IZA recebeu a visita de Ivy McGregor, diretora da BeyGOOD, ONG da Beyoncé. A cantora mostrou as fotos no Instagram, nesta segunda (26/7), mas o motivo da visita ainda é desconhecido.
Ivy esteve na mansão da IZA no Rio de Janeiro, e assim como ela, publicou suas fotos nas redes sociais.
“Que noite mágica! Foi um prazer enorme te receber na minha casa, Ivy. Você é luz e iluminou nossa noite. Volte sempre, sis, estaremos sempre de portas abertas pra você.” Escreveu a brasileira, junto com duas fotos.
A diretora da ONG de Beyoncé publicou as mesmas fotos em seu instagram, agradecendo a cantora pela estádia:
“Obrigado Sis pela hospitalidade cordial e graciosa, pelo jantar delicioso e pela conversa mais inspiradora. Você é de fato uma linda super ESTRELA brasileira” disse ela, que completou “Que coração puro e alma enraizada você é. O futuro é brilhante, por causa de mulheres negras jovens e fortes como você!”.
Normani em seu novo clipe e com sua mãe em passeata com o câncer de mama
Com o último lançamento feito em 2019, a cantora Normani voltou esse ano em parceria com Cardi B em seu novo single “Wild Side”, que em menos de 12 horas bateu mais de 1 milhão de visualizações no youtube.
Após muitas cobranças da nova música, a cantora de apenas 25 anos e ex integrante do “”Fifth Harmony” deu uma entrevista explicando que estava em um dos períodos mais assustadores e dolorosos de sua vida. A sua mãe, Andrea Hamilton, foi diagnosticada pela segunda vez com câncer de mama.
Narmoni disse que se encontrava com Cardi B e equipe para montar coreografias e outras funções da musica, mesmo sabendo que estava vulnerável emocionalmente e isso a ajudava a seguir:
“Pra mim, esse trabalho que pude colocar no mundo, tipo, isso me salvou muito, pra ser sincera. Mesmo apenas estando no FaceTime com ela enquanto ela está passando por sua quimio, e apenas querendo que eu a atualize sobre como este vídeo está indo, e como a música está se saindo, realmente a ajudou a superar isso“, contou.
Segundo a mesma, ela só conseguiu lançar o novo clipe por causa da sua própria mãe, que pediu para que a filha não parasse e continuasse a brilhar enquanto ela fazia a quimioterapia.
“Logo depois que ela fez a cirurgia. Isso foi em outubro. Ela ficou tipo, ‘Baby, eu vou ficar bem. O que eu preciso que você faça é se concentrar. Eu preciso que você seja Normani. Eu preciso que você seja a melhor versão de si mesma. Eu preciso que você continue trabalhando duro. Temos que lançar essa música. Temos o mundo para impactar.’ Qualquer coisa que minha mãe diga, para ser completamente honesta, eu acredito“, relembrou.
A rapper MC Soffia, lançou, nesta segunda-feira (26), seu novo single, “Meu Lugar de Fala“, que chega às plataformas de streaming e o clipe pela VEVO. Na música, a cantora fala sobre a solidão da mulher negra,
“Essa música tem muito a ver com o meu momento atual, sou jovem, quero namorar, ser uma pessoa igual a todo mundo, e tenho meu interesse em meninos pretos, assim como as minhas amigas, e temos problemas para resolver com esses meninos, mas é um rap misturado com pagodão, beat feito pelo beatmaker Trimox, da Bahia, tá muito lindo o clipe, e um pouco polêmico mas vocês vão gostar“, diz a rapper.
O título “Meu Lugar de Fala“, termo muito usado atualmente, retrata a visão de Soffia sobre os relacionamentos afetivos que envolvem – ou não envolvem – mulheres negras. O lançamento acontece um dia depois do Dia Internacional da Mulher Negra, e também Dia de Tereza de Benguela, líder quilombola.
“Nós mulheres negras estamos sempre enfrentando muitas dificuldades pelo racismo estrutural, sexismo, machismo e a solidão da mulher negra, então é sobre essas questões que resolvi compor essa música, sinto que é minha contribuição na luta,” diz Soffia.
O novo longa nacional da Netflix, “7 Prisioneiros”, será exibido pela primeira vez no dia 6 de setembro durante o 78º Festival Internacional de Cinema de Veneza. O filme, dirigido por Alexandre Moratto e protagonizado por Christian Malheiros e Rodrigo Santoro, foi selecionado para participar do Festival na categoria competitiva Orizzonti Extra, que reúne trabalhos de diferentes gêneros, audiência e duração. Após a première global no festival, ‘7 Prisioneiros’ estreia oficialmente ainda em 2021 na Netflix.
Imagem: Aline Arruda/Netflix
Na trama, o jovem Mateus (Malheiros) sai do interior em busca de uma oportunidade de trabalho em um ferro velho de São Paulo comandado por Luca (Santoro). Chegando lá, acaba se tornando vítima de um sistema de trabalho análogo à escravidão. A produção é de Ramin Bahrani (diretor indicado ao Oscar com ‘O Tigre Branco’, também da Netflix) e Fernando Meirelles (indicado ao Oscar com ‘Cidade de Deus’). O roteiro é assinado por Thayná Mantesso e pelo diretor Alexandre Moratto. Conhecido por seu trabalho em ‘Sócrates’ (vencedor do Spirit Awards), este é o segundo longa metragem do cineasta brasilo-americano.
‘7 Prisioneiros’ é mais uma das produções nacionais que serão lançadas ainda este ano pela Netflix
Com traços de Milena, a líder quilombola entra para o hall das Donas da Rua da História
Com o objetivo de trazer visibilidade e reforçar a importância do 25 de Julho, a Mauricio de Sousa Produções (MSP) homenageia a mulher que dá nome a esse dia: Tereza de Benguela. A líder quilombola acaba de entrar para o hall das Donas da Rua da História. A ação faz parte dos compromissos da MSP como signatária dos Princípios de Empoderamento das Mulheres, plataforma da ONU Mulheres e do Pacto Global, e tem como objetivo resgatar a trajetória de mulheres que marcaram a humanidade com suas ações.
Tereza de Benguela, ou Rainha Tereza, como ficou conhecida em seu tempo, viveu no século 18, no Vale do Guaporé, no Estado do Mato Grosso. E seus feitos fazem parte da história pouco contada do Brasil e que vem sendo resgatada pelo movimento negro.
Depois de seu marido, José Piolho, ser morto por soldados, ela foi responsável pela liderança do Quilombo do Piolho (também conhecido como Quilombo do Quariterê), o maior do Mato Grosso. Segundo informações de documentos da época, esse refúgio abrigava mais de 100 pessoas, entre negros e indígenas e resistiu da década de 1730 ao final do século 18, depois de ter sido atacado pelo exército.
Para Mônica Sousa, diretora-executiva da Mauricio de Sousa Produções, trazer visibilidade para essa data e para a protagonista desse marco histórico é poder inspirar e empoderar outras meninas e mulheres. “Tereza foi uma mulher forte e que nos deixou um legado atemporal. Tereza foi e continua sendo exemplo de resistência”, destaca.
Criado em 2016, o Donas da Rua tem como um de seus objetivos trazer visibilidade às mulheres notáveis para que se tornem exemplo, incentivem e conscientizem outras meninas e mulheres de que todas são capazes de marcar a história da humanidade. Essa proposta da MSP demonstra seu compromisso como signatária dos Princípios de Empoderamento das Mulheres, plataforma da ONU Mulheres e Pacto Global.
Antes mesmo de entrar, o cheiro do tempero do almoço te recepciona na porta. (eu arriscaria frango com quiabo, ou churrasco). Você ouve um samba tocando, Bezerra da Silva, talvez. Ao entrar, a casa está cheia, você cumprimenta e pede a benção aos seus tios e avós. Sim, você está na casa deles! Se fechar os olhos agora, consegue se lembrar de cada detalhe da casa e das reuniões, mesmo que o tempo tenha passado, você tenha crescido, e eles não estejam aqui agora para você abraçar e desejar um feliz Dia dos Avós neste 26 de julho, acompanhado de um presentinho, algo simples mas que eles iriam adorar.
Não é tão difícil se recordar dos costumes, dos ditados, das histórias que eles contavam, da xícara de chá milagrosa, do casaco de tricô feito a mão. Não é difícil porque nossos avós continuam vivos dentro de nós. Continuam como uma intuição, um instinto, uma voz, um hábito que nem percebemos, mas é deles. Não é difícil se lembrar de quem falamos com amor.
Do poderoso álcool com arnica que curava tudo, ao futebol no radinho de pilha, passando pelo benzimento de arruda, é possível notar a memória dos nossos avós em cada um destes detalhes. São eles os pilares da família, a quem buscamos quando precisamos visitar uma lembrança. Eles estavam antes de nós, receberam esse conhecimento sobre nossos antepassados de nossos tataravós, e nos passaram adiante para que nunca morram. Mas será que ouvimos tanto quanto deveríamos? Espero que sim, no entanto essa narrativa vem se alterando com o passar do tempo.
Embora a relação de carinho, respeito, atenção e cuidado que existe entre avós e netos vêm mudando nas últimas décadas, de acordo com a nova realidade da terceira idade e também marcada pelos avanços tecnológicos, é importante que se mantenha o diálogo, o olho no olho, a troca de informações. É importante que, passando a pandemia, essa relação não seja restrita apenas a uma conversa por aplicativos de mensagem ou troca curtida em redes sociais. Ainda será preciso passar uma tarde inteira com nossos anciãos olhando os álbuns de fotos e conhecendo as tradições de nossa família, nossos antecessores.
Assim como é importante estudar história na escola para saber de onde viemos, onde estamos e para onde vamos, é importante conhecer a história de nossa família pelos mesmos motivos, porém em um âmbito mais pessoal. Se você ainda tem a honra de ter os seus avós por perto, por favor, não desperdice essa chance. Se seus filhos ainda têm os avós, não os prive desse direito. E se você é avô ou avó, nunca duvide do poder que emana sobre seus netos.
“O amor não fez nada por mim.O amor me machucou, me estuprou e me chamou de animal. Me fez sentir inútil e me deixou doente”. Essa passagem de ‘Preciosa – Uma História de Esperança’, longa dirigido por Lee Daniels, resume qual a experiência que se tem ao assistir a jornada de Claireece “Preciosa” Jones (Gabourey Sidibe) de 16 anos. É doloroso, áspero e é difícil assistir.
Imagem: Reprodução
Preciosa é um adolescente negra, obesa, moradora do Harlem nos anos 80 e está grávida de seu próprio pai pela segunda vez. Ela não sabe ler nem escrever e sofre abuso constante nas mãos de sua mãe,Mary Lee (Mo’nique). Ao ser transferida para uma escola alternativa, a garota sente uma gota de esperança ao encontrar o acolhimento da nova professora, a Sra. Rain (Paula Patton).
O diretor poderia ter pegado mais leve em toda a violência psicológica que a protagonista sofre? Poderia. Mas amenizar as dores de uma história vivida por milhares de meninas negras pelo mundo não fariam do filme uma experiência tão exasperante e, talvez, necessária.
Não é uma jornada de herói colorida. As pessoas que passam pela vida de Preciosa também levam vidas complicadas, mesmo as que tentam ajudar. O ar pesado permeia até as interações que visam motivar Preciosa que, diante de intervalos na dor, imagina números musicais em que ela é a princesa do garoto mais bonito, o centro das atenções de um mundo colorido e prazeroso. Quantos de nós não dedicamos alguns minutos de prazer escapista no mundo da imaginação em fases que tudo parece não ter jeito?
Mariah Carey (irreconhecível) e Lenny Kravitz aparecem bem no filme . Ele como um enfermeiro de ar acolhedor e ela como assistente social que percebe o quão maldosa é a genitora da protagonista. Mas é na atuação de Sidibe e de Mo’nique que reside o maior poder de ‘Preciosa’. A sensação é que a câmera de Daniels captou interações reais de mãe e filha dilaceradas por um lar destroçado por violência psicológica e física. As duas atrizes foram indicadas ao Oscar e Mo’nique levou a estatueta de Melhor Atriz Coadjuvante. A cara fechada de Sidibe se transforma num choro ardido quando finalmente se mostra vulnerável para a Srta Rain e a desfaçatez de Mary Lee consegue fazer da personagem uma das mais odiosas da história recente do cinema.
A única coisa que mantém a mãe e a filha sob o mesmo teto é que a primeira usa o dinheiro da pensão destinado à primeira neta para manter alguns vícios sem precisar trabalhar. A câmera na mão do diretor faz com que a imersão naquele mundo áspero seja maior, mas também há recompensas, por exemplo quando Preciosa começa a exteriorizar sentimentos para as novas amigas da escola e também quando aprende a escrever.
É particularmente irritante a atitude de Mary Lee ao culpar a filha pela perda do marido, como se o estupro fosse um consentimento de Preciosa.
A escolha para a trilha sonora é minimalista. O que ajuda no retrato realista das situações, escapando de transformar passagens dolorosas em manipulativas e cafonas.
“Preciosa – Uma História de Esperança” é doloroso, requer que se respire fundo e dificilmente você irá retornar para uma segunda visita. Mas é uma experiência necessária recheada de ótimas atuações. Prepare um lencinho.
Erika Hilton para a KF Branding. Foto: Rikko Oliveira.
A 48ª edição da Casa de Criadores, evento de moda que sucede a São Paulo Fashion Week acontece de 26 a 30 de julho e, neste ano, 15 marcas e estilistas integram a programação. São elas: Alexandre dos Anjos; Berimbau Brasil; Dendezeiro; diegogama; Estúdio Traça; Gefferson Vila Nova; Jal Vieira; Kel Ferey; Mônica Anjos; Nalimo; NotEqual; Oroomin; Studio Ellias Kalleb; Thear e Trashrealoficial.
A atriz Aretha Saddick abre a programação com o prelúdio audiovisual “Anti Feitiço”, que fala sobre o direito ao silêncio e a vereadora de São Paulo, Erika Hilton, também aparece como modelo no desfile da marca Kel Ferey. Ao final de cada dia de desfile, apresentações musicais e shows encerram a programação. O rapper Rico Dalasam encerra a última noite de desfiles, na sexta-feira.
“A casa de criadores é um evento que permite aos estilistas do Brasil imprimirem sua identidade para o mundo. Esse ano eu estou muito ansioso pra acompanhar o desfile de Mônica Anjos e de todes outros pretes que participarão do evento. Eu acredito que uma das formas do universo da moda tem de participar do combate ao racismo, é dando visibilidade para criadores pretes”, diz o estilista Pedro Batalha, da Dendezeiro.
A edição deste ano do evento teve a parceria da Secretaria de Cultura de Município de São Paulo, que cedeu o espaço do Centro Cultural São Paulo para que grande parte das gravações desta edição acontecesse. Assim, muitos dos vídeos, desfiles, performances e shows tiveram como palco esse icônico espaço da cidade.
Prelúdio Anti Feitiço por Aretha Sadick Vicenta Perrotta Mônica Anjos Studio Ellias Kaleb Jorge Feitosa Dario Mittmann Brocal Nalimo Show de Brisa Flow
27 de julho, a partir das 20h Fkawallyspunkcouture Alexandre dos Anjos Heloisa Faria David Lee Thear Berimbau Brasil Trashrealoficial Show de Vermelho Wonder
28 de julho, a partir das 20h diegogama convida Cia Sacana KF Branding Felipe Caprestano Shitsurei Diego Fávaro Ken-gá Estúdio Traça Show de Teto Preto
29 de julho, a partir das 20h NotEqual Jalaconda Estamparia Social Gefferson Vila Nova Ateliê Criativa Vou Assim PIM (Periferia Inventando Moda) Oroomin Jal Vieira Performance de Manauara Clandestina
30 de julho, a partir das 20h Rober Dognani Santista Vivão Project Rafael Caetano Leandro Castro REIF Teodora Oshima Dendezeiro Show de Rico Dalasam
Em 2021 o Festival Latinidades completou 14 anos de existência e já se consolidou como o maior festival de mulheres negras da América Latina e um marco na agenda de mulheres pretas de diversas idades, esferas de atuação na região. Para saber um pouco mais da história do Festival, o MUNDO NEGRO conversou com Jaqueline Fernandes, que idealizou e coordena o Festival até hoje.
Tendo acontecido em diferentes formatos, tamanhos e até mudado de cidade, o Festival Latinidades nasceu na capital do país, com o propósito de popularizar o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha no Brasil. “É muito gratificante olhar para o que era o 25 de julho em 2008 e olhar para agora, que não é um dia, é um mês inteiro. O Julho das Pretas é um potencial como o 20 de novembro, e assim como o 20 de novembro, é um marco construído ano após ano”, diz Jaqueline.
A edição deste ano homenageou a multiartista Zezé Motta, a vice-presidenta da Costa Rica, Epsy Campbell, a cantora Rosa Passos e a cantora peruana e vencedora do Grammy Latino, Susana Baca. A escolha se deu pela conexão entre cultura e política, imprescindível, na avaliação de Jaqueline. “O principal link entre todas elas é a relação das quatro com a incidência política e a cultura, que são coisas que não estão, de forma nenhuma, dissociadas”, defende.
Para ela, a incidência política das mulheres negras, desde a criação do 25 de julho em 1992 e chegando até os dias atuais, tem transformado a sociedade como um todo. “Eu acredito que, de fato, o movimento de mulheres negras é uma das organizações sociais, políticas, mais potentes que existe”, crava.
Confira a íntegra da entrevista:
Como você se sente, enquanto idealizadora e realizadora do Festival Afrolatinas após 14 anos?
Eu sinto que o projeto partiu de um lugar de inquietação pessoal como mulher negra, periférica e artista, e se conectou com outras histórias, com outras realidades e pessoalmente, me colocou dentro de uma coletividade. Ao longo desses anos, eu e o projeto fomos impactados por essa coletividade e também impactamos essa coletividade. Então, eu me sinto honrada por fazer parte de algo que é tão grande, feito a tantas mãos e que chegou no lugar onde chegou, de ser o maior festival de mulheres negras da América Latina.
Quando eu volto para o início da criação do Festival, eu tanto comemoro essa caminhada que me impacta pessoal e coletivamente, quanto eu olho para o movimento de mulheres negras e vejo que, a cada dia mais, esse movimento é potente e tem sido determinante para os rumos da sociedade.
Eu gosto sempre de citar a Vilma Reis quando ela fala que o movimento de mulheres negras tem empurrado a esquerda mais para a esquerda. Eu acredito que a potência e a diversidade do movimento de mulheres negras, antes mesmo do Latinidades existir, mas tendo isso como marco nos últimos 14 anos, transformou totalmente a vida das mulheres negras e a sociedade como um todo. Eu acredito que, de fato, o movimento de mulheres negras é uma das organizações sociais, políticas, mais potentes que existe.
Este ano, o Festival trouxe quatro homenageadas em diferentes âmbitos da sociedade, como se deu essa escolha?
Esse ano de 2021 a gente está fazendo homenagem a quatro mulheres e o principal link entre todas elas é a relação das quatro com a incidência política e a cultura, que são coisas que não estão, de forma nenhuma, dissociadas, e que muitas vezes parece que estão. O Latinidades e eu, como coordenadora-geral, estou sempre batendo nessa tecla de que nós partimos do lugar das artes e da cultura e que esse lugar é um lugar potente, frutífero, para incidência política, para além da mobilização, para além da inspiração, para além do campo subjetivo e da disputa de imaginário.
A gente tem no campo das artes e da cultura um campo estratégico e efetivo de fazeres e de transformações e de mudança, e essas mulheres todas têm uma ligação com isso. A Susana Baca por exemplo, é uma super artista afroperuana e que teve a trajetória relacionada à política afirmativa na cultura, e foi inclusive ministra da cultura. A Zezé Motta é uma multiartista que tem um brilhantismo em várias linguagens artísticas e que, ao mesmo tempo, empreendeu uma luta e toda uma trajetória no campo da incidência política fazendo arte e cultura.
E aí a gente tem Rosa Passos, uma figura incrível, uma das vozes mais poderosas do mundo, que vive em Brasília, e que sempre teve muito envolvida com política cultural. E a Epsy Campbell, realmente como vice-presidenta da Costa Rica como um símbolo de ocupação de espaço político, como uma inspiração e, principalmente, pensando que ela foi uma das mulheres que estiveram no primeiro encontro, e esteve na criação da rede de mulheres negras latino-americanas e caribenhas. Faz todo sentido, depois de 14 anos, a gente voltar, olhar para esse encontro, olhar para uma das pessoas que esteve na base dessa construção e que hoje é vice-presidenta da Costa Rica.
Você acha que o Dia da Mulher Negra Afrolatino-americana e caribenha já é algo que está incorporado no Brasil?
A gente teve uma evolução tremenda em relação a isso. Quando o Latinidades surge, em 2008, a gente toma como missão, entre outros objetivos, popularizar o 25 de julho no Brasil. Quando a gente olha para 14 anos atrás, eram pequenas as iniciativas nesse sentido. O Latinidades vem e consegue acolher várias redes e amplificar essa data, ano após ano, e aí é muito gratificante olhar para o que era o 25 de julho em 2008 e olhar para agora, que não é um dia, é um mês inteiro.
O Julho das Pretas é um potencial como o 20 de novembro, e, assim como o Dia da Consciência Negra, é um marco construído ano após ano. A gente tem o Dia da Mulher Negra como lei, então ele está no calendário oficial, e acredito que ainda tem um caminho longo para fazer isso se espraiar e ser realmente uma data lembrada, comemorada e reafirmada na base.
Mas, acho que a gente está muito próximo disso, e já era de se esperar que o movimento de mulheres negras na América Latina realmente conseguisse pegar essa data e transformar, de fato, num marco enorme e visível para a sociedade, porque é um momento em que a gente celebra os nossos fazeres, nossa existência, nossa contribuição para a sociedade, reivindica visibilidade, políticas públicas e discute a situação da mulher negra na América Latina.
A atuação das mulheres negras acontece de maneira diversa ao longo do ano, mas no 25 de julho a gente percebe que, cada vez mais, essa data se amplia, cria pontes, diálogos e tem mais visibilidade, inclusive nos meios de comunicação. Não foi do dia para a noite, a gente está falando de 14 anos de Brasil, tendo o Latinidades como marco, e de 30 anos que a gente vai fazer em 2022, desde a criação do 25 de julho. Esse estágio que a gente chegou tem a ver com 30 anos de luta e de construção.
Ao longo dos anos o Latinidades se transformou bastante. Ano retrasado vocês fizeram uma edição fora de Brasília, ano passado veio a pandemia, como você enxerga o futuro do Festival?
Ao longo de todo o processo, eu não vejo que o Latinidades tenha se transformado nos últimos anos, eu acho que ele se transformou desde o primeiro minuto, quando primeiro ele era um projeto local, que tinha motivações muito ligadas à história e à dinâmica do Distrito Federal periférico e preto. Depois, ele vira nacional, se conecta com outras redes, com outros propósitos, pega essa bandeira de popularizar o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e caribenha, partindo das artes e da cultura começa a ser um espaço procurado por outros tipos de articulação, pela academia, por outros tipos de movimentos sociais e de pautas que a gente não imaginou no primeiro momento.
Então, sempre teve mudanças, um lugar de flexibilidade, um lugar líquido, de mar, de rio, de firmeza e de fluidez e que acolheu e foi acolhido e que esteve e está em constante transformação. Isso se deu por coisas boas que chegaram pra gente e por desafios impostos pela falta de políticas públicas, pelo racismo, pelo machismo, pela falta de investimento no projeto, por exemplo, como aconteceu quando a gente teve que ir para São Paulo, sem investimento nenhum do Distrito Federal, sem reconhecimento daquilo que a gente vinha fazendo.
Foi um desafio que tinha tudo para ser problemático, a gente em outra cidade, em outro contexto, longe dos nossos fornecedores, da nossa rede de trabalho, mas ao mesmo tempo, serviu pra gente perceber que o Latinidades não era só de Brasília, era do Brasil. Então a gente percebe, em São Paulo, que o Latinidades tem asas e pode acontecer onde for. Nessa perspectiva de acontecer onde for, vem a pandemia, coloca a gente numa situação de fazer ou não fazer.
Foi um momento muito delicado, de muita tensão, porque um dos valores agregados do Festival Latinidades é que ele é um espaço de encontro, com mulheres de todo o país, se reunindo na Esplanada dos Ministérios, que é um símbolo administrativo de poder, e ao mesmo tempo, um lugar onde as pessoas negras são subrepresentadas ou vistas em lugar de subalternidade, e a gente tá ali, em massa, às vezes colocando 30, 40, 50 mil pessoas.
A gente se questionava, se era uma coisa que a gente ia fazer – estar nesse ambiente virtual -, mas rapidamente a gente entendeu que era para estar, sim, que a gente não ia deixar de fazer uma edição, e que era mais importante discutir os temas que a gente discutiu: utopias negras no ano passado, e ascensão negra neste ano. Eu acho que o projeto, de fato, é uma constante dialética, uma constante transformação.
Que retornos você recebe sobre o Festival?
Já recebi feedbacks como uma vez que eu estive em Salvador para entrar numa festa, perdi o convite e quando fui comprar de novo, a pessoa da bilheteria, que eu nunca tinha visto na vida, disse: Você não é do Latinidades? O Latinidades mudou a minha vida, você não vai pagar para entrar aqui.
Recebo também feedbacks sobre marcas que expuseram no festival e depois cresceram, pessoas que participaram em determinado ano das atividades formativas e tiveram a carreira impulsionada, ou pessoas que trabalharam como voluntárias no programa Serviço de Preto e que depois montou a própria empresa e já está no mercado trabalhando na área da cultura.
Recebo relatos de pessoas que receberam notícia de gravidez, gente que foi pedida em casamento, durante o Festival. São muitas memórias e muitas histórias. Nesse momento, a gente está mirando a edição de 2022 muito baseada nisso, em quantas histórias, memórias e coisas aconteceram durante essas edições do Festival e marcaram as pessoas.
Muitas pessoas levaram os temas do Latinidades ou o próprio Festival para defender na academia, seja como monografia, como publicação de artigos. Às vezes não consigo acreditar que aconteceu tudo isso mesmo, que foi articulado a partir da utopia e do sonho de uma mulher preta periférica e que encontrou com outras pessoas que colocaram seu sonho, sua vida.
Foram muitas mãos, mentes e redes envolvidas. Acho que esses feedbacks vão estar muito presentes no que vai ser a próxima edição do Latinidades e próxima fase do Festival. O mais importante são as histórias das pessoas e é esse movimento que é o futuro, que é o passado, que originou a criação.
O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, celebrado neste domingo, dia 25 de julho, simboliza mais uma data de luta contra o racismo. Ainda hoje, uma das formas de resistência é a aceitação de um dos aspectos mais característicos da identidade negra: o cabelo.
Em meio a uma sociedade em que o padrão de beleza é ser branca, qualquer traço — ou fio — que não seja associado a essa etnia é considerado “ruim”. Por isso, o especialista em “cabelos reais” Bruno Dantte aponta sete motivos para se aceitar e enxergar beleza em cada curvatura.
Para assumir o cabelo natural é preciso, primeiramente, desconstruir mitos, especialmente os relacionados ao cabelo crespo. Um deles é que os fios são resistentes e “duros”. Segundo Bruno, cabelos com curvatura mais fechadas, como os 4A, 4B e 4C, são super finos e a ação da química neles é muito mais agressiva.
Outro ponto importante é a ideia de que o cabelo afro não define. Por anos, produtos de beleza foram escassos às mulheres negras, tornando, portanto, o cuidado menos preciso. “O preconceito sempre vai apontar que o cabelo afro é mais difícil de lidar, mas é justamente ao contrário. Quando mulheres aprendem a fazer uma definição, ela pode durar por dias. Além disso, livre das químicas a versatilidade é garantida, podendo ousar nos penteados, na coloração mais saudável, nas tranças e, até mesmo, na chapinha sem danificar os fios”, explica Bruno Dantte.
O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha surgiu em 1992, em um encontro de mulheres negras em Santo Domingos, na República Dominicana. Elas definiram a data e criaram uma rede para pressionar a Organização das Nações Unidas (ONU) a assumir a luta contra as opressões de raça e gênero.
Atualmente, as mulheres negras são maioria entre os brasileiros (28%), de acordo com o IBGE. No entanto, representam o grupo socioeconômico e político mais vulnerável do país.
Confira os 7 motivos para assumir já o cabelo natural:
1 – Ter o cabelo mais saudável
O cabelo crespo sempre foi tratado com química quando, na verdade, a química não trata, mas deteriora e quebra a fibra capilar, deixando-a mais sensível, seca e sem vida. Então, se você quer poder ter um cabelo mais brilhoso e hidratado, de dentro para fora, é ideal assumir os cachos ou o Black Power.
2 – Poder descolorir sem medo
Consequentemente, com um cabelo mais saudável é possível descolorir, podendo brincar um pouco mais com as cores. Quando um cabelo com química é tingido, ele quebra, pois a coloração é uma química alcalina e o relaxamento também. No momento em que são combinados, o cabelo pode cair, quebrar ou ficar extremamente ressecado.
3 – Versatilidade de penteado
O cabelo crespo pode ser usado definido, ou seja, com muito ou pouco volume; pode colocar tranças também — característica muito importante da cultura africana. Inclusive, ele é tão versátil que pode ser usado liso, fazendo uma escova, ou formando cachos com o babyliss ou chapinha. O cabelo natural aguenta toda a versatilidade que a química não proporciona.
4 – Ter mais autoestima
Quando a mulher negra assume seu cabelo crespo ou cacheado tem a autoestima muito mais elevada, pois é um visual que ela começa a experimentar com o cabelo mais saudável e versátil. O fator volume tem sido cada vez mais visto como empoderamento negro. A possibilidade em poder ser quem é e mudar a partir do natural transforma a autoestima.
5 – Ser representatividade
As mulheres que já assumem os seus cabelos naturais são referências para outras pessoas no trabalho, na família, para crianças. Com o advento das redes sociais, esse movimento de representatividade tem crescido e ajudado, cada vez mais, pessoas a reconhecerem a beleza que existe em cada curvatura do cabelo afro e na mulher negra.
6 – Combater preconceitos e o racismo
Ainda hoje, muitas mulheres precisam alisar o cabelo para serem aceitas no mercado de trabalho, por exemplo. A partir do momento em que as crespas e cacheadas começam a usar o cabelo natural, há um movimento de mudança de consciência, quebrando preconceitos e racismo. No dia a dia, essas mulheres contribuem para normalizar em todos os ambientes o cabelo crespo com volume, com definição, loiro, grande, em todas as suas formas.
7 – Assumir a identidade (ser você mesma)
Todo povo tem a sua identidade. A identidade de uma mulher crespa está muito associada ao cabelo. Deixar o cabelo natural é uma forma de resistência contra aos padrões e é aceitar sua ancestralidade, acima de tudo, fortalecendo um movimento de que vidas, culturas e fenótipos de pessoas negras importam e merecem ser apreciados.