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E se essas cantoras fossem movimentos artísticos, quais seriam?

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Na imagem: Grace Jones

Certamente, quando ficamos assistindo os vídeos e ouvindo nossas artistas favoritas, nos sentimos presos a uma obra de arte. Mas e se elas fossem literalmente movimentos artísticos, quais seriam? Ligamos alguns pontos e conseguimos as seguintes conclusões, com base no trabalho e na história de cada uma delas. Olha só:

Nina Simone como Modernismo: Tanto um como o outro, nasceram na primeira metade do século XX e presavam pela liberdade, em varios sentidos. Ficaram muito famosos pelas críticas sociais e políticas, participando de diversos manifestos artisticos e de cunho social. Eram radicais, e por isso, não agradavam ”alguns”

Elza Soares como Realismo: Um e outro, sentem a necessidade de retratar a vida real, os problemas e costumes da classe média e baixa. Atitude essa, que as coloca como relevantes em um apecto social-para além do artistico. Há uma valorização do que se é.

Queen Latifah como Arte Urbana: Ambas surgiram em um cenário ”Underground”, e com o passar do tempo foram cada vez mais ascendendo socialmente. São multiplas: A Street Art é grafite, música, malabar, teatro de rua, enquanto Queen é atriz, cantora, rapper, produtora. Ambas importantes no Rap.

FKA Twigs como surrealismo: Utopia, sonhos, fantasias e devaneios são bastante presentes em suas criações- que a primeira vista, parece que não têm muita lógica. Uns adoram, outros não entendem. Definitivamente deixa as pessoas um pouco confusas.

Grace Jones como Cubismo: O uso das formas geométricas é visível nos dois casos, e tanto uma como outra influenciaram o mundo das artes visuais, romperam com o clássico, se inspiraram nas origens africanas e trouxeram o nu feminino de uma maneira nova.

Beyoncé como Arte Egípcia: Cheia de simbolismos e significados, com influências religiosas. Suas artes contam a história de um povo, e ajudam-nos a compreender a história humanidade.

Janelle Monae como Optical Art: As vezes podem ser coloridas, mas ficaram famosas pelo uso exacerbado do preto e branco. Ilimitadas, elas passaram por um desenvolvimento relativamente lento.

Mariah Carey como Renascimento: Se acha a expressão mais grandiosa de Deus, e gosta de se por como o centro das atenções. Tem características únicas, é sensual e houve um período em que alcançou a perfeição. Este, é chamado de “Alta Renascença”, ou anos 90

Lizzo como Arte Paleolítica: Se tivesse existido durante a idade da pedra lascada, Lizzo seria considerada uma deusa, assim como é hoje (ou talvez mais). Isso, pois naquela época havia uma grande valorização da figura humana, sobretudo a feminina, e principalmente: a voluptuosa. Mulheres volumosas eram associadas a fertilidade e sexualidade, um dos artefatos mais famosos do periodo por exemplo, é a Venus de Willendorf, escultura que representava tudo o que eles veneravam.

Teyana Taylor como Arte Grega: A arte grega era vasta. Incluía o teatro, literatura, pintura, a música, a dança, a escultura e a arquitetura. Tal como Teyana também é: cantora, compositora, atriz, dançarina, coreografa, diretora e modelo. O nu feminino é explorado em ambos os casos, com perfeição e simetria, se atentando aos mínimos detalhes. Há uma valorização da figura humana, de maneira forte e impactante. Os atletas eram muito valorizados, nos dois casos.

Produção literária de Carolina Maria de Jesus é tema de exposição do Instituto Moreira Salles em SP

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A partir de 25 de setembro (sábado), o Instituto Moreira Salles exibe, em sua sede de São Paulo, a exposição “Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros”. Entrelaçando diferentes linguagens, a mostra apresenta a trajetória e a produção da escritora, ressaltando aspectos pouco conhecidos de sua vida e obra. A entrada é gratuita, com agendamento prévio.

Imagem: Divulgação/IMS

A seleção reúne aproximadamente 300 itens, entre fotografias, matérias de imprensa, vídeos e outros documentos. Inclui também obras de cerca de 60 artistas, que dialogam com os temas investigados por Carolina. A curadoria é do antropólogo Hélio Menezes e da historiadora Raquel Barreto e a assistência de curadoria, da historiadora da arte Luciara Ribeiro. A mostra conta ainda com o trabalho de pesquisa da crítica literária e doutora em letras Fernanda Miranda.

Dividida em 15 núcleos temáticos, a exposição ocupa o 8º e o 9º andar do IMS Paulista, tendo obras presentes também no 5º andar, no térreo e na avenida Paulista. A mostra apresenta as reflexões de Carolina de Jesus ao longo de sua trajetória, da infância na cidade de Sacramento (MG), no contexto pós-abolição da escravatura, passando por sua chegada à capital paulista, pelo lançamento e pela repercussão de seus livros, até o fim de sua vida, em Parelheiros (SP). Na seleção, é possível observar como Carolina interpretou as contradições, a política e a desigualdade do Brasil de seu período. A exposição evidencia também a importância histórica da autora para pautas como o antirracismo, as lutas pelo letramento e pela moradia.

Estátua em bronze Uma palavra que não seja esperar (2018), de Flávio Cerqueira. estará presente na exposição

A exposição percorre a produção literária de Carolina, abordando a história e a recepção de suas obras e mostrando a amplitude e a complexidade de sua produção, em grande parte presente em cadernos manuscritos ainda não publicados. Para além do Quarto de despejo (1960), obra pela qual ficou mais conhecida e em que relata seu cotidiano na favela do Canindé, em São Paulo, a autora lançou em vida: Casa de alvenaria (1961), Pedaços da fome, cujo título original era A felizarda (1963), e Provérbios (1963). Após sua morte, foram publicados também Diário de Bitita (1986) e outras edições independentes reunindo textos seus. Ao longo de sua trajetória, Carolina escreveu ainda poemas, crônicas, peças de teatro e letras de música, a maioria também ainda inédita.

Ao longo da mostra, as pessoas também encontrarão fotografias pouco conhecidas da artista. Há imagens em que a autora aparece sorrindo, usando roupas elegantes, como sobretudos e colares de pérolas, com o cabelo à mostra, de forma altiva. O conjunto traz, por exemplo, um registro de Carolina no aeroporto, em 1961, antes de embarcar para o lançamento de Quarto de despejo no Uruguai. Em outras fotos, ela aparece em um programa de televisão com os filhos, em 1962, ou, ainda, em 1963, utilizando um vestido que confeccionou especialmente para o Carnaval daquele ano. 

Dada a relevância e singularidade de Carolina, o IMS e a curadoria consideraram essencial a formação de um conselho consultivo externo que pudesse enriquecer o conteúdo da exposição. O grupo é composto por Bel Santos Mayer, educadora social e uma das criadoras do projeto Biblioteca Caminhos da Leitura; Denise Ferreira da Silva, filósofa e professora da University of British Columbia; Carmen Silva, escritora e liderança do Movimento Sem-Teto do Centro; Conceição Evaristo, doutora em literatura e escritora; Elisa Lucinda, escritora, poeta e atriz; Lúcia Xavier, assistente social e fundadora da ONG Criola; Mãe Celina de Xangô, yalorixá e gestora do Centro Cultural Pequena África; Paula Beatriz de Souza Cruz, professora e diretora da Escola Estadual Santa Rosa de Lima; Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, doutora em educação e professora emérita da Universidade Federal de São Carlos; Sueli Carneiro, doutora em educação, filósofa e fundadora da ONG Geledés; Zezé Menezes, bióloga e ex-coordenadora do Núcleo de Consciência Negra da USP; e a atriz Zezé Motta

Na mostra, haverá um vídeo com depoimentos das integrantes do conselho.

Serviços:

Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros
Abertura: 25 de setembro de 2021
Visitação: até 30 de janeiro de 2022
IMS Paulista 
Entrada gratuita

Avenida Paulista, 2424
São Paulo
Tel.: 11 2842-9120

Horário de funcionamento: Terça a domingo e feriados (exceto às segundas), das 12h às 18h.

Para visitar a mostra, é preciso realizar agendamento prévio no seguinte site da Sympala.

Como Beyoncé vem usando sua imagem para alavancar profissionais negros ao redor do mundo

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(Arte e edição: Since Bruno / @Since_Bruno / Divulgação / Getty Images)

Cantora, compositora, atriz, modelo, dançarina, empresária, produtora, diretora e roteirista, no auge de sua carreira, Beyoncé chega aos 40 anos de idade sendo reconhecida como uma das maiores artistas da indústria do entretenimento. O enorme êxito comercial em torno de seus discos, a presença de palco com elementos marcantes de dança, a qualidade, e os icônicos videoclipes tornaram Beyoncé um dos nomes mais conhecidos e requisitados do mundo.

Dentre diversos recordes, Queen B, como é conhecida, se tornou a cantora com maior número de vitórias na história do Grammy Awards, ao todo, são 28 troféus vencidos na maior premiação de música do mundo. Artista remodelou a indústria da música com o lançamento surpresa de seu álbum visual BEYONCÉ (2013) e popularizou o uso dos chamados ‘álbuns visuais’. Em meio a tantos recordes já conhecidos, outro aspecto em torno de sua carreira vem ganhando destaque na mídia, o verdadeiro empenho da cantora em alavancar e dar visibilidade para jovens talentos, principalmente talentos negros.

Ainda no final de 2020, para a Vogue, Beyoncé revelou o novo foco em sua carreira:

“Nem todo mundo tem a oportunidade de ser contratado para trabalhar numa Vogue, dirigir um filme ou criar uma linha de roupas, e isso se atribui à falta de diversidade do ambiente. Tenho me concentrado em mudar essa mentalidade com meus projetos. Eu investi 100% dos meus ganhos para garantir que tivéssemos as melhores pessoas e a melhor produção em ‘Black Is King’, porque sei o nível de qualidade que qualquer produção precisa pode ser encontrado em uma equipe diversificada”, finalizou.

Na verdade, não é de hoje que a intérprete de “Formation” (2016) vem buscando criar espaços mais inclusivos e diversos em suas obras, desde 2015 cantora reforça publicamente a necessidade de prover oportunidades para jovens talentos negros em todos os cenários, os lançamentos de projetos como “Lemonade” (2016) e do histórico show “Homecoming” (2018) no Festival Coachella reforçam esse discurso. Ainda em 2018, Tyler Mitchell, até então com 23 anos, ao ser escolhido diretamente por Beyoncé, se tornou o primeiro fotógrafo negro a produzir uma capa da revista Vogue. Fato chamou atenção do mercado e logo em seguida, Tyler passou a assinar com frequência editoriais da renomada revista.

O último projeto de Beyoncé, o grandioso “Black Is King” (2020) chegou ao mundo trazendo tópicos ligados a ancestralidade, beleza negra e representatividade. Lançado pela plataforma Disney+, filme visual como parte integrante do álbum “The Lion King: The Gift” (2019) se tornou uma das obras mais aclamadas do último ano. Junto com o filme, foi lançado o catálogo “Black Parade Route”, com objetivo de impulsionar marcas africanas e afro-americanas, dando mais visibilidade para pequenas empresas lideradas por empresários negros. Milhares de dólares foram doados para os pequenos empreendedores, de forma a amenizar impactos da pandemia. Recentemente, a empresa brasileira Black Influence, do empresário Ricardo Silvestre, chegou a ser indicada no projeto.

Tudo em torno do “Black Is King” foi grandioso e representativo, além dos artistas, cantores e musicistas, para a construção do filme foram movimentados mais de 1700 profissionais, incluindo diretores, produtores, editores, atores, dançarinos, roteiristas, coreógrafos, maquiadores, designers e tantos outros de diferentes países. Como uma verdadeira carta de amor ao continente africano, grande parte dos profissionais envolvidos no projeto criaram a obra e apresentaram a África sob suas próprias óticas. Dentre o elenco principal do filme, 88% foi formado por atores e atrizes do continente africano, incluindo os ícones Connie Chiume (69 anos), Nyaniso Ntsikelelo Dzedze (34 anos), Nandi Madida (33 anos), Warren Masemola (38 anos) e  Papi Ojo (23 anos).

É possível observar em diversos editoriais de Hollywood, o destaque dado aos envolvidos na criação de “Black Is King”. Recentemente, a estilista norte-americana Zerina Akers foi reconhecida com o primeiro Emmy de sua carreira pelo belíssimo trabalho de direção em torno dos mais de 60 figurinos utilizados no filme.  Nas redes, Zerina brincou sobre o novo status, “o preço de ontem já não é o de hoje”.

O ganês Blitz Bazawule, um dos diretores do aclamado álbum visual, foi apontado como o novo diretor do remake de “A Cor Púrpura”, que será estrelado pela cantora H.E.R. A diretora nigeriana Jenn Nkiru, viu sua carreira crescer após dirigir o aclamado vídeo de “Apeshit”, em 2018. Responsável pelo ato de “Brown Skin Girl” em “Black Is King”, Nkiru ganhou em 2021 seu primeiro Grammy na categoria de “Melhor Clipe”, pela direção da obra.

Dentre tantos nomes é possível citar ainda Kwasi Fordjur, Emmanuel Adjei, Derek Milton, Meji Alabi e Shatta Wale como profissionais que receberam grande destaque após o lançamento de “Black Is King”.

É certo que Beyoncé não irá parar de impactar positivamente o mundo do entretenimento com sua arte, cantora já afirmou que segue trabalhando em novos projetos musicais e sociais. Inclusive, recentemente, através de sua parceria com a Tiffany & Co, cerca de U$ 2 MILHÕES em financiamento para programas de bolsas e estágios em Faculdades e Universidades Historicamente Negras foram investidos. Por aqui, seguimos celebrando Beyoncé e aguardando próximas cenas dessa história.

Por: Arthur Anthunes

Conheça os principais fã-clubes brasileiros de Beyoncé no Twitter para quem não quer perder nada

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Fã-clube pode ser definido como uma manifestação autêntica de um grupo de pessoas buscando proximidade com seu ídolo e divulgando o trabalho deste enquanto angaria mais pessoas para a turma, compartilhando notícias, defendendo de fofocas maldosas e tecendo críticas positivas sobre o trabalho.

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Imagem: Reprodução/Twitter

Se antes as cartas e posters eram marcas registradas desses grupos, agora, com as páginas em redes sociais, a disseminação de informação ficou mais veloz e o contato com o artista mais próximo. Um exemplo de dedicação dos fãs são as páginas dedicadas à cantora Beyoncé aqui no Brasil. Páginas como Beyoncé Access, We Support Bey, Soty e  BEYHIVE somam mais de 100 mil seguidores entre Twitter e Instagram.

Através dessas páginas é possível ter acesso as principais notícias sobre a empresária e cantora, participar de campanhas para subir hashtags e deixar algum assunto relacionado a ela nos trends topics do Twitter.

Quem também se beneficia de toda a adoração dos fãs é Blue Ivy Carter, filha de Beyoncé com  o rapper Jay-Z. O perfil BeyHive dedica seu conteúdo a acompanhar a carreira de mãe e filha e já tem mais de 70 mil seguidores.

Mesmo se a empresária, cantora, modelo e compositora, que já vendeu mais de 150 milhões de discos quisesse, não conseguiria fazer com que seu aniversário passasse em branco.

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Imagem: Reprodução Twitter

Confira os principais fá-clubes da diva pop no Twitter:

Beyoncé Access

Em sua descrição, a página diz que “está há 5 anos sendo sua principal fonte de notícias sobre Beyoncé”. Olhando o perfil é possível perceber que há atualizações quase de hora sobre qualquer coisa que envolva o nome da cantora. Em uma das postagens fixadas há convite para uma campanha de feliz aniversário com intuito de colocar o nome da cantora nos trendings no dia de se aniversário.

We Support Bey

Perfil criado em 2016, notícias, vídeos, fotos e rumores são compartilhados em tom de humor. No dia dia 1 de setembro, o We Support Bey já colocava entre suas postagens um possível lançamento inédito de Beyoncé. Foi quase. Hoje a cantora foi confirmada como intérprete e compositora da música inédita que estará na trilha sonora de “King Richard

Soty

Tradução de artigos gringos sobre a cantora, análise de rumores, e tudo mais que envolva as conquistas de Beyoncé são compartilhadas pela administração desse fã-clube. O perfil também exalta a famílía da diva, dedicando alguma atenção ao rapper Jay-Z e a Blue Ivy.

Beyoncé Brasil

O perfil do portal de mesmo nome também compartilha campanhas, fotos e últimas notícias da cantora. Atualizações diárias, gifs, fotos da infância da diva e curiosidades estão presentes aqui. São quase noventa mil seguidores.

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Imagem: Reprodução/Twitter

BEYHIVE

O segundo maior fã clube dessa lista em termos de seguidores.Mutirão para fazer a pequena Blue Ivy vencedora do VMA, apuração e compartilhamento de notícias sobre novos lançamentos, memes e claro, uma preparação especial para o aniversário da Queen. B. Assim como os outros perfis listados aqui, BEYHIVE é seguido por alguns influenciadores como Triscila, Gabi Oliveira e Mídia Ninja.

Coalização Negra discute voto negro em live com participação de Emicida, Sueli Carneiro e Hedio Silva

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Na próxima segunda-feira (6), das 19h às 20h30, a Coalizão Negra por Direitos realiza a transmissão ao vivo especial  “A Cor do Voto  – Por uma política com a cara do Brasil!”. O objetivo da live é pensar e agir sobre a política no Brasil, a partir do olhar e das propostas do movimento negro. O encontro será transmitido pelo Youtube e Facebook da Coalizão. Durante o evento, especialistas e estudiosos de diversas áreas realizarão um diálogo sobre como um governo com a identidade do povo negro pode transformar o Brasil. 

Imagem: Divulgação

O encontro será apresentado por Alê Laurindo, socióloga, especialista em Gestão Pública e consultora em Políticas Públicas Sociais e contará com convidados, como Douglas Belchior, professor de história e parte da coordenação nacional da Uneafro Brasil; Emicida, rapper e fundador do Laboratório Fantasma; Hedio Silva, ex-secretário de Justiça do Estado de São Paulo e coordenador-executivo da IDAFRO – Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras; e Sueli Carneiro, filósofa, escritora e ativista antirracismo do movimento social negro brasileiro, fundadora e diretora do Geledés – Instituto da Mulher Negra e uma das principais autoras do feminismo negro no Brasil.

“Quantos pretos têm no seu filme de terror favorito?”: o protagonismo negro e efeito Jordan Peele

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Por Thais Moreira

Nos anos atuais, é possível perceber que muitos diretores estão se aproveitando do “efeito Jordan Peele” para incluir histórias negras em filmes e séries de terror. Porém, diferente de Peele, alguns desses diretores tem fracassado na missão de representar o povo preto nas produções de forma sensível e, ao invés disso, tem produzido conteúdos que se aproveitam da dor do racismo de forma vazia com a justificativa de ser “terror”, como é o exemplo da série THEM.

Pra começar, o que é o “efeito Jordan Peele”? Jordan é um diretor negro norte-americano, responsável por sucessos como os filmes Corra (2017) e Nós (2019). Esses dois filmes, em específico, possuem elencos negros, principalmente protagonistas, e tratam de temas sensíveis da sociedade. Corra, com o tema do racismo, fez sucesso ao mostrar de forma metafórica como famílias brancas recebem pessoas negras, seja como parentes agregados ou como empregados. Jordan conseguiu mostrar no filme o racismo de forma não exploratória, sem se aproveitar da nossa dor para chocar, ao invés disso, mostrou por meio de detalhes inteligentes como o racismo pode ser velado e, ainda assim, destruidor para nós. Visto que houve sucesso em seu filme, outros diretores decidiram seguir seus passos e produzir filmes e séries parecidos. Porém, existem pontos que Jordan considerou que outros deixaram de levar em conta.

THEM é um perfeito exemplo para essa situação. A série americana criada por Little Marvin e dirigida por Jonathan Mostow, é antalógica, e a primeira temporada conta a história de uma família negra que se mudou para um bairro branco, e é atormentada por forças naturais e sobrenaturais. É claro que a série aborda racismo, tendo cenas específicas onde os personagens são agredidos verbalmente por vizinhos. Aborda, também de forma metafórica, as forças sobrenaturais que tentam destruir a família. Então, o que THEM fez errado e Corra fez certo?

Começando pelo óbvio, o diretor de THEM é branco. Claro, a criação e produção da série é feita por pessoas negras, e existe sim uma diretora negra dentre o time, mas a maioria é formada por homens brancos. E isso é um fator importante a considerar já que quase todas as vezes que diretores brancos tentam retratar racismo, acaba sendo caricato, insensível e/ou uma história de branco salvador. Porém, o erro vai bem além disso.

Em THEM, assim como em outras séries e filmes, o elemento do medo não é bem um fantasma ou uma força sobrenatural, é o racismo. É como se o racismo fosse o inimigo e é dele que deve-se ter medo. E é verdade, todo preto sabe que a nossa própria vida é um filme de terror por causa de racismo, é inegável. Porém, existe uma forma certa de transformar o racismo no elemento central num filme que deveria causar medo. E não é fazendo com que todos os pretos que assistam se sintam incomodados por momentos de gatilho.

É de conhecimento geral de que na história do terror, personagens negros servem pra duas coisas: ser alívio cômico e morrer nos primeiros 20 minutos de filme. Isso quando eles aparecem nos filmes, em muitos, eles nem mesmo estão presentes. Tem um motivo pra isso, claro. Em filmes como A Hora do Pesadelo, O Massacre da Serra Elétrica e Jogos Mortais, por exemplo, nem tem personagens negros. E quando tem, eles morrem primeiro, ou não chegam ao fim do filme de alguma forma. Em um levantamento feito pela Complex, personagens negros em filmes de terror tem mais probabilidade de sobreviver em três casos: juntando-se à protagonista branca, caso o vilão seja negro ou caso o elenco todo seja negro. Do contrário, eles morrem no começo ou no meio do filme, nunca chegando à posição de sobrevivente final.

Portanto, aqui vão alguns exemplos (e recomendações) de filmes de terror com protagonismo negro pra você assistir:

CANDYMAN

Um bom exemplo é o filme CandyMan, estrelando o ator Tonny Todd. Tonny é um dos atores negros mais proeminentes do cinema do terror especialmente por esse papel, além de sua participação em alguns dos filmes da franquia Premonição. Em CandyMan, um escravo negro é torturado e morto por um grupo de racistas brancos. Eles colocam mel em seu corpo e deixam as abelhas fazerem o trabalho. Como vingança, o escravo volta a vida como uma entidade sobrenatural denominada CandyMan que te mata se você chamar ele cinco vezes na frente do espelho (sim, existe uma referência à BloodyMary). O diferencial do filme é que, mesmo abordando temas como racismo, violência na periferia e a própria escravidão, CandyMan não se limita a isso. É um terror clássico, como Sexta-Feira 13 ou Halloween, com aquele conceito simples: vilão sofre trauma, portanto, vilão decide matar todo mundo. Para a época que foi lançado, é bem menos insensível do que muitos outros filmes mais recentes.

BONES

Um dos meus favoritos, Bones é dirigido por Ernest Dickerson (Do The Right Thing e Malcom X) e estrelado por ninguém mais ninguém menos que Snoop Dogg. O filme conta a história de um grupo de jovens tentando apaziguar o espírito de um gangstar traído e assassinado pelos que mais confiava. A história se passa na periferia americana, a trila sonora é sensacional (feita por Snoop Dogg) e o filme tinha tudo pra ser um clássico do terror da época, trás todos os elementos e efeitos muito melhores do que outros filmes mais famosos lançados no mesmo ano. Eu nem preciso dizer porque um filme dirigido e estrelado por negros não foi sucesso de bilheteria, mesmo que bem feito, não é mesmo?

MA

Esse é um pouco mais controverso. MA é dirigido por   e estrelado por Octavia Spencer (Estrelas Além do Tempo) é um filme de terror psicológico que acompanha uma assistente de veterinária buscando vingança por seu abuso sofrido no passado. O filme, ironicamente, não é controverso por não apontar racismo como causa direta do abuso da protagonista (por mais que seus abusadores sejam todos brancos. Alguns chamam de coincidência, eu chamo de outra coisa), mas os críticos apontam que o filme é “fraco” para o gênero. Eu discordo. MA é um bom filme caso você queria ver um suspense não muito pesado, mas ainda assim capaz de te entreter e te fazer pensar. Além do mais, a protagonista é negra e ela não morre nos primeiros 10 minutos do filme, como acontece com quase todo preto em filmes de terror.

A NOITE DOS MORTOS VIVOS

A noite dos Mortos Vivos foi lançado em 1968, é dirigido por George A. Romero e merece um pouco mais de atenção ao roteiro. Como o nome já sugere, é um filme de zumbis, onde os protagonistas procuram sobreviver depois que os mortos voltam à vida. Porém, também é um filme importante quando falamos de raça. O próprio Jordan Peele já mencionou que esse filme foi uma de suas maiores inspirações dentro do gênero do terror. O diretor do filme diz que o objetivo não era tratar de racismo na trama, mas é involuntário. No filme, o protagonista Ben, interpretado por Duane Jones, fica preso em uma casa com várias pessoas brancas enquanto os zumbis tomam conta do mundo. É obvio que um homem negro dentro de uma casa cheia de pessoas brancas, preso, vai levantar discussões de racismo, ainda mais nos anos 60. Críticos interpretam a trama como uma sátira às políticas da guerra fria. A questão do racismo fica ainda mais evidente no fim do filme, mas não vou dar spoiler do que acontece. Esse vale a pena assistir com um olhar crítico.

MENÇÃO HONROSA: HORROR NOIRE, de Robin R. Means Coleman

Esse livro é essencial para podermos entender como funciona o cinema do terror para negros. Também existe um documentário baseado no livro, que conta com entrevistas de Jordan Peele e Tonny Todd. É uma mina de conhecimento sobre o assunto e traz luz a esse tema, ainda pouco falado.

Ainda falta um longo caminho para que sejamos bem representados dentro de qualquer ambiente. Porém, a existência de diretores como Jordan Peele, que promovem um novo formato de terror, com outro protagonismo negro, é um alívio e uma esperança para tempos melhores. Só nos resta esperar que outros diretores sigam seus passos de forma mais inteligente.

Smoothie: aprenda a fazer a bebida que Beyoncé ama

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Foto: Aline Chermoula

Um smoothie verde é a bebida preferida de nossa diva Bey, além de pizza é claro. Afinal ela é humana.

Naturalmente adoçado com frutas (sem adição de açúcar) e carregado com verduras e proteínas! Smoothie que tem um sabor incrível e é feito com 5 ingredientes em menos de 5 minutos! 

Este Smoothie Verde é uma potência nutricional cheia de espinafre, abacate, abacaxi, sementes de chia e leite de amêndoa para obter mais energia, foco e brilho na sua pele!

INGREDIENTES E BENEFÍCIOS DO SMOOTHIE VERDE:
Enquanto todos os smoothies verdes sejam potências nutricionais e cheios de benefícios surpreendentes, este é especialmente bom para a pele, graças aos seus 5 ingredientes poderosos. Esses alimentos ajudam a nutrir e dar aquele brilho saudável a pele. Então, eu amo incluir esses “alimentos para a pele” no meu smoothie diário!
• Espinafre: Possui altos níveis de folato, o que ajuda a manter e reparar o DNA – ótimo para renovar a pele!
• Abacate: Contém ácidos graxos monoinsaturados, que são as boas gorduras que ajudam a manter a pele úmida e hidratada.

•           Leite de amêndoa: As amêndoas frequentemente são associadas aos cuidados com a pele e isso é porque elas são carregadas com vitamina E. Se você usa um bom leite de amêndoa, feito principalmente de amêndoas e água, está colhendo os benefícios da vitamina E para reparar a pele e defender-se dos danos causados pelo sol. 
•           Abacaxi: Contém vitamina C e betacaroteno. Esses antioxidantes podem ajudar a reduzir as rugas, melhorar a textura geral da pele e minimizar os danos causados pela exposição ao sol e à poluição.
•           Sementes de chia: Contém ácidos graxos ômega 3 que combatem o envelhecimento, acalmam a inflamação, reduzem as cicatrizes da acne e mantêm a pele radiante e saudável.
Foto: Aline Chermoula

COMO FAZER UM SMOOTHIE VERDE:
PASSO 1:
Descubra os ingredientes básicos que você deseja usar:
Verde: Minha recomendação é começar com um verde frondoso como espinafre, couve ou alface. A alface é a mais leve, enquanto a couve tem o sabor mais pronunciado.
Líquido: Escolha um líquido para usar como leite de amêndoa, leite comum, água ou até água de coco. O leite fornecerá mais consistência de milk-shake/batidinha, enquanto a água fornecerá mais consistência de suco.
Fruta: Escolha uma fruta para equilibrar o sabor do verde frondoso. Para um smoothie verde, recomendo o uso de abacaxi, banana, manga, pera, kiwi, abacate, maçã verde ou qualquer outra dessas combinações, ou outras frutas amarelas e verdes. Adoro usar frutas congeladas quando possível para obter uma textura suave e cremosa.

São os três ingredientes essenciais para fazer um smoothie verde. Depois, você pode adicionar mais sabor, mais doçura, mais textura ou mais valor nutricional com todos os tipos de ingredientes adicionados. Isso inclui sementes, pós de proteína, adoçantes naturais, manteigas de nozes ou nozes, óleos ou especiarias. 


PASSO 2:
Coloque tudo no liquidificador e misture até ficar homogêneo, sem deixar pedaços grossos de folhas verdes ou frutas.

PASSO 3:
Prove! Aqui, você pode decidir se o seu smoothie verde precisa de um adoçante, se é muito espesso ou não é frio o suficiente ou se precisa de ingredientes extras. Alguns ajustes comuns que faço são adicionar mel se a fruta não estiver madura o suficiente, adicionar limão para cortar a amargura de algumas verduras ou adicionar canela para dar um sabor quente.

DICAS PARA FAZER SMOOTHIE VERDE:
• Misture as folhas verdes com o líquido primeiro. O objetivo disso é evitar ter pedaços de vegetais não misturados enquanto bebe o smoothie. E então adicione as frutas, sementes de chia ou quaisquer outros reforços. Se você possui um liquidificador forte de alta velocidade, como o Nutribullet ou Ninja, pode jogar tudo no liquidificador de uma só vez.
• Congele as frutas. Isso dá ao smoothie uma consistência extra suave e cremosa. Sempre que você tiver frutas maduras extras, é uma boa ideia congelá-las em sacos seguros para congeladores. Dessa forma, elas estarão prontas para o uso quando você quiser um smoothie. Elas também fornecem uma textura extra fria e cremosa ao smoothie, algo que necessariamente você não obterá adicionando cubos de gelo.
• Use frutas maduras, pois desta forma você evita a adição de açúcar. É o açúcar natural da natureza, portanto, verifique se as frutas estão maduras e que você não precise adicionar adoçantes ao smoothie. Assim, você economiza calorias e carboidratos.

FRUTAS PARA USO EM SMOOTHIE VERDE:
Aqui estão algumas sugestões de frutas para usar nesta receita de smoothie verde. Neste receita eu usei apenas abacaxi, mas ás vezes eu uso meia xícara manga e meia xícara abacaxi que é a minha combinação favorita! Esteja ciente de que, se você usar frutas mais escuras, como mirtilos, amoras, cerejas, etc., a cor mudará e você provavelmente fará um smoothie marrom delicioso, mas não verde! 🙂

• Manga
• Abacaxi
• Morangos
• Amoras
• Framboesas
• Pêssegos
• Cerejas
• Laranjas
• Toranja

VERDURAS PARA USAR EM UM SMOOTHIE VERDE:
Se você está fazendo esta receita simples de smoothie verde como iniciante, recomendo usar o espinafre como a verdura de sua preferência. Eu compro muito espinafre fresco de uma vez e congelo ele direto. Dessa forma, sei que o espinafre é fresco. Aqui estão outras sugestões:
• Espinafre
• Couve
• Alface 
• Verduras de beterraba
• Salsão (Aipo)

MELHORES ADIÇÕES NO SEU SMOOTHIE VERDE:
• Proteína Whey – meus sabores favoritos são baunilha e chocolate.
• Colágeno – um aumento de proteína de sabor neutro! Também é bom para a saúde intestinal!
• Maçã – para aumento da fertilidade e equilíbrio hormonal.
• Sementes de chia – combatem o envelhecimento, acalmam a inflamação e proteína adicionada sem pós.
• Linhaça – uma dose de Omega 3!
• Pólen de abelha – aumenta a imunidade.
• Açaí em pó – antioxidantes!
• Nozes ou sementes – contribuem para a sensação de saciedade.
• Nibs de cacau – uma maneira saudável de adicionar um pouco de chocolate!
• Óleo de coco – aumenta o metabolismo e garante saciedade por mais tempo! 
• Canela – anti-inflamatória e deliciosa!

OS SMOOTHIES VERDES SÃO REALMENTE SAUDÁVEIS?
Sim! Minha receita de smoothie verde brilhante está cheia de ingredientes saudáveis, sem adição de açúcar. Há uma boa quantidade de fibras e proteínas para ajudar você a se sentir satisfeito e cheio. Ele é cheio de vitaminas e minerais e é uma ótima maneira de aumentar a ingestão de frutas e vegetais de maneira rápida, fácil e saborosa.

POSSO CONSUMIR O SMOOTHIE VERDE TODOS OS DIAS?
Gosto de misturar os ingredientes dos meus smoothies na maioria dos dias para não ficar entediada, mas com certeza você pode tomar um smoothie verde todos os dias. Adoro tomá-los no café da manhã, sabendo que abasteci meu corpo para o dia e já coloquei uma tonelada de nutrientes nele.

O QUE HÁ NO SMOOTHIE VERDE?
Você pode misturar e combinar os ingredientes básicos do seu smoothie verde (veja acima para saber como criar um para o seu gosto); para mim, você não pode errar com abacate, espinafre, abacaxi, leite de amêndoa e sementes de chia. Essa combinação faz uma batidinha muito saborosa e bem equilibrada. Eu amo apreciar este smoothie verde pelo menos uma vez por semana. É uma receita de smoothie tão gostosa e é bom para minha pele e corpo!
Espero que você comece a adicionar mais smoothies verdes em suas rotinas matinais ou como lanche da tarde. Eles não são apenas uma ótima maneira de esgueirar-se dos vegetais, mas ajudam a melhorar a digestão (fibra), aumentam sua energia (vitamina C) e proporcionam um brilho saudável (folato e vitamina E). Além disso, eles são tão fáceis e saborosos!

BEY BDAY: Qual prato o Chef Pedro Barbosa faria para a Beyoncé ?

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Texto: Chef Pedro Barbosa vice-campeão do Mestre do Sabor

A Rainha Beyoncé escreve, canta, produz, dança e ainda promove e fortalece a alimentação saudavél: assisti o documentário “22 days Nutrition” e fiquei ainda mais apaixonado por tudo que ela apresenta, representa (e entrega) pro seu público levantando MUITAS bandeiras importantes e necessárias.

Logo que acabei o documentário pensei: o que eu cozinharia pra ela? O resultado da minha ideia é uma receita de Couve-flor com pasta de missô INCRÍVEL e linda, exatamente como nossa aniversariante.

Quer fazer em casa? Confere a receita!

Você vai precisar de:

2 und de couve-flor

100g de missô 

50 g de castanha do Pará

5 und cebolas

2 und cenouras

2 und de alho poró

50 g de azeite

1 cabeça de alho

Sal a gosto

Pimenta a gosto

Raspas e suco de limão siciliano.

Pra preparar, faremos o seguinte:

Prepara a trilha sonora com as suas músicas favoritas da aniversariante e vamos começar fazendo um caldo de legumes com a cebola, cenoura, alho poró e o alho.

Refogamos todos os legumes, adicionamos 2l de água e deixamos cozinhando por 20 minutos em média. Agora, cortamos a couve-flor tirando porções grossas (umas 4 porções por unidade de couve-flor) mas atenção: não jogue as aparas fora, vamos ralar para fazer um cuscuz maravilhoso!

Agora, vamos aquecer uma frigideira, adicionar o azeite e levar as porções da nossa couve-flor pra ‘’marcar’’ elas até deixá-las bem douradas, colocamos o sal e um pouco de caldo de legumes e deixamos cozinhar uns 3 minutos. Reservamos agora e vamos pro missô: Batemos metade do missô com 2 dentes de alho e a castanha, depois passamos a pasta na couve-flor que já está dourada. Feito isso, levamos nosso caldo para reduzir até a metade, adicionamos o restante do missô e reservamos novamente.

Lembra do cuscuz? Misture a couve-flor ralada e tempere com suco de limão, pimenta do reino e sal.

A melhor parte antes do show? A produção!

Para montar, vamos aquecer a couve-flor, colocar no prato e depois colocamos duas colheres do caldo de legumes com missô quente, por cima o cuscuz temperado e finalize com raspas de limão. Ah, aqui podemos usar flores comestíveis pra deixar ainda mais lindo (e gostoso)!

Aumenta o som da playlist e aproveite esse prato vegano e cheio de vida!

Eaí, convidaria a Beyoncé pra essa receita? Me conta!

O jardim que não é de flores

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Foto: Camilla Prado

Sou uma mulher negra, de 34 anos e comunicadora. Filha de pai baiano e mãe paulistana. Irmã mais velha. Estudei a vida toda em escola pública e sempre tive sonhos grandiosos. Fui 300% na escola, nos trabalhos e assim tem sido sempre. Minha doação é completa, e quando não acredito em algo ou em alguém, dificilmente vou seguir adiante. Carrego comigo o desafio de seguir meu coração. É fácil? Não, não é. Mas me acalma quando tenho tomo decisões a partir das minhas intuições, porque acredito na frase perfeita de Ryane Leão (@ondejazzmeucoracao) “intuição são suas ancestrais soprando em seus ouvidos segredos de sobrevivência”.   

Meu cabelo, desde criança, era o motivo de muito bullying na escola. Lembro que eu virava a “atração” da sala quando um colega da turma do fundão, chegava e puxava o elástico que segurava aquele cabelo black. E todo mundo ria. Ganhei apelidos como “Beakman” referência ao personagem do programa da Cultura “O Mundo de Beakman”, “Bom Bril” e “Assolan” porque o meu cabelo sempre ficava “pra cima” e era “crespo com uma palha de aço”. 

Minha mãe, tendo duas filhas, uma com um cabelo crespo e a outra com um cabelo encaracolado. Não sabia como cuidar do meu cabelo. Não existia essa gama de produtos que temos hoje. Então, resolveu alisá-lo. Isso não parou as gozações que eu sofria, mas diminuiu. Porém, meninas brancas da escola, sempre me davam “apavoros”, porque eu era uma menina preta que não tinha uma turma. Foi assim até o dia que uma menina preta se juntou a mim, e foi tirar satisfação e dar um “apavoro” nessas meninas brancas. Tive paz. Minha infância foi bem traumática.

A vida seguiu. Os sonhos de sair do bairro e morar sozinha, de fazer uma faculdade, de ir pra Europa, continuaram guardados comigo, de produzir um evento grande como o carnaval de Salvador. Com 15 anos meu pai faleceu e com 16 comecei a trabalhar, fazendo estágio na parte da tarde. Alguns anos depois, fiz um curso de maquiagem, trabalhei com editoriais de moda e desfiles. Decidi que a hora da faculdade tinha chegado. Fui cursar justamente Comércio Exterior, e na metade da faculdade, sem dinheiro pra estudar inglês antes, me dei conta que seria difícil ingressar na área. Então, depois de cursar a disciplina de Marketing, encontrei o meu lugar. Tentei uma bolsa e consegui, fui cursar Marketing em outra faculdade, de mais renome. A partir daí, o meu caminho como comunicadora começou a ser trilhado, mas eu ainda era a comunicadora de cabelo alisado, que não se via como mulher negra e sim como “morena”. Meu TCC teve um tema ousado, foi sobre Marketing de Luxo. Sempre tive sonhos grandiosos, como eu disse! Chanel, Dior, Balenciaga, Tiffany, Jimmy Choo. E como os encontros não são acasos, na faculdade minha dupla, que também compartilhava desses sonhos, era um homem negro, gay e ousado como eu. 

Adentrei espaços e cheguei nas agências de publicidade de São Paulo. Comecei a trocar com pessoas que me inspiravam, que se tornaram minhas amigas. Mulheres que também vivenciaram uma vida como a minha, que saíram de bairros periféricos, de escolas públicas e que carregavam os sonhos dentro do peito. Foi nesse momento que comecei a ter ideias e propósitos que me formaram. Fui entendendo que gostava de Jorge Ben, de Gilberto Gil, de Caetano Veloso. Que eu era da Tropicália e não das baladas da. Vila Olímpia, onde eu passava por situações bizarras de rejeição, principalmente por parte dos homens. Foi nesse momento também que comecei a realizar os sonhos guardados no coração, lembra? Estudei inglês e francês, fui pra Europa e chorei quando me dei conta que consegui realizar uma viagem sozinha, que estava num ambiente com um cheiro diferente, uma cultura diferente. Era mais do que uma viagem, era o meu sonho se realizando.

Logo, o segundo sonho estava pra se realizar, morar sozinha no Centro de São Paulo. O studio que demorou mais de 6 meses pra ser completamente mobiliado, porém com muito orgulho dessa sofrência. E com a contribuição de muitos amigos especiais que, em forma de copos, pratos, jogos de lençol, cama, microondas.. colocaram um pouco de si dentro daquele cantinho. 

E então, chegou o momento mais importante da minha vida, esse que foi uma transformação, um renascimento: a transição capilar. O entendimento como mulher negra e as situações de racismos que me acompanhavam. Impressionante como antes eu simplesmente não observava essas situações. Quando o cacho, sim, aquele enrolar na raiz começou a aparecer, minha vida passou a mudar. Usava muitos turbantes. E eles eram acompanhados de piadas de “macumbeira”, “mãe de santo”. E, eis que neste momento, eu também estava desenvolvendo a minha mediunidade no candomblé. Foi tudo junto e muito intenso. Racismos daqui e dali, até um dia que eu explodi e a agência teve que resolver. Eu não apareci para trabalhar até que resolvessem os casos que eu estava passando, principalmente com uma das chefes que tinha feito comentários racistas. E fui pra Salvador passar as férias – eu achava. Mas na verdade, eu fui me reencontrar, fui sentir o axé dos meus ancestrais, fui me reconhecer em cada pessoa que eu cruzava na rua, fui ouvir o chamado. Um ano depois, eu estava morando em Salvador, com uma proposta de trabalho dos sonhos, com cultura e turismo de Salvador. Nesse momento, eu me transbordei. As ancestrais que sopravam aos meus ouvidos, agora dançavam. De alegria, de felicidade. Eu estava aonde precisava estar. Sonhos se realizaram em Salvador: produção de dois carnavais, encontros com Caetano e Gil, choros na saída do Olodum ali no Farol da Barra. Ali  fotografei e senti o axé das festas populares, vivenciei padre falando “Eparrey, Oyá”na festa de Santa Bárbara, a mistura do sagrado com o profano e a certeza que de o baiano é carnaval e que alegria é um estado que se chama Bahia. Me enchi de poesia e uma luz brotou dentro de mim. As conexões que Salvador trouxe pra mim, são lindas e pra vida toda. Pessoas fortes, inspiradoras, talentosas, lindas por dentro e mais ainda por fora. Com elas aprendi muito, mas principalmente, que eu devo honrar e aceitar quem eu sou e como sou, que meu cabelo é a minha potência e a minha coroa. Se você já foi no Curuzu, no barracão do Ilê Aiyê, vai entender sobre o que estou falando. É engraçado como o universo nos responde aos movimentos que fazemos, em novembro de 2020 dois projetos lindos entraram na minha vida profissional, o Mundo Negro depois de um e-mail ousado que mandei pra Silvia. E a ONU Mulheres, com o estudo TODXS, conduzido por uma amiga que eu admiro demais. Que movimento lindo e ancestral adentrou a minha vida.

eio a pandemia, minha família toda em São Paulo, assim como a maioria dos meus amigos. E mais do que isso, eles precisavam de mim e eu deles, pois estavam passando por situações que eu precisava estar perto. Quando perdi meu pai, meus amigos foram essenciais pra mim. E com eles não seria diferente. Resolvi voltar pra cidade que me ensinou que tenho que me posicionar o tempo inteiro. E resolvi voltar pra provocar mudanças, pra ser agente transformador. A principal delas foi morar num bairro marjoritariamente branco, o Jardins. Sabia que não ia ser fácil. Os preços na Santa Cecília, meu ex bairro, estavam exorbitantes. Fui para o Jardins, morar em um predinho baixo, daqueles de vó. Segui o conselho de uma amiga deusa – “normalize o luxo na sua vida, e vá”. Todos os dias – todos os dias, repito – é uma batalha. As pessoas me encaram nas ruas e nos lugares que entro, se perguntam quem sou eu, como moro neste bairro, trabalho com o quê? É visível no rosto delas essas e outras indagações. Quando eu vou na padaria, todos me olham. Quando eu vou na feira com meu chinelo de dedo, minha bolsa de palha da Feirão de São Joaquim e meu cabelo black, vejo as pessoas se olhando, cutucando e comentando. A branquitude inconformada. Beira uma comédia a forma como eles querem ser atendidos na minha frente, ignoram que estou na fila, ou escolhendo uma planta na feira. E quando entro em lojas…ahhh, essa é a melhor parte: ninguém me atende! E o ponto alto foi numa loja de vinho, a Grand Cru. Entrei com uma amiga, branca. O segurança mediu nossa temperatura. Mas perguntou pra mim se eu era empregada, pois a entrada era só ir adiante. Mas, óbvio, que ele não perguntou pra a minha amiga se ela era empregada. Mesmo assim, sendo provocativas, entramos na loja, queria continuar o filme, pra ver até onde ia. Ninguém nos atendeu. Minha amiga estava inconformada, porque nunca tinha vivenciado comigo uma situação de racismo. Ela chamou um atendente falou, questionou e um choro de inconformação tomou conta dela. O atendente, tentando justificar um comportamento que não há como argumentar. Eu simplesmente olhei pra ele e disse que não ia dar uma aula sobre isso, porque estava exausta. Eu já sabia o que ia fazer, eu ia escrever, pois essa é a minha arma contra isso. Isso aconteceu em junho, estamos em setembro. Demorei 2 meses pra digerir e transformar o sentimento em palavras.

Quando compartilhei o caso com uma amiga, que não é branca, ela disse – em tom protetor, que era incoerente eu morar nesse bairro. Porque eu vou passar por isso todo dia. Mas, desde então fico pensando, é incoerente eu morar aqui ou a sociedade julga como incoerente que eu, como mulher negra, more num bairro como esse? É incoerente eu ter um cargo de liderança numa agência de destaque e o cliente questionar como cheguei até esse cargo? Deve ser muito para branquitude ter que lidar: uma mulher, negra e candomblecista adentrando espaços, lugares e posições, né? No livro “Racismo Estrutural”, de Silvio Almeida, cita que “mulheres negras são consideradas poucos capazes porque existe todo um sistema econômico, político e jurídico que perpetua essa condição de subalternidade, mantendo-as com baixos salários, fora dos espaços de decisão, expostas a todo tipo de violência. Caso a representação das mulheres negras não resultassem de práticas efetivas de discriminação, toda vez que uma mulher negra fosse representada em lugares subalternos e de pouco prestígio social haveria protestos e, se fossem obras artísticas, seriam categorizadas como peças de fantasia.”. Tenho figuras de mulheres potentes que me inspiram a ir muito longe, como nossa lady boss Silvia Nascimento, Tais Araújo, Camila Pitanga, Adriana Barbosa, Larissa Luz e tantas outras. Decidi que não vou parar de incomodar. Vou abrir espaços, adentrar lugares, fazer questionamentos, expor situações. Quero  ser agente de mudança para que o caminho daqueles que virão depois de mim seja mais leve e mais justo. 

Então, “Jardins”, eu sinto muito, mas vocês terão que lidar com uma mulher preta andando pelas suas ruas arborizadas e brancas, frequentando os mesmos espaços que vocês. Comendo o mesmo que vocês, comprando as mesmas plantas, legumes e verduras que vocês. E desejo imensamente que eu seja muitas. Que eu não encontre uma ou outra mulher preta, como aconteceu esses dias, que abra um sorriso com os olhos, feliz pelo encontro por essas ruas. Mas que isso seja multiplicado. 

E agradeço a Silvio Almeida (@silviolual) que tem me ajudado tanto com seu ensinamento. Por estar me ensinando que não é incoerente estarmos e adentrarmos esses lugares, o que é incoerente a estrutura da sociedade.

Perguntamos para Jéssica Ellen quais são suas canções preferidas da Beyoncé

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Jéssica Ellen e sua homenagem à Beyoncé : Foto - Reprodução Instagram

4 de Setembro de 2021. 40 anos de Beyoncé, a maior das maiores. Quem, como nós, é fã da cantora está celebrando a data como se ela fosse alguém da família. A atriz e cantora Jéssica Ellen é fã assumidíssima da recordista do Grammy. A atriz inclusive fez uma linda homenagem para a musa de Black is King em seu perfil do Instagram.

Perguntamos para interprete de Macumbeira quais são suas canções favoritas de Beyoncé. “É difícil escolher um ou até mesmo cinco músicas favoritas da Bey. Eu Amo todas, mas essas cinco são uma espécie de “lado B” que não são tão populares, mas que eu amo muito.

BLACK PARADE

START OVER

PRETTY HURTS


SPEECHLESS


I CARE

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