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Filme “Um Dia com Jerusa”, protagonizado por Léa Garcia estreia em julho na Netflix

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O longa “Um Dia com Jerusa“, dirigido por Viviane Ferreira, estrelado por Léa Garcia e Débora Marçal, estreia no dia 26 de julho no catálogo da Netflix.

Imagem: Divulgação

O filme acompanha a história da sensitiva Silvia (Débora Marçal), uma jovem pesquisadora de mercado, que enfrenta as agruras do subemprego enquanto aguarda o resultado de um concurso público. Ao mesmo tempo, a graciosa Jerusa (Léa Garcia), uma senhora de 77 anos, é testemunha ocular do cotidiano vivido no bairro do Bixiga, recheado de memórias ancestrais.

No dia do aniversário de Jerusa, enquanto ela espera a família para comemorar, o encontro entre suas memórias e a mediunidade de Silvia lhes proporciona transitar por tempos e realidades comuns às suas ancestralidades.

O longa “Um Dia com Jerusa” veio de um curta-metragem dirigido também por Viviane Ferreira, “O Dia de Jerusa” (2014) que foi exibido no Festival de Roterdã. O curta aborda a solidão da mulher negra

O filme participou da 43ª Mostra Internacional de Cinema e da 23ª Mostra de Tiradentes, além de diversos outros festivais nacionais e internacionais.

Concorreu no Africa Movie Academy Awards, na Nigéria, e venceu no Gary International Black Film Festival, escolhido pelo júri do festival como melhor longa-metragem de ficção.

Rapper mineira Mayí lança single “Reai$”, com mensagem sobre a superação do racismo

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A rapper mineira Mayí lança neste sexta-feira (2), seu novo single,  “Reai$”, em parceria com o paulista Malcolm VL. O som tem produção do DJ e produtor Coyote Beatz, que já fez parcerias com nomes fortes da cena como Rashid e Hot e Oreia e tem seu nome fortemente ligado ao rapper Djonga.

Mayí e Malcolm (Imagem: Lucas Campos)

A música e clipe de Mayí carregam os genes do rap de mensagem característicos do estilo. “É sobre a regeneração do povo preto, para que nossa cultura se mantenha viva e fortificada”. diz  a rapper que cita na faixa  figuras lendárias para a luta pelos direitos dos negros como Martin Luther King e Malcolm X com intuito de chamar atenção para a necessidade de combater o racismo estrutural ainda presente na sociedade. Ao mesmo passo que destaca a necessidade de uma postura combatente, a artista entoa que “a liberdade vai cantar” em um futuro onde a superação do problema seja a realidade.

Os versos diretos de “Reai$” não deixam dúvidas sobre os recados que Mayí quer reverberar. A potência da mensagem, inclusive, chega a transbordar a própria letra. Prova disso é a força simbólica da junção entre a rapper e Malcolm VL. “A troca entre a gente fluiu demais. Mesmo vivendo em estados diferentes, os assuntos que tratamos nas nossas músicas, como a cultura preta, jovem e periférica, trazem experiências que são universais, felizmente ou infelizmente”, explica a artista, que vê a conexão de realidades de diferentes periferias como a criação de um “Megazord periférico”. 

As referências musicais buscadas por Mayí também reforçam a conexão entre realidades aparentemente distintas, mas que são atravessadas pelo racismo. “Além de ter vivências cotidianas da minha vida e situações que já passei com a minha família como inspiração, eu busquei referências em artistas que também projetam esse tipo de mensagem em suas músicas, como MV Bill, Lauryn Hill e Death Grips”, conta a mineira que também tem entre suas influências o grupo de rock e reggae Baiana System e a diva do pop Rihanna.

Mayi começou a compor por volta dos 13 anos de idade, época de escola e descobertas artísticas, na mesma época em que começou a estudar música. Para a composição de  “Reai$”, a artista pensou em Malcolm por causa das similaridades de vivências entre um dos fatores para escolha.  “O processo foi incrível, muito leve. Conheci o trabalho do Malcolm e após o Coyote me enviar o beat e eu compor a minha parte pensei muito nele pelo que conhecia da sonoridade do trabalho dele, pensei que tinha muito a ver. Ele é de quebrada, representa a resistência do nosso país e carrega muito do que eu queria passar com esse single, ele topou sem hesitar e construímos uma conexão memorável ao longo desse processo.O lançamento de “Reai$” sucede o single “Sedenta”, lançado por Mayí em março. A música chega nas plataformas de streaming pelo selo MacacoLab (braço da produtora A Macaco, que produz o mega festival Sarará) e ganhou videoclipe já disponível no canal de Mayí no YouTube.

Lázaro Ramos é homenageado em festival de cinema na França

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Foto: Divulgação

O ator Lázaro Ramos é o homenageado da edição deste ano do 23º Festival Du Cinéma Brésilien, que vai até o próximo dia 04 de julho, em Paris. “É muito bom quando as nossas histórias cruzam fronteiras”, disse o ator em suas redes sociais. Com a pandemia de covid-19 mais controlada na França, o festival vai acontecer de forma presencial.

Na mostra, será exibido o filme Medida Provisória, dirigido por Lázaro, além de outros filmes onde ele aparece como ator: “O Beijo”, “Tudo o que aprendemos juntos”, “Madame Satã” e o inédito “Silêncio da Chuva”. “Agradeço e me sinto honrado com tamanho reconhecimento e homenagem. O Lazinho lá do bairro do Garcia em Salvador nunca imaginou”, conclui Lázaro.

A mostra deste ano tem como tema “O Negro no Cinema Brasileiro”, trazendo com destaque o trabalho de profissionais negros do cinema nacional.

“O cancelamento da mulher preta é duas vezes maior”: Thelminha fala sobre racismo, beleza e cancelamento

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A médica e ex-BBB Thelma Assis, a Thelminha participou do “E aí, Beleza?”, da Universa Uol e falou sobre rituais de beleza, transição capilar, vida de influencer, preconceito na internet e cultura do cancelamento.

A médica que já tem mais de 6 milhões de seguidores no Instagram contou como é ser uma influenciadora. “Ser mulher preta na internet tem seu diferencial, né? O cancelamento para gente é duas vezes maior porque às vezes acontece alguma coisa que eu nem estou envolvida, mas a pessoa dá um jeito de lembrar o meu nome para poder ir falar de mim e me julgar”, disse Thelminha, vencedora do BBB20. “Até hoje tem gente que questiona a minha vitória e coloca na caixinha da mulher preta. ‘Só ganhou porque é preta, ganhou porque as pessoas tinham dó’. As pessoas gostam sempre de subestimar”, refletiu.

Imagem: Iudi Richele

Como muitas pessoas públicas, Thelminha já se deparou com situações de cancelamento na internet, como quando foi para uma ilha com Manu Gavassi, Rafa Kalimann e Bruna Marquezine durante a pandemia. “Esse tipo de gente que fala que está cancelando, na verdade não está cancelando. Está colocando para fora o racismo, o machismo, o preconceito, o ódio, entendeu?”, apontou.

Sobre hábitos relativos à beleza, Thelma revela que não é muito boa em se automaquiar e que antes da fama fazia maquiagem a caminho do trabalho, mas com a paramentação do hospital não durava muito. Quando se tornou pessoa pública isso mudou. “Hoje eu tenho que me maquiar às 8h e passar o dia inteiro filmando e gravando. Tem um item na minha necessaire que eu não consigo abandonar (…) é o lápis de olho. Eu uso muito lápis de olho preto. Me acho bonita assim e isso que é o importante”, contou.

Ostentando volumosos cabelos crespos, Thelminha falou sobre a ausência de referência na infância e a importância de assumir o cabelo natural. “A transição capilar para mim foi uma libertação. Passei muitos anos sem referência. As meninas pretas não tinham nenhuma referência de boneca. Então como era difícil na minha época ter uma boneca preta, então a boneca bonita que eu tinha era lourinha, do olhinho verde e com cabelo liso. Eu ia para escola, minha mãe fazia trança em mim, ou maria chiquinha ou trança única, então a gente aprende que nosso cabelo solto não é bonito. Com 12, 13 anos eu já quis alisar porque minha mãe alisava, minha vó alisava, porque minhas tias alisavam”, disse a médica anestesiologista. “Quando eu decidi fazer a transição capilar, a minha coragem veio da internet. Sempre gosto de falar isso nas entrevistas que eu dou, para valorizar as influenciadoras, mulheres pretas, cacheadas, crespas que falaram ‘gente, vamos nos unir porque nosso cabelo é bonito’. As pessoas que não vivem isso não tem noção do quanto essa representatividade é importante” , declarou.

Thelminha, que esteve em peças publicitárias da Avon e do Mc Donalds, entende que a representatividade das marcas precisa ir além de colocar pessoas negras em seus comerciais. “Essa marca tem que ter um compromisso também de contratar pessoas pretas em todos os cargos da empresa, porque só assim essa marca estará tendo uma postura antirracista de vencer um racismo estrutural da sociedade”, afirmou.

Thelminha, casada há 12 anos com o fotógrafo Denis Santos, foi adotada quando criança e nutre o desejo de adotar uma criança. Ela contou em entrevista que já se cadastrou no site e está no início de um processo muito importante. “Se eu não tivesse sido adotada eu nao sei onde eu esataria hoje”, concluiu.

Eaze Drop: base de leve cobertura da Fenty Beauty chega do Brasil

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Foto: Divulgação

E lá vem a Rihanna fazendo a gente gastar nosso dinheirinho com os produtos incríveis da sua Fenty Beauty. Finalmente chegou entre nós a Eaze Drop, base de cobertura de média e baixa de uma das marcas de maquiagem mais diversa do planeta. Ela indicada para quem gosta de uma maquiagem com um efeito mais natural e que não cubra tanto com as outras bases.

Foto: Divulgação

O produto está sendo vendido pela Sephora por R﹩179 (cada) sendo uma base de longa duração e resistente à água e ao suor.

Devido à sua fórmula leve e versátil, a linha apresenta 25 tons adaptáveis, capazes de cobrir toda a gama de 50 tons da Pro Filt´r, família de bases já conhecida da marca. Para quem ama um visual “acordei assim” essa é a base.

A fama da Fenty Beauty veio por conta da gama de tons para todo mundo, apresentando 50 tons de bases para as mulheres clarinhas, escurinhas, sem esquecer das peles asiáticas.

Laverne Cox, Andra Day e outros nomes, tornam-se membros votantes do Oscar

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Imagem: Reprodução

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood divulgou nesta quinta-feira (1º) os novos membros convidados para participar da entidade que organiza o Oscar. A lista tem 395 nomes de 50 países, em uma tentativa de aumentar a diversidade.

Pensando em uma maior diversidade, entre os artistas convidados estão Laverne Cox, Issa Rae, Andra Day e Jonathan Majors que agora são membros votantes da premiação. Artistas farão parte da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

Entre os brasileiros, consta na lista Wagner Moura (“Tropa de elite”) e os produtores Andrea Barata Ribeiro (“Cidade de Deus”), Fabiano Gullane (“Uma História de Amor e Fúria”) e Paula Barreto (“João, o Maestro”).

“Para permitir um crescimento estável e assegurar a infraestrutura, os recursos de equipe e o ambiente necessários para apoiar todos os membros da Academia, o número de convidados para se tornarem membros foi limitado a cerca de metade dos anos recentes”, afirmou a Academia no anúncio de seus novos nomes.

Neste ano, 53% dos novos nomes são de fora dos Estados Unidos. 46% são mulheres, e 39% são de grupos étnicos ou raciais com pouca representatividade. A lista conta com 89 indicados ao Oscar, com 25 ganhadores entre eles.

Juntos desde 1990, o ator Don Cheadle casa oficialmente com sua companheira, Bridgid Coulter

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Imagem: Google fotos

O ator Don Cheadle (“Vingadores: Ultimato”) casou-se oficialmente com a atriz Bridgid Coulter (“O Massacre de Rosewood”).

O casamento aconteceu de modo discreto no início do ano passado, logo no começo da pandemia. Mas só agora foi comentado na mídia, quando a apresentadora Wanda Sykes comentou, sem querer, que levou um susto ao receber a notícia. “Você me mandou uma mensagem no início do ano, eu acho, e me disse que acabou de se casar. E eu fiquei tipo, ‘Caramba, a pandemia atingiu Don e Bridgid.'” Disse ela.

A comediante confessou que sua reação chocada foi motivada por não saber que Cheadle ainda não era casado com Coulter. Já que os dois estão juntos desde 1990 e têm duas filhas da relação.

Don Cheadle, que é o intérprete de Máquina de Combate nos filmes da Marvel, disse que muita gente também achava que eles já eram casados.

“Sim, quero dizer, isso é compreensível, visto que estivemos juntos 28 anos antes de nos casarmos”, afirmou o ator.

Através de sua fundação, Rihanna anuncia que investiu mais de US$ 40 milhões em ações sociais no ano de 2020

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Imagem: Reprodução/ Fundação Rihanna

Através da sua Fundação Clara Lionel, Rihanna anuncia que investiu em 2020 mais de 47 milhões de dólares em campanhas sociais ao redor do mundo. As ações englobaram medidas nas áreas de educação, justiça racial, resiliência climática e lutas contra o COVID-19, já que o ano foi extremamente conturbado e doloroso para as populações de todo o mundo.

Em um comunicado nas redes sociais e no site oficial, a fundação revelou os númmeros do ano de 2020 e esclareceu que foi um ano triste por causa da pandemia.

“Embora o tema da incerteza ameace definir os muitos meses que virão, nós da CLF estamos determinados a seguir em frente com urgência e esperança. Apesar do fato de que a pandemia global COVID-19 está longe de terminar – e décadas de progresso em quase todos os setores sociais continuam em risco por causa dela – sabemos que há luz no fim deste túnel.”

No comunicado, assinador pela fundadora, Rihanna, a organização fala que busca mudar, cada dia mais, o mundo para melhor.

“Continuaremos a ser implacáveis ​​em nossa busca de transformar a inação em ação, a opressão em agência, a injustiça em justiça. Graças às incríveis organizações, parceiros e comunidades com as quais trabalhamos, tudo o que realizamos juntos em 2020 é apenas o começo.”

Pesquisa inédita mostra que o afroempreendedorismo é jovem, feminino e solitário

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O Movimento Black Money (MBM) , Inventivos e RD Station realizaram uma pesquisa com o perfil dos empreendedores negros no Brasil. A iniciativa Afroempreendedorismo Brasil. A iniciativa teve como principal objetivo entender as formas de empreender e os desafios encontrados na trajetória de empreendedores pretos e pardos no país. 

Os resultados tiveram amostra feminina predominante, com as mulheres negras cis representando 61,5% do recorte da pesquisa e os homens pretos cis representando 36,4%. A pesquisa mostrou que os afroempreendedores são em sua maioria jovens adultos, sendo 35,8% pertencentes a faixa etária entre 25 e 34 anos de idade.

Tati Nefertari do Vigor en Twitter: "Vamos de indicar o trabalho de pessoas  negras? Ano passado eu tomei a decisão de me cuidar com pessoas pretas e  precisava mt cuidar da pele,
Zarah Flor (Imagem: Twitter Zarah Flor)

O afroempreendedorismo é, em sua maioria, feminino, solitário e está fortemente ligado ao comércio, à comunicação e à indústria de cuidados. Saúde e estética representam 14,3% da fatia encabeçada por pessoas negras, seguido pelo E-commerce e varejo, ambos com 10,4% e em terceiro lugar agências de marketing e publicidade com 8,4%. “As indústrias predominantes refletem uma herança ancestral de cuidados coletivos, mas também, infelizmente, a herança escravocrata de estar a serviço do outro ou da outra”, diz Nina Silva, CEO do Movimento Black Money.

Um exemplo bem-sucedido no ramo estético é a Zarah Flor Estética e Laser, fundada pela empresária Zarah FLor (35). Com público majoritariamente composto por mulheres negras, Flor usou as dificuldades de trabalhar em regime CLT após o nascimento da primeira filha como trampolim para começar a empreender. “Comecei a empreender em 2014, quando nasceu minha primeira filha. Não tinha com quem deixá-la e não podia cumprir a jornada CLT. Comecei praticamente sem nada, só eu e minha maca. Usava o que faturava para investir em capacitação. Trabalhei sozinha até 2018, quando comecei a contratar e expandir. Eu trabalhava com laser e sempre via como as mulheres negras eram mal atendidas nas clínicas e como o laser queimava a nossa pele, porque ninguém tinha se dedicado a criar um método que nos atendesse. Decidi desenvolver meus próprios protocolos, pois não existia. Por conta das dificuldades burocráticas e exigências, tivemos muitas barreiras para encontrar um espaço. Por 5 anos dividimos o imóvel com outras pessoas e isso nos impedia de crescer. Tive que pedir ajuda para financiar as máquinas e só consegui alugar um lugar maior quando o proprietário flexibilizou o seguro-fiança por causa da pandemia. Meus principais desafios são marketing, vendas e sistema de agendamento. Tenho uma clínica em São Paulo e uma filial no Rio de Janeiro”, diz Zarah.

 Embora  61,9% dos afroempreendedores tenham ensino superior, apenas 15,8% possuem renda familiar superior a 6 salários mínimos, o que coloca a necessidade financeira como principal motivo para a abertura de negócios. Outro fator são as dores que pessoas pretas passam e veem, que acaba se tornando uma força motriz para empreender. Um exemplo é o empresário Maurício Delfino, de 45 anos. Ele fundou a Da Minha Cor, primeira marca a pensar em toucas de natação para cabelos afro e volumosos.  “Ainda lembro da cena durante a minha infância de mulheres alisando seus cabelos com ferro quente para não serem incomodadas pelos patrões. Elas tinham de deixar de ser quem eram para serem aceitas. Foi essa recordação que me inspirou a criar a Da Minha Cor em 2018. Ao ver a dificuldade que negros e negras tinham para usar toucas de natação, decidi investir na ideia de criar modelos para cabelos afrovolumosos”, diz Delfino.

Empresa brasileira cria touca de natação para cabelos afro
Mauricio Delfino, fundador da empresa Da Minha Cor (Imagem:Yahoo)

Embora o negócio tenha dado certo e hoje a Da Minha Cor forneça até produtos descartáveis para fábricas e hospitais, ainda hoje enfrenta percalços ao tentar linhas de crédito.  “Se eu tenho uma ideia brilhante, o banco pede a minha casa de garantia. Se eu me arrisco a aceitar isso e consigo fazer vender, o dinheiro do pagamento fica retido, porque o meu cliente é visto como suspeito. Se você não tem musculatura, inteligência para lidar com isso, você não aguenta. Já tive dinheiro de venda retido pelo banco simplesmente por ser uma alta quantia vinda de um país africano”, conta.

O acesso a crédito e preconceito racial ainda são os maiores obstáculos para que uma pessoa negra possa iniciar um negócio. 40,4% dos entrevistados relatam que suas maiores dificuldades vieram do processo de concessão de empréstimos, seguido do racismo, com 30,7%. Para Alan Soares, CEO do MBM, o crédito solidário (em que uma pessoa leva mais de um avalista), as cooperativas de crédito para afroempreendedores, linhas exclusivas do BNDES (ações afirmativas) são possíveis soluções para o problema. “Mas a influência do racismo estrutural não para por aí”, diz Soares.

Outro obstáculo relatado pelos pesquisados é o desconhecimento de estratégias digitais (50,9%) e de métodos para tornar seus negócios rentáveis (59,2%). Com a identificação dessa dificuldade potencializada pela pandemia do novo coronavírus o MBM o Mercado Black Money, marketplace voltado para empreendedores negros, atingindo um crescimento de mais de 1000% de afroempreendedores cadastrados e no número de compradores no e-commerce. 

Marcelo Duarte (Imagem: Instagram/Marcelo Duarte Sports)

Os impactos da pandemia aliado à dificuldade de conseguir crédito por causa do racismo foram relatados por Marcelo Duarte, (48) fundador da Marcelo Duarte Sports, empresa de treinamento esportivo. Em 2020, o governo informou que iria disponibilizar uma linha de crédito para pequenos e médios empresários, incluindo MEI. Imediatamente busquei as informações e providenciei toda a documentação para que pudesse solicitar essa linha de crédito, que tinha a promessa de liberação em até 48h. Fiz três tentativas; cada tentativa tinha em torno de 7 a 10 dias para receber o feedback de positivo ou negativo, sendo que tinha colegas brancos que partiram para o mesmo cenário e tiveram o feedback em 48h como era promessa do governo e com taxa de juros menores. Em uma das tentativas houve uma parte emblemática. Em uma conversa com a gerente do banco, ela me disse que seria mais fácil se eu enviasse uma foto minha para que as pessoas pudessem ver quem estava pedindo o crédito. Eu não tinha nenhuma restrição ou problema bancário que pudesse negar a linha de crédito. Em contato com outros afroempreendedores, soube que passaram por situações semelhantes em outras instituições bancárias”, revela.

Hoje, às 16h no Social Media Day, Nina Silva do Movimento Black Money comentará a pesquisa com detalhes e vai discorrer sobre os achados da iniciativa

Morre Januário Garcia, fotógrafo responsável por meio século de registros do Movimento Negro no Brasil

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Januário morreu em decorrência de covid-19 adquirida durante uma internação para tratamento de pancreatite.

Januário Garcia, fotógrafo e militante do movimento negro, faleceu de covid-19 na última quarta-feira (30), aos 77 anos. ele deu entrada no Hospital São Lucas, para tratar de uma pancreatite e teria contraído a doença.

“Na minha geração ninguém vai poder falar que o negro não tem memória, porque vai ter. Eu vou fazer essa Memória”. Essa frase histórica de Januário Garcia traduzia a missão que o fotógrafo assumiu durante sua vida profissional e de militante do movimento negro, registrando mais de 50 anos da história do Movimento Negro no Brasil.

Na sua longa carreira como fotógrafo, Januário teve passagens por vários veículos de imprensa como os jornais O Globo, Jornal do Brasil, O Dia, A Tribuna, e as revistas Manchete e outros. Também é autor de livros sobre a cultura afro-brasileira, com registros emocionantes sobre a questão racial no Brasil, e foi presidente do Instituto de Pesquisas da Cultura Negra (IPCN).

O talento de Janú, como era conhecido pelos amigos, não se resumia ao fotojornalismo. Ele também fotografava artisticamente, e assim, compôs capas de disco de grandes nomes da música brasileira, como Leci Brandão, Caetano Veloso, Belchior e muitos outros.

Nas redes sociais, políticos, artistas, jornalistas e companheiros de militância lamentaram a perda deste grande nome da luta antirracista brasileira.

“Januário foi muito importante na minha vida, além de fazer 4 capas de LPs, também propunha os títulos dos discos e dava opiniões sobre o repertório. Foi ele quem me apresentou a musicalidade e as cores do Olodum, além de introduzir na minha vida o pensamento de Lélia Gonzales. Só tenho agradecer a Deus por ter colocado ele na minha vida. Sou muito grata por tudo! Januário Garcia, presente!”, disse Leci Brandão.

A deputada Benedita da Silva também registou a tristeza pela perda do fotógrafo e militante nas redes sociais.

https://www.instagram.com/p/CQyRgf3h1Yk/

A jornalista Luciana Barreto também lamentou a morte de Januário Garcia.

https://www.instagram.com/p/CQxHtGTJ3ff/

Com certeza uma enorme parte dos registros que temos sobre os últimos 50 anos do Movimento Negro no Brasil só existem porque existe Januário Garcia e sua perspicácia. Que descanse em poder.

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