando a prática discriminatória  se dá no ambiente de trabalho, cabe a aplicação da lei, por meio da Justiça do Trabalho. E quando comprovado o ato discriminatório ou  racista, podem ser definidas indenizações, multas e sanções para o empregador que permite esse tipo de conduta.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT), por meio da Convenção 111 que trata da  “Discriminação em Matéria de Emprego e Ocupação”  determina  discriminação como: “toda distinção, exclusão ou preferência fundada na raça, cor, sexo, religião, opinião política, ascendência nacional ou origem social, que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidade ou de tratamento em matéria de emprego ou profissão” ou, ainda, “qualquer outra distinção, exclusão ou preferência que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidades ou tratamento em matéria de emprego ou profissão”

A Convenção 111 da OIT, ratificada pelo Brasil, traz medidas para erradicar toda e qualquer forma de  discriminação em ambiente de trabalho, com adequação da lei e programas de educação, a fim de efetivar a política de combate à discriminação.

A legislação também prevê multa por discriminação em razão do sexo ou etnia e assegura a isonomia salarial, conforme Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em consonância ao artigo 7º, inciso XXX, da Constituição da República que proíbe diferenças salariais por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.

Então o que fazer ao sofrer discriminação no ambiente de trabalho? De início se afirmar por meio da Lei, já que  atos discriminatórios violam os artigos 20º da Lei 7716/1989 9 (Lei Caó);   3º, IV, 5º, XLI, da Constituição Federal; 1º da Lei 9.029/95; 1º, I e II, da Lei 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade Racial); 186 e 927 do Código Civil. 

A Lei 9.029/1995 que proíbe a exigência de atestados de gravidez e esterilização, e outras práticas discriminatórias veda “qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade, entre outros”.

Inclusive a referida lei dispõe que se o empregado for demitido em decorrência de discriminação, além do direito à reparação pelo dano moral, será  reintegrado com o ressarcimento integral dos valores relativos a  todo o tempo de afastamento, ou percepção do pagamento em dobro das  verbas remuneratórias em razão do perídio de afastamento  corrigida monetariamente e acrescida dos juros legais.

Importante também consultar a  Lei  Caó  que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor (racismo), ao impedir ou obstar acesso de emprego, de promoção ou de qualquer vantagem em razão da cor da pele, da dependência ou da origem racial ou étnica. Vale salientar que além do racismo na relação de trabalho, também cabe atenção aos casos de injúria que incide em ofender a dignidade ou o decoro de alguma pessoa, conforme preceitua o artigo 140 do Código Penal, a exemplo em atribuir algum termo pejorativo a uma pessoa.

E, ainda tem o assédio moral que pode ser considerado discriminação racial no ambiente de trabalho, se a conduta ocorrer de maneira reiterada, o que deve gerar direito à indenização. O assédio moral é qualquer conduta abusiva (humilhante e constrangedora), reiterada e prolongada  que traz  danos à  dignidade ou à integridade física e psíquica de uma pessoa, pondo em perigo o seu emprego ou prejudicando o ambiente de trabalho. 

Portanto ao sofrer discriminação no ambiente de trabalho, tendo conhecimento da lei,  o caso deve ser denunciado ao Ministério Público do Trabalho (MPT) que atua para combater a discriminação nas relações de trabalho; à Delegacia Regional do Trabalho (DRT) da região que oferece o serviço de denúncia,  ou por meio de reclamação trabalhista perante a Justiça do Trabalho. Porquanto racismo é  crime inafiançável e imprescritível, e toda e qualquer discriminação racial no ambiente de trabalho, além da necessidade de conscientização deve ser denunciado, para garantir a igualdade de oportunidades à população negra e combater a discriminação étnica,  conforme preceitua o Estatuto da Igualdade Racial.

A comida descolonizada valoriza os ingredientes da diáspora africana e reconhece pratos ancestrais

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Ugali - Divulgação

É inegável a participação da cultura culinária afrodiaspórica na formação da culinária brasileira, também é inegável a potência a qual estas comidas diaspóricas carregam consigo.

Então chega o tempo de descolonizar o paladar, deixar de lado o pré conceito sobre os ingredientes ancestrais africanos e reconhecer o valor que vai muito além do nutricional.

Uma comida que carrega consigo história, cultura e ancestralidade. Comida descolonizada não é uma comida apenas brasileira, é uma comida que destaca a herança africana e ameríndia em seus ingredientes, suas técnicas e seus processos de produção. Buscando referência na história escrita e também na oralidade, tradicionalmente passada dos anciões para os mais jovens.

Juntos podemos desconstruir a visão de miscigenação, pois é inegável que o europeu privilegiou a perpetuação de sua cultura em detrimento das culturas africanas e ameríndias no Brasil e aprendermos a resgatar e promover a cultura culinária afrodiaspórica africana pelas Américas. Mostrar seu valor e contribuir para seu reconhecimento.


Precisamos trazer mais representatividade para nossa cozinha, promover a emancipação da gastronomia brasileira passa por mostrar que as tradições ancestrais africanas e nativas constituem um valor alimentar enorme para o nosso povo, no prato e na sociedade.

Valorizar o inhame, o tamarindo, o quiabo, o dendê, amendoim, mastruz, ervas como alfavaca, macassá, fazer uso do pilão em nosso cotidiano, valorizar nossa colher de pau. E pouco a pouco desfazer este apagamento histórico que nos foi imposto.

Nosso povo precisa conhecer estes pratos: Efó, Muamba, Ugali, Poullet DG, Mufete, Funge, Kelewele e muitos outros saborosíssimos e trazem tantas semelhanças com nossas comidas. Encontrar nelas o ponto que nós liga ao continente africano e juntos pouco a pouco reescreveremos nossa historia da cultura culinária do que hoje chamamos de Brasil.

Efó, uma espécie de refogado de preparo semelhante ao do caruru, mas feito com língua-de-vaca (um tipo de plantas alimentícias não convencional), camarão seco, amendoim e castanhas.

Muamba pasta de amendoim ou dendê utilizada para agregar sabor e textura à pratos cozidos. Ugali espécie de angu queniano feito com amido (milho ou arroz)e água. Acompanha folhas refogadas e proteínas cozidas.

Muamba de amendoim – Divulgação

Funge uma espécie de angu angolano feito de milho branco ou farinha de mandioca e águas. Acompanha pratos cozidos.
Poullet DG típico de Camarões é um guisado de banana com Frango e aromáticos . Muito colorido e saboroso.
Mufete peixe assado na brasa companhado de batata doce cozida, mandioca cozida, banana da terra cozida e vinagrete de cebola.
Kelewele típico de Gana um petisco preparado com banana da terra frita temperada e no dendê com amendoim.


Kelewele – Foto Divulgação

Ugali
O ugali é a principal fonte de amido da alimentação queniana. A massa também é tradicional da culinária de diversos países africanos, sendo conhecida por diferentes nomes dependendo do lugar. O ugali clássico é feito com farinha de milho e água. Os ingredientes são cozidos até formarem uma massa e mergulhados em outros pratos, como verduras e ensopados, ao longo das refeições.

Ugali – Foto Divulgação

Receita de Ugali
• 1 xícara ou mais de farinha de milho.
• 3 xícaras de água fervente.
• 1 xícara de água fria.


Compre a farinha e reúna os materiais necessários. Vá ao mercado e compre um saco de farinha de milho. Além da farinha e da água, você vai precisar de uma panela, de uma colher de pau e de um fogão para cozinhar a massa.


• A panela deve ser grande o bastante para comportar seis xícaras de ingredientes com espaço para mexer vigorosamente.
• Caso não consiga encontrar farinha de milho, você também pode preparar o ugali com maisena. A consistência, porém, vai ficar bem diferente. A farinha de milho é mais fina do que a maisena, o que deixa a massa bem mais lisinha e gelatinosa.

• Cozinhar ugali pode fazer uma bagunça danada. Dê preferência para um panela antiaderente e tenha em mente que você vai precisar de um esforcinho extra para lavar a louça.

Ferva três xícaras de água em uma chaleira ou em outra panela. A água deve ficar quente o bastante para reter calor quando você adicionar a farinha.
Misture a farinha com a água fria enquanto espera o resto da água ferver. Vá com calma, adicionando um pouquinho de farinha de cada vez.

• Adicione uma xícara de água fervente de cada vez à mistura para não encaroçar.
Mexa rapidamente a mistura com uma colher de pau. Mexa constantemente para que a mistura esquente de maneira uniforme e os caroços se dissolvam. Cozinhe a massa até engrossar. Ela deve ficar com uma consistência bem espessa.

• Pode ser que você precise de mais do que uma xícara de farinha para deixar o ugali da textura certa. Preocupe-se mais em acertar a consistência da massa do que em seguir a receita à risca. Cozinhe até firmar. O ugali deve ficar mais grosso do que um purê de batatas. Cozinhe até a massa começar a se soltar das laterais da panela.

• Ao fim do cozimento, pode ser difícil mexer a massa e diluir a farinha.Ainda assim, não pare. Do contrário, o resultado final não ficará firminho o suficiente.
Despeje o ugali cozido em um prato. Use uma colher de pau para transferi-lo da panela para o prato. Tome bastante cuidado. A massa estará bem quente.

Corte o ugali em pedaços com uma faca. Corte-o na vertical e na horizontal para que os pedaços fiquem mais fáceis de pegar. Outra opção é cortar o ugali em fatias a partir do centro, como se ele fosse uma torta.

• Deixe o ugali inteiro se não quiser cortá-lo. Nesse caso, deixe que as pessoas arranquem pedaços da massa ao longo da refeição.
Como servir o ugali. Para comer o ugali, você primeiro deve fazer uma bolinha com um pedaço da massa. A bolinha deve ser, no máximo, do tamanho de uma bola de golfe. Após enrolar a massa, afunde-a no meio com o dedão.
Use a parte afundada para pegar outros alimentos servidos na refeição.

Como combinar o ugali com outros pratos. O ugali fica delicioso com os mais variados pratos, principalmente com aqueles cheios de caldo, que precisam ser comidos de colher.

• Experimente servir o ugali com uma saladinha ou com uma porção de vegetais no vapor, como couve e espinafre.

• O ugali também fica ótimo com ensopados. Use a massa como se fosse pão para, por exemplo, absorver o excesso de molho que restar no prato.

• Tradicionalmente, o ugali também é comido com coalhada.

Com nova formação, ”As Sublimes” estão de volta

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Imagem: divulgação

Quem viveu nos anos 90, com certeza deve se lembrar delas. O grupo brasileiro inspirado no ”The Supremes”, era originalmente composto por Lilian Valeska, Karla Prietto, e pela atriz e modelo Isabel Fillardis. O trio fez muito sucesso junto, participando de vários programas de televisão e tinham na época uma agenda bem badalada.

Em 1995, Fillardis deixou o grupo dando inicio a uma nova formação- agora com Flavia Santana em seu lugar. Infelizmente, essa formação acabou antes que o grupo pudesse lançar seu terceiro álbum. Além de dar voz a grandes sucesso, The Sublimes também participou de composições como ”Eu Não Vou”( com Paulo Santana), gravada pelo Fat Family. Anos mais tarde, em 2012, as quatro integrantes se reuniram em um projeto temporário, atendendo aos pedidos dos fãs.

Entretanto, parece que agora As Sublimes estão de volta para valer (porem com outras integrantes). Ciça Reis, Jess Araújo e Dudda Olive foram as cantoras escolhidas pela RH Soluções Artísticas para compor o novo trio. As garotas (todas do Rio de Janeiro), entrarem em estúdio essa semana para gravar o primeiro single do grupo.

Nesse primeiro momento, as três artistas estão passando por uma espécie de treinamento, onde aprendem harmonização vocal, dança, intepretação, FitDance, Língua Portuguesa, Línguas Inglesa e Espanhola, etiqueta, modelagem, maquiagem e simulados de entrevistas para criar estrutura emocional e fôlego para enfrentarem agenda de shows. Além disso, antes de estrear no mundo da música, elas estão sendo acompanhadas pelo psicólogo Roberto Antônio Duarte, que irá ajuda-las a lidar com temas como o racismo e o machismo. Entretanto, o debut do trio não deve demorar para acontecer! A previsão é que ainda esse ano, teremos um lançamento oficial de As Sublimes.

Cansou e quer mudar? Quando é o momento certo de pivotar a carreira?

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Foto: Paulo Barro

Em 2020, muito se falou sobre propósito. Com a pandemia, uma parcela da população passou a trabalhar home office, o que contribui para misturar ainda mais a vida pessoal com a profissional. Antes, se fazia necessário separar ao máximo essas duas coisas, mas, a cada dia que passa, essas facetas se unem com uma única finalidade. Isso fez com que muitas pessoas reavaliassem sua trajetória profissional para que fosse possível adequar o trabalho ao novo momento de carreira e de vida.

Mas, afinal, fazer mudanças, definir seu propósito e entender o que de fato é importante para você requer autoconhecimento. Na vida pessoal nós já fazemos isso com naturalidade, e para aplicar no trabalho, não pense que é necessário ignorar tudo o que já fez até então.Nesse contexto, pivotar a carreira – vulgo, mudar radicalmente o rumo do trabalho – é o movimento natural.

Muito utilizado em alguns esportes, o termo “pivot” remete a um jogador ágil, que consegue mudar drasticamente para uma direção não habitual. Pivotagem de carreira nada mais é do que uma mudança de profissão, que soma-se à sua carreira, acompanhando seus aprendizados, gostos e vontades.

Lisiane Lemos é advogada por formação e especialista em Transformação Digital por paixão. Começou sua carreira como estagiária na área jurídica, atuou na Procuradoria Geral de Pelotas e no Tribunal Regional do Trabalho de Porto Alegre. Depois, foi para Moçambique, onde desenvolveu sua liderança na Aiesec e trabalhou em diferentes frentes, principalmente vendas. Foi após essa última experiência que migrou para Tecnologia e se especializou em Marketing e Transformação Digital.

Confira as dicas da executiva para pivotagem de carreira:

Busque autoconhecimento: A felicidade, por vezes, está associada ao dinheiro e, por conta disso, muitas pessoas acabam optando por profissões que são mais bem pagas sem considerar se é o que realmente gostam. “Em um mundo globalizado e com inúmeras possibilidades de se dedicar a um nicho, é mais fácil percorrer diferentes setores e encontrar uma forma de ter seu trabalho valorizado independente das suas escolhas. É um clichê, mas, de fato, trabalhe com o que você ama e nunca mais precise trabalhar”, diz.

Identifique sua vocação: As grandes conquistas e mudanças na carreira de Lisiane surgiram após um intercâmbio em Moçambique, na África, em que pôde desenvolver sua liderança. Ao entrar em contato com o mundo corporativo e desempenhar tarefas diferentes das que fazia enquanto estudante de Direito, notou seu talento. “Percebi que tinha vocação para a área de vendas e que aquele era o meu desejo para mudança de carreira”, lembra.

Pesquise possíveis caminhos: É dado o momento de pivotar! Mas, primeiramente, pesquise, busque informações e analise qual o melhor caminho a prosseguir, se um curso, uma aplicação em outra empresa ou se basta colocar em prática conhecimentos que já tem. “Eu sou formada em Direito e quando comecei a migrar para a área de Tecnologia, fiz um MBA em Gestão de TI”, conta.

Organize os próximos passos: Após fazer a análise sobre o melhor caminho a seguir, é preciso dar início ao passo a passo. Avalie desde os recursos financeiros para fazer essa transição até o plano de carreira para alcançar seu objetivo. “Não meta os pés pelas mãos. Converse com pessoas que podem te ajudar a fazer essa mudança e a definir um plano de carreira. Pesquise sobre salários, possíveis mentorias e deixe as finanças em ordem”, conclui.

Conheça Juan Calvet, ilustrador que conquistou o Brasil

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Foto: calvet_arts

Através de sua arte, Juan Calvet conta suas histórias e a história do povo preto, para ele, é de extrema necessidade ter essa representatividade no mundo da ilustração. Com apenas 23 anos, Juan tem conquistados os internautas brasileiros ao divulgar suas artes cheia de significados e representatividade em seu perfil no Instagram.

“Acredito que meu diferencial seja ilustrar nosso cotidiano, fazer com que as pessoas se enxerguem nas minhas artes, que elas tenham um gatilho emocional quando veem um trabalho meu. Geralmente eu não costumo fazer um único traço, mas eu sempre coloco uma energia que mesmo sendo traços diferentes de uma arte para outra, as pessoas identificam meu trabalho”, comenta Juan.

Calvet iniciou sua carreira em 2013 com apenas 15 anos ao comprar uma mesa digitalizadora usada para executar sua grande paixão: o desenho. Anos depois, a Wacom, maior empresa de produtos digitais do Brasil, por duas vezes presenteou o jovem com uma incrível e nova mesa, pois acreditavam em seu talento.

“De 2019 até aqui muita coisa mudou, muita coisa mesmo. Em 2019 eu não tinha nem o básico pra trabalhar e eu fiz essa arte (Deus é uma mulher preta), essa arte foi importante pra mim de diversas maneiras, eu jamais imaginaria que eu chegaria onde estou hoje, no final de 2020 eu comecei a fazer vários cursos na Escola Revolution, eu ganhei minha mesa da Wacom, então hoje eu tenho todo o acesso que eu gostaria de ter lá no início”, argumentou o ilustrador.

Para o futuro, além de muitos projetos, Juan pretende dar início a uma história em quadrinhos, fazer ilustrações para jogos até então fictício de cartas para seu portfólio, vender seus prints e participar de eventos.

Confira algumas das artes de Juan:

Foto: Calvet_Arts




Foto: Calvet_Arts

Livro “Rastros de Resistência”, do escritor Alê Santos, é adquirido pelo Governo de São Paulo

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Alê Santos e seu livro, rastros da resistência; Divulgação

O livro “Rastros de resistência”, do escritor e finalistas do prêmio Jabuti 2020, Alê Santos, que fala sobre o passado de grandes reinos que tiveram sua história apagada ou silenciada ao longo dos anos de colonialismo e pós-colonialismo, estará nas escolas do de São Paulo.

A história de reis, rainhas, guerreiros e amazonas que lutaram bravamente em seus territórios vão ser apresentados com toda sua força ancestral para alunos do colégio público do governo.

“Quando estava escrevendo o livro eu imaginava que minha autoestima na infância e, consequentemente, vida no colégio, seriam muito melhores com acesso a essas histórias que eu contei em Rastros de Resistência.” Fala o escritor, relembrando de quando estava escrevendo o livro.

“Inúmeras possibilidades teriam surgido em meu imaginário ao me deparar com figuras que colocam pessoas negras como estrategistas, piratas, líderes poderosos que venceram o sistema de escravidão.  Então quando recebi a notícia eu me emocionei muito,  estou realizando um sonho que eu nem sabia que podia ter, ser um escritor e ser distribuído para as escolas.”

Além desse, segundo o autor, vários livros de outros escritores negros contemporâneos vão chegar para os alunos, após ser comprados pelo governo. “Nunca pensei que um dia eu conseguiria chegar nas escolas dessa maneira, é emocionante”, completa Alê.

Programas sociais de SP focam em capacitação e inclusão produtiva de jovens e mulheres

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Foto: Divulgação

A Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo dispõe de programas e ações de proteção social que visam beneficiar a população paulista mais vulnerável, principalmente nesse momento complicado da pandemia. Além da transferência de renda, programas como o Prospera Jovem e o recém-lançado Prospera Mulher visam a capacitação e a inclusão produtiva de jovens e mulheres, respectivamente.

O programa Prospera Jovem oferta oportunidades para os jovens em situação de vulnerabilidade social, por meio da construção de elaboração de projeto de vida, tutoria, capacitação e transferência de renda para poupança. Em sua primeira edição, no ano passado, o programa beneficiou cerca de 400 jovens da região do Vale do Ribeira, sendo que 54% dos beneficiários se autodeclararam negros.

“A primeira edição do Prospera Jovem foi muito bem-sucedida. Para as próximas edições, pretendemos também viabilizar a capacitação em afroempreendedorismo, promover a representatividade (com mais tutores e orientadores negros) e ampliar o conhecimento em saberes afro-brasileiros e africanos”, destaca a Secretária Estadual de Desenvolvimento Social, Célia Parnes.

O programa Prospera Mulher, lançado no último mês de março, visa a inclusão produtiva, estímulo à geração de renda e empreendedorismo para mulheres chefes de famílias monoparentais, com filhos de 0 a 6 anos, e em situação de extrema pobreza. O programa deve iniciar no segundo semestre desse ano e 62% das mulheres do público elegível se autodeclaram negras.

O último Censo do IBGE aponta que cerca de 30 % da população paulista é negra. No Estado de São Paulo, 49% dos inscritos no Cadastro Único (Cadúnico), base da política socioassistencial, se autodeclaram negros, sendo que as mulheres negras representam 58% dessa fatia.

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