Cantora cocriou o novo protetor solar da Garnier para pele negra e falou sobre a relação entre beleza, saúde mental e auto-aceitação

Iza é considerada por muitos um exemplo de beleza, auto-estima e auto-aceitação, mas não é só isso. Ela tem também muito cuidado com a manutenção da saúde mental. A cantora revelou que prioriza o próprio tempo, inclusive para realizações profissionais, como o lançamento de novas músicas.

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 “A periodicidade dos meus lançamentos quem define sou eu, quando eu quero fazer música, eu faço. As pessoas não entendem que a gente investe tudo numa música que a gente não faz ideia se as pessoas vão gostar”, disse. “Eu sempre busquei estar no meu tempo e estar segura para fazer aquilo que eu gosto de fazer”, completou. 

Iza conversou com o MUNDO NEGRO após o evento de lançamento da nova linha de protetores solares da Garnier Skin Active, Uniform&Matte com cor, onde ela contribuiu com o processo de criação do produto na cor negra. 

“Como menina negra, eu sei a dificuldade que é encontrar um produto que seja adequado. A gente ouvia muito isso de que não precisava de protetor solar para pele negra, mas a partir do momento em que você entra numa farmácia e não encontra nada para sua pele, você realmente vai achar que não precisa”, disse a cantora. 

Para a head de Comunicação da L’Oréal, Helena Bertho, a presença de Iza no processo de criação do novo protetor vai muito além de ter uma celebridade fazendo propaganda. “Não é sobre representatividade, é sobre proporcionalidade, é sobre narrativas corretas. É sobre refletir a sociedade que a gente serve e onde a gente está operando”, disse. 

O produto está disponível nas cores clara, média, morena e negra e tem o preço sugerido de R$ 39,90. O novo protetor promete corrigir, reduzir e previnir manchas solares, além de ação antioleosidade e antioxidante na fórmula enriquecida com vitamina C.

Confira a entrevista:

Protetor solar foi um produto que, por muitos anos, parecia não ser necessário para a pele negra. Como é pra você participar da criação desse novo produto?

Estou muito feliz com esse lançamento e com a forma com que esse produto chega ao mercado. Como menina negra, eu sei a dificuldade que é encontrar um produto que seja adequado. A gente ouvia muito isso de que não precisava de protetor solar para pele negra, mas a partir do momento em que você entra numa farmácia e não encontra nada adequado para sua pele, você realmente vai achar que não precisa. 

Eu fico muito feliz de estar neste lançamento de um produto feito pra gente, e quando eu falo pra gente, não estou falando só do tom de pele, eu tô falando do nosso bolso. Quantas de nós podemos realmente entrar numa loja e comprar aquele protetor solar, que até já poderia existir quando eu era mais nova, mas estava totalmente fora do orçamento dos meus pais? 

Quais são suas rotinas de cuidado com a pele?

Eu sempre tento limpar muito a minha pele, porque eu tenho uma pele bastante oleosa, e o protetor solar é uma coisa que não sai da minha bolsa, e eu estou sempre repassando, uso até mesmo dentro de casa. 

Muita gente não sabe que a nossa pele tem um fator natural de proteção solar, o que só confirma que nós somos a evolução, não é mesmo? Mas é muito importante a gente se cuidar, aliado a todos os benefícios que a melanina nos traz. A nossa pele é muito mais propensa a desenvolver manchas do que outras peles com menos melanina, a gente precisa mesmo se observar. 

Eu tenho várias manchas grandes no bumbum, nas pernas, nas minhas coxas, e que eu acho lindas, mas algumas, que vão surgindo com o tempo, acho que a gente deve observar.

Você é um ícone de autoestima e beleza negra. Qual é o seu recado para meninas e mulheres que ainda têm dificuldade com a autoaceitação?

Acho super plausível as pessoas terem dificuldade com aceitação, já que a gente não se enxerga muito nos lugares. Eu acho que eu sou representante para muitas meninas, mas acho que não sou para um bando delas, porque nós somos plurais, nós somos muitas.

Então é muito importante que a gente se olhe no espelho com muito carinho, tentando esquecer tudo aquilo que a sociedade diz pra gente. Eu observo por exemplo, que características nossas que muitas pessoas usavam para nos apontar, elas estão indo nas clínicas de estética para fazer. Nós somos lindos do jeitinho que nós somos, e eu faço questão de dizer que eu sou linda, mesmo quando eu não tô me achando linda, porque qualquer pessoa tem altos e baixos. 

Durante a pandemia, vamos combinar que eu tive mais baixos do que altos. É muito importante eu trazer essa mensagem positiva de aceitação do meu corpo, eu faço questão de dizer que eu nunca fiz plástica, porque eu quero que as pessoas que me seguem entendam que eu passei por um momento muito complicado na minha adolescência, quando eu era a única preta na escola que eu estudava. 

Eu tive uma mãe muito parceira, que segurou a minha mão e não permitiu que eu fizesse nenhuma intervenção, e até me manipulava às vezes. Eu pedi para fazer uma cirurgia plástica quando eu tinha 15 anos e minha mãe falou: “Com 18 anos a gente vai fazer, filha”. Com 18 anos eu perguntei e ela disse: “Filha, a gente tá sem dinheiro, mas com 20 a gente vai fazer”. Até eu ter a maturidade de dizer que não queria mais fazer. 

Eu acho que é muito importante a gente ter esse autocuidado e ter esse cuidado com quem tá ao nosso lado, porque é muito fácil a gente se olhar que achar que aquilo que tá no espelho não é bonito. Nós somos lindos, nós somos divinos, nós somos evoluídos e eu acho muito importante retribuir essa afirmativa para o meu público. 

Como você lida com o cuidado com a sua saúde mental?

Terapia era um luxo que nem se passava pela cabeça dos meus avós, dos meus bisavós. Nem para os meus pais isso existia. Por mais que isso não fizesse parte da nossa vida, a minha mãe sempre foi essa pessoa que mandava um papo para mim de responsabilidade, mas ao mesmo tempo, de cuidado. 

Várias vezes quando eu não queria ir para a escola e se ela via que era algo que eu não tava bem e ela deixava eu ficar em casa. Minha mãe sempre dizia pra mim que eu tinha que estar onde eu queria estar, onde eu me sentia bem. E isso é uma coisa que eu faço desde sempre. 

Em 2020 eu não consegui compor muito, no começo do ano eu comecei a me cobrar muito por isso, mas eu entendi que se eu não tava boa pra compor, nada do que eu compusesse iria me deixar feliz. Aprendi a dar tempo pra mim, além das expectativas dos outros. A periodicidade dos meus lançamentos quem define sou eu, quando eu quero fazer música, eu faço. Eu sempre busquei estar no meu tempo e estar segura para fazer aquilo que eu gosto de fazer. 

As pessoas falam que eu sou super discreta com redes sociais. Não é uma questão de ser discreta, é uma questão de querer me proteger, porque se tiverem cem comentários bons, e um comentário ruim, eu vou querer ligar de vídeo pra pessoa e perguntar “qual é o seu problema comigo? O que foi que eu te fiz?” A maioria das pessoas que falam coisas negativas pra mim e eu falo com elas no DM, a maioria fala “Iza, você me respondeu, você me notou, não acredito, maravilhosa!” Quer dizer, as pessoas não têm noção do peso que elas têm na nossa vida.

Então, eu dou graças a Deus que eu não fui adolescente nessa época, com telefone na mão, com filtro. Porque eu não sei se a minha mãe teria tido tanto sucesso na hora de me convencer que eu era linda do jeito que eu sou, porque a gente recebe informação o tempo inteiro. Então, uma boa dica para a saúde mental é: para de olhar o gramado dos outros que está sempre mais verde artificialmente. Ninguém tá bem, as pessoas estão só fingindo muito bem. 

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