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As independências: as histórias do Brasil e o povo negro

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Arte de Maria Felipa

Debora Simões

​ “Existe uma história do negro sem o Brasil. O que não existe é uma história do Brasil sem o negro”, está frase pertence ao fotografo e ativista Januário Garcia, que faleceu em 2021. Ela foi retratada no podcast “projeto Querino”, na voz do jornalista Tiago Rogero. O primeiro episódio do podcast apresentado por Tiago é o fio condutor deste artigo, assim como os versos do samba enredo da escola de samba carioca Mangueira, campeã do carnaval de 2019.
​No bicentenário do sete de setembro, da independência do Brasil, do marco da criação de um país, velho conhecido nosso, o Brasil, voltamos nosso olhar para ela. Aprendemos na aula de história que a independência do Brasil teria sido um processo pacífico, que se deu sem guerras ou conflitos. Movimento protagonizado pelo príncipe regente Pedro (conhecido depois por Dom Pedro I), que com bravura teria anunciado as margens do rio Ipiranga, “Independência ou morte”. Mas o que pouco se fala é que houve independência e morte. Do norte ao sul do país, forças contra a emancipação e a favor lutaram por suas ideias. Sangue do povo negro, dos povos indígenas foram derramados em diversas batalhas, a agitação política começou nos fins de 1821 e só cessou mesmo em 1823, como indicou o historiador Hélio Franchini Neto em sua tese de doutorado.
A imagem que construímos enquanto sociedade independente não se assemelha a essa bravura do povo brasileiro. Conhecemos esse processo, mas como um ato heróico do príncipe. A cena foi eternizada pelo artista Pedro Américo, encomendada pelo filho de Pedro I, Pedro II, em 1888. Na pintura o protagonista no meio ergue a espada montado em um cavalo. O que o quadro não mostra são alguns fatos. Muito provavelmente, era uma mula e não um cavalo. A independência já havia sido programada, por Leopoldina, esposa do príncipe, que por causa da viagem do esposo havia ficado na função de regente, governando a nação. No Dia do Fico o príncipe estava voltando para a corte, Rio de Janeiro, de uma campanha política em Minas Gerais. Por causa da viagem possivelmente aquele glamour de monarquia europeia foi inventado.
Como todo processo histórico, precisamos analisar com cautela. Não temos dúvida de que o sete de setembro é um marco na separação entre Portugal e Brasil. Outra coisa é que não começou em 1822, podemos voltar ao menos a 1808, com a chegada da família real portuguesa ao Brasil, fugida de Napoleão Bonaparte e escoltada pela marinha inglesa nessa viagem transcontinental. O ponto central do projeto do Brasil, o pacto da elite política e econômica para a nação que nascia foi a manutenção da escravidão, conforme destacou a historiadora Ynaê Lopes dos Santos em entrevista para o podcast “projeto Querino”, do qual ela também é consultora de pesquisa. O projeto comum da elite dona de terra foi a independência e a manutenção do sistema escravista, contrariando, inclusive, as pressões inglesas.
Por mais que a história oficial tente encobrir e apagar, a independência teve heróis e heroínas negros, brancos e povos indígenas que foram às ruas e lutaram por suas ideias. Uma das guerras mais importantes aconteceu na Bahia, onde as tropas portuguesas não aceitaram a emancipação do Brasil.
A exemplo, da marisqueira quitandeira e capoeirista Maria Felipa. Mulher negra que, na ilha de Itaparica, na Bahia, teria liderado um grupo de mulheres que enganaram uma tropa de portugueses. Elas teriam armado uma emboscada e dado uma surra de cansanção (uma planta que causa queimadura) e após isso elas teriam incendiado os navios portugueses. O pouco que sabemos sobre Maria Felipa ainda é incerto, mas a existência é forte e é símbolo de resistência negra feminina em toda Bahia. Lembrada no desfile cívico do 2 de julho, marco da independência do Brasil na Bahia.
Aos poucos, revendo, reescrevendo, recontando, a gente vai descobrindo que na história desse país: “desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento, tem sangue retinto pisado, atrás do herói emoldurado. Mulheres, tamoios, mulatos, eu quero um país que não está no retrato”, contamos em verde, amarelo e rosa.

Pela primeira vez, Reino Unido terá ministros negros como representantes das Finanças e Relações Exteriores

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Foto: Divulgação.

A nova primeira-ministra britânica Liz Truss selecionou nesta terça-feira (6) um gabinete onde, pela primeira vez, nenhum homem branco ocupará um dos quatro cargos ministeriais mais importantes do país. Truss nomeu Kwasi Kwarteng como o novo ministro das Finanças, enquanto James Cleverly foi nomeado como ministro das Relações Exteriores. É a primeira vez que tais ministérios recebem profissionais negros como representantes.

Kwasi Kwarteng, primeiro chanceler negro do Reino Unido. Foto: Hollie Adams.

Deputado desde 2010, Kwarteng é um ativista radical do livre mercado e ex-porta-voz empresarial do governo. Nascido no nordeste de Londres e de pais ganenses, ele será o primeiro chanceler negro em toda história do Reino Unido. Já James Cleverly, de 53 anos, possui mãe negra de Serra Leoa e pai branco da Grã-Bretanha. No passado, ele chegou a falar sobre como sofreu bullying por ser uma criança negra de pele clara e teceu críticas ao partido conservador do Reino Unido, declarando que era preciso fazer mudanças para atrair votos da comunidade negra.

James Cleverly, Ministro das Relações Exteriores. Foto: Divulgação.

Outro destaque fica com Suella Braverman, que representará o Ministério do Interior. O posto será ocupado, pela segunda vez, por uma mulher de minoria étnica. Conhecida por suas posições ultraconservadoras, Braverman possui pais de origem indiana.

Suella Braverman, nova Ministra do Interior. Foto: The Times / AFP.

A crescente diversidade entre os representantes do partido conservador se deve em parte a uma pressão interna nos últimos anos. Até algumas décadas atrás, os governos britânicos eram compostos principalmente por homens brancos, o fato mudou apenas em 2002, quando Paul Boateng foi nomeado primeiro ministro de gabinete do Tesouro.

Apesar das novas posições negras, especialistas dizem que as pautas relacionadas às políticas de identidade não devem ganhar maior destaque no governo conservador, a exemplo do novo chanceler. “Kwarteng quer ser julgado pelo conteúdo de seu caráter, habilidades e experiência, e não por sua raça”, disse um funcionário do governo que trabalhou com o político. “Ele não gosta das coisas da política que estejam relacionadas à identidade.”

*Com informações de Reuters.

Pessoas pretas também magoam pessoas pretas

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Texto: Pra Preto Ler

Com a ampliação das redes e o acesso a informações, bem como a pressão feita pelo movimento negro, temos nos mobilizado coletivo e individualmente para o reconhecimento da potência da nossa comunidade.

Mas é preciso refletirmos sobre como algumas premissas elaboradas de forma superficial tem nos impossibilitado de romper ciclos violentos unicamente por serem protagonizados por pessoas negras. Assim, constrói-se um falso ideal de contradição entre aquilo que acreditamos e o que fazemos ao apontar um sujeito negro como sendo violento, tóxico e/ou descuidado.

A construção de senso de comunidade deve nos conectar a uma noção de integração, pertencimento, verdade e justiça que nos permita manejar os conflitos e trabalhar as diversidades. Também é fato que a negação de direitos básicos tem nos impedido de trabalhar as complexidades do nosso povo. Assim, a crença de ausência de conflitos é característica de relações saudáveis nos impede de ampliar e reconstruir a nossa comunidade.

A equívoca ideia de que não podem haver conflitos entre nós promete nos aproximar, mas só causa distanciamento, superficialidade e desumanização. Dentro desse “pacto”, no qual não podemos responsabilizar outras pessoas negras, seguimos usando ferramentas brancas que trazem, por exemplo, a culpa e o perdão como ferramentas solucionadoras.

Observar o território antes de abrir as feridas do nosso povo, vigiar o uso das palavras, questionar velhas elaborações são marcas do compromisso histórico e político que assumimos ao iniciar o nosso processo coletivo e individual de tornar-se sujeito e reconstruir o senso de comunidade. A lógica da violência branca não cabe à nossa comunidade, especialmente a dicotomia de vítima e algoz, mas também este lugar de suposta proteção, no qual desresponsabilizamos os indivíduos em nome de um pacto que nos desconsidera enquanto sujeitos.

Instituto Pretos Novos lança circuito de Oficinas de História e Cultura Afro-brasileira

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Foto: divulgação

O IPN anunciou uma parceria com a L’Oréal Brasil que tem como objetivo preservar histórias africanas e afro-brasileiras

O Instituto Pretos Novos anunciou na manhã desta terça-feira (6), no Rio de Janeiro, o lançamento do circuito de Oficinas de História e Cultura Afro-brasileira. A iniciativa será realizada em parceria com a L’Oréal Brasil. Ao todo serão ofertados 45 cursos que tem como objetivo fortalecer e promover narrativas afrodescendentes e ajudar no combate ao racismo estrutural.

Os cursos serão ministrados por historiadores, sociólogos, jornalistas, entre outros nomes de grandes instituições de ensino, focados em multiplicar o conhecimento histórico e arqueológico da Zona Portuária do Rio, onde está localizado e Instituto Pretos Novos, assim como tratar as temáticas mais latentes da sociedade brasileira como o racismo estrutural.

Foto: divulgação

O evento de anúncio da parceria contou com a presença das atrizes Taís Araújo e Zezé Motta, além de influenciadores e jornalistas que foram conduzidos por uma caminhada para conhecer a história do Cais do Valongo, um dos principais portos onde desembarcaram cerca de um milhão de escravizados trazidos para o Rio de Janeiro, o local é considerado o maior sítio de memória da Diáspora Africana fora da África, além de ser tombado pelo Patrimônio Histórico. É um lugar de memória da dor e sofrimento que guarda um valor histórico para a diáspora africana.

Ao enviado especial do Mundo Negro, Maycon Cabral, a atriz Taís Araújo falou sobre o que sentiu ao visitar o local pela primeira vez. “Você vai concretizando tudo o que aconteceu com a população negra e acontece até hoje nesse país. E acabar ali no Instituto dos Pretos Novos é muito significativo, porque é a concretude da violência, dos maus tratos, dos desmandos, de como a população negra desde que chegou aqui sequestrada, foi tratada sem dignidade, sem humanidade e a gente fica muito abalado, mas ao mesmo tempo reforça o compromisso”, declarou a atriz depois da visita.

Confira a entrevista com a atriz Taís Araújo no vídeo:

Os cursos promovidos pelo IPN acontecem de forma online e gratuita. O projeto tem a duração de 12 meses e o link para inscrição já está disponível no Sympla. Cada aula tem 2 horas de duração. Além disso, as aulas contam com tradutores de libras. 

LeBron James e Drake são processados em R$ 52 milhões por uso indevido de direitos autorais

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LeBron James e Drake. Foto: Harry How / AFP / Richard Shotwell.

Os astros LeBron James e Drake estão sendo processados por roubarem ideias de um filme esportivo. De acordo com o New York Post, uma ação foi movida na Suprema Corte do estado de Nova York sobre os direitos autorais do longa ‘Black Ice’, que possui os dois astros como produtores, e que foi lançado em 2014 como uma adaptação cinematográfica do livro ‘Black Ice: The Lost History of the Colored Hockey League of the Maritimes’.

Billy Hunter, ex-diretor executivo da Associação Nacional de Jogadores de Basquete, entrou com o processo esta semana, solicitando US$ 10 milhões, cerca de R$ 52 milhões na cotação atual. “Embora os réus LeBron James e Drake sejam internacionalmente conhecidos e renomados em seus respectivos campos de basquete e música, isso não lhes dá o direito de roubar a propriedade intelectual de outra pessoa”, disse Hunter no processo.

Billy Hunter. Foto: Mary Altaffer/Associated Pres.

O processo alega que Hunter pagou a um dos autores do livro, George Fosty, US$ 250.000 pelos “direitos mundiais exclusivos” para qualquer adaptação audiovisual da obra. A equipe de LebRon James também teria, supostamente, oferecido à Fosty US$ 100.000 para adquirir os direitos “já adquiridos” com o objetivo de lançar um documentário.

Os representantes de George Fosty alegaram que a obra visual esportiva lançada por LeBron James e Drake não infligia a “licença mundial exclusiva” porque tratava-se de uma obra documental. “Um documentário ainda configura, acima de tudo, um filme e adaptação audiovisual. Assim, qualquer afirmação divergente é má fé”, alega Hunter na descrição da causa.

Até o momento, nenhum dos representantes de Drake ou LeBron responderam à acusação.

‘Gosto de ver um brilho no meu couro cabeludo’, afirma Willow Smith

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Foto: Thom Kerr / Glamour UK

Capa de setembro da revista Glamour do Reino Unido, cantora falou sobre a relação com seu cabelo sendo uma mulher negra

Aos 21 anos, Willow Smith é a capa de setembro da revista Glamour do Reino Unido, a cantora fez um ensaio fotográfico para a edição e falou sobre temas como saúde mental, feminismo, discriminação e destacou a escolha pelo uso dos cabelos raspados.

Foto: Thom Kerr

Logo no início da entrevista para a jornalista Christine Ochefu, a filha de Will Smith e Jada Pinkett Smith comenta sobre como gosta de ver seu couro cabeludo: “Eu gosto de ver um brilho no meu couro cabeludo, um reflexo de luz”, conta. Ela ainda diz: “Raspar minha cabeça é talvez a coisa mais radical que fiz em nome da beleza”.

Willow conta que depois de sua estreia na música com o clipe de Whip My Hair, ficou frustrada com o excesso de trabalho durante a primeira turnê como cantora, o que a influenciou a adotar o penteado que se tornou sua marca registrada atualmente.

“Como mulher negra, havia muitas camadas no meu relacionamento com meu cabelo e minha pele enquanto crescia; foi definitivamente uma curva de aprendizado”, explicou.

“Eu tive que admirar outras lindas mulheres negras. Basta olhar para alguém que é como eu, vivendo sua verdade e não deixar que o que a sociedade diz os derrube. Acho que essa foi a [influência] mais importante para mim quando criança”, contou a cantora durante a entrevista. Ela também reforçou que entre essas mulheres que ela admira e que foram sua referência é a própria mãe, Jada Pinkett Smith, a quem sempre recorre quando quer conhecer músicas novas “Minha mãe me mostrou tudo. Eu ainda vou até ela agora como, ‘Você tem alguma coisa nova para eu ouvir?’”, conta ela.

Foto: Thom Kerr

Willow Smith comentou sobre a discriminação sofrida por pessoas negras na cena alternativa e como esses artistas são rotulados em comparação com artistas brancos. “Quando eu queria fazer um álbum de rock, havia muitos executivos que diziam, ‘Hmm…’, ela diz franzindo a testa. “Se eu fosse branco, estaria tudo bem; mas porque eu sou negra é, ‘Bem… talvez não vamos’ – e tornando isso mais difícil do que precisa ser”, confessa Smith.

Sobre seu lugar no mundo, Willow Smith responde que “Meu único objetivo é incorporar puro amor e aceitação”, diz ela. “E inspirar outras pessoas a encontrar esse lugar dentro de si mesmas e fazer o mesmo.”

PA expõe ataques racistas sofridos por ele e o filho na internet

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Foto: André Horta/Brazil News

O atleta e ex-BBB compartilhou prints doas ataques e ameaças direcionadas a ele e ao filho, de 1 ano, que recebeu nas redes sociais

Na noite da última sexta-feira (05), o atleta e ex-BBB Paulo André divulgou em seu Twitter os ataques racistas que ele e o filho de um ano, Paulo André Camilo Júnior, o Peazinho, vem recebendo na internet. PA começou o assunto falando “Preto vencendo incomoda!!! quem não é da cor fala que é maluquice”.

https://twitter.com/iampauloandre/status/1566990220704227329

Paulo André também compartilhou a seguinte mensagem:

https://twitter.com/iampauloandre/status/1567007488788004867

Em seguida, o atleta mostrou prints de mensagens racistas que recebe nas redes sociais, em que pessoas o chamam de macaco e enviam emojis de banana pelo direct de PA:

https://twitter.com/iampauloandre/status/1567008499409764352

Uma onda de ataques contra o atleta teria começado depois que um vídeo que mostra PA tirando fotos com fãs viralizou na internet. Um rapaz chamado Raphael Ditto, lutador de Jiu Jitsu, não teria gostado do modo como PA tratou sua namorada no Rock in Rio. No vídeo, depois da foto com a moça, o atleta aparece cumprimentando e conversando com outro fã.

Nas redes sociais, Raphael Ditto teria ameaçado o atleta de agressão: “Estamos formando o bonde para cair na mão com o PA, pancadaria generalizada, bagulho feio, vamo geral cair na mão com ele aí. Para ele fugir vai ter que correr muito”. Ao fundo, a namorada do rapaz diz: “Gostei que apareci no Multishow”.

https://twitter.com/magiccrf/status/1566990936781078528

“Qualquer outra coisa é barulho”, afirma atriz sobre críticas a etnia de personagens em ‘Os Anéis De Poder’

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Foto: Reprodução/Prime Video

Em entrevista para a Revista Essence, Cynthia Addai Robinson afirmou que o que mais anima a atriz é o que seus entes queridos vão pensar quando a virem

Com uma semana de estreia no Prime Video, a série, Senhor dos Anéis: Os Anéis De Poder já é a mais assistida da plataforma de streaming com mais de 25 milhões de espectadores. Mesmo com todo esse sucesso, a produção tem recebido críticas na internet de alguns fãs que esperavam um elenco embranquecido.

Intérprete da rainha Míriel, Cynthia Addai Robinson contou em entrevista para a Revista Essence que está muito mais preocupada com o que seus familiares vão pensar quando virem a série. “O que tenho pensado muito recentemente é que tenho sobrinhas e sobrinhos que sabem que a tia está trabalhando em alguma coisa, mas não têm certeza do quê. Eles estão na idade em que podem realmente apreciar uma história desse escopo e desse nível de construção de mundo”, declarou.

A atriz também pontuou que não entrará em discussões de internet a respeito da diversidade dos personagens. “Há coisas que são ditas online sobre diversidade na fantasia, especificamente em Tolkien, e eu simplesmente não concordo. Então, eu não me envolveria em uma conversa que essencialmente não é uma conversa”.

“Este é o único caminho a seguir no gênero de fantasia em geral. Você quer ver o mundo como você sabe que é, mesmo que seja fantasia, e você quer ver o mundo como você deseja vê-lo”, continuou ela. “Seria chocante ver de outra forma. Eu sei que é isso que o público quer ver. Qualquer outra coisa é barulho, francamente, e eu simplesmente não presto atenção a isso”, finalizou a atriz.

A série estreou no dia 2 de setembro no Prime Video e, além das criticas à diversidade do elenco, Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder também tem sido questionada porque os personagens femininos tem mais expressão. O bilionário Elon Musk fez um post no Twitter alegando que Tolkien, autor dos livros que inspiraram a saga, estaria se revirando no túmulo.

Outros usuários destacaram que a diversidade enriquece a história:

https://twitter.com/sevecav/status/1565861344519266304

“Precisamos de mais histórias que retratem adolescentes negros existindo fora das lutas raciais”, afirma autora norte-americana Kelis Rowe

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Foto: arquivo pessoal / divulgação

Em busca de Júpiter, escrito pela americana Kelis Rowe, traz romance contemporâneo entre adolescentes negros inspirado no clássico de Shakespeare

Escrito pela norte-americana, Kelis Rowe, o romance “Em busca de Júpiter” conta a história dos adolescentes Ray e Orion, de dezessete anos, que vivem os conflitos típicos da adolescência. Ray não quer saber de se envolver romanticamente, pois sabe bem o que é amar alguém e perder essa pessoa. Ela é amante das artes e ama escrever poesias a partir de textos clássicos, além de ser bastante independente. Orion, por outro lado, gostaria de ser melhor com as garotas. Ele se porta como o atleta durão que o pai quer que ele seja, mas é um romântico incurável. Os dois se conhecem em um rinque de patinação, mas segredos familiares podem atrapalhar sua relação.

Inspirado no romance de William Shakespeare, o livro escrito por Rowe traz dois adolescentes negros como centro de uma história de amor. A autora ressalta que “Em busca de Júpiter” tem o objetivo de retratar a existência dos jovens independente das lutas raciais, para ela: “precisamos de mais histórias que retratem adolescentes negros existindo fora das lutas raciais e dos estereótipos amplamente vistos sobre a negritude. Na maioria dos dias, os adolescentes negros acordam e vão à escola, ou ao trabalho, à prática de esportes ou à igreja em dias preguiçosos de verão e se apaixonam por outros adolescentes negros. Eles merecem histórias que celebrem esses aspectos de suas vidas também”.

Foto: divulgação

Na entrevista concedida ao Mundo Negro, Kelis Rowe conta detalhes sobre o livro, lançado no Brasil no final de agosto.

Por que é tão importante escrever sobre o amor entre jovens negros?

É tão importante que os leitores abram um livro e vejam a humanidade dos jovens negros. Em “Em busca de Júpiter”, uma garota artística que tem medo de amar conhece um atleta na pista de patinação nos últimos dias das férias de verão. Eles estão destinados a se amar, mas um segredo do passado ameaçará separá-los antes mesmo de sua história de amor começar. Os livros informam o que pensamos e sabemos sobre nós mesmos e os outros, e é importante pintar um retrato equilibrado da vida negra. Muitas vezes, somos entretidos por histórias populares sobre adolescentes negros que os mostram encontrando injustiça racial e social em recontagens históricas ou na ficção contemporânea moderna e até mesmo em fantasia e filmes, que podem ser poderosos e importantes para o público que se beneficia de uma exposição diferenciada para esses tipos de histórias. Mas se a arte imita a vida, então precisamos de mais histórias que retratem adolescentes negros existindo fora das lutas raciais e dos estereótipos amplamente vistos sobre a negritude. Na maioria dos dias, os adolescentes negros acordam e vão à escola, ou ao trabalho, à prática de esportes ou à igreja em dias preguiçosos de verão e se apaixonam por outros adolescentes negros. Eles merecem histórias que celebrem esses aspectos de suas vidas também.

Você acha importante que os jovens negros possam falar sobre suas vulnerabilidades? Por quê?

É preciso muita autoconsciência para que qualquer pessoa reconheça e seja capaz de articular suas vulnerabilidades e como elas afetam coisas como amizades, relacionamentos, desempenho acadêmico, ética de trabalho, etc. Os adolescentes geralmente não têm essa capacidade – muitos adultos também. Muito tempo e foco são gastos em medir os adolescentes pelo desempenho deles em relação a certos padrões relacionados a todas essas coisas. A adolescência tem tudo a ver com crescer em identidades e determinar interesses e ambições que nos lançam na idade adulta. Quando os adolescentes estão lidando com inseguranças, doenças mentais, enfrentando condições familiares desfavoráveis ​​em casa ou mesmo desafios socioeconômicos, eles geralmente não sabem como essas coisas afetam o tipo de amigo que são, como tratam as pessoas e como se saem academicamente, o que pode ser muito desanimador para uma criança que quer fazer e ser melhor. Livros como “Em busca de Júpiter” podem nos mostrar as possibilidades de conexão, cura e crescimento que podem advir de nos permitir ser vulneráveis ​​e deixar os outros saberem que precisamos de coragem, tempo e ajuda. Espero que “Em busca de Júpiter” encoraje os adolescentes a olhar para dentro e examinar como as feridas da primeira infância causadas por seus pais, por exemplo, podem estar afetando a forma como eles aparecem nos relacionamentos e no mundo. Os livros podem ser trampolins incríveis que inspiram os adolescentes a iniciar uma jornada em direção à cura e ao crescimento em versões incríveis de si mesmos e à vida adulta um pouco mais perto do todo.

Que características dos personagens do livro você identifica em si mesmo?

Escrever “Em busca de Júpiter” foi muito catártico para mim. Escrevi o livro que gostaria de ler quando adolescente, com a percepção que tenho agora como adulta. Perguntei a mim mesmo que história teria me ajudado na época e comecei a escrever uma história que ajudasse os leitores adolescentes. A mãe de Orion, inspirada por minha mãe, é tão gentil, carinhosa e intuitiva quanto eu como mãe para meu filho pequeno e adolescente. Como Ray, eu era uma adolescente alta, bonita e artística, que provavelmente poderia ter tido uma vida mais plena e confiado em outras pessoas com mais facilidade se tivesse experimentado um relacionamento amoroso e afirmativo com meu pai. Eu sei disso agora, mas quando adolescente, eu estava apenas vivendo e, sem saber, construindo um muro de proteção ao meu redor para evitar a rejeição, evitando amizades. Como Orion, eu era muito criativo, estudioso, atlético, tímido e tive um florescimento tardio. Eu queria mais do que tudo que meus pais estivessem satisfeitos comigo. Como Orion, reconheci as coisas que deixavam meus pais tristes ou estressados, então fiz o que pude para aliviar isso — trabalhei muito para ser uma criança perfeita. Eu era muito mais velha que Orion quando ele percebeu que tinha que começar a viver em seus próprios termos para ser verdadeiramente feliz. Da mesma forma, eu era décadas mais velha que Ray antes de perceber por que não confiava na maioria das pessoas para chegar muito perto. Na minha essência, eu realmente só quero que os jovens negros tenham vidas plenas e bonitas enquanto são jovens. Então, eu quero escrever livros que revelem a eles pedaços de si mesmos que eles podem não estar cientes, e mostrar a eles como é trabalhar para serem inteiros.

‘Marte Um’ vai representar o Brasil na disputa por uma vaga no Oscar 2023

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Foto: Divulgação/Filmes de Plástico

O filme “Marte Um“, de Gabriel Martins, foi o indicado pela Academia Brasileira de Cinema para representar o Brasil na disputa por uma vaga na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2023, que será realizado em março do ano que vem. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (5), após reunião do Comitê de Seleção.

“Marte Um”, está em exibição nos cinemas desde o dia 25 de agosto. Em janeiro, estreou em janeiro no Festival de Sundance, um dos maiores eventos de cinema independente, nos Estados Unidos. 

Foram 28 longas-metragens inscritos e habilitados a concorrer à vaga. Pela primeira vez, a eleição foi realizada em dois turnos e “Marte Um” disputou o segundo turno com “A Viagem de Pedro”, “A Mãe”, “Carvão”, “Pacificado” e “Paloma“.

“O Brasil estará muito bem representado por esse filme sensível e com grande capacidade de despertar afetos e esperanças. Toda ação que transforma a vida nasce da nossa capacidade de sonhar”, escreveu Bárbara Cariry, presidente do Comitê de Seleção da Academia Brasileira de Cinema. 

O filme já foi premiado no Festival de Gramado nas categorias Melhor Filme do Júri Popular, Melhor Roteiro, Melhor Trilha Musical e Prêmio Especial do Júri.

“Marte Um” marca a estreia de Gabriel Martins em um longa solo. No elenco, estão Rejane Faria, Carlos Francisco, Camilla Damião, Cícero Lucas, Ana Hilário, Russo APR, Dircinha Macedo, Tokinho e Juan Pablo Sorrin.

“Marte Um” conta a história de uma família negra de classe média baixa de Contagem (MG), que seguem a vida entre seus compromissos do cotidiano e seus desejos e expectativas, mesmo com a tensão de um governo conservador que acaba de assumir o poder no país. Em meio a rotina, Tércia cuida da casa enquanto passa por crises de angústia, Wellington quer ver o filho virar jogador de futebol profissional, Eunice tem um novo amor e o pequeno Deivinho sonha em colonizar Marte.

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