Ignez Bacelar Sales fundadora da Makida - Foto: Divulgação
“A palavra Makida que deu origem ao nome da marca é de origem etíope e tem um significado especial ‘a mais bela’ numa só palavra. Porém mais que isso, é a combinação perfeita para associar a mulher brasileira forte, resiliente, próspera, independente e bem sucedida do hoje e do amanhã”. É assim, como muita paixão, que Agnez Bacelar Sales, proprietária da Makida negócio focado na moda afro para mulher negra contemporânea define sua empresa.
Nascida em 2016, Makida começou como uma loja virtual. Agnez trouxe todo seu expertise adquirido em 10 anos no mundo corporativo para o seu próprio negócio. “A empresa nasceu com objetivo empoderar, valorizar e enaltecer a identidade cultural da mulher brasileira, especialmente da mulher negra em ambiente corporativo, pensando peças pra mulheres negras nesses espaços”, explica a empresária que hoje tem uma loja da marca no bairro da República, centro de São Paulo.
Ignez Bacelar Sales fundadora da Makida – Foto: Divulgação
Agora em 2021, um ano desafiador para afroempreendedores, a empresa completa 5 anos e celebra a data com um leilão. “O presente vai para nossas rainhas que nos sustentaram até aqui. Faremos um leilão com peças em diversos tamanhos a partir de $19.90, sorteios e brindes serão dados as nossas clientes pelo nosso aniversário. Será uma live ás 14 horas”. O evento domingo acontece domingo, 25, no Instagram da marca @makidamoda.
https://www.instagram.com/p/CN4wKLPHIix/
Agnez conhece 15 países, faz pós-graduação e o amor à negritude vai além das estampas africanas das suas roupas. Ela está atenta ao impacto social do seu negócio e emprega mulheres negras periféricas. “A nossa cadeia é voltada para o Black money, assim, nossas profissionais, parceiros e fornecedores em sua maioria são negros”.
Com o leilão, Agnez pretende amenizar alguns efeitos da crise econômica por conta da pandemia do coronavírus. Fechar as portas não é nem uma opção, mas ela considera se mudar para um local menor. “Os custos de uma loja grande como a nossa, no centro de São Paulo são altíssimos. E infelizmente houve pouca ou nenhuma flexibilidade partindo dos locatários empresariais daquela região”.
Lisiane Lemos gerente Google , Stephanie Ribeiro apresentadora Decora (GNT) são algumas das clientes da Makida, marca essencial para quem gosta de uma roupa étnica para todas as ocasiões.
Agnez e Stephanie Ribeiro – Foto: Reprodução Instagram
Leilão Makida Dia: 25/04 Horário: 14h Local: perfil do Instagram da Makida (clique para acessar) Site: www.makida.com.br What’s App: (11) 94129-7647 Loja física: Rua Barão de Itapetininga 37, piso superior lojas 74 e 76 – Galeria Nova Barão – República.
“Eu amo meu país” é a primeira frase da HQ Capitão América: Sam Wilson de Nick Spencer e Daniel Acuña que em 2015 colocou um homem negro como Capitão América e em 2021 vemos isso acontecer no universo Cinematográfico Marvel, o quão importante é isso?
Sam Wilson Capitão América- Nick Spencer (2015)
Desde Vingadores: Ultimato já estava estabelecido que Sam Wilson seria o novo Capitão América. Bom pra alguns, ruim para outros, a recepção a esse tipo de noticia é sempre a mesma nas redes, tem aqueles que amam e aqueles que simplesmente odeiam por não ser mais um homem branco, forte e heterossexual assumindo o manto.
O Capitão América é negro…Consigo lembrar da sensação que tive quando ouvi essa frase pela primeira vez em 2015 e fiquei tão feliz com a novidade que me esqueci que estamos em um mundo em que o anuncio de Sam Wilson como Capitão traria tanta reclamação e racismo.
Falcão e o Soldado Invernal (2021)
Tudo isso de novo? Em 2015 já passamos por isso, por que temos que passar por isso de novo? Capitão América: Sam Wilson foi incrível, um arco de histórias sensacional e mesmo assim as mesmas reclamações de novo? Ok, nós dois sabemos que a grande maioria das pessoas que reclamam sequer leram os quadrinhos, mas eu ainda tinha certa esperança de que alguma coisa mudaria.
Mas e então veio o anuncio de Falcão e o Soldado Invernal e Sam Wilson não era o Capitão América…Bom, no final das contas sabíamos que Sam se tornaria o Capitão, mas todo o processo até isso acontecer foi importante.
Falcão e o Soldado Invernal fala, desde seu inicio, sobre temas complexos e com pontos de vista diversos. O que mais me atraiu na série foi a possibilidade de se discutir abertamente sobre esses temas com argumentos diversos fornecidos pela narrativa, a minha conclusão sobre tudo pode ser completamente diferente da sua e ainda sim fazer sentido.
Karli Montergau e os Apátridas, apesar de colocados enquanto antagonistas, não são apenas vilões e até mesmo o Mercador do Poder descobrimos ter motivações para fazer o que fez.
Falcão e o Soldado Invernal fala muito sobre legado, mas não apenas sobre o legado do escudo do Capitão América. Fala também sobre o legado construído através das ações por trás dele. A série desconstrói o que representa a peça de metal com a bandeira americana para o público e para os heróis e a cada episódio vemos o foco mudar de quem Steve Rogers era para que passemos a pensar no que Sam Wilson representa.
John Walker
A aparição de Isaiah Bradley e todo seu Background nos quadrinhos veio justamente em um dos episódios que mais falou sobre racismo e trouxe um pensamento extremamente válido e importante ao debate. A série, como eu já disse, faz isso em diversas situações, apresenta diálogos e contextos importantes para a construção das motivações dos personagens e discursos em contraponto muito potentes.
Isaiah Bradley
Durante o quinto episódio, por exemplo, a série esfrega em nossa cara a forma complacente com a qual o governo americano lida com um erro de John Walker, um homem branco, e a forma como Isaiah, um homem negro, precisou fingir estar morto para conseguir escapar da prisão e viver em paz. A narrativa faz esses paralelos em diversos momentos, até mesmo com Bucky e Sam.
Falcão e o Soldado Invernal discute fronteiras, discute racismo e xenofobia e traz um mundo muito parecido com o nosso. O que nos faz refletir sobre não precisarmos de um blip para que a nossa sociedade faça o que faz com imigrantes nas fronteiras e nem de um soro de super soldado para que o governo trate pessoas negras como cobaia, tal qual Isaiah Bradley.
O meu ceticismo com relação a uma série da Disney discutir abertamente questões delicadas nas telas, como Spencer faz nos quadrinhos, foi quebrado por uma grata surpresa. Por aqui não há medo em trazer essas discussões de forma que se contrapõem até mesmo ao final da narrativa, a história vai até onde precisa ir e apresenta os discursos sem medo.
Falcão e o Soldado Invernal é uma série sobre perspectivas e o que torna estes personagens heróis ou vilões são suas escolhas e estas escolhas representam não somente os indivíduos, mas também o que estes viveram. Do alto de nossos privilégios julgar as decisões de personagens que passaram por tanta coisa parece ser fácil, mas a narrativa vai muito bem em nos mostrar o fardo que todos carregam. De Karli e Walker à Sam e Bucky, todos possuem motivações que giram em torno de suas existências e influenciam suas decisões e perspectivas e isso é muito bem apresentado.
Karli Montergau
Dentro de todo esse discurso social e politico que nos é apresentado ainda temos tempo de nos deleitar com boas cenas de ação e até mesmo sonhar com uma série exclusiva para as Dora Milaje e ter certo vislumbre do universo Marvel pós acontecimentos de Ultimato. Algo que não tivemos com WandaVision que foi bastante contida nesse sentido.
Falcão não é mais apenas o Falcão e Bucky deixou de ser o Soldado Invernal, mas apesar de tudo parecer bem colocado, há muito ainda para ser explorado. E apesar de iniciar esse texto com uma pergunta e a tendência ser que eu responda ela por aqui, sinto decepciona-los, mas não tenho essas respostas…Somente o tempo tem e me limito a deixar a reflexão.
O que significa para o mundo – tanto na série quanto no nosso – alguém que se parece com Sam assumir o manto de Capitão América? Ele algum dia será aceito como tal? A América aceitará um Capitão América Negro?
Na última semana mais um caso de racismo nas redes sociais ganhou notoriedade, Nicole Karateca, uma adolescente de 15 anos postava vídeos do seu cotidiano no app TikTok e conforme as visualizações cresciam, chegavam também comentários racistas sobre o seu cabelo e sobre a casa humilde em que mora.
Mas dessa vez, rapidamente se espalhou uma corrente de amor, as redes sociais de Nicole foram invadidas por pessoas que se identificaram com ela e comentavam palavras de apoio. Artistas e influenciadores compartilharam o perfil de Nicole que hoje já conta com mais de 300 mil seguidores no Tik Tok e Instagram (cada).
Até mesmo a cantora Ludmilla divulgou o ocorrido e fez um convite para a Salon Line tornar Nicole uma das embaixadoras da marca.
Entre uma das coisas boas que aconteceram com a jovem teve também a criação de uma vaquinha online realizada pelo perfil “Razões para acreditar” para Nicole e sua família conseguirem um novo lar.
A vaquinha está sendo divulgada pelo perfil “@voaa_vaquinhadorazoes”
“Conhecemos de pertinho a sua história e de sua família e descobrimos que passam por bastante necessidade. Nicole mora com os pais e mais seis irmãos pequenos numa periferia muito violenta do Rio de Janeiro, por isso, a sua mãe teme pela segurança e pela vida dos filhos! 😢
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Lançamos a vaquinha na @voaa_vaquinhadorazoes para que consigam ter um lar mais seguro e confortável para viverem!”
A vaquinha já arrecadou mais de R$60 mil e os interessados em contribuir com devem acessar o seguinte link: voaa.me/nicole-vaquinha
Na última quarta-feira (21), pelas redes sociais, o Disney+ surpreendeu os fãs da animação “Soul” com o questionamento: “Já perguntou o que 22 estava fazendo antes de Joe Gardner aparecer?”. Na sequencia, anunciou que um curta-metragem sobre a personagem 22 de “Soul” será lançado no dia 30 de abril.
Intitulado “22 vs. Earth”, o projeto tem a intenção de mostrar a jovem alma, que chamou a atenção pelo sarcasmo e perspicácia, muito antes de conhecer Joe Gardner. Tina Fey promete retornar como a dubladora da personagem.
A produção mostra 22 se recusando a ir à Terra e recrutando cinco almas em uma tentativa de rebelião. As atividades do grupo, no entanto, levam a resultados bastante inesperados.
Em nota, o diretor Kevin Nolting falou sobre o curta: “Ele foi uma chance de explorar algumas das perguntas não respondidas que tínhamos sobre o por que 22 era tão cínica. Como sou bastante cínico, me parecia o material perfeito”.
Antes de lançar seu primeiro álbum – previsto para o segundo semestre e contemplado pelo Natura Musical – a cantora e compositora Nara Couto, um dos nomes mais reluzentes da nova cena baiana, disponibiliza hoje a faixa “Linda e preta”. Com produção de Ubunto o single é cheio de suingue e apresenta esta nova fase na carreira de Nara com versos certeiros, compostos por Jarbas Bittencourt.
“Linda e preta, da cor da noite da Bahia. Preta, o dia te anuncia. Linda e preta, você, você, você virá”, garante a primeira estrofe da canção. O lançamento faz parte do Festival Novíssimos Lab e chega pelo selo Alá, com distribuição da Altafonte.
“Esta música tem o sentimento de enaltecer, evidenciar e reverenciar a beleza da mulher negra, e a minha própria beleza. Meu desejo é que siga sendo a canção que mulheres como eu ouçam e sintam que ela foi feita especialmente para nós: mulheres lindas e pretas e todas e todos que admiram meu trabalho“, revela Nara.
Ela traz na dança, nas artes visuais e na poesia, mais elementos para embasar a proposta artística de Nara. Suas apresentações são como bênção para corpo e para alma. E agora, depois de se tornar um dos principais expoentes da música contemporânea na Bahia, se prepara para uma temporada em São Paulo.
“Estou em um mergulho profundo em uma nova etapa, criando e produzindo arte que continua fiel à minha própria existência e cria novas texturas, cores e sonorização“, revela a cantora.
Sem dúvidas, a faixa que chega hoje nas plataformas digitais é um belo cartão de visitas para esta fase de Nara Couto. E “Linda e preta” é de fato um hino à autoestima da mulher preta, cantado por uma voz cheia de talento, luz e com a força das águas.
Fernando Silva Bispo, mais conhecido como Fernando Holiday, é um político brasileiro, atualmente sem partido e vereador da cidade de São Paulo que, aos 20 anos, foi eleito o vereador mais jovem da história do município. Defensor de uma direita liberal, Fernando sempre teve dúvidas sobre sua ancestralidade, assim como milhares de brasileiros que não tiveram a oportunidade de conhecer aqueles que constituíram suas ancestralidades.
Na nova série documental produzida pela UOL, o vereador teve a oportunidade de realizar um teste rápido de DNA para entender suas origens e de onde venho maioria de sua família.
“As primeiras dúvidas de Fernando Holiday (sem partido-SP) sobre a própria origem surgiram na adolescência, mas não havia para quem perguntar. O pai abandonou a família e a mãe não era muito de falar do assunto. Os parentes, muito idosos, tinham dificuldades para lembrar. O pouco que Fernando sabia era que a avó da avó havia sido escravizada. Ouviu que uma bisavó era branca. Do lado do pai, então, só sabia que eram todos negros de Vitória da Conquista (BA). O resto era palpite.”
Ao longo do projeto, os testes foram feitos com artistas consagrados, como Péricles, e jornalistas, como a Maju Coutinho, e era comum que suas famílias tivessem suspeitas de ondem vinham. Não foi diferente com a família do Holiday que suspeitava ter alguma ligação com Angola, algo que era atribuído a uma certa semelhança física. Era puro chute, mas foi o que o teste confirmou.
Segundo o próprio site de notícias, o politico não negava os impactos da escravidão ou sua raça, mas, depois do teste, virou algo pessoal. É como se aquele período em que ele tanto estudou saísse dos livros e entrasse na sua vida.
“Agora consigo enxergar meus parentes sendo carregados em navios negreiros até o Brasil, uma terra absolutamente desconhecida, e escravizados de maneira desumana. Agora eu sinto como se essas pessoas fossem da minha família.”
Holiday sabia que havia alguma influência europeia na família. Por isso, temeu que o teste o mostrasse “menos negro”, o que poderia ser usado contra sua figura política. Com o resultado em mãos, avaliou que isso só confirma sua origem miscigenada:
O teste ainda mostrou 26,4% de origem na Hungria no vereador, que se mostrou surpreso com o resultado:
“Me surpreendeu tudo isso de um único país. Comecei a pesquisar, mas não acho nenhum traço de cultura húngara na minha família. Descobri que foram duas ondas de imigração e acho que esse encontro aconteceu depois da Segunda Guerra.”
Holiday tem um posicionamento contra cotas que não foi mudado após o teste e ele explica seus motivos para isso, ele não nega que existe racismo no Brasil, mas concorda com o economista norte-americano Thomas Sowell, que vê ações afirmativas como incapazes de solucionar desigualdades.
O exame, feito através do coletor de saliva, trouxe um mapeamento da sua ancestralidade, mas o teste de DNA não resolveu tudo. “Vai ficar uma dúvida para o resto da minha vida: minha tataravó era nigeriana ou angolana? Quando essas pessoas chegaram? Essa linhagem da minha família começa lá no século 16 ou mais para o século 18?”, explica. pria origemorça n
Recentemente, a Turma da Mônica anunciou seu mais último lançamento, a boneca Milena. Nos quadrinhos, a personagem é filha de uma veterinária, por isso, ama e protege os bichinhos. Milena é uma garotinha muito esperta, com cabelos crespos e pele escura, sendo a primeira protagonista negra da Turma da Mônica.
Muitas crianças dos anos 90 – e até hoje – cresceram lendo as histórias da turminha mais conhecida do bairro do limoreiro, mas apenas em 2017 foi anunciada que teria um personagem protagonista e negra nos quadrinhos. Uma dessas crianças, foi a Dra. Jaqueline Goes, biomédica e pesquisadora brasileira que mapeou os primeiros genomas do novo Coronavírus no Brasil, que ao saber que Milena se transformaria em boneca, falou um pouco sobre a importância disso para as crianças pretas.
“A minha infância, mesmo, foi permeada pelas histórias do Mauricio de Souza e minha identificação com a Mônica ficava por conta dos apelidos, já que eu era muito dentuça [ainda sou, um pouco]. Mas o vínculo parava por aí.” Começou ela, afirmando sobre a Milena, “Parece ter sido feita sob encomenda para mim. Sua cor, a textura de seu cabelo e até a curvatura dos cachos são iguaizinhas às minhas.”
Personagem Milena da Turma da Mônica
“Eu sei que falando assim, parece bobagem, mas só quem cresceu em mundo com quase nenhuma referência sabe o significado de uma boneca como essa nas prateleiras dos supermercados. Que esse movimento se expanda cada vez mais, ao ponto de não ser mais novidade em nossa sociedade. Até lá, sigamos apontando e parabenizando essas iniciativas!” Completou a cientista
A ideia de Mauricio de Sousa é dar ainda mais protagonismo para Milena, e não que seja simplesmente mais uma personagem do elenco. Nas redes sociais, os posts nos veículos originais da turma com imagens da menininha têm gerado boa repercussão, inclusive com pais reagindo positivamente e respondendo com imagens das filhas se reconhecendo nos traços de Milena, mostrando o quanto se faz importante a representatividade para essas crianças.
“A Milena e sua família, passaram a integrar a turma muito tempo depois, e confesso que só a descobri no ano passado, quando o Projeto Donas da Rua, me prestou homenagem, justamente, sendo representada com as características da Milena… Ainda no ano passado, quando a homenagem foi veiculada nos meios de comunicação, amigas me relataram que daquela forma ficava mais fácil explicar para suas filhas, o que fazia uma cientista.” Finalizou Jaqueline.
Foto: Divulgação
Título: Justina Maria do Espírito Santo
Técnica: Acrílica e spray sobre tela - 50 x 80 cm.
Obra feita por Michel Cena7 para o "Enciclopédia Negra"
Na mostra “Enciclopédia Negra”, com início neste sábado (24), a Pinacoteca de São Paulo exibirá os retratos de 120 personalidades negras da história brasileira criados por 36 artistas negros contemporâneos. As obras foram produzidas para ilustrar o livro de mesmo nome, lançado em 30 de Março pela Companhia das Letras.
O projeto, organizado por Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Schwarcz, traz 417 verbetes sobre personalidades históricas e anônimas cujas atuações se destacaram ao longo de quatro séculos de Brasil, em um trabalho de resgate da memória daqueles que foram apagados pelo racismo e pelo colonialismo que levou mais de seis anos para ser finalizado.
Entre os artistas convidados a colaborar com o livro estão nomes como Antonio Obá, Ayrson Heráclito, Igi Ayedun, Juliana dos Santos, Michel Cena7, Mônica Ventura, Nadia Taquary, Rodrigo Bueno e Sônia Gomes, que trouxeram suas referências artísticas e experiências pessoais para os retratos.
Michel Cena7, por exemplo, buscou inspiração nas pessoas negras que o cercam ao personificar em amigos e amigas a imagem das figuras históricas, criando uma representação mais humanizada de seus legados. Liberata, mulher escravizada que entrou em uma batalha judicial para conseguir sua alforria com êxito, e posteriormente tentou sem sucesso libertar também seus dois filhos, é personificada na amiga Carla, junto à sua mãe e seu irmão. Entre as cinco obras que criou para o projeto há também um autorretrato, onde Cena7 representa o artista escravizado Antônio Teles, que pintou esculturas e desenhos no Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro.
A exposição fica em cartaz até 11 de Outubro, quando as obras serão incorporadas ao acervo da Pinacoteca. Esta é parte de uma série de ações recentes do museu, que abriga a maior coleção de retratos do país, em busca por uma maior diversidade e representatividade em sua coleção.
Programação:
“Enciclopédia Negra”
Local: Praça da Luz, 2 – Luz, São Paulo – SP
Abertura: 24/04/2021
Visitação: 24/04 a 11/10/2021
Horário de visitação: Quarta a segunda-feira, das 10 às 18h. Agendamento de visita através do site oficial da Pinacoteca de São Paulo.
Katiúsca Ribeiro, filósofa e mestra em filosofia Africana, relatou em seu Instagram que durante a palestra “A importância da Filosofia Africana no combate ao racismo estrutural“, realizada no dia 24 de março, “aconteceu algo absurdo“.
O evento organizado pelo Centro Acadêmico de Filosofia (CAFil) da Unicamp, como abertura do ano letivo para a recepção dos calouros, teve a presença da filósofa como conferencistas na mesa “A filosofia Africana e o racismo estrutural“. Segundo Katiúsca, nesse evento ocorreram invasões à sala de transmissão e atos de violência com diversos xingamentos racistas e sexistas. “Inclusive, alguns falaram que ali não era meu lugar que o lugar de mulher é na cozinha e que merecemos ser estupradas e o pênis enfiado na garganta para nos silenciar, sendo apresentado vídeos contendo imagens de estupros e mais xingamentos“.
A caracterização explícita de um ataque de cunho racista e sexista, se evidencia quando se constata que a única mesa atacada foi a de uma mulher preta com abordagem em filosofia Africana e racismo estrutural. “Na ocasião convidei minha mãe para assistir e ela ficou apavorada e com medo“.
Estamos em um tempo histórico de extrema vigília e controle. Os corpos de pessoas pretas são alvo constates das esferas genocidas do Estado. O ataque sofrido na Universidade Federal de Campinas – Unicamp na mesa: “A filosofia Africana e o Racismo estrutural”, demostra a ferocidade do racismo e seus tentáculos na sociedade brasileira. Aliás, ataques como esse, apenas nessa mesa, afirmam como as estruturas filosóficas hegemônicas criam um modelo de sujeito universal que estrutura a realidade social desde sempre.
No entanto, respirei fundo abrimos outra sala e segui com conferência … Continuei com o núcleo de consciência negra e juntos reagimos, o que queriam não aconteceu acabar com a mesa, minha passagem ali era poderia até ser passageira mas diversos estudantes negros permaneceram na universidade e acredito em povo e não poderia abandona-los.
Atenção aos Racistas e Machistas: Mulheres pretas e seu povo não serão mais silenciadas“, finalizou Katiúsca Ribeiro em publicação.
A Universidade Estadual de Campinas emitiu nota repudiando o ato e convidou a comunidade a somar-se ao repudio e a se manter alerta para impedir que episódios como esse voltem a se repetir; Confira:
“A Direção do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas e a chefia do Departamento de Filosofia se solidarizam com a pesquisadora e professora Katiúscia Ribeiro pelo ataque racista e sexista que sofreu de covardes anônimos durante a palestra “A importância da Filosofia africana no combate ao racismo estrutural”, realizada no dia 24 de março. O evento, organizado pelo O Centro Acadêmico da Filosofia (CAFil) e pela representação discente do curso de Filosofia era parte das atividades da Calourada 2021, com o tema “O Racismo Estrutural”.
Repudiamos veementemente este ato violento, perpetrado por pessoas que não aceitam a presença de mulheres, sobretudo de mulheres negras, em lugares de destaque na universidade pública, na docência e na pesquisa. Não é o primeiro ataque que sofremos, e provavelmente não será o último. O Instituto de Filosofia e Ciências Humanas reafirma sua vocação democrática e inclusiva e seu compromisso com a promoção da justiça e da igualdade social, racial e de gênero. Convocamos toda nossa comunidade somar-se ao repudio e a se manter alerta para impedir que episódios como esse voltem a se repetir e para que possamos criar um espaço virtual seguro para o desenvolvimento do pensamento crítico e a defesa dos valores que partilhamos.“
O brother João Luiz está correndo risco de eliminação no paredão desta quinta-feira (22), nas últimas semanas, João ficou em evidência no programa após denunciar uma situação racista que sofreu quando o sertanejo Rodolffo comparou seu cabelo crespo com o de uma peruca de um homem das cavernas.
Infelizmente, vítimas de racismo nesse tipo de entretenimento na maioria das vezes são consideradas vitimistas e “mimizentas” e não foi diferente com João, na mesma proporção que ele foi acolhido pela comunidade negra, foi criticado pelos outros telespectadores, desde então, João Luiz tem a sua permanência ameaçada no reality.
Nós viemos ressaltar a importância do professor no reality show e o que sua vitória simbolizaria.
Uma história que inspira:
João Luiz tem 24 anos e é professor de história, ganha em torno de R$2 mil reais e inclui o gasto com passagens para ir trabalhar, mas ainda assim é apaixonado pelo que faz. João é gay e mora com o namorado Igor Moreira, o professor em sua entrevista para o reality contou que já sofreu muito preconceito por ser negro e gay, mas ainda assim, falar sobre sua sexualidade é uma das coisas que mais gosta de fazer.
A história de João inspira muitos homens, negros e gays que precisam lidar com o racismo e a homofobia que não tiram folga no Brasil, e a vitória do brother significaria muito além de dar o prêmio de R$ 1,5 milhão para um professor de geografia, seria mostrar que o Brasil escolheu e acolheu um professor, gay e negro para vencer um dos reality’s mais assistidos do país.
Falas que importam:
Nesses 3 meses no reality, João já protagonizou debates incríveis que ajudaram pessoas a entenderem melhor diversas questões sociais e raciais, em uma breve conversa em que a sister Juliette foi bifóbica, o participante de forma muito didática desmitificou um preconceito que cai sobre pessoas bissexuais e tirou a dúvida de muitos telespectadores a respeito da comunidade LGBTQIA+
“Lucas despirocado, bissexual. Aí ele não decidia se ele queria mulher ou homem, aí, confuso…”, disse ela. João respondeu, dizendo: “Mas não precisa decidir”. “Mas ele quis os dois, então quem tem dois não tem nenhum” disse a maquiadora. João então disse a Juliette que pessoas bissexuais não precisam decidir entre um ou outro e que a bissexualidade não se trata de indecisão. O diálogo repercutiu muito aqui fora, e foi esclarecedor para muitas pessoas que ainda não entendiam sobre bissexualidade.
Como mencionado, o professor passou a ser perseguido por um grupo de telespectadores que não acharam correto o posicionamento do brother contra o racismo que sofreu, isso acontece em muitos casos de racismo, em que a vítima passa a ser considerada culpada, já que o acolhimento que pessoas brancas recebem é muito maior do que o de pessoas pretas, por pouco o sertanejo Rodolfo não permaneceu no programa mesmo após a fala racista e agora, as pessoas querem punir João pelo racismo que ele mesmo sofreu. Isso nós vemos diariamente, seja na nossa realidade ou ficção, pessoas negras são questionadas por ter sofrido racismo enquanto quem praticou é facilmente perdoado.
Confira algumas frases que mostram como pessoas brancas esperam ser ensinadas sobre o racismo que elas mesmas criaram:
“O Rodolffo errou, errou. Mas como professor, o João como professor deveria dar o exemplo e ter conversado antes e explicado, à quem precisa ser ensinado, jamais apredejar.” publicou um telespectador
“Ver o lado do João e entender que não é vitimismo, e tentar entender o lado do Rodolffo sem querer crucificar ele, e sim ensinar. É sobre isso gente” postou outra telespectador
“O Rodolffo é muito querido, gente boa. Foi tratado como um canalha, foi humilhado.” publicou um internauta
Toda a questão envolvendo o racismo que o João sofreu e a reação do público mostra o quanto pessoas negras precisam agradar a tudo e todos o tempo todo, esperavam do João uma reação mansa, esperavam que ele explicasse didaticamente sobre racismo e o João fez o oposto. Ao não ter o que esperavam, passaram a trata-lo como vilão. O público branco precisa entender que pessoas negras não estão aqui para suprir expectativas criadas sobre elas, e a permanência do João na casa se trata de quebrar essas perspectivas de “negro submisso”
Na edição mais preta do reality, a história vai se repetindo, assim como foi com Thelma e Babu na vigésima edição, o público branco espera que pessoas negras ajam de forma que os agrade sempre, de forma que se assemelhe ao ideal de negro que eles criam, e denunciar o racismo e não se calar diante de injustiças vai contra esse ideal.
João Luiz precisa ficar, porque além da sua contribuição no reality e sua história de vida, sua permanência simboliza a resistência negra, que embora seja só em um reality show, significa muito na nossa realidade. Pessoas pretas não precisam se calar e ir contra os próprios ideais para ser aceitas.