O cantor Mumuzinho e sua esposa, Thainá Fernandes, terminaram o casamento após dois anos. De acordo com a assessoria do cantor, em comunicado divulgado nesta sexta-feira (16), a decisão aconteceu “em comum acordo”.
“Nosso carinho e respeito ao que vivemos, bem como as nossas famílias, serão eternos. Fomos muito felizes neste tempo e por tudo que acrescentamos na história um do outro, nos dá a certeza que estaremos sempre ligados”, falou o casal, que confirmou o término para o jornalista Léo Dias.
Mumuzinho e Thainá se casaram no dia 31 de agosto de 2019 em um sítio localizado em Ilha de Guaratiba, zona oeste do Rio de Janeiro.
“Infelizmente o nosso casamento chegou ao fim. Fomos grandes companheiros ao logo desse tempo, dividimos muitos momentos especiais mas, após muita conversa, decidimos que precisávamos cada um seguir o seu caminho. O motivo da nossa decisão é que precisávamos cada um seguir o seu caminho. O motivo da nossa decisão é que percebemos que nossa relação se transformou em uma linda amizade, não mais nos completando como marido e mulher” anunciou o casal em nota à imprensa.
Uma mulher de 33 anos foi absolvida do crime de “lesão corporal com violência doméstica agravada”, após ser denunciada depois de um ritual que iniciou a filha no candomblé. Na decisão emitida nesta quinta-feira (15), o juiz destaca que o Estado não deve interferir nas liturgias religiosas e afirma que a tipificação da conduta como crime “revela inaceitável intolerância religiosa”.
Imagem: Perícia MP
O Ministério Público (MP-SP), representado pelo promotor Gustavo Simioni Bernardo, pedia a condenação da mãe porque ela teria ofendido a integridade física da criança ao participar do ritual. A liturgia em questão é a escarificação que consiste em fazer pequenas incisões na pele para oferecer proteção ao iniciado.
Na sentença, o juiz Bruno Paiva Garcia da Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Campinas (SP), diz que a agressão veio da própria denúncia: “Em verdade, o comparecimento em Delegacia de Polícia na companhia do pai para delatar a mãe e a consequente submissão a exame médico-legal causou, possivelmente, constrangimento maior que a própria escarificação”, aponta o magistrado que não constatou “prejuízo físico, psicológico ou sequer estético à criança”.O representante da mãe, Dr Hédio Silva Jr (doutor e mestre em Direito pela PUC-SP) comemorou “Certamente ainda uma decisão sujeita a recurso, mas um precedente importantíssimo, seja por que reconheceu o direito de transmissão familiar da crença e da cultura, seja porque entendeu que a circuncisão, por exemplo, ela implica uma intervenção no organismo humano muito mais gravosa do que a escarificação, e nem por isso há registro de criminalização de pais judeus ou muçulmanos”, disse em entrevista ao G1.
Mineiro de Paracatu, Pedro Barbosa é o finalista do reality show de culinária Mestres do Sabor. Barbosa, que em entrevista ao Site Mundo Negro logo no início do programa deixou claro sua predileção por pratos que combinavam sabor e aspecto artístico falou agradeceu em suas redes sociais a vitória que o levou mais próximo da final. “Obrigado de todo coração por cada palavra, ajuda e carinho nesse universo”, escreveu.
Imagem: Instagram
O Mundo Negro falou com o Pedro e ele se mostrou empolgado com a trajetória até aqui. “Estou me sentindo a pessoa mais maravilhosa no planeta Terra. É a conclusão de um ciclo na minha vida. Deu certo! Eu lembro que a gente vai com uma expectativa maravilhosa, mas tropeça em alguns momentos. Eu consegui me reerguer e estou construindo meu castelo”, disse sorrindo.
Animado com os resultados obtidos, Pedro não mudou sua visão em relação a como encarar a profissão. Apaixonado por cada elemento de ser Chef de cozinha, conta como o aprendizado vai ajudá-lo nos próximos passos. “Vai ser tudo que acumulei no programa. A final, na semana que vem, vai ser colocar amor na comida como venho fazendo. Ficar tranquilo como eu fiz nas últimas provas e acabei evoluindo e aprendendo com todo mundo, com o que estava acontecendo. Imagino dar meu melhor. Levar meu lado emotivo, sabe? Quando eles provavam a receita que eu fazia e remetia a alguém, havia alguma lembrança. Comida é afeto, comida é arte. Temos que levar para esse lado que as coisas começam a caminhar de um jeito que não tem volta. É um caminho de glória que não tem volta”, declara Barbosa, frisando que se sente muito bem após tantas experiências. “Agora estou mais confiante. Acredito mais na minha comida, nas minhas origens”, diz.
“Levei a primeira sobremesa da história do programa, fiz doces várias vezes, me dediquei, errei, aprendi. Me sinto mais confiante. Eu posso, eu quero, eu vou errar, vou aprender. Comida é partilhar, é equipe”, diz Pedro que prossegue. “Temos que mudar esse cenário da gastronomia, que tem ser menos machista. Tem que mostrar esse ado,essa delicadeza. Isso é o que levo. Esse conhecimento. Isso é maravilhoso pra mim!”, conclui.
A grande final da temporada é na próxima quinta-feira. O programa será exibido logo após a novela ‘Império’.
“Zezé Motta – Mulher Negra” será transmitido no dia 25 de julho e trará depoimentos de mulheres pretas como a cantora Iza, a filósofa Djamila Ribeiro, a escritora Conceição Evaristo, a influenciadora e ex-BBB Camilla de Lucas, entre outras
Em celebração ao dia de Teresa de Benguela e da Mulher Negra Afrolatina e Caribenha, Zezé Motta, ícone negro da cultura brasileira, realiza às 17h o especial “Zezé Motta – Mulher Negra”, que será transmitido no canal L!Ke e pelo canal oficial do Teatro Bradesco no Youtube, no dia 25/07.
Na apresentação musical da atriz-cantora, músicas consagradas como “Magrelinha” de Luiz Melodia, e “Tigresa” de Caetano Veloso. Zezé vai estar acompanhada da maestrina Claudia Elizeu. O pocket-show vai contar com a participação especial da jovem cantora Malía. Nascida na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, Malía tem 21 anos e começou a carreira em um coletivo no bairro de Madureira, como a forte voz feminina na afirmação da música urbana, no R&B e hip hop. Já foi uma das grandes atrações do Rock in Rio e teve algumas de suas músicas incluídas nas trilhas sonoras de novelas da Globo.
Cantora Malía. Foto: Divulgação
A apresentação será de Luana Xavier – atriz, apresentadora, influenciadora digital e ativista em prol do povo preto -, e Rafaela Pinah – Mulher trans negra, pesquisadora de tendências, colunista e diretora criativa do Coolhunter Favela. O especial trará ainda depoimentos de outras mulheres pretas como as atrizes Cris Vianna, Elisa Lucinda, Indira Nascimento, Cacau Protásio, a cantora Iza, a escritora Conceição Evaristo, a filósofa Djamila Ribeiro e a ex-BBB Camilla de Lucas. A gravação vai acontecer no coração de Santa Teresa, em um dos lugares mais charmosos da Cidade Maravilhosa, o Chez Georges Rio, com uma vista única do mar e do Pão de Açúcar.
Com mais de 50 anos de carreira, Zezé Motta se tornou figura respeitada na música, televisão e cinema, venceu o preconceito, quebrou paradigmas e desde os anos 70 vem usando seu espaço na mídia para denunciar, lutar e reivindicar a questão do negro. Com seu canto de luta e resistência, Zezé é a estrela principal do especial que contará com roteiro e direção de Yasmin Thayná. Criadora do Afrolix, plataforma que reúne produções de artistas negros, Yasmin foi vencedora do “Oscar africano” pelo curta ‘’Kbela”, foi considerada pela Forbes em 2021 como um dos 90 nomes brasileiros abaixo de 30 anos mais brilhantes em sua área de atuação.
“Iniciar uma carreira em qualquer segmento é difícil e mantê-la é mais complicado, ainda mais com os conflitos que temos, sejam eles de gênero ou de cor. Quando as coisas começaram a dar certo pra mim, eu sempre me questionava, só que não possuía um discurso articulado, foi então que conheci Lélia Gonzalez, a partir daí ela virou minha guru, logo no primeiro dia que a conheci ela me disse: ‘Nós não temos tempo para lamúrias. Temos que arregaçar as mangas e virar esse jogo’. E essa frase ficou definitiva na minha vida”, afirma Zezé Motta.
Solidariedade
Vice-presidente do Retiro dos Artistas, Zezé Motta engajará seu público para fazer doações à instituição através de um QR code que será disponibilizado na tela. O Retiro dos Artistas fez 100 anos e abriga a história viva da Cultura Brasileira, guardando uma rica história não só artística, mas social e assistencial. As doações que acontecerão simultaneamente à exibição, continuarão ao longo dos dias, a apresentação ficará disponível no YouTube do Teatro Bradesco
A ação conta com patrocínio do Teatro Bradesco, Avon e Genera. A realização é da Entusiasmo e Entretenimento e Vinicius Belo Relações Públicas.
Serviço:
Especial Zezé Motta – Mulher Negra
Data: 25 de julho (domingo)
Horário: Às 17h
Onde: Canal L!ke (530 da Claro – 500 da Claro NET), e Canal Teatro Bradesco (Youtube)
Roteiro e direção: Yasmin Thayná
Apresentação: Luana Xavier e Rafaela Pinah
Apresentação musical: Zezé Motta e Malía
Piano: Claudia Elizeu
Diretora de Arte: Jéssica Senra
Diretora de Fotografia: Suelen Menezes
Realização: Entusiasmo Entretenimento e Vinicius Belo Relações Públicas
Normani e Cardi B no clipe de Wild Side. Foto: Reprodução.
Single vai fazer parte do primeiro disco solo de Normani
Sem lançamentos novos desde Motivation (2019), Normani voltou com tudo! A cantora lançou o single ‘Wild Side’, com participação de Cardi B, na noite desta quinta-feira (15). Em menos de 12 horas o clipe bateu um milhão de visualizações no Youtube.
Com muita sensualidade, nudez e coreografias de tirar o fôlego, o clipe explora bem as habilidades de Normani como dançarina. A direção de coreografia é Sean Bankhead, o mesmo coreógrafo do clipe de Motivation.
Normani no clipe de “Wild Side”. Foto: Reprodução.
Embora “Wild Side” seja a primeira colaboração oficial entre Cardi e Normani, as duas já trabalharam juntas antes: Normani fez uma participação especial no videoclipe “WAP” de Cardi e Megan Thee Stallion.
O ex-ator e Secretário Especial da Cultura do Governo Bolsonaro, Mário Frias, fez um tweet racista para se referir ao historiador e ativista Jones Manoel. Tercio Arnaud, secretário especial da Presidência da República, postou uma matéria do Brasil 247 com aspas de Manoel dizendo que “já comprou fogos para uma eventual morte de Bolsonaro”. Tercio questionou no tweet: “Quem caralhas é Jones Emanuel?” Então se seguiu o ataque racista de Frias comentando a postagem. “Realmente eu não sei. Mas se eu soubesse diria que ele precisa de um bom banho”, escreveu em referência a Jones que é negro e usa barba e cabelo black power.
Imagem: Reprodução
Imediatamente a mensagem repercutiu e chegou aos trendings topics com diversos políticos prestando solidariedade a Manoel e condenando o racismo de Mário Frias. “Surpresa nenhuma com o racismo criminoso de Mário Frias. Esse governo é racista e criminoso. Que seja punido já que nas leis brasileiras racismo é crime. Minha solidariedade ao Jones Manoel”, postou Manuela D´Ávila.
A pedagoga Tati Nefertari também se pronunciou: “O racista precisa de um banho também. UM BANHO DE PORRADA NA CARA”, escreveu e foi acompanhada por mensagem do historiador Henrique Oliveira: “O que resta para Mário Frias é o seu ressentimento racial, após fracassar sendo um ator branco num país racista que nem ele!”, disse.
Jones Manoel respondeu ao comentário do ex-ator também em postagem do twitter: “O verme racista acabou de fazer uma postagem dessas com a ideia de dizer que não é racista. Além de capangada de miliciano, ex-ator frustrado e racista, ele é burro”, escreveu.
Após as acusações, o Ministro da Cultura respondeu: “Toda pessoa suja precisa tomar banho e não existe pessoa mais suja do que aquela que deseja e celebra a morte de um Chefe de Estado democraticamente eleito enquanto louva um genocida como Stalin.” Afirmando que sempre repudiou o racismo.
Quem acompanha a Savage x Fenty, já está acostumado a ver a marca, assinada por Rihanna, trabalhando com modelos considerados ”fora dos padrões” impostos pela sociedade. Desde a fundação da marca em 2018, vemos diferentes tipos de corpos usando as lingeries da grife. E recentemente, a modelo Lyric Mariah Heard entrou para esse time.
Lyric, tem ”limbs difference” (diferença de membros), condição rara que faz com que seus dedos e um de seus pés tenham uma má formação. Antes de modelar para a Savage x Fenty, a modelo californiana já trabalhou com marcas como a Tommy Hilfiger, Skims, Dolls Kill, entre outras. Em suas entrevistas, Lyric frisa que não quer ser tratada diferente de suas colegas por ser PCD. ”Garotas loiras não saem por aí dizendo que são loiras. Se você tem dedos curtos, não precisa explicar qual o motivo, mas se você quiser pode escrever sobre isso. É a sua vida, é o seu corpo”.
Além disso, em depoimento a Dazed Magazine, a modelo contou sobre o poder inerente de estrelar uma campanha de lingerie. ”Isso faz eu me sentir em um novo nível de confiança, e mostrar meu corpo completamente. Marcas de estrias, cicatrizes de cirurgias, celulites. Elas estão aqui. Eu amo tudo isso e estou tentando colocar essa força nas minhas fotos. Eu não estou vendendo sexo, estou vendendo confiança”
Foto: Savage x Fenty
Durante a gestação de Lyric, houve uma síndrome com o líquido amniótico, que protege os membros e os órgãos dos fetos. De acordo com a Organização Nacional de Condições Raras do EUA, esse problema pode afetar o crescimento dos membros. Em entrevista para a Health, a mais nova estrela da Savage x Fenty disse que sente percebeu o quão abençoada se sente, pois essa condição poderia ter afetado seus olhos, coração ou pescoço. ”Eu perdi alguns dedos e um pé, mas tem bebês que morreram por isso”, completou.
Após muitos anos sofrendo bullying na escola, Lyric diz lembrar de um momento marcante onde decidiu mudar o rumo de sua vida. Aos 15 anos, na igreja, ela conta que caminhou até o altar, se ajoelhou e pediu à Deus: ”Eu não quero me odiar mais. Eu não quero mais me olhar no espelho e me sentir um lixo” Após dizer isso, Lyric diz que deixou o altar se sentindo mais leve e nunca mais se sentiu ruim consigo mesma e foi gradativamente melhorando sua auto-estima. Um ponto que ajudou isso, foi ter o suporte de sua mãe. ”Minha mãe sempre me tratou normalmente. Nunca me infantilizou ou me tratou como seu eu fosse mais frágil”, lembra a modelo que se inspira em nomes como Naomi Campbell e Halle Berry.
Vale lembrar que essa não é a primeira vez que Rihanna colabora com uma modelo PCD. No ano passado por exemplo, a cantora Kierra Marshall, que perdeu sua perna após um acidente de carro, modelou para a famosa linha de lingeries da musa caribenha.
Chegou hoje na Netflix hoje o registro completo do show histórico que o rapper, escritor e produtor Emicida realizou no Theatro Municipal de São Paulo em 2019. A produção, com 1h40 de duração, mostra, na íntegra, o concerto do projeto ‘AmarElo’. A realização é da Laboratório Fantasma (LabFantasma), com direção de Emicida e Fred Ouro Preto e produção de Fióti.
Imagem: Divulgação/Netflix
Emicida celebrou a chegada do espetáculo ao streaming com um texto especial no blog da Netflix. Confira o texto completo abaixo:
“Em outros tempos, em dias que nem vão muito longe, nossas turnês passavam por lugares específicos, casas de shows em algumas cidades do mundo, e as pessoas deslocavam-se de suas próprias casas para poder prestigiar os nossos concertos. A nossa forma de oferecer um imenso abraço coletivo sempre foi através da partilha do que fazemos de melhor, que é o nosso som.
Mas, de repente, o mundo estava de cabeça para baixo e, no lugar de nossos encontros, ficou uma saudade imensa. Enquanto inventávamos novas formas de sobreviver nesse novo contexto, nos perguntávamos a respeito de quais janelas iríamos trocar olhares com os nossos fãs, as pessoas que nos trouxeram até aqui desde o início e que, nesse momento, precisam desse nosso abraço mais do que nunca.
Nesse sentido, “AmarElo – É Tudo Pra Ontem” foi mais do que um filme para nós na Laboratório Fantasma. Foi como se arrancássemos nosso coração do peito e oferecêssemos a cada fã que precisava sentir aquele batimento em um passado recente, que, infelizmente, insiste em não passar. Era nosso presente para o mundo, e a Netflix foi a melhor janela por onde aquele raio de sol poderia entrar.
Sem nenhuma conversa fiada, mesmo em tempos “normais”, não são todas as cidades que têm condições de receber um espetáculo daquela magnitude, mas, graças a parceria com o pessoal do “Tudum”, de repente, meus amigos e eu estávamos na sala da sua casa, cantando e contando uma história que é de todos nós.
Bem, esse passado que insiste em não passar ainda nos mantém cuidadosos numa rotina de distanciamento, máscaras, higienização constante e cuidado, mas é impossível não comemorar a oportunidade de, neste momento, retornar à sala da casa de todo mundo (e no mundo todo) com a turnê que o covid-19 nos roubou.
Já podemos ver uma luz no fim do túnel, as vacinas hão de chegar para todos, mas a precaução ainda se faz necessária e esse segundo abraço também. Um abraço que diz que foi difícil, um abraço que lembra que ninguém está sozinho, um abraço onde você sente o nosso coração bater junto com o seu novamente e é como dizem: “enquanto há vida, haverá esperança”. Que possamos com essa nova “invasão” oferecer um pouco da luz da esperança que acende nossos olhos todas as manhãs. A turnê “AmarElo” está chegando na sua cidade, mas, dessa vez, não na casa de shows, nada disso, nosso encontro vai ser na sua casa. Oferecendo ao mundo histórias de um Brasil teimoso, de vida e de sonhos, que é grande demais pra ser engolido por qualquer momento de tristeza.
Continuemos teimosos e vivos!
Emicida.
Para quiser completar a nova experiência audiovisual, também segue disponível no catálogo da Netflix o documentário ‘AmarElo – É Tudo pra Ontem‘, que mostra bastidores deste mesmo show, amarrando o evento com a linha do tempo da história da cultura brasileira, evidenciando acontecimentos, movimentos e personagens negros.
Muitos anos atrás eu estava sentado em uma lanchonete perto da faculdade e um rapaz, aparentando 23 ou 24 anos gritava com uma garota. Eu e todos os outros homens do lugar ficamos olhando. A garota saiu chorando e o rapaz entrou na lanchonete e sentou em uma mesa onde havia outros homens esperando. A conversa iniciou e prosseguiu animada como se nada errado tivesse acontecido.
Imagem: Getty Image
Esse é o exemplo mais brando que posso dar sem criar um gatilho em mulheres que sofreram abuso. Mas sobre como as mulheres tem lutado para acabar com o ciclo de violência que machuca e dilacera geração após geração, minhas colegas podem dissertar com muito mais propriedade e primor. Quero falar sobre a necessidade dos homens começarem a responsabilizar outros homens.
O mundo masculino tem como uma das bases um corporativismo tóxico que acena condescendente para a violência que permeia a existência do homem na sociedade. Toda vez que uma mulher é agredida e estuprada, muito se vê de promessas sobre como se reagiria se estivesse presente, mas entre amigos os abusos sutis viram graça e são perdoados como brincadeiras inocentes que não fazem parte de uma dinâmica perversa que coloca as mulheres como subalternas nas relações.
Homens precisam censurar outros homens. Precisam dizer que virar o pescoço para olhar a bunda de uma moça que passa é escroto, precisam pedir aos amigos que não comentem assoviem mais para garotas em pontos de ônibus, portas de escola. Não cabe mais deixar a educação anti-machista para mulheres. Elas já se desgastam mais tentando se defender e ainda precisam ensinar constantemente algo que já deveria ser óbvio. É como pedir para os brancos não serem racistas enquanto eles chutam a cara de pessoas pretas.
A necessidade de pertencer a uma tribo faz com que muitos de nós, homens, não tomem atitudes enérgicas diante de outro homem praticando assédio. Ainda que não se ache um assediador, concorda de forma silenciosa com o abuso dos seus. O medo de ser censurado ou de ser acusado por ações passadas fala mais alto que um princípio moral que deveria ser primário: o direito da mulher não ser violentada psicológica e fisicamente.
Esse pacto silencioso é tão enraizado que ao assediar a mulher e descobrir que essa tem um relacionamento, os homens dirigem suas desculpas para o parceiro e não para a agredida. Oras, você tem que pedir desculpa para quem feriu. Se acontecer contigo, homem, não aceite as desculpas. Peça para pedirem desculpas diretamente à sua parceira.
Apesar da homofobia latente entre em nossa sociedade, grupos de homens mantêm relações estritamente homoafetivas, ainda que não percebam. Eles têm homens como ídolos e referência em todas as áreas. Eles se escutam e se respeitam e dirigem amor aos grupos aos quais pertencem e isso tem de começar a ser usado como fonte de educação e (por que não?) constrangimento.
Se alguém questionar o abraço sem intenções sexuais em uma querida amiga, é preciso dizer “eu admiro essa mulher e ela é apenas minha amiga”. Nada de aproveitar a oportunidade para respostas evasivas que deixem no ar que algo que não está acontecendo esteja acontecendo.
Fazendo um recorte racial necessário, os homens negros necessitam ainda mais desfazer noções de masculinidade criados e construídos por um patriarcado branco que joga mulheres pretas para a última camada da pirâmide social, onde são tratadas como objetos descartáveis por homens brancos e também por homens pretos. A forma como os negros encaram a própria masculinidade precisa se dissociar da construção social histórica feita pelos brancos. Na condição de homem preto, o indivíduo precisa olhar com empatia a mulher preta, enxergar o sofrimento comum que é o racismo estrutural e a segunda dor, do machismo potencializado contra elas e que, ainda que não pareça, também atinge o homem negro.
Esse contrato torto de se manter em silêncio diante de situações violentas sai do cotidiano das conversas de bar e chega no atendimento precário que policiais dão para mulheres que chegam às delegacias para denunciar agressões. Chegam nas cortes, na decisão de juízes que não protegem as vítimas. A conivência masculina com o abuso de seus pares reverbera na morte de milhares de mulheres, na sensação de abandono que elas têm diante de leis defendidas por uma maioria de homens.Você confiaria em instituições formadas por pessoas que se calam diante da má conduta de amigos?
Homens precisam responsabilizar outros homens abertamente. Sem medo, sem autocensura, sem se isentar de responsabilidade. E isso deve se estender para além do desrespeito apenas com mulheres do seu círculo familiar.
Responsabilizar e aceitar quando responsabilizados, aprender e mudar.
A vereadora Erika Hilton anunciou em suas redes sociais a criação do Prêmio Carolina Maria de Jesus, que será entregue anualmente, na semana do dia 14 de março, data de nascimento da escritora. O prêmio visa reconhecer publicamente o talento de mulheres negras que se destacaram em trabalhos no campo das artes e da defesa dos direitos humanos, combate à fome e à miséria.
Imagem: Instagram
Segundo nota divulgada por Hilton, as seguintes categorias estão incluídas: Escrita literária (prosa e poesia); Música (canto e composição); Arte de rua; Educação e luta contra a fome e a miséria, honraria a ser concedida a mulheres catadoras de materiais recicláveis.
O projeto também prevê a divulgação, por todos os meios disponíveis, dos trabalhos desenvolvidos pelos premiados e um diploma de reconhecimento. “A escolha dos premiados será feita por Comissão Julgadora, composta por cinco pessoas com notório saber sobre as cinco categorias contempladas pelo Prêmio “Carolina Maria de Jesus”, indicadas pela Comissão Extraordinária de Direitos Humanos e Cidadania, da Câmara Municipal de São Paulo”, diz a nota.