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“Irmãos”: Seu Jorge e Alexandre Pires lançam turnê pelo Brasil

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Foto: Divulgação.

Após o sucesso da parceria musical em uma live durante a pandemia, Alexandre Pires e Seu Jorge vão sair em turnê pelo Brasil na turnê “Irmãos”. Em entrevista ao “Fantástico”, da TV Globo, Alexandre disse que os dois se conhecem “de outras vidas”.

“Eu acho que para descrever a sintonia que eu tenho com o Alexandre, a palavra perfeita é irmãos”, definiu Seu Jorge. “Podem ter certeza de que o público vai se divertir muito e dividir essa experiência ao vivo com um artista talentosíssimo como Seu Jorge me deixa cada dia mais honrado”, disse Alexandre Pires.

No show, com aproximadamente duas horas de música, o repertório inclui canções históricas das carreiras dos dois artistas, além de versões de grandes nomes da música brasileira. A turnê deverá passar por São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Xangri-Lá, no Rio Grande do Sul, em dezembro de 2021 e janeiro de 2022.

Nonagêmeos malineses nascidos em maio deverão voltar para casa em breve

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Quem lembra dos nove bebês nascidos em maio no Marrocos? Todos eles estão bem de saúde, se desenvolvendo bem e poderão voltar para o país de origem da família, o Mali, em breve.

Perto de completar seis meses de vida, eles e os pais posaram todos juntos pela primeira vez para o site MailOnline e a mãe deles, Halima Cisse disse que “eles estão ficando mais fortes a cada dia e pode ser que tenham permissão para deixar o atendimento médico em tempo integral em breve, para que possamos levá-los para casa”.

Ao todo, nasceram cinco meninas:Adama, Oumou, Hawa, Kadidia e Fatouma; e quatro meninos: Oumar, Elhadji, Bah, Mohammed VI.

Os nove bebês, que foram concebidos naturalmente, pesavam cada um entre 500g a 1kg quando nasceram e tiveram que permanecer em incubadoras na unidade de terapia intensiva da clínica, onde foram cuidados 24 horas por dia por uma equipe de médicos e enfermeiras.

Eles saíram das incubadoras no início de agosto, desde quando a família está morando junta em um apartamento próximo ao hospital para que a equipe médica possa continuar a monitorá-los.

A conta do hospital, que já se aproxima de um milhão de libras (aproximadamente R$ 8 milhões), foi custeada, na maior parte, pelo governo do Mali.

‘O último ancestral’: Com edição de luxo, Ale Santos irá lançar seu primeiro romance afrofuturista

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O escritor Ale Santos - Foto: Divulgação

Excelência negra na literatura? Temos. Ale Santos é ativista, comunicador digital, autor de sci-fi & fantasia afroamericana lança no mês de novembro, seu novo livro ‘O último ancestral’, um dos seus projetos mais desafiadores que será publicado pela HarperCollins umas das principais editoras do mundo.

A obra se trata de um romance afrofuturista que se passa no Distrito de Nagast, um local dominado por Cygens, seres híbridos de humanos e máquinas, que há décadas criaram uma violenta hierarquia racial e conseguiram suprimir a conexão dos humanos com suas tradições e religiões. A capa do livro foi criada numa parceria entre os ilustradores Rafael Albuquerque e Douglas Lopes.

Conversamos com o autor sobre o que o público pode esperar de uma obra que inclui até mapas típicos de jogos de RPG, algo sem precedentes no Brasil em se tratando de conteúdo afrocentrado.

Mundo Negro Que tipo de leitor você acha que vai se interessar pelo seu livro?

Coisas que estão na minha vida também, porque eu fui um desse garotos que ficava imaginando como minha vida podia se encaixar nesse mundo da fantasia e Ficção.

Eu sempre penso em crianças periféricas, negras que nem sempre se vem representados em obras de ficção da cultura pop, pensei numa obra mistura a Ficção científica com o imaginário do Hip Hop, do trap, do funk, do pagode”

A obra apresenta um mapa bem detalhado. Pode explicar de que forma ele acompanha o conteúdo do livro?

Eu sou um cortador de mundos de Ficção, é uma das coisas que gosto de fazer e que ajudam nas discussões sobre a narrativa, ajuda a entender o tempo que os personagens gastam para atravessar as regiões e onde eles estão em cada cena.  Na época da escrita do livro eu fiz um rascunho desse Distrito que criei, a editora abraçou e resolveu transformar no mapa oficial, contratou o Douglas Lopes que já é meu parceiro em outras produções para fazer acontecer. Dá pra ver uns lugares interessantes ali, uma Basílica de São Jorge e um Sambódromo, mas não vou contar muito, prefiro que todos leiam e descubram o que acontece lá e como isso vira palco pra Ficção Afrofuturista.

Você imagine essa história se tornando um filme ou uma série?

Eu sou roteirista, atualmente estou envolvido em algumas produções e também já criei uma série de ficção em podcast, as Ficções Selvagens. Acho que  as produções audiovisuais estão ocupando, cada vez mais, o centro da cultura de Scifi no mundo, então eu tô sim olhando pra chegar lá. É onde quero que minhas histórias estejam, o Último Ancestral tem tudo pra ganhar uma adaptação e já tem algumas produtoras e canais lendo a obra e avaliando os direitos. Eu espero muito que alguma dessas conversas evoluam e quem sabe a gente tem uma das primeiras séries afrofuturistas no Brasil.

O livro já está em pré-venda e pode ser adquirido pela Amazon. (clique aqui)

Com foco em mulheres e pessoas negras, XP Inc. e Tera darão bolsas estudos integrais em Ciência de Dados

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Imagem: Unsplash

Como diria a Beyoncé, há pessoas negras que podem ser um novo Bill Gates, porém o mundo da tecnologia é ainda majoritariamente formado por homens brancos. A falta de diversidade nessa área faz com que muitos talentos se percam. Com objetivo de incentivar mulheres e pessoas negras a ingressar na área de TI, a XP Inc. e Tera darão bolsas integrais para o curso de Ciências de Dados. A Tera, inclusive, é uma startup bem focada em potencializar a diversidade no mercado de tecnologia no Brasil por meio de conteúdos educacionais relativos à economia digital.  

Nessa parceria, a XP Inc. entra com o financiamento integral de 50 bolsas de estudos, sendo cada metade reservada a um dos grupos abrangidos (mulheres e pessoas negras).

A iniciativa representa uma ampliação do programa de diversidade da startup, o  DiversiTera, e tem como objetivo potencializar a diversidade na área, em que 83% dos profissionais são homens, entre 22 e 32 anos, e com alto nível de escolaridade.

Pessoas de qualquer canto do país poderão participar já que o curso é 100% online. Os estudantes ainda contarão com mentorias exclusivas sobre movimentação de carreira, suporte na construção de portfólios e conexão com vagas em empresas parceiras.

Os temas abordados vão desde disciplinas como Análise e Estruturação de Dados até técnicas avançadas em Machine Learning e desenvolvimento de competências em storytelling e visão de negócios. Além disso, os selecionados aprenderão a analisar dados estatísticos, assim como a comunicar seus insights, utilizando ferramentas e técnicas atuais do setor — como Python, bibliotecas de Machine Learning e outros —, podendo ainda se envolver em programas de contratação da gestora de investimentos.

As inscrições estão abertas até 21 de novembro em: http://programas.somostera.com/diversitera-ciencia-de-dados-by-xp-inc [programas.somostera.com]

Segundo Leandro Herrera, fundador e CEO da Tera, fala das experiências anteriores com alunos que obtiveram bolsas de estudo. “O sucesso foi tão grande que agora queremos expandir a proposta e tornar o programa ainda mais amplo e acessível, deixando as portas das carreiras digitais mais democráticas”, conta Herrera.


“A XP tem uma série de iniciativas relacionadas à educação e diversidade. Conseguir aliar ambos os temas numa iniciativa que pode transformar a vida das pessoas é o que buscamos fazer todos os dias, nossa razão de existir.  Queremos transformar o mercado financeiro para melhorar a vida de todos os brasileiros e brasileiras. Acreditamos que, para isso, a diversidade do nosso país deve estar refletida em nosso ambiente de trabalho, e que só assim conseguiremos desenvolver as melhores soluções para diferentes necessidades e pessoas. Iniciativas como essas geram ganhos exponenciais para as pessoas, para os negócios e para nossa sociedade. A parceria com a Tera, assim, nos faz avançar na direção correta para aumentar cada vez mais o impacto de nossas ações”, afirma Marta Pinheiro, diretora ESG da XP Inc.

Genética familiar influencia 10% dos diagnósticos de câncer de mama: conheça os fatores de risco e formas de se prevenir

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Cecília Pereira e Marcelle Thimoti, ginecologistas. Foto: Reprodução.

O Outubro Rosa é conhecido com o mês de prevenção ao câncer de mama e, pensando nisso, o MUNDO NEGRO conversou com Cecília Pereira, ginecologista e mastologista e Marcelle Thimoti, ginecologista, para que elas nos expliquem o que realmente são fatores de risco e os cuidados que cada uma de nós devemos ter em relação a esta doença.

Genética Familiar

Uma das grandes preocupações de quem tem casos de câncer na família, é a probabilidade de desenvolver a doença também. Mas a doutora Cecília Pereira, do grupo Ifé Medicina, do Rio de Janeiro, explica que a maioria dos casos positivos para a doença não tem ligação com o histórico familiar.

“Do total dos diagnósticos de câncer de mama, os casos ligados à genética familiar correspondem a 10%. Uma coisa curiosa é que a maioria das pacientes chegam com esse discurso ‘ah, não tenho nenhum histórico familiar’, ou uma paciente muito preocupada porque tem um histórico familiar positivo, de uma avó que teve câncer com 70 anos, ou uma tia avó, e isso não aumenta o risco, na verdade”, explica Cecília.

Mas quais são, então, os fatores genéticos para os quais devemos olhar com atenção? “Quando a gente fala em genética familiar, estamos falando em parentes de primeiro grau: mãe, irmã, filhas. Esse risco também aumenta quando alguém da sua família teve câncer de mama enquanto ainda estava menstruando, ou histórico de câncer de mama em homens da sua família, você também tem um risco mais aumentado”, explica Marcelle Timothi.

Em alguns casos, como na síndrome de BRCA 1 e 2, as pacientes têm cerca de 70% de chance de vir a desenvolver o câncer. Por isso, em alguns casos, é recomendada a mastectomia preventiva, como forma de não esperar que a doença se desenvolva.

Grande parte dos fatores associados ao risco de desenvolver câncer de mama são relacionados aos nossos hábitos do dia-a-dia. ” A grande maioria dos fatores de risco estão nas nossas mãos, então a prevenção está nas nossas mãos e tem a ver com diminuição do uso de industrializados, comer coisas mais naturais, praticar atividade física, diminuir o uso de tabaco e de álcool”, detalha Cecília.

Prevenção

A porta de entrada para a prevenção e o diagnóstico de câncer de mama é a consulta com a ginecologista ou mastologista e o exame adequado para rastreio da doença é a mamografia.  “Ela é indicada para todas as mulheres a partir dos 40 anos e deve ser feita uma vez ao ano. Os outros exames como ecografia, ressonância, a gente pede de forma individualizada de acordo com a paciente, se ela tem queixa, histórico familiar ou outra condição”, diz Marcelle.

Apesar de ser considerado um pouco desconfortável, não há necessidade de temer o exame e nem o diagnóstico. “Para aquelas mulheres que têm dúvida, que têm medo e estão há muito tempo sem ir ao ginecologista , eu digo que não tenham medo. Vão e façam o exame porque o diagnóstico precoce é muito eficiente e dá chances muito altas no tratamento do câncer de mama”, alerta Marcelle.

E atenção! Apesar de muito difundido como uma forma de prevenção, o autoexame das mamas não pode ser considerado um exame que elimina ou confirma a presença da doença. “Autoexame não é um exame de rastreamento para o câncer de mama, é uma prática para você se conhecer, para você saber qual é o seu normal, para caso alguma coisa nova apareça, acender o sinal de alerta”, lembra Cecília.

Nós falamos Pretuguês

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Foto: Reprodução / Cultne.

Por Michele Carlos

Você já riu ou quis corrigir alguém que falou “framengo”, “crima”, “craro”, “proprema”? Ou quem fala “naisci” ao invés de “nasci” e por aí vai?

Talvez o que você não sabia até agora é que, na prática, nós brasileiros não falamos Português, e sim PRETUGUÊS. Tudo que consideramos “errado”, nada mais é que a marca de algumas línguas de África na construção do português brasileiro, em especial de origem bantu, tronco linguístico com mais de 600 línguas, trazidas a força durante a escravização.

Esse termo foi criado pela intelectual negra  Lélia Gonzalez para se referir a essa sobre a africanização do idioma falado no nosso país. Ela não só falava pretuguês, como o adotou também na escrita dos seus textos acadêmicos. Esbarrou em muita gente higienista que defende a pureza da língua (como isso é possível?), mas ela não tava nem aí porque o que queria mesmo era ser compreendida pelo povo.

Historicamente falando, a língua foi uma ferramenta forte de colonização. Negros escravizados foram obrigados a mudarem seus nomes assim que desembarcaram no Brasil, assim como foi imposto a eles a falarem a língua do colonizador. Tudo isso porque a língua é um traço que nos conecta com a nossa origem, com que nós somos e de onde viemos, é um traço de resistência e conexão com os nossos. Sendo assim, a repressão linguística até hoje serve pra colocar as pessoas nesse lugar de “erradas”, “forasteiras”.

Quem fala mais fortemente o Pretuguês não deve ser taxada como uma pessoa que não sabe falar, que deve ser corrigida. Quem aponta a marca das línguas e dialetos afro como erros gramaticais pode estar praticando preconceito linguístico. Entender tudo isso, faz parte da também da fala sobre diversidade nos espaços. Não adianta pedir por pessoas diversas se vamos corrigí-las e tentar fazer com que a forma que ela se expressa através da fala seja alterada.

O Pretuguês não é apenas substituição do R pelo L. que é inexistente em alguns idiomas africanos. Vem de África também o fato de falarmos cantando na maior parte do país (herança da dupla vogal de idiomas do continente), a dupla negação (“não vai querer não”) ou a redundância (subir pra cima), sem falar a quantidade de palavras africanas que usamos diariamente, como bunda, cafuné, cachaça, quitanda fubá, muvuca, xingar, moleque… se eu for listar tudo esse texto vai virar uma quizumba só.

Por fim, viva Lélia Gonzalez, que nomeou nosso real idioma.

Fonte:

Texto Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira, de Lélia Gonzalez.

Episódio Pretuguês com Jonas Andrade do Podcast Assuntando a Arte. Episódio Pretuguês, da série Enigma

Movimento RGBlack pretende fomentar debate sobre o viés racial presente na indústria do audiovisual

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A iniciativa quer estimular a transformação cultural e tecnológica de como a pele negra é retratada no mercado audiovisual

AKQA lança o movimento RGBlack – Reframing the Greatness of Black (Retratando a Grandeza da Pele Negra) em parceria com a produtora Pródigo Filmes e a diretora Juh Almeida para fomentar o debate sobre o viés racial presente na cultura e nas tecnologias da indústria audiovisual. O movimento visa promover uma transformação na forma como a pele negra é retratada e enfatizar a importância de formas de representação mais inclusivas.

A ideia do projeto surgiu há dois anos, durante uma análise interna da área de Impacto da AKQA, que percebeu que alguns dos trabalhos do estúdio não retratavam fielmente a beleza da pele negra. Para corrigir esses erros em projetos futuros, a equipe pesquisou técnicas de calibração de cores, iluminação, diferenças entre tons de pele, maquiagem e cabelo, examinou o uso de IA no processamento de imagens e descobriu que, para atender às necessidades do mercado-alvo dominante na década de 1940, o padrão implícito nas configurações originais dos produtos fotográficos privilegiava a pele branca. Oitenta anos depois, mesmo com a evolução da imagem digital, os padr&otilde ;es usados continuam exatamente os mesmos.

“Vivemos em uma era visual. As imagens moldam a maneira como percebemos e entendemos o mundo ao nosso redor. Ao considerar como o racismo estrutural se reflete na tecnologia fotográfica, é essencial compreender que a tecnologia é um artefato humano projetado dentro de um contexto social e que nossas escolhas tecnológicas vão favorecer ou desfavorecer certos grupos com base nas estruturas de poder existentes”, diz Yago Freitas, produtor sênior da AKQA.

Juh Almeida. Foto: Pamela Anastácio

O legado dos “Shirley cards” 

Ao longo do século 20, a pele branca foi usada como referência de tecnologia aplicada a filmes coloridos. Para calibrar as cores de uma imagem, os laboratórios fotográficos usavam os chamados “Shirley cards”: uma foto de uma mulher branca com as referências de cores, exposição à luz e densidade. Com esse método de calibração, fotógrafos e designers realizavam o balanceamento das máquinas de impressão fotográfica em um padrão considerado “normal”.

Shirleys – apelido dado às mulheres que apareciam nos cartões, em referência a Shirley Page, a primeira modelo a ser usada para esse fim – eram invariavelmente brancas, e essa padronagem de calibração dificultava que os tons de  pele negra fossem retratados com a mesma fidelidade. O método resultou em imagens da pele escura com aparências desfocadas, chapadas e sombreadas nas revelações fotográficas.

As primeiras mudanças para ampliar a gama de tons marrons das emulsões químicas dos filmes ocorreram na década de 1960, principalmente devido à pressão de fabricantes de móveis e chocolates. Eles reclamavam que seus anúncios publicitários impressos não refletiam a diversidade de tons que diferenciavam seus produtos. 

A partir de 1990, com o surgimento de câmeras capazes de processar tons de pele claros e escuros ao mesmo tempo, foram lançados cartões Shirley multirraciais, embora todas as modelos ainda tivessem a tez clara. Eles nunca foram amplamente adotados porque coincidiram com o surgimento da fotografia digital, mantendo o viés racial nas práticas contemporâneas de captura, criação e distribuição de imagens.

Viés racial nos algoritmos de inteligência artificial 

Hoje, a grande maioria das ferramentas de IA usadas para edição de imagens foi treinada para ver rostos humanos usando bibliotecas de imagens digitais que também carregam esse viés preconceituoso. O resultado dessa prática é que pessoas reais são representadas erroneamente ou excluídas, exatamente como os cartões Shirley foram projetados para fazer.

Novas perspectivas para a produção de imagens

“O movimento RGBlack nasceu para romper essas regras e trazer novas perspectivas para quem está atrás das câmeras retratar toda a grandeza da beleza negra por meio da criação de novos cards de calibração projetados para diversos tipos de pele. Eles estão na plataforma rgblack.org, junto com informações sobre princípios de iluminação, beleza e colorimetria”, diz Gabriel França, diretor de criação associado da AKQA.

A fotógrafa e diretora Juh Almeida, da Pródigo Filmes, é uma das protagonistas desse movimento e é quem dirige o filme que recria os novos cartões com modelos negras.  

“Para mim, o objetivo principal de um projeto como o RGBlack é quebrar de uma vez por todas a transmissão da mensagem social e psicológica sutil que dita a dominância da pele branca como padrão em todos os departamentos da imagem, não só na frente e atrás das câmeras, mas também no backstage, fichas técnicas, bastidores e, lógico, nas mídias que nos bombardeiam dia a dia deixando evidente que não existe espaço para pessoas de pele negra. Em linhas gerais, o que queremos com esse projeto é inquietar e confrontar o imaginário enraizado nas mentes criativas de quem encabeça projetos e ainda dita a branquitude como padrão”, pontua Juh Almeida. “O tema er a também campo de estudo da minha dissertação de mestrado e meu interesse pelo assunto se manteve. Com a vontade de revolucionar de forma coletiva a indústria da imagem e de desafiar o racismo institucional, eu aceitei dirigir o projeto que propõe evitar esses erros nas futuras captações”, acrescenta a diretora.

O filme de lançamento do movimento RGBlack, também cocriado e dirigido por Juh, revisita os Shirley cards com um olhar negro e uma proposta de reflexão que antecede o clique. “A fotografia não é apenas um sistema de calibração de luz, mas uma tecnologia de decisões subjetivas. Quem eu vou fotografar? Qual ângulo escolher? De onde entra a luz? Por que neste cenário? Por que esta pessoa? A tecnologia deve ser o equalizador final, deve principalmente atender às necessidades de todos sem um preconceito inerente ou viés racista. Não podemos mais presumir que a cor branca é o padrão.” E finaliza: “Acredito muito que o RGBlack celebra e traz à luz pautas antes ignoradas e sile nciadas na indústria do cinema e da fotografia. Eu sonho grande e acredito que ressignificar a Shirley é o primeiro passo para mudar o mundo por meio da fotografia”, defende a diretora. 

Assista: 

Fotógrafo e influenciador Roger Cipó retorna para os salões de arte, na SP-Arte 2021

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Foto: Divulgação.

Cipó estreia na maior feira da América Latina, retornando aos salões de uma exposição de artes visuais.

O fotógrafo Roger Cipó retorna aos salões de uma exposição artística, estreando na SP-Arte 2021, considerada a maior feira de artes da América Latina, que começou nesta quarta-feira (20),e vai até domingo (24). Em sua 17ª edição, o evento acontece no galpão Arca, na Vila Leopoldina, em São Paulo.

Após período explorando outros ares profissionais, o paulistano apresentará obras de “Igbo Iku – onde morre quem tem que nascer”, série produzida ao longo de 10 anos de sua produção fotográfica, na plataforma Olhar de um Cipó. Um público formado por apreciadores, colecionadores e principais galeristas de arte e museus, poderão ver de perto suas obras expostas em formato inédito.

Além de marcar sua estreia, Cipó, que também atua como escritor, criador de conteúdo, comunicador de influência, e que vem mostrando sua pluralidade como apresentador, comemora outro feito. “É uma enorme satisfação pertencer à ‘01.01 Art Plataform’ composta por artistas negros, pois eu estive na sua criação e agora retorno para o que se tornou a principal plataforma de artes negras, do país”, disse ele.

Sendo um dos primeiros fotógrafos negros a trabalhar em prol da temática, Cipó é formado em fotografia há mais de 10 anos e, desde o início da sua jornada, seus trabalhos fotográficos são moldados sob seu olhar atento e apaixonado para o candomblé. “Decidi que o terreiro de candomblé não seria o meu campo de pesquisa, e sim a  base para documentar as minhas experiências e das comunidades pelas quais eu passar na tentativa de oferecer novas imagens e imaginários acerca das religiões de matriz africana, já que, até o momento, nós só tivemos fotógrafos brancos documentando nossas próprias narrativas, a partir do que eu chamo de ‘lentes racismo”, explicou.

Com exposições, pinturas, fotografias, colagens, residências, consultorias em arte, simpósios, entre outros destaques, a SP-Arte, que teve sua edição do ano passado em formato online – em virtude do isolamento social – principal medida de combate contra a Covid-19, conta com 128 participantes, sendo 84 galerias com suas estandes expostas e 44 físicas em formato digital.

Para visitar e prestigiar os trabalhos do Roger Cipó e demais artistas, basta fazer o agendamento em https://bilheteria.sp-arte.com/home e apresentar o teste negativo para Covid-19, realizado, pelo menos, nas últimas 48 horas. Já pelo interior da feira, é necessário estar munido de máscara e, o distanciamento pelo local, será obrigatório.

“É preciso investir para interromper os ciclos de pobreza”, diz Juliana Kaiser, professora, consultora e palestrante

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Por Rodolfo Gomes

Juliana Kaiser é educadora, formada em história da arte.  Desde a infância a sensação de não pertencimento a acompanha. Filha de pais com muita consciência social, que sempre a instruíam sobre as questões raciais.

“Meu pai sempre falava sobre o entorno. Fomos sempre os únicos pretos dos edifícios que morávamos.”

Graças ao esforço dos seus pais, teve a oportunidade de cursar os ensinos fundamental e médio em escola privada. Ao final do ensino médio, entrou em uma grande universidade pública, no Rio de Janeiro, para cursar história da arte. Ali, entendeu que estava em um espaço cujo sistema não estava pronto para lhe receber. Em seu curso, a maior parte dos alunos já tinha viajado o mundo, conhecido os museus pelo mundo a fora. Nas aulas, seus professores falavam de arte erudita, europeia e branca. Tudo de forma hermética para Juliana, que não conhecia de perto nenhuma das referências ensinadas. Foi quando resolveu trancar a universidade, e passar um período na Europa, para conhecer as referências que lhe eram ensinadas.

Durante seu período na Europa, olhava em volta e não via pessoas pretas. Mas foi um período de muito aprendizado, e que permitiu que Juliana conhecesse de perto os conceitos que seriam fundamentais para sua formação, que foi retomada assim que retornou ao Brasil. Já no mestrado, estudando museologia em Portugal, via que os empobrecidos, que assim como no Brasil eram negros, por lá também não ocupavam espaços de poder e conhecimento. Em Chelas, um dos bairros mais perigosos de Portugal, majoritariamente formado pela comunidade africana em Lisboa, estudou e entendeu que o ciclo de exclusão também acontecia por lá. 

“Existe uma barreira invisível a ser transposta. O sistema retroalimentava que pretos nasceram pra trabalhar, e não pra conhecer museus. Essa é a exclusão do povo negro dos espaços de poder, que mesmo gratuitos e existentes no calendário escolar, não são frequentados pelo nosso povo, evitando que eles saibam da importância do conhecimento histórico.” 

Atuou como profissional responsável por relações institucionais de importantes museus e via as pessoas surpresas com sua bagagem internacional, e visitas semestrais à Europa, o que era motivo de estranheza para muitos. Conectava os museus com projetos sociais das mais variadas áreas vulneráveis da cidade. Sua missão era olhar as instituições por dentro e virar a chave da invisibilidade, conectando a extrema pobreza e questões raciais, pensando projetos para os excluídos de espaços estratégicos.

A carreira de Juliana se divide entre o trabalho acadêmico e docente, em grandes universidades, com estudos sobre diversidade racial, e responsabilidade social, palestras e consultorias, pensando estratégias para grandes empresas, ajudando-as a desenvolver o ESG sob a perspectiva social, com o objetivo de melhorar suas práticas. Para além da filantropia, pensando também no lucro, e devolvendo valor para a sociedade.

Na ocasião da implantação da política de cotas no Brasil, Juliana lecionava em uma universidade pública. Convidada por outro professor, estava lá quando os alunos cotistas começaram a chegar, lutando pela não segregação de alunos negros. Nessa época, organizou uma rede de apoio, para mobilizar a estrutura da universidade para evitar o assédio e o racismo.

Juliana, que nunca se contentou com o teste do pescoço, em que se olha em volta e não se acha pessoas negras, sempre lutou pela inclusão em todos os meios dos quais fazia parte. E essas experiências a levaram a migrar dos museus para o mundo corporativo, dando também consultorias para Diversidade, Equidade e Inclusão. Estar na universidade é pensar ação social em espaços estratégicos. Hoje, como professora convidada, aborda os alunos negros no Campus, para orientá-los sobre ocupação dos espaços. 

“A universidade está mais preta, apesar de ainda haver vieses inconscientes. Presencio bancas acadêmicas mais pretas a cada dia. As comissões de heteroidentificação também estão mais fortes, coibindo fraudes e permitindo a afirmação da negritude.”

No mundo corporativo, atuando de forma estratégica em consultorias de ESG para grandes empresas, seu papel é alinhar os stakeholder, e garantir a correta implantação da diversidade, equidade e inclusão nas empresas, uma vez que os números relacionados ao pilar racial ainda estão distantes de uma perspectiva de equidade. Negros são mais de 56% da população e não vemos esse percentual refletido nas corporações. Além de conhecer a fundo os relatórios de sustentabilidade e GRI, apresenta os resultados dos concorrentes, ações e consequências. Traz escolhas para mesa, embasando a negociação através de benchmarking. Seu trabalho consultivo também envolve aumentar a quantidade de pessoas pretas nas empresas, especialmente em cargos estratégicos, não se limitando apenas aos estagiários ou aprendizes.

Desde o início da pandemia, essa distorção tornou-se mais gritante. Antes, nos ambientes físicos, as pessoas negras até eram vistas na recepção, na segurança, na copa, mas com o advento do trabalho remoto, as reuniões por videoconferência escancararam a desigualdade racial existente nos espaços corporativos. 

“Penso no ESG a partir da transparência, governança. Sempre pergunto se meus clientes estão prontos para a equidade racial. “

Escrevendo um livro sobre o empoderamento de mulheres no mundo pós George Floyd, acredita que mudar a realidade econômica das mulheres negras é ter a inclusão em todas as camadas hierárquicas das empresas. Tem estudado o empoderamento econômico para as mulheres negras e as ações efetivas que estão sendo adotadas para que conselhos de administração e demais cargos C-level sejam compostos por pessoas negras e especialmente por mulheres negras.

“Não sou de quebrar vidraças, e sim de jogar xadrez. Vou na linha da paz, e acredito que apresentar projetos robustos de investimentos é mais efetivo do que a militância sem embasamento. Fazer com que as empresas percam dinheiro, não resolve o problema. É preciso investir para interromper os ciclos de pobreza, entregando o mínimo de conforto financeiro, para que os ciclos não se repitam.”

Sobre o futuro, Juliana revela estar muito otimista, mas ressalta que é preciso pressionar o mercado, olhando especialmente para empresas globais, uma vez que os investidores estão tirando o dinheiro do Brasil. 

“Quando a gente pensa que os nossos sobreviveram à travessia do atlântico, vemos o quanto somos resilientes. Precisamos trabalhar a força mental, acreditar na mudança e empoderar as pessoas negras.”

Com clientes como AfroTv e Grana Preta, Preta Comunicação trabalha com um time potente e afrocentrado

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Haron, Jamily e Julia - Foto: Tiago Rodrigues

“Do brainstorming à comunicação entregue ao público, somos um negócio comprometido com os clientes, estamos preparados para trabalhar com grandes marcas, mas não esquecendo dos microempreendedores, afinal empreender tem uma marca gigantesca na nossa história. É ancestral e latente”. Essa explicação é de Giuliana Brandão que juntamente com Jamily Silva, Haron Soares fundaram a Preta Comunicação, empresa voltada projetos de comunicação.


Assim como a maiorias dos empreendimentos de pessoas pretas, o negócio foi criado há um ano, quando os três jovens publicitários sentiram a ausência da representatividade. Quem trabalha com comunicação no ambiente digital, a pandemia abriu oportunidades de trabalho e com a Preta Comunicação não foi diferente. A empresa tem em sua cartela clientes importantes como a AfroTV e a Grana Preta.


Entre os serviços prestados pela Preta estão consultoria, planejamento em comunicação, gerenciamento de mídias sociais, gestão de anúncios e marketing promocional. Todos os projetos são tocados sem esquecer temas como representatividade, diversidade e inclusão no ambiente de trabalho.


“A Preta representa uma reação a um mercado ainda excludente e pouco diverso. Há uma comunicação que tenta estabelecer uma conexão com a gente, negros e LGBTQIA+, mas que não nos atinge de forma completa porque não é feita por nós. Não somos e nem queremos ser os únicos. Queremos que o nosso negócio seja próspero e alinhado com as pautas que acreditamos”, destaca Haron.


Jamily destaca outro diferencial do negócio. “Outro dia recebi um e-mail que dizia ‘quero muito fazer parte da revolução que vocês estão criando, vocês são nossos heróis reais’. Somos um time verdadeiramente diverso, criativo, potente, afrocentrado, com um olhar racializado, experientes e cheios de vontade de transformar”, finaliza Jamily Silva.

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