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Estilistas negros são destaque da Casa dos Criadores que terá desfile com Érika Hilton e show de Rico Dalasam

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Erika Hilton para a KF Branding. Foto: Rikko Oliveira.

A 48ª edição da Casa de Criadores, evento de moda que sucede a São Paulo Fashion Week acontece de 26 a 30 de julho e, neste ano, 15 marcas e estilistas integram a programação. São elas: Alexandre dos Anjos; Berimbau Brasil; Dendezeiro; diegogama; Estúdio Traça; Gefferson Vila Nova; Jal Vieira; Kel Ferey; Mônica Anjos; Nalimo; NotEqual; Oroomin; Studio Ellias Kalleb; Thear e Trashrealoficial.

A atriz Aretha Saddick abre a programação com o prelúdio audiovisual “Anti Feitiço”, que fala sobre o direito ao silêncio e a vereadora de São Paulo, Erika Hilton, também aparece como modelo no desfile da marca Kel Ferey. Ao final de cada dia de desfile, apresentações musicais e shows encerram a programação. O rapper Rico Dalasam encerra a última noite de desfiles, na sexta-feira.

“A casa de criadores é um evento que permite aos estilistas do Brasil imprimirem sua identidade para o mundo. Esse ano eu estou muito ansioso pra acompanhar o desfile de Mônica Anjos e de todes outros pretes que participarão do evento. Eu acredito que uma das formas do universo da moda tem de participar do combate ao racismo, é dando visibilidade para criadores pretes”, diz o estilista Pedro Batalha, da Dendezeiro.

A edição deste ano do evento teve a parceria da Secretaria de Cultura de Município de São Paulo, que cedeu o espaço do Centro Cultural São Paulo para que grande parte das gravações desta edição acontecesse. Assim, muitos dos vídeos, desfiles, performances e shows tiveram como palco esse icônico espaço da cidade.

Para acompanhar a 48ª edição da Casa de Criadores, basta acessar o site (https://www.casadecriadores.com.br). Confira abaixo o line-up.

26 de julho, a partir das 20h

Prelúdio Anti Feitiço por Aretha Sadick
Vicenta Perrotta
Mônica Anjos
Studio Ellias Kaleb
Jorge Feitosa
Dario Mittmann
Brocal
Nalimo
Show de Brisa Flow

27 de julho, a partir das 20h
Fkawallyspunkcouture
Alexandre dos Anjos
Heloisa Faria
David Lee
Thear
Berimbau Brasil
Trashrealoficial
Show de Vermelho Wonder

28 de julho, a partir das 20h
diegogama convida Cia Sacana
KF Branding
Felipe Caprestano
Shitsurei
Diego Fávaro
Ken-gá
Estúdio Traça
Show de Teto Preto

29 de julho, a partir das 20h
NotEqual
Jalaconda
Estamparia Social
Gefferson Vila Nova
Ateliê Criativa Vou Assim
PIM (Periferia Inventando Moda)
Oroomin
Jal Vieira
Performance de Manauara Clandestina

30 de julho, a partir das 20h
Rober Dognani
Santista
Vivão Project
Rafael Caetano
Leandro Castro
REIF
Teodora Oshima
Dendezeiro
Show de Rico Dalasam

“O movimento de mulheres negras é uma das organizações mais potentes que existe”, diz Jaqueline Fernandes

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Foto: Arquivo Pessoal.

Em 2021 o Festival Latinidades completou 14 anos de existência e já se consolidou como o maior festival de mulheres negras da América Latina e um marco na agenda de mulheres pretas de diversas idades, esferas de atuação na região. Para saber um pouco mais da história do Festival, o MUNDO NEGRO conversou com Jaqueline Fernandes, que idealizou e coordena o Festival até hoje.

Tendo acontecido em diferentes formatos, tamanhos e até mudado de cidade, o Festival Latinidades nasceu na capital do país, com o propósito de popularizar o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha no Brasil. “É muito gratificante olhar para o que era o 25 de julho em 2008 e olhar para agora, que não é um dia, é um mês inteiro. O Julho das Pretas é um potencial como o 20 de novembro, e assim como o 20 de novembro, é um marco construído ano após ano”, diz Jaqueline.

A edição deste ano homenageou a multiartista Zezé Motta, a vice-presidenta da Costa Rica, Epsy Campbell, a cantora Rosa Passos e a cantora peruana e vencedora do Grammy Latino, Susana Baca. A escolha se deu pela conexão entre cultura e política, imprescindível, na avaliação de Jaqueline. “O principal link entre todas elas é a relação das quatro com a incidência política e a cultura, que são coisas que não estão, de forma nenhuma, dissociadas”, defende.

Para ela, a incidência política das mulheres negras, desde a criação do 25 de julho em 1992 e chegando até os dias atuais, tem transformado a sociedade como um todo. “Eu acredito que, de fato, o movimento de mulheres negras é uma das organizações sociais, políticas, mais potentes que existe”, crava.

Confira a íntegra da entrevista:

Como você se sente, enquanto idealizadora e realizadora do Festival Afrolatinas após 14 anos?

Eu sinto que o projeto partiu de um lugar de inquietação pessoal como mulher negra, periférica e artista, e se conectou com outras histórias, com outras realidades e pessoalmente, me colocou dentro de uma coletividade. Ao longo desses anos, eu e o projeto fomos impactados por essa coletividade e também impactamos essa coletividade. Então, eu me sinto honrada por fazer parte de algo que é tão grande, feito a tantas mãos e que chegou no lugar onde chegou, de ser o maior festival de mulheres negras da América Latina.

Quando eu volto para o início da criação do Festival, eu tanto comemoro essa caminhada que me impacta pessoal e coletivamente, quanto eu olho para o movimento de mulheres negras e vejo que, a cada dia mais, esse movimento é potente e tem sido determinante para os rumos da sociedade.

Eu gosto sempre de citar a Vilma Reis quando ela fala que o movimento de mulheres negras tem empurrado a esquerda mais para a esquerda. Eu acredito que a potência e a diversidade do movimento de mulheres negras, antes mesmo do Latinidades existir, mas tendo isso como marco nos últimos 14 anos, transformou totalmente a vida das mulheres negras e a sociedade como um todo. Eu acredito que, de fato, o movimento de mulheres negras é uma das organizações sociais, políticas, mais potentes que existe. 

Este ano, o Festival trouxe quatro homenageadas em diferentes âmbitos da sociedade, como se deu essa escolha?

Esse ano de 2021 a gente está fazendo homenagem a quatro mulheres e o principal link entre todas elas é a relação das quatro com a incidência política e a cultura, que são coisas que não estão, de forma nenhuma, dissociadas, e que muitas vezes parece que estão. O Latinidades e eu, como coordenadora-geral, estou sempre batendo nessa tecla de que nós partimos do lugar das artes e da cultura e que esse lugar é um lugar potente, frutífero, para incidência política, para além da mobilização, para além da inspiração, para além do campo subjetivo e da disputa de imaginário.

A gente tem no campo das artes e da cultura um campo estratégico e efetivo de fazeres e de transformações e de mudança, e essas mulheres todas têm uma ligação com isso. A Susana Baca por exemplo, é uma super artista afroperuana e que teve a trajetória relacionada à política afirmativa na cultura, e foi inclusive ministra da cultura. A Zezé Motta é uma multiartista que tem um brilhantismo em várias linguagens artísticas e que, ao mesmo tempo, empreendeu uma luta e toda uma trajetória no campo da incidência política fazendo arte e cultura.

E aí a gente tem Rosa Passos, uma figura incrível, uma das vozes mais poderosas do mundo, que vive em Brasília, e que sempre teve muito envolvida com política cultural. E a Epsy Campbell, realmente como vice-presidenta da Costa Rica como um símbolo de ocupação de espaço político, como uma inspiração e, principalmente, pensando que ela foi uma das mulheres que estiveram no primeiro encontro, e esteve na criação da rede de mulheres negras latino-americanas e caribenhas. Faz todo sentido, depois de 14 anos, a gente voltar, olhar para esse encontro, olhar para uma das pessoas que esteve na base dessa construção e que hoje é vice-presidenta da Costa Rica. 

Você acha que o Dia da Mulher Negra Afrolatino-americana e caribenha já é algo que está incorporado no Brasil?

A gente teve uma evolução tremenda em relação a isso. Quando o Latinidades surge, em 2008, a gente toma como missão, entre outros objetivos, popularizar o 25 de julho no Brasil. Quando a gente olha para 14 anos atrás, eram pequenas as iniciativas nesse sentido. O Latinidades vem e consegue acolher várias redes e amplificar essa data, ano após ano, e aí é muito gratificante olhar para o que era o 25 de julho em 2008 e olhar para agora, que não é um dia, é um mês inteiro.

O Julho das Pretas é um potencial como o 20 de novembro, e, assim como o Dia da Consciência Negra, é um marco construído ano após ano. A gente tem o Dia da Mulher Negra como lei, então ele está no calendário oficial, e acredito que ainda tem um caminho longo para fazer isso se espraiar e ser realmente uma data lembrada, comemorada e reafirmada na base.

Mas, acho que a gente está muito próximo disso, e já era de se esperar que o movimento de mulheres negras na América Latina realmente conseguisse pegar essa data e transformar, de fato, num marco enorme e visível para a sociedade, porque é um momento em que a gente celebra os nossos fazeres, nossa existência, nossa contribuição para a sociedade, reivindica visibilidade, políticas públicas e discute a situação da mulher negra na América Latina.

A atuação das mulheres negras acontece de maneira diversa ao longo do ano, mas no 25 de julho a gente percebe que, cada vez mais, essa data se amplia, cria pontes, diálogos e tem mais visibilidade, inclusive nos meios de comunicação. Não foi do dia para a noite, a gente está falando de 14 anos de Brasil, tendo o Latinidades como marco, e de 30 anos que a gente vai fazer em 2022, desde a criação do 25 de julho. Esse estágio que a gente chegou tem a ver com 30 anos de luta e de construção. 

Ao longo dos anos o Latinidades se transformou bastante. Ano retrasado vocês fizeram uma edição fora de Brasília, ano passado veio a pandemia, como você enxerga o futuro do Festival?

Ao longo de todo o processo, eu não vejo que o Latinidades tenha se transformado nos últimos anos, eu acho que ele se transformou desde o primeiro minuto, quando primeiro ele era um projeto local, que tinha motivações muito ligadas à história e à dinâmica do Distrito Federal periférico e preto. Depois, ele vira nacional, se conecta com outras redes, com outros propósitos, pega essa bandeira de popularizar o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e caribenha, partindo das artes e da cultura começa a ser um espaço procurado por outros tipos de articulação, pela academia, por outros tipos de movimentos sociais e de pautas que a gente não imaginou no primeiro momento.

Então, sempre teve mudanças, um lugar de flexibilidade, um lugar líquido, de mar, de rio, de firmeza e de fluidez e que acolheu e foi acolhido e que esteve e está em constante transformação. Isso se deu por coisas boas que chegaram pra gente e por desafios impostos pela falta de políticas públicas, pelo racismo, pelo machismo, pela falta de investimento no projeto, por exemplo, como aconteceu quando a gente teve que ir para São Paulo, sem investimento nenhum do Distrito Federal, sem reconhecimento daquilo que a gente vinha fazendo.

Foi um desafio que tinha tudo para ser problemático, a gente em outra cidade, em outro contexto, longe dos nossos fornecedores, da nossa rede de trabalho, mas ao mesmo tempo, serviu pra gente perceber que o Latinidades não era só de Brasília, era do Brasil. Então a gente percebe, em São Paulo, que o Latinidades tem asas e pode acontecer onde for. Nessa perspectiva de acontecer onde for, vem a pandemia, coloca a gente numa situação de fazer ou não fazer.

Foi um momento muito delicado, de muita tensão, porque um dos valores agregados do Festival Latinidades é que ele é um espaço de encontro, com mulheres de todo o país, se reunindo na Esplanada dos Ministérios, que é um símbolo administrativo de poder, e ao mesmo tempo, um lugar onde as pessoas negras são subrepresentadas ou vistas em lugar de subalternidade, e a gente tá ali, em massa, às vezes colocando 30, 40, 50 mil pessoas.

A gente se questionava, se era uma coisa que a gente ia fazer – estar nesse ambiente virtual -, mas rapidamente a gente entendeu que era para estar, sim, que a gente não ia deixar de fazer uma edição, e que era mais importante discutir os temas que a gente discutiu: utopias negras no ano passado, e ascensão negra neste ano. Eu acho que o projeto, de fato, é uma constante dialética, uma constante transformação. 

Que retornos você recebe sobre o Festival?

Já recebi feedbacks como uma vez que eu estive em Salvador para entrar numa festa, perdi o convite e quando fui comprar de novo, a pessoa da bilheteria, que eu nunca tinha visto na vida, disse: Você não é do Latinidades? O Latinidades mudou a minha vida, você não vai pagar para entrar aqui.

Recebo também feedbacks sobre marcas que expuseram no festival e depois cresceram, pessoas que participaram em determinado ano das atividades formativas e tiveram a carreira impulsionada, ou pessoas que trabalharam como voluntárias no programa Serviço de Preto e que depois montou a própria empresa e já está no mercado trabalhando na área da cultura.

Recebo relatos de pessoas que receberam notícia de gravidez, gente que foi pedida em casamento, durante o Festival. São muitas memórias e muitas histórias. Nesse momento, a gente está mirando a edição de 2022 muito baseada nisso, em quantas histórias, memórias e coisas aconteceram durante essas edições do Festival e marcaram as pessoas.

Muitas pessoas levaram os temas do Latinidades ou o próprio Festival para defender na academia, seja como monografia, como publicação de artigos. Às vezes não consigo acreditar que aconteceu tudo isso mesmo, que foi articulado a partir da utopia e do sonho de uma mulher preta periférica e que encontrou com outras pessoas que colocaram seu sonho, sua vida.

Foram muitas mãos, mentes e redes envolvidas. Acho que esses feedbacks vão estar muito presentes no que vai ser a próxima edição do Latinidades e próxima fase do Festival. O mais importante são as histórias das pessoas e é esse movimento que é o futuro, que é o passado, que originou a criação.

Dia da Mulher Negra: veja sete motivos para assumir e se orgulhar do cabelo natural

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Foto: Reprodução.

O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, celebrado neste domingo, dia 25 de julho, simboliza mais uma data de luta contra o racismo. Ainda hoje, uma das formas de resistência é a aceitação de um dos aspectos mais característicos da identidade negra: o cabelo.

Em meio a uma sociedade em que o padrão de beleza é ser branca, qualquer traço — ou fio — que não seja associado a essa etnia é considerado “ruim”. Por isso, o especialista em “cabelos reais” Bruno Dantte aponta sete motivos para se aceitar e enxergar beleza em cada curvatura.

Para assumir o cabelo natural é preciso, primeiramente, desconstruir mitos, especialmente os relacionados ao cabelo crespo. Um deles é que os fios são resistentes e “duros”. Segundo Bruno, cabelos com curvatura mais fechadas, como os 4A, 4B e 4C, são super finos e a ação da química neles é muito mais agressiva.

Outro ponto importante é a ideia de que o cabelo afro não define. Por anos, produtos de beleza foram escassos às mulheres negras, tornando, portanto, o cuidado menos preciso. “O preconceito sempre vai apontar que o cabelo afro é mais difícil de lidar, mas é justamente ao contrário. Quando mulheres aprendem a fazer uma definição, ela pode durar por dias. Além disso, livre das químicas a versatilidade é garantida, podendo ousar nos penteados, na coloração mais saudável, nas tranças e, até mesmo, na chapinha sem danificar os fios”, explica Bruno Dantte.

O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha surgiu em 1992, em um encontro de mulheres negras em Santo Domingos, na República Dominicana. Elas definiram a data e criaram uma rede para pressionar a Organização das Nações Unidas (ONU) a assumir a luta contra as opressões de raça e gênero.

Atualmente, as mulheres negras são maioria entre os brasileiros (28%), de acordo com o IBGE. No entanto, representam o grupo socioeconômico e político mais vulnerável do país.

Confira os 7 motivos para assumir já o cabelo natural:

1 – Ter o cabelo mais saudável

O cabelo crespo sempre foi tratado com química quando, na verdade, a química não trata, mas deteriora e quebra a fibra capilar, deixando-a mais sensível, seca e sem vida. Então, se você quer poder ter um cabelo mais brilhoso e hidratado, de dentro para fora, é ideal assumir os cachos ou o Black Power.

2 – Poder descolorir sem medo

Consequentemente, com um cabelo mais saudável é possível descolorir, podendo brincar um pouco mais com as cores. Quando um cabelo com química é tingido, ele quebra, pois a coloração é uma química alcalina e o relaxamento também. No momento em que são combinados, o cabelo pode cair, quebrar ou ficar extremamente ressecado.

3 – Versatilidade de penteado

O cabelo crespo pode ser usado definido, ou seja, com muito ou pouco volume; pode colocar tranças também — característica muito importante da cultura africana. Inclusive, ele é tão versátil que pode ser usado liso, fazendo uma escova, ou formando cachos com o babyliss ou chapinha. O cabelo natural aguenta toda a versatilidade que a química não proporciona.

4 – Ter mais autoestima

Quando a mulher negra assume seu cabelo crespo ou cacheado tem a autoestima muito mais elevada, pois é um visual que ela começa a experimentar com o cabelo mais saudável e versátil. O fator volume tem sido cada vez mais visto como empoderamento negro. A possibilidade em poder ser quem é e mudar a partir do natural transforma a autoestima.

5 – Ser representatividade

As mulheres que já assumem os seus cabelos naturais são referências para outras pessoas no trabalho, na família, para crianças. Com o advento das redes sociais, esse movimento de representatividade tem crescido e ajudado, cada vez mais, pessoas a reconhecerem a beleza que existe em cada curvatura do cabelo afro e na mulher negra.

6 – Combater preconceitos e o racismo

Ainda hoje, muitas mulheres precisam alisar o cabelo para serem aceitas no mercado de trabalho, por exemplo. A partir do momento em que as crespas e cacheadas começam a usar o cabelo natural, há um movimento de mudança de consciência, quebrando preconceitos e racismo. No dia a dia, essas mulheres contribuem para normalizar em todos os ambientes o cabelo crespo com volume, com definição, loiro, grande, em todas as suas formas.

7 – Assumir a identidade (ser você mesma)

Todo povo tem a sua identidade. A identidade de uma mulher crespa está muito associada ao cabelo. Deixar o cabelo natural é uma forma de resistência contra aos padrões e é aceitar sua ancestralidade, acima de tudo, fortalecendo um movimento de que vidas, culturas e fenótipos de pessoas negras importam e merecem ser apreciados.

Em parceria com Netflix, cineastas negras tornam o cinema brasileiro cada vez mais preto e feminino

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Uma nova geração de diretoras e roteiristas pretas  vêm impulsionando as narrativas negras na produção audiovisual brasileira. São criadoras que têm ultrapassado barreiras e criam histórias que vão além do enfoque sobre violências cotidianas e racismo. 

No dia 26 de julho, Dia da Mulher Negra Latino-Americana Caribenha, chega à Netflix o longa “Um Dia Com Jerusa”, dirigido pela soteropolitana Viviane Ferreira e protagonizado por Léa Garcia. Ferreira é fundadora da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (APAN) e um dos símbolos dessa ocupação de espaço por idealizadoras pretas no cinema nacional.

Crítica | Um Dia com Jerusa (2020) - Plano Crítico
Léa Garcia em ‘Um Dia Com Jerusa’ (Imagem: Divulgação)

Para ajudar a dar mais velocidade e suporte à caminhada de criadoras pretas, a Netflix criou o projeto Colaboratório Criativo. A iniciativa é uma colaboração entre Afar e WIP que faz o recrutamento com a ajuda de associações focadas em mapeamento de profissionais negros do audiovisual como a Apan.

um programa de formação prático que tem como objetivo equipar roteiristas e cineastas emergentes afro-brasileiros com ferramentas para que desenvolvam uma série que possam apresentar à Netflix Brasil. A diretora e roteirista de curtas como “Verás” e “Em Jogo”, Thays Berbe, foi contemplada a participar do projeto. “A importância do Colaboratório é organizar essa transformação de mercado, de ruptura. É também procurar espaço para que autores negros e negras possam ter espaço de buscar seu trabalho (…) e é importante que a gente tem oportunidade de se conhecer, entender o mercado quanto estrutura,a lógica de mercado, outros profissionais”, diz Berbe que a princípio não sabia que a Netflix estava por trás do projeto. “Eu recebi um e-mail que era tão bom que parecia mentira dizendo que eu tinha sido selecionada para participar de um processo seletivo e que eu ganharia uma bolsa para estudar e eu falei ‘nossa, maravilhoso’. Não sabia que era a Netflix que estava patrocinando esse processo, que estavam em busca de um projeto”, diz.

Thays Berbe (Imagem: Divulgação)

Quem também está envolvida diretamente com projetos dentro da Netflix Brasil é a roteirista Belise Mofeoli, uma das roteiristas da comédia romântica “Casamento à Distância, que está em fase de pré-produção. Casamento à Distância, o longa da Netflix do qual sou também roteirista (ao lado do Renato Fagundes), que eu me lembre, é a primeira comédia romântica brasileira protagonizada por um casal afrocentrado. E é repleto de diversidades. E por que isso é importante? Por que estou cansada de ver negros subalternizados, morrendo e marginalizados nas produções audiovisuais. Tudo bem fazer narrativas que também englobam isso se for para aprofundar e ampliar olhares, mas não como fetiche ou vício narrativo”, diz a roteirista.

Quem acompanha a fala de Belise sobre a produção é a Gerente de aquisição de conteúdo na Netflix, Aline Lourena (34).O filme fala de sentimentos universais e inerentes a todo ser humano, como a afetividade e suas diversas formas de vivenciá-la. E coloca um casal negro no centro de uma história de amor, como tantas outras que há por aí. Precisamos naturalizar a presença das pessoas negras em qualquer formato, gênero, personagem ou tema de história”, declara.

Belise Mofeoli (Imagem:Divulgação)

Com a presença de criadoras potentes no audiovisual se ampliando, se abre um portal de novas referências que se juntam a nomes consagrados e lembrados por Belise.  “O apagamento histórico da nossa gente é tão sintomático que sempre que descobrimos que uma nova pessoa preta criou antes de nós, rola uma emoção. Outra coisa curiosa é que nossas referências para construção de narrativas vêm tanto de outras artes quanto do audiovisual, e isso porque como ainda são poucas as pessoas negras com boas oportunidades no mercado audiovisual, seguimos com outras criações artísticas. Em homenagem à data que motiva essa entrevista, cá estão nomes de mulheres pretas que me fazem querer continuar seguindo no audiovisual. São cineastas, pesquisadoras de cinema negro, atrizes, roteiristas… enfim, um quilombo maravilhoso! Adélia Sampaio, Aline Lourena, Ava DuVernay, Chica Xavier, Dione Carlos, Hattie McDaniel, Janaína Oliveira, Kênia Freitas, Luh Maza, Lupita Nyong’o, Maria Angela Jesus, Maria Shu, Melina Matsoukas, Michaela Coel, Octavia Spencer, Ruth de Souza, Sabrina Fidalgo, Safi Faye, Sarah Maldoror, Shonda Rhimes, Taís Araújo, Viola Davis, Viviane Ferreira, Zezé Motta… sério, eu sou capaz de citar nomes o dia inteiro”, aponta.

Como uma geração inteira de brasileiros, Berbe se viu representada em séries norte-americanas como ‘Um Maluco No Pedaço’, ‘Eu, a Patroa e As Crianças’ e ‘Todo Mundo Odeia o Chris’. “Eu via as séries de comédia gringas e me perguntava porque a gente não fazia uma série de comédia brasileira preta e essa minha vontade de fazer humor, fazer comédia, talvez tenha nascido assistindo esses produtos protagonizados por pessoas pretas”, declara a diretora, que cita também nomes da atualidade como Michaela Coel (‘I May Destroy You’) e Issa Rae (‘Insecure’) e Shonda Rhimes (‘Bridgertons’).

“Me sinto muito honrada e ao mesmo tempo chateada. Ao mesmo tempo podia não ser uma responsabilidade coletiva. Porque é isso. Se o mercado fosse mais diverso, tivesse mais profissionais pretas, tivesse uma rede mais forte nesse espaço, eu acho que eu teria mais apoio, as coisas poderiam ter acontecido antes, de outra forma. O público já estivesse mais habituado a consumir produtos desse gênero, o caminho estaria mais sedimentado, talvez fosse mais tranquilo”, diz  Berbe quando questionada como se sente ao pensar que pode se tornar uma referência para futuras roteiristas negras.

Sobre a mesma questão, Belise enumera uma série de apontamentos. Abrir caminhos é sinal de evolução, o contrário seria estagnar. Só se dá ao luxo de parar quem chegou a um lugar confortável. E me pergunto como alguém pode sentir-se confortável num mundo caótico, com questões seríssimas a serem discutidas. Quero mais é aquilombar! (…)  1. O orgulho por haver quebrado uma barreira; 2. A torcida para que outros tenham as mesmas oportunidades; 3. Um questionamento inevitável sobre qual motivo fez com que demorasse tanto para que algo assim se desse; 4. A certeza de que vai ter gente tentando inverter o jogo ao pegar o nosso caminho árduo para tecer discursos meritocráticos ou dizer que foi “sorte”. Não foi. Para cada mulher preta que tem visibilidade hoje, deveria ser perguntado também do que abriu mão para chegar lá. Referência é pra dar norte, não para ser o caminho, é pra inspirar. É tipo “Preta(o), respire fundo e só vai!”. Quero sucesso pra mim e pra um bando de gente preta, quero um mundo onde saibam que merecemos ser bem pagas porque, infelizmente, precisamos provar muitas e muitas vezes a qualidade no trabalho. Por anos me trataram como se eu estivesse começando. Em alguns lugares, ainda tentam”, conta.

O Site Mundo Negro pediu para que Belise e Berbe deixassem uma mensagem para mulheres pretas que aspiram seguir carreira na produção audiovisual:

Belise: “Nossos antepassados, forçadamente, trabalharam de graça e vocês não precisarem fazer isso. Valorizem-se! Ninguém está te fazendo favor ao te chamar pra uma sala de roteiro. As suas experiências de vida e cultural imprimem originalidade nas narrativas, então, façam-se ouvir. É delicioso encontrar num produto audiovisual uma frase que você facilmente diria ou ouviria de alguém querido, não é? Identificação com o que se assiste é reconfortante, não acham? Faça isso também! Assim que puderem, ajudem outras pessoas negras e indígenas a integrarem suas equipes. Muitas de nós estão se preparando para a grande chance. Inspirem-se em pretas e inspirem pretas. E, principalmente, NUNCA esqueçam de onde vieram. Afrofuturisticamente falando, é o único jeito de nosso futuro honrar todo o passado do nosso povo.”

Berbe: Acho importante elas se aproximarem das associações, de coletivos pretos, de festivais de cinema com essa temática, começarem a racializar as obras brancas. Enxergarem esses espaços pretos como um apoio por reflexo da sociedade. Acho muito ingênuo quem está começando agora  não compreender ou ignorar que essas questões te atravessam querendo ou não. É muito bom fazer essa leitura do mercado e das produções a partir dessa atenção e formar sua turma. Cinema é fazer parceria, ver quem você conhece que gosta de fazer som (…) e não necessariamente falar só sobre racismo, falar sobre o que quer contar, mas saber que esses movimentos vão ajudar muito. E estudar muito. Estudar, estudar, assistir bastante coisa, ler bastante coisa, ter uma consciência racial sobre o mercado, ter um olhar político, sempre pensar que haverá outros projetos na frente, que você vai errar, vai acertar e contar sua visão de mundo”.Léa

A hipersexualização do corpo negro fez com que renegássemos a nossa sexualidade. Não mais.

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Imagem: Nappy Images

A hipersexualização do corpo negro é uma pauta recorrente dentro da causa. Vemos com frequência, nossos homens e mulheres tendo seus papéis na mídia limitados a ‘entreter’ os brancos. Infelizmente, isso não é algo que começou hoje e, embora lutemos para que caminhe para um fim, isso ainda parece um tanto quanto distante de acontecer.
Recebemos esse tratamento historicamente, desde o período da escravidão quando nossos antepassados escravizados eram, dentre outras coisas, sexualmente abusados pela casa grande. Com o passar do tempo, esse tom foi mudando para algo (na visão da branquitude) ligeiramente mais sutil e engraçado como os estereótipos de “negão dotado”, “cor do pecado” entre tantos outros, que viraram temas de músicas e nomes de novela (hoje, felizmente vistos como problemáticos)

Todavia, precisamos reconhecer a sexualidade como algo intrínseco ao ser humano, sendo assim é um direito que temos de falar e expressar esse comportamento natural, tal como falamos sobre autoestima, amizade, família, saúde, comida e tudo o que faz parte da vida do ser humano. É entendido que, o tópico sexualidade por si só já é considerado (indevidamente) um tabu, e isso é indevido pois, embora o assunto seja constantemente banalizado, falar sobre isso seriamente é visto como algo constrangedor por muitas pessoas. Algo demonizado. Quando afunilamos ainda mais esse tema e focamos na comunidade preta, encontramos um cenário onde existe uma repulsa pela exploração e exibição da sensualidade, mesmo quando esse conteúdo é produzido e publicado pela própria pessoa e compartilhado respeitosamente por outras pessoas negras.

Analisando o contexto histórico que citamos aqui, não é difícil entender o real motivo de tal repulsa, (praticamente um trauma) todavia é um problema que devido à hipersexualização que sofremos por parte dos brancos durante todos esses séculos, tenhamos “perdido” o direito de experimentar e conhecer o nosso próprio corpo da maneira como bem entendermos. Usar roupas sensuais ou não, postar fotos sensuais ou não, cantar músicas sensuais ou não é um direito nosso e que deve ser reconquistado e reafirmado. É algo que cabe a nós decidir se vamos fazer ou não. Precisamos retomar as rédeas desse âmbito em nossas vivências e normalizar o fato de termos nossos homens e mulheres falando de sexo finalmente não por que isso foi imposto por terceiros brancos, mas porque eles querem. E isso não tem nada a ver com “biscoitar” (termo usado na internet para dizer que alguém busca por atenção e curtidas), mas com o fato de se sentir bem naquela posição, o que é de fato, perfeitamente normal.

A branquitude nos ensinou a odiar nosso cabelo, nossa pele, nossos lábios e narizes grossos na mesma medida em que se beneficiava de tudo isso para entreter a si mesmos. Eles nos ensinaram que éramos feios na mesma proporção em que nos hipersexualizavam. Contraditório, não acham? Mas agora, finalmente, temos a consciência de quão lindo somos e vamos reconquistar o poder de falar sobre a nossa sexualidade com autoridade no assunto, pois nós somos o assunto.

LOS ANGELES, CALIFORNIA – JUNE 27: Lil Nas X performs onstage at the BET Awards 2021 at Microsoft Theater on June 27, 2021 in Los Angeles, California. (Photo by Johnny Nunez/Getty Images for BET)

Na indústria musical por exemplo, temos o Lil Nas X. Rapper, preto e gay que passou várias semanas no top 10 da Billboard Hot 100 com músicas que falam abertamente sobre relações sexuais. Para quem sempre pode falar sobre isso quando bem entendesse, não parece grande coisa, mas ter uma representatividade (visual e lírica) LGBTQIA+ em um cenário tão heteronormativo como o RaP, é sim uma grande conquista. E ter o Lil Nas X nessa posição faz com que outros jovens na mesma posição que ele, que sempre se sentiram sexualmente reprimidos, tenham a coragem de assumir esse lado sem medo da reação alheia pois independentemente de qualquer comentário racista ou homofóbico quem está no controle da situação é ele.

Durante a ultima edição do BET Awards, após apresentar sua canção “Call Me By Your Name” o cantor deu um beijo no palco da premiação. O beijo não dividiu opiniões, mas dividiu o público, entre os homofóbicos e os não homofóbicos. No Twitter, o cantor foi bem incisivo ao responder a tweets que criticavam a performance, dizendo que “se ficaram assim por um beijo, da próxima vez ele transaria no palco”. O mesmo podemos dizer de rappers como Lil Kim, Nicki Minaj, Cardi B e Meghan Thee Stallion que mostram em seus versos o ponto de vista, os desejos, os sentimentos da mulher negra com relação a tudo aquilo que os homens -inclusive os brancos- já estavam cansados de falar. E é claro, ainda assim sofreram retaliações por parte deles, como aconteceu quando Snoop Dogg (que nunca teve censura em suas composições), criticou o conteúdo lírico do hit WAP.

Por fim, gostaria de frisar que não se trata de banalizar o corpo negro. Mas trata-se de inspirar outros corpos negros a se mostrarem, se essa for a vontade. De nos orgulharmos da nossa beleza. É sobre autoconfiança e empoderamento. Chega de ouvir frases como ”mas não precisa mostrar tanto o corpo”. Não precisa, mas se queremos, nós iremos. Chega de nos acostumarmos com o fato de que para sermos respeitados não podemos falar sobre tais assuntos. Chega de sempre seguirmos o padrão de imagem e comportamento que os brancos querem ver de nós.



26 de julho: No dia do Orgulho Crespo, movimento comemora com programação online

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Imagem: Divulgação

Desde 2018, o Movimento Orgulho Crespo celebra o 26 de julho como o Dia do Orgulho Crespo no Estado de São Paulo por meio da Lei 16.682, criada em parceria com a Deputada Leci Brandão a fim de instigar a visibilização de pautas acerca da estética afro-brasileira.

A data é fruto de uma mobilização nas redes sociais que, em 26 de julho de 2015, levou cerca de mil pessoas à 1ª edição da Marcha do Orgulho Crespo, na Avenida Paulista. Após alguns anos de encontros presenciais, o evento ganhou uma versão online que acontecerá nesta segunda-feira (26), às 18h, pelo canal da Marcha do Orgulho Crespo Brasil, no YouTube.

Com o objetivo de incentivar a livre expressão do cabelo natural, a representatividade e o empoderamento de pessoas negras na sociedade, o Movimento – em parceria com Meu Cabelo Natural e a Liga das Crespas e Cacheadas – reuniu nomes de peso para mediar debates e comentar pautas de relevância para a comunidade.

Participam da programação a fundadora do Movimento Black Money, Nina Silva; a escritora, fundadora e diretora da Piraporando, Janine Rodrigues;as empreendedoras Thais Ramos, CEO da De Benguela; Carla Carvalho, CEO do Meu Cabelo Natural; Sheila Makeda, CEO Makeda Cosméticos; dentre outras.

Com apresentação da jornalista e apresentadora Karen de Souza, o evento discutirá temas como os desafios do afroempreendedorismo com mulheres negras que se destacam no mercado de beleza afro, transição capilar,  saúde e cuidados capilares.

“Em um país majoritariamente negro, o nosso cabelo natural, seja ele crespo ou cacheado, é um símbolo que transcende as fronteiras da beleza e da chamada ‘moda’. Por isso, enquanto movimento, queremos ressignificar essa potente ferramenta de afirmação da identidade. Iniciativas como essa reforçam a importância da autoestima, do respeito à diversidade e da liberdade de expressão orgulhosa e cotidiana da nossa estética afro-brasileira, que é linda e vivaz”, pontua Thaiane Almeida, organizadora do evento e uma das criadoras do Movimento Orgulho Crespo.

Para mais informações sobre a programação, participantes e temáticas, acesse as redes sociais do Orgulho Crespo no facebook.com/orgulhocrespobrasil e no Instagram @orgulhocrespobr

SERVIÇO

Evento: Dia do Orgulho Crespo

Data: 26 de julho de 2021

Horário de início: 18h

Canal: YouTube Marcha do Orgulho Crespo Brasil

Inscrição: Gratuita via Sympla 

Descrição: Um evento para celebrar o cabelo crespo, a estética afro-brasileira e refletir sobre preconceitos, desigualdades e possibilidades. Reunindo especialistas em estética negra para discutir, difundir conhecimentos e dialogar com a comunidade sobre assuntos relativos ao cabelo crespo e à negritude.

“Sobre Nós”: Afetividades das mulheres negras é tema do documentário no Globoplay

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Imagem: Divulgação

Comemorado em 25 de julho, o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha ganha projeto especial no Globoplay e GNT. A partir das experiências de vida de 11 brasileiras, de diversas origens, gerações, classes e orientação sexual, ‘Sobre Nós’, dirigido por Naína de Paula, se debruça sobre a afetividade das mulheres negras.

Produção criada e dirigida por Naína de Paula traz depoimentos de nomes como Conceição Evaristo, Elisa Lucinda, Luedji Luna Jéssica Ellen e MC Carol, da filósofa Katiúscia Ribeiro, da socióloga Bruna Pereira e outras mulheres.

 A iniciativa do projeto nasceu da experiência da própria Naína de Paula como mulher negra no audiovisual. “O racismo nos fez acreditar por muito tempo que as nossas vivências não eram importantes, e precisamos recuperar o que nos foi roubado da nossa própria história. O filme se propõe a fazer esse resgate. Como estamos falando de afetos, preterimentos, e nem sempre damos conta de expressar o que sentimos, usei o simbolismo para retratar algumas situações”, revela Naína.  

 Naína explica ainda por que em nenhum momento o termo ‘solidão da mulher negra’ é citado no filme. “Foi uma escolha não utilizá-lo. Pelas pesquisas que fiz, ele passa uma ideia errada do que acontece. Eu optei muito por preterimento porque o preterimento acontece sempre. É óbvio que existe a solidão da mulher negra, mas às vezes, você tem família, você tem amigos, você tem até um relacionamento, e o preterimento continua acontecendo. Ainda que as relações existam, elas acontecem de uma maneira diferente por você ser uma mulher negra. Então quis abordar a diferença de tratamento que vem desse processo de desumanização do que é uma mulher negra, que é sempre forte, a que dá o colo, mas nunca o recebe. É muito mais isso do que solidão”, elucida a diretora, que buscou sair de um enfoque tradicional.    

A construção do amor de si, por si, entre si que pode ser vista no documentário também se deu nos bastidores. Durante as entrevistas, o cuidado era para que todas as pessoas no set de filmagem fossem mulheres negras, justamente para criar um ambiente repleto de sororidade.

Com 60 minutos de duração, o documentário foi filmado em três locações diferentes, que conversam bastante entre si. São espaços em construção, inacabados, para mostrar que o preterimento afetivo da mulher negra é um assunto que ainda requer muita construção e debate. No Rio de Janeiro, também há locações na chamada “Pequena África” (Gamboa, Pedra do Sal, Cais do Valongo), região central da cidade e primeira morada dos africanos que chegaram ao Brasil

‘Sobre Nós’ é criado e dirigido por Naína de Paula e tem direção executiva de Rafael Dragaud.  

Alfred Enoch ganha prêmio de Melhor Ator em Los Angeles por papel em ‘Medida Provisória’, de Lázaro Ramos

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O longa “Medida Provisória”, dirigido por Lázaro Ramos, rendeu o prêmio de Melhor Ator  a Alfred Enoch no Pan Africa Film, realizado na última noite de 22 de julho em Los Angeles. O filme, com estreia prevista para o segundo semestre, no Brasil, participou de alguns festivais nos Estados Unidos e na Europa e vêm conquistando prêmios mundo afora. 

Imagem: Divulgação

Em seu discurso de agradecimento, feito diretamente de Londres, onde vive, Alfred homenageou  Lázaro Ramos, elenco do filme e falou da importância de ser um homem negro brasileiro. “É um prazer pra mim fazer parte desse filme e ser reconhecido pelo meu trabalho. Queria dizer um mega obrigado ao nosso diretor, Lázaro Ramos; ao Aldri Anunciação que escreveu a história original que deu origem ao filme. A todo o time de produtores, elenco, em especial Seu Jorge e Taís Araújo, a todo mundo que fez parte trabalhando no filme, pessoas experientes, capazes, apaixonadas. Quero agradecer também ao meu pai, pois hoje sou um ator. A minha mãe porque sou um homem negro brasileiro e sem isso não teria identidade pra contar essa história. Foi realmente uma experiência inesquecível e eu espero que seja também pra quem assista”, disse Enoch.

Lázaro Ramos diz que as premiações aumentam a expectativa para a recepção do filme. “Eu particularmente estou muito ansioso porque estamos gerando essa história desde 2012. O filme foi filmado antes da pandemia e só agora estamos recebendo esse feedback primeiro através dos festivais e se tudo der certo, aqui no Brasil no fim do ano. Alfred se entregou de corpo e alma nesse trabalho e é muito bonito vê-lo ganhando esse reconhecimento. Como diretor não poderia estar mais feliz”, declarou.

Alfred Enoch ficou conhecido quando interpretou o pequeno bruxo Dino Thomas nos filmes da franquia ‘Harry Potter’ e mais recentemente Wes Gibbins na premiada ‘How to Get Away with Murder’ onde interpretou um estudante direito aprendiz da protagonista Viola Davis.

Alfred Enoch, Tais Araújo e Seu Jorge em cena de Medida Provisória (Imagem: Divulgação)
“Medida Provisória” é inspirado na peça ‘Namíbia, Não!’, escrita pelo ator e dramaturgo Aldri Anunciação. A trama gira em torno de Antônio e André, dois primos  que dividem um apartamento. Ambos, negros, são surpreendidos quando o governo institui uma medida provisória que prevê que os mais retintos  sejam enviados para a África.

O filme estreia no segundo semestre no Brasil e além de Enoch, traz Seu Jorge e Tais Araújo no elenco.

“Eu uni cada desses nãos que recebi e transformei eles em força” , diz Juliana Oliveira da Oliver Press

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Juliana Oliveira Fundadora da Oliver Press - Foto: Divulgação

Por Rodolfo Gomes em parceria com Victória Gianlorenço

Juliana Oliveira, nasceu e cresceu em uma família bem simples na cidade de Osasco, em São Paulo. Quando pequena ao ver jornalistas como Glória Maria já tinha vontade de seguir a profissão, e sonhava com o dia que fosse ela ali cobrindo momentos tão marcantes e impactando as pessoas.

Formada em Jornalismo na faculdade Unifieo, Juliana atua há mais de 15 anos no mercado de tecnologia e inovação. Com uma extensa trajetória em assessoria de imprensa, acompanhando mais de 400 empresas na sua carreira, Juliana ganhou espaço e realizou o sonho de montar a Oliver Press, sua própria assessoria de Comunicação, Inovação e Diversidade.

Ela sempre foi muito determinada em suas conquistas, desde sua graduação e o intercâmbio para a África do Sul, até chegar na sua trajetória com a assessoria de imprensa.
A vontade de empreender não foi algo que nasceu com ela, e sim uma vontade que surgiu depois de ouvir muito “não” ao longo de sua carreira. “Eu uni cada desses nãos que recebi e transformei eles em força para fazer acontecer da forma que eu acreditava ser justa e equitativa”, comentou.

O fato de ter trabalhado com muitos CEO´S de tecnologia a fez criar uma rede muito grande de amigos e clientes, e ela aproveitou dessa fonte para criar o seu próprio negócio.

Sua história, assim como a de muitas pretas foi de luta e resistência. “Eu era uma das únicas pretas que falava sobre tecnologia, e isso era um desafio diário”, contou.

Há alguns anos, ela conta que não existiam negros falando sobre “Tecnologia e Inovação”, hoje vemos que graças a luta e resistência estamos abrindo espaços para a diversidade dentro das empresas.

E foi que ela fez há 6 anos , ao abrir a Oliver Press, uma empresa que tinha como valor a equidade, diversidade, inovação e tecnologia. Para isso acontecer, a empreendedora conta que trouxe em seu olhar um foco para a contratação de mulheres diversas. “Eu, assim como muitas mulheres, passei por problemas de chefia onde o machismo e racismo ainda predominavam”, contou.

Após sair de uma das empresas que trabalhava, Juliana, antes de virar empreendedora, se perguntou: “O que eu vou fazer agora?”
A realidade é que ela não sabia o que ia fazer, e abrir uma empresa não fazia parte dos seus planos “Mas eu sabia o que eu não queria, e eu não queria mais homens dizendo o que eu tinha ou o que não tinha que fazer”, lembrou.
E assim, a assessora de imprensa se viu em um processo de redescoberta de vontades, sonhos e ainda começou aos poucos a entender onde queria chegar.

Durante toda sua jornada, ela viu colegas trabalhando muito sem serem promovidas, enquanto homens brancos subiam de cargo a todo momento, sem ao menos terem vivido um pouco de suas experiências.


A Oliver Press começou do quarto de sua casa, é a voz de muitas mulheres que lutam por espaço e o diálogo entre todos, é um lugar onde mulheres pretas e diversas falam sobre tecnologia, inovação e principalmente sobre a diversidade em vários aspectos.
Para ela, trabalhar com um time de pessoas em suas diversas etnias é extremamente enriquecedor, e isso se consolida como um dos grandes pilares e manifestos da Oliver Press. “Eu peguei todos os meus erros durante anos, lembrei das dores que meus clientes tinham e fiz acontecer. Esse tempo todo de trabalho foi um grande MBA da vida.”, disse ela.

O que poderia ser apenas trabalho se transformou em respeito pela trajetória brilhante que ela construiu, passando por diversas assessorias até abrir sua própria, formada apenas por mulheres.


E não só a Oliver cresceu neste tempo, a Juliana também se desenvolveu cada vez mais. “Por empreender, adiei o sonho de ser mãe por algum tempo, mas hoje o Arthur me mostra todos os dias como ser uma mãe melhor, uma mulher melhor e uma empreendedora completa”.

A admiração foi tão grande que viramos cliente um do outro, e hoje em dia tenho o prazer não só de criar apresentações para seu negócio como também de ter a Oliver Press cuidando da assessoria da minha empresa.
Após a chegada de seu filho Arthur, de 2 anos, muita coisa mudou em sua rotina. A parceria com seu companheiro se fortaleceu e a garra de entender a Oliver Press como um filho cresceu ainda mais.

E nem mesmo a pandemia foi capaz de impactar o crescimento de sua empresa, Juliana se orgulha do time que quase triplicou de tamanho durante este período da Covid-19. Mas também assume os desafios que este tempo de isolamento social trouxe para os empreendedores, pensando na saúde mental e emocional dos colaboradores e dos seus clientes.
Dessa forma, ela se posiciona a frente das suas expectativas e dos seus sonhos, a fim de construir um ambiente melhor para este ecossistema de trabalho.


“Ser mulher, preta e empreendedora em uma país como o Brasil é um ato de resistência, é preciso todos os dias sabem chegar no fundo do poço e conseguir levantar mais forte”, completou.

Preto consome preto: Um plano de poder para o povo negro conquistar a liberdade econômica (2ª parte)

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Movimento Black Money (MBM) sempre reforça  a importância de Comprar Preto , fortalecer a economia comunitária e trabalhar em um plano para Impactar Vidas Pretas.

O MBM explicou em outro artigo que depender do ecossistema branco fará com que os filhos dos pretos sejam os últimos a serem contratados os primeiros a serem demitidos. Também alertou que o sentimento de povo, de nação não pode ser construído sobre caridade, doações ou dependência de outros grupos para fornecer à sua comunidade as necessidades básicas para viver.

Imagem: Nappy.co

Cada vez mais pessoas pretas entendem a prática e importância da  filosofia do #BlackMoney e o quanto ela pode ser  desafiadora. Para continuar ajudando nessa jornada o MBM continua aqui com as dicas que iniciaram no artigo publicado na semana passada. Este é o segundo artigo desta série, Caso não tenha lido o primeiro artigo siga o link para as primeiras 10 dicas adaptadas do livro ‘Powernomics’, que possuem o poder de transformar a comunidade negra.  Leia até o final e confira mais 10 estratégias!

11° INICIAR OU PARTICIPAR DE UM FUNDO OU CLUBE DE INVESTIMENTOS PRETO

O Clube de Investimento é uma forma de investimento coletivo de pessoas físicas no Mercado de Capitais. Esse grupo é composto por no mínimo 3 e no máximo 50 participantes, para aplicação em Títulos e Valores Mobiliários que podem ser Ações ou Derivativos. Assim como nos fundos, o patrimônio do Clube de Investimento é dividido em cotas. Ao aplicar seus recursos em um clube, o investidor se torna um cotista. Os cotistas podem fazer a gestão de investimentos do Clube ou contratar um gestor profissional certificado e credenciado à CVM, ambos casos precisam ser eleitos pela assembleia geral.  

Um Clube de Investimentos Preto é um grupo de membros da família, amigos, colegas de trabalho ou indivíduos que compartilham dos mesmos valores e que não necessariamente precisam manter seus investimentos em capital especulativo – compra de ações, títulos, fundos mútuos – e sim, que possam ser revestidos para criação de negócios pretos, compra de propriedades ou outros ativos. Como diz o ditado africano; “muitas mãos fazem a luz funcionar”. Quanto mais capital for reunido, maiores serão os empreendimentos em que seu grupo é capaz de se envolver.

12° ENCONTRE, ENTRE E COLABORE COM UM BANCO PRETO

Através da desigualdade sócio-racial presente neste país, que menospreza a comunidade negra, percebemos um vazio. Não apenas na falta de valorização da vida dos negros, mas também politicamente e, acima de tudo, economicamente. Somos 54% da população, 51% dos proprietários de negócios e movimentamos R$1,7 trilhão no ano, mas não controlamos bancos, grandes mercados ou partidos políticos.

 O D’BlackBank é uma Fintech criada para conectar consumidores a empreendedores negros. Como primeiro produto foi lançada a maquininha de cartões, a #Pretinha. A #Pretinha é um instrumento desenvolvido especialmente para empreendedores negros. Com taxas justas, ela ajuda o pequeno empresário negro a girar seu capital, o que proporciona mais facilidade de recebimento de seus clientes e aumenta a circulação do dinheiro na comunidade preta.

Duas Mulheres De Preto Sentadas Em Uma Cadeira Perto Da Mesa
Imagem: Pexels.com

13° CROWDFUNDING PARA ELEVAR O CAPITAL

Algumas vezes, o próprio empreendedor tem os recursos necessários para realizar projetos inovadores. Outras vezes, o empreendedor reúne sócios para que ajudem a financiar a iniciativa. Mesmo assim, uma série de projetos fica só na ideia, ou no papel, sem conseguir nascer. A internet pode ser uma excelente aliada na hora de buscar alternativas de financiamento para realizar esses projetos que estão no papel. Por meio de plataformas colaborativas, muitas pessoas ou equipes já estão cadastrando seus projetos e conquistando o apoio de diversos colaboradores para a sua realização. Trata-se do chamado crowdfunding, ou financiamento coletivo.

Estudo de caso:

A Diáspora.Black para financiar sua operação e construção da plataforma própria precisaram buscar investidores através de um Equity Crowdfunding. O resultado? Levantaram mais de R$ 600.000 com seus investidores.

14° CONSTRUA UM SISTEMA DE TROCAS DENTRO DA SUA COMUNIDADE

O dinheiro nem sempre é necessário para fazer uma economia funcionar. De fato, a definição de economia é a riqueza e os recursos de um país ou região, especialmente em termos de produção e consumo de bens e serviços. Se você tem um produto ou serviço para trocar por outras coisas que você precisa, não tenha medo de negociar.

Ex: Negocie a permuta de serviços de beleza em troca do serviço de babás.Serviços de Social Mídia por uma reparação em seu automóvel. 

15° MUDE SEUS HÁBITOS DE COMPRA

Pode ser inconveniente rastrear empresas negras que fornecem os bens e serviços que você está procurando. Praticar a economia em grupo significa mudar alguns dos seus hábitos de compra para beneficiar sua comunidade. Por exemplo, em vez de usar o Google para encontrar uma empresa com o que você quer por perto, use uma lista de empresas da Pretas. Em vez de fazer compras em lojas físicas, use a internet para encontrar produtores pretos, Você pode encontrá-los no Mercado Black Money, e comprar itens antes de precisar deles. Isso reduz a necessidade de se esgotar e comprar papel higiênico e sabonete no último minuto. Você pode ter que andar um pouco mais, ou gastar um pouco mais, mas o retorno do nosso investimento na comunidade irá superar o inconveniente. 

16° VOTE COM SEU DINHEIRO

Em seu livro, ‘Powernomics’, o Dr. Claude Anderson discute a ligação entre grupos econômicos e políticos. Os políticos têm o poder de escrever as zonas econômicas na política, dando a proteção da lei às operações pretas e às zonas econômicas.

Apoie mandatos coletivos Pretos, apoie com o financiamento de candidaturas pretas. Coloque os políticos e vereadores em alerta: Ou cuidam do dinheiro dos Pretos, ou vamos tirar seu dinheiro. Funcionou em Ferguson (EUA), pode funcionar em qualquer lugar.

17° LUTA POR REPARAÇÕES

Alguns podem não ver reparações como praticantes da economia de grupo. Mas o fato é que a Bélgica ainda está ganhando juros sobre o dinheiro obtido do trabalho escravo no Congo sob o governo do rei Leopoldo III. Os Estados Unidos devem seu sucesso econômico ao trabalho escravo Preto. O Brasil foi o último país a “acabar com a escravidão” e para aumentar o nível de desigualdade a primeira Lei de cotas foi a Lei do Boi , a primeira lei no Brasil a garantir cotas nas universidades públicas. E tenham a certeza de que, pelo período (ditadura) e pelo ocupante do posto de presidente, essa lei de cotas não foi para os pobres.

Se os TRILHÕES de dólares que foram dados a outras raças, ou que permanecem trancados nas contas bancárias de nações brancas forem liberados de volta para nossa posse, esse dinheiro poderia ser usado para recuperar o controle sobre as fontes de produção, terra e manufatura. Só isso poderia mudar nossa posição econômica por gerações.

18° CONSTRUIR UMA COOPERATIVA

Uma Cooperativa é o título profissional para um grupo de pessoas trabalhando juntas para benefício mútuo. Um negócio cooperativo pertence às pessoas que o utilizam – pessoas que se organizaram para se proverem dos bens e serviços de que necessitam, ao mesmo tempo que ganham dinheiro.

Os proprietários se reúnem regularmente, apresentam e ouvem relatórios sobre suas atividades comerciais e de investimento e contratam Gerentes Gerais para lidar com assuntos do dia-a-dia em suas empresas. Os membros investem nos negócios para fornecer capital para uma operação forte e eficiente e, quando as empresas começam a ganhar dinheiro, os lucros são devolvidos aos membros da cooperativa.

Pessoas Sentadas Ao Lado De Uma Mesa De Madeira Marrom Perto De Uma Tv De Tela Plana
Imagem: Pexels.com

19° CONTRATAR PRETOS

 Ao contratar seu próprio pessoal, você pode dar uma oportunidade a um membro da comunidade que pode não ter tido a chance de provar seus talentos no mercado de trabalho.

Embora não seja fácil treinar e reter funcionários, se você estiver disposto a colocar em prática o esforço, isso será recompensado em um negócio em expansão e uma melhoria geral nas condições de nosso pessoal.

20° APRENDA OS FUNDAMENTOS DA ECONOMIA, DO ESPÍRITO DO EMPREENDEDORISMO E DO FINANCIAMENTO

Isso não deveria ser dito, mas se você não entende de economia, você é menos capaz de “subir” e fazer a economia funcionar para você. Faça o dinheiro trabalhar para você.

Você não precisa voltar para a faculdade para entender como os sistemas econômicos funcionam. Você pode criar seu próprio currículo aprendendo com aqueles que entendem o assunto e conseguiram grandes feitos.

Seguindo essas dicas o caminho para fortalecer a comunidade e a filosofia Black Money se tornarão menos complexos ainda que desafiadores. É possível conquistar a emancipação econômica e fazer o dinheiro girar entre pessoas negras através das gerações.

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