Lashana Lynch, Viola Davis,Shelia Atim,
Sisipho Mbopa , Lone Motsomi ,Chioma Umeala em ação no "A Mulher Rei" - Foto: Sony Pictures
“Parece que vocês estão sempre festejando”. Viola Davis está no Brasil, impressionada com a gastronomia e receptividade dos brasileiros. A atriz vencedora do Oscar, veio ao Rio de Janeira promover seu último filme, “A Mulher Rei”, que chega ao circuito nacional, no próximo dia 22 de setembro.
Em conversa com a imprensa nesta manhã de segunda, Viola e seu marido Julius Tennon responderam perguntas de jornalistas do Brasil e América da Sul, e uma dessas questões ela retornou para nós, a audiência.
Quando questionada sobre se o filme poderia ter uma sequência, tanto ela, como Julius que juntos digerem a JuVee Productions, produtora responsável pelo filme, responderam que eles não têm como responder sobre o futuro. Quem decide é o mercado que se baseia em números da bilheteria.
“Esse filme é espetacular porque tem de tudo. Tem humor, tem ação, tem emoção. Eu tenho esperança de que esse primeiro passo com o ‘A Mulher Rei’ abra portas. Porque o que a gente entende é que esse tipo de filme que nossa comunidade quer e eu enfatizo de que o filme tem que fazer, dinheiro”, responde Tennon que acrescenta. “Eu espero que esse filme inicie uma proliferação de narrativas como essa”.
“Vocês perguntam isso para pessoa errada. Vocês têm a decisão e o dinheiro para assistirem filmes com pessoas como eu e se vocês não colocarem a grana, filmes assim não serão feitos. Então é uma questão para a plateia: ‘Pessoas negras, mulheres negras, podem ser heroínas em suas próprias histórias, assim como a Lara Croft em Tomb Raider ( Angelina Jolie), Scarlett Johansson (Viúva negra), Brie Larson ( Capitão Marvel) ? E eu poderia continuar. Se você coloca a grana para vê-las (mulheres brancas) usando suas espadas, batendo nos homens, causando nas telas , você pode colocar a grana para me ver, ver a Lashana Lynch, a Thuso Mbedu e muitas outras mulheres negras que estão por aí”. A intérprete de Nanisca no longa encerra. “ Isso é o que o ‘Mulher Rei”, tem feito, ou seja, nós acreditamos que ele tocará as pessoas . Uma vez que você é afetado é difícil voltar atrás. Essa é minha esperança. Eu oro por isso”.
RECORDE DE BILHETERIA NOS EUA
Neste final de semana foram revelados alguns números sobre a estreia de “A Mulher Rei”, nos EUA. O longa liderou a bilheteria entre os dias 16 e 18 de outubro arrecadando US$19 milhões . O filme também tem sido sucesso de entre especialistas em cinema e teve 100% de aprovação no site americano Rotten Tomatoes.
“Os Agojie falam inglês, com sotaque – uma decisão estratégica por parte de Prince-Bythewood que honra a herança dos personagens, ao mesmo tempo que os torna claramente compreensíveis para o público internacional (em oposição à abordagem de Mel Gibson em Apocalypto, pedindo ao elenco para falar em Yucatec Maya )”, escreveu a Variety em sua crítica sobre o filme.
Evento anunciou os ganhadores da edição presencial e segue até o dia 25 com a exibição virtual de 57 filmes brasileiros em todo o território americano
O Inffinito Film Festival, o maior festival de cinema brasileiro realizado no exterior, encerrou ontem (18), em Miami, a etapa presencial de sua 26ª edição e anunciou os filmes vencedores do Troféu Lente de Cristal. O filme Medida Provisória, dirigido por Lázaro Ramos, ganhou nas categorias Melhor Filme, Melhor Roteiro e Melhor Ator Coadjuvante (Seu Jorge).
Nas redes sociais, Lázaro Ramos e Taís Araújo anunciaram a vitória emocionados, com um vídeo. E em seguida, postaram a foto do Troféu Crystal Lens Award.”Obrigado a todo o nosso público e equipe!!! Vitória coletiva!! ✊🏿”, escreveu Lázaro.
Foto: Reprodução/ Twitter
Seu Jorge, que faz poucas publicações nas redes sociais, também gravou um vídeo nos stories do Instagram para comemorar o prêmio de melhor ator coadjuvante. “Passando pra agradecer a todos, em especial ao Lázaro pelo convite maravilhoso do Medida Provisória, que eu tive honra de fazer e fui agraciado com um prêmio. Obrigado pela confiança, pelo presente que é o André, o personagem”.
Seu Jorge ganhou o Troféu Lente de Cristal de Melhor Ator Coadjuvante, por Medida Provisória (Foto: Divulgação)
A cerimônia de encerramento, que teve show de Adriana Calcanhotto no Miami Beach Bandshell, contou com a presença de diretores, atores e produtores, entre eles os atores Eduardo Moscovis, Suzana Pires e Bárbara Paz, os diretores Laís Bodanzky, Denise Saraceni, Lô Politti, Joel Zito Araújo e Gustavo Rosa, e os produtores Debora Ivanov, Tiago Rezende e Carlos Moletta. Os convidados do festival passaram a semana em Miami divulgando seus filmes e fazendo negócios com profissionais da indústria cinematográfica americana e latina.
De 11 a 17 de setembro, a Mostra Competitiva de Longas-Metragens exibiu no cinema Tower Theater Miami oito longas-metragens da recente safra de filmes brasileiros, que concorreram ao Troféu Lente de Cristal. O júri, formado por profissionais da indústria audiovisual norte-americana, latina e brasileira, reuniu o cineasta cubano Sebastian Barriuso, a roteirista brasileira Julia Priolli, a distribuidora independente americana Joanne Butcher, o diretor brasileiro Joel Zito Araújo, a atriz e roteirista brasileira Suzana Pires, o cineasta americano John Maass e a produtora brasileira Liliana Kawase.
VENCEDORES DO TROFÉU LENTE DE CRISTAL
JÚRI OFICIAL
Melhor Filme – Medida Provisória, de Lázaro Ramos
Melhor Direção – Laís Bodanzky, por A Viagem de Pedro
Melhor Fotografia – Pedro Marques, por A Viagem de Pedro
Melhor Roteiro – Lusa Silvestre, Lázaro Ramos, Aldri Anuncioação & Elisio Lopes Junior, por Medida Provisória
Melhor Ator – Rômulo Braga por Sol (de Lô Politi)
Melhor Atriz – Monique Alfradique por Bem-vinda a Quixeramobim (de Halder Gomes)
Melhor Ator Coadjuvante – Seu Jorge, por Medida Provisória
Melhor Atriz Coadjuvante – Carolina Monte Rosa, por Por que Você Não Chora?, de Cibele Amaral
Melhor Elenco – Ela e Eu, de Gustavo Rosa de Moura
O caso de violência sexual e cárcere privado envolvendo o cantor do grupo Art Popular, Leandro Lehart e a vítima, Rita de Cássia Corrêa, ganhou repercussão nacional após a condenação do acuso em primeira instância, na última semana. Em entrevista ao Fantástico, na noite de domingo (18), Rita contou detalhes repugnantes das violências que sofreu.
Os dois se aproximaram incialmente por meio das redes sociais, e depois desenvolveram um relacionamento informal, onde havia relações sexuais consensuais. Até que em uma ocasião, Rita conta que foi obrigada por Lenadro a passar por uma situação degradante, escatológica e humilhante.
“Eu já comecei a me debater, e pedindo para ele parar. E tentando tirá-lo de cima de mim, mas eu não conseguia. Ele ainda se masturbou até chegar ao orgasmo”, disse ela ao Fantástico. Depois dessa situação, ela conta que ele ainda a deixou presa no banheiro por um bom tempo. “Eu gritava pra ele deixar eu sair de lá, e ele não deixava. Ele disse que só ia me deixar sair depois de eu me acalmar”. Depois disso, a liberou e ela foi pra casa em um carro de aplicativo chamado por ele, mas sua vida nunca mais voltou ao normal. “A minha vida hoje, ela é feita de dores psicológicas, físicas, de limitações”, resume Rita.
Concordar inicialmente com uma relação sexual, não quer dizer que a mulher não possa discordar ou negar alguma prática que aconteça durante a relação. “Ainda que a mulher concorde com o ato sexual, se durante a realização dele, o homem usar de violência ou ameaça para lhe obrigar fazer atos libidinosos que ela não quer, o crime de estupro restará configurado como determina o artigo 213 do Código Penal”, alerta a advogada criminalista Fayda Belo.
Em casos como o de Rita, muitas mulheres não realizam a denúncia por vergonha e por medo. “A ausência de denúncia acaba encorajando esse criminoso a praticar mais crimes sexuais por achar que não haverá uma resposta jurídica a altura. Deste modo, a orientação é que a vítima denuncie sim, e o mais breve possível, pois a lei garante a ela além de atendimento hospitalar, social e psicológico a proteção de sua integridade física durante todo o processo”, explica Fayda Belo. No caso em questão e no de muitas outras mulheres, a diferença de status social também é utilizada pelo agressor para desencorajar a vítima. Rita conta que Leandro Lehart também disse que usaria seus advogados contra ela e que ninguém acreditaria nela, porque ele é famoso.
O caso de violência aconteceu em 2019 e a denúncia de Rita foi feita em 2021, após conhecer o grupo Justiceiras, que a deu coragem para prosseguir com a denúncia. Leandro Lehart foi condenado a 9 anos e 7 meses de prisão, mas ele ainda pode recorrer em liberdade. A advogada criminalista Fayda Belo explica que é permitido recorrer em liberdade quando o juiz entende “não há risco de que esse acusado fuja, intimide testemunhas, ameace a vítima, destrua provas ou risco de que ele pratique outro crime, pois segundo o artigo 312 do Código Penal, somente nesses casos a prisão preventiva é autorizada”. A prisão efetivamente só será realizada após não haver mais a possibilidade de recurso.
O curso de gastronomia é destinado para pessoas em situação de vulnerabilidade social
Estão abertas as inscrições para o curso de gastronomia livre oferecido pelo projeto Diamantes na Cozinha, idealizado pelo chef João Diamante. Com 100 vagas disponíveis, o curso é destinado para pessoas em situação de vulnerabilidade social, que moram na região de Madureira, zona norte do Rio de Janeiro, e não é necessário ter experiência em gastronomia.
O projeto foi criado em 2016 pelo chef João Diamante e, neste ano, será realizado em parceria com o canal GNT. Além da oportunidade de qualificação profissional para atuação no mercado, o curso tratará de temas diversos, como Antropologia; Introdução a profissão; Boas práticas de manipulação de alimentos; Noção de Gestão empresarial, Ficha técnica; Marketing; Hospitalidade; Recursos Humanos; Psicologia e Técnicas de cozinha.
João Diamante comentou a importância do projeto para o desenvolvimento social: “Quando a gente fala de educação, de dignidade, de geração de renda e emprego, a gente consegue tirar o Brasil do mapa da fome, atingindo uma ramificação familiar em uma área com vulnerabilidade muito grande. E ao ajudar projetos como esse, a gente também ajuda no combate à fome, que é tão importante pra nossa sociedade“, reforça o chef.
As inscrições são realizadas pela internet entre os dias 16 e 26 de setembro. Basta acessar e preencher o link https://forms.gle/LA6LTjqCRmdB3HUK9 que também será disponibilizado na bio da rede social Instagram do Diamantes na Cozinha @diamantesnacozinha nesse mesmo período.
Os alunos terão aulas práticas e teóricas realizadas cinco vezes na semana, com duração aproximada de um mês para o término do curso.
Demorou, mas aconteceu. A recente indicação de Marte Um para representar o Brasil no Oscar parece banal para alguns, afinal todos os anos um filme é selecionado pela comissão da Academia Brasileira de Cinema. Para outros, que acompanham a nova cena do cinema brasileiro mais de perto, não surpreende tanto, pelo já conhecido talento de Gabriel Martins, diretor e roteirista do filme. Mas para cineastas negros(as) e pesquisadores(as) do cinema negro, é uma grande vitória.
Marte Um é fruto de uma conquista histórica pouco mencionada para o público em geral: trata-se de um filme gestado pelo primeiro edital público de longa-metragem destinado para cineastas negros(as) na história do cinema brasileiro. Essa história começa lá atrás, ainda na década de 70. Primeiro com a atuação artística e política de Zózimo Bulbul, considerado o pai do cinema negro brasileiro. Bulbul, que atuou em filmes do chamado Cinema Novo, resolveu dirigir suas próprias películas por acreditar que havia uma representação caricata de pessoas negras no cinema brasileiro. Assim, abriu as portas no país para uma produção cinematográfica que vem se expandindo sob o termo de “cinema negro”.
Utilizando este termo, uma outra geração de cineastas, em 2000, formulou um manifesto com a intenção de transformar a representação racial no cinema brasileiro. Conhecido como “Dogma Feijoada”, o movimento pregava por uma produção que subvertesse os estereótipos de pessoas negras nos filmes, séries, novelas e propagandas.
Já em 2001, uma outra articulação de atores/atrizes e profissionais negros(as) do audiovisual se mobilizou no V Festival de Cinema do Recife para reivindicar a contratação de mais pessoas negras nas principais funções criativas do audiovisual, o que ficou conhecido como “Manifesto do Recife”. Mas como transformar essa realidade, diante da histórica desigualdade racial brasileira? A primeira resposta mais incisiva veio com políticas públicas por igualdade racial, sobretudo a Lei de Cotas de 2012. Fruto de lutas históricas dos movimentos negros, desde pelo menos os anos 70, as ações afirmativas na educação e na cultura começaram a dar resultados concretos nos últimos anos.
Primeiro, a expansão das universidades públicas e a adoção do critério socioeconômico e racial de seleção fez com que mais estudantes negros(as) cursassem o ensino superior. Com isso, houve a fundação de inúmeros coletivos universitários negros, entre eles os coletivos de cinema negro, oriundos dos cursos de cinema e audiovisual.
Esses coletivos, muitas vezes, foram responsáveis por iniciar as primeiras redes de produção e de exibição – como cineclubes e mostras – exclusivos para filmes de autoria negra em cada região do país. Até então, apenas cidades como Rio de Janeiro e São Paulo tinham registros desse tipo de evento, com destaque para o Encontro de Cinema Negro criado por Zózimo Bulbul no Rio de Janeiro em 2007.
Com o afloramento gradativo da produção negra e a expansão dos circuitos de exibição pelo país, em 2016 foi lançado o primeiro edital de longa-metragem exclusivo para cineastas negros(as) na história do país: o Longa Afirmativo. Ele foi concebido após o sucesso do Curta Afirmativo, edital de curtas-metragens lançado pelo MinC e também destinado para cineastas negros(as) em 2012, mesmo ano da Lei de Cotas. O Longa Afirmativo tinha como objetivo financiar a produção de três longas de autoria negra, sendo dois deles já conhecidos pelo público nos últimos anos: Um dia com Jerusa, de Viviane Ferreira, e Cabeça de Nêgo, de Déo Cardoso.
Marte Um é o terceiro filme contemplado pelo edital, lançado em diversas salas de cinema do país em agosto de 2022 e esta semana em Natal. Sua indicação para representar o Brasil no Oscar é fruto do enorme talento de Gabriel Martins, mas também – e diria que principalmente – de lutas históricas dos movimentos negros e de cineastas negros(as) no Brasil, começando por Bulbul e passando por outros nomes como Adélia Sampaio, Joel Zito Araújo, Jeferson De e Viviane Ferreira, pra citar alguns. Hoje, nós temos a Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (APAN), que segue crescendo institucionalmente e insistindo na democratização racial e de gênero do audiovisual brasileiro, seja através de ações afirmativas em editais públicos ou da maior diversidade no mercado como um todo.
A APAN, os coletivos, mostras, cineclubes, fóruns e demais articulações de cinema negro em cada local do país existem e resistem para que exemplos como Marte Um se tornem mais regra do que exceção.
* Sociólogo e antropólogo. Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e graduando em Audiovisual na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Pesquiso e escrevo sobre os cinemas negros e a representação racial no cinema brasileiro.
Vinícius Júnior foi alvo de mais ofensas racistas, neste domingo (18). A torcida do Atlético de Madrid aparece em vídeo, captado pela Rádio Cadena Cope, nos arredores do Estádio Metropolitano, na Espanha, fazendo cânticos racistas contra o jogador antes de iniciar o clássico contra o Real Madrid, às 16h. “É um macaco, Vinicius é um macaco”, dizia o coro.
a torcida NOJENTA do Atlético de Madrid canta em frente ao estádio “eres um mono, Vinicius eres um mono” que significa “é um macaco, Vinícius é um macaco”
Na última quinta-feira (15), Pedro Bravo, presidente da Associações de Agentes Espanhóis, fez comentários racistas e xenofóbicas no programa El Chiringuito para condenar as danças do jogador para comemorar os gols.
Gabriel Jesus, companheiro de Vini na seleção brasileira, fez um gol na vitória do Arsenal sobre o Bretford por 3 a 0 e comemorou com uma dança para apoiar o amigo e se pronunciou sobre o caso: “Dança e Dança”, escreveu nas redes sociais.
Já o técnico do Real Madrid, Carlos Ancelotti, afirmou neste sábado: “Na Espanha não vejo esse tipo de racismo”, ao ser questionado sobre os ataques racistas contra o jogador.
Um dia após os ataques sofridos por Pedro Bravo, Vini se posicionou com um vídeo emocionante nas redes sociais: “Dizem que a felicidade incomoda. A felicidade de um negro brasileiro vitorioso incomoda muito mais […] Não vou parar de dançar”, afirmou.
Psicóloga orienta sobre medidas que ajudam nos cuidados com a saúde mental, em especial de pessoas negras
Quantas vezes você priorizou sua saúde mental? Muitas pessoas, em especial àquelas que estão mais acostumadas a cuidar, possuem dificuldades de se colocar no centro dos cuidados, principalmente quando esses são relativos à saúde mental. A rotina atribulada pode fazer com que deixemos de lado o assunto, chegando a momentos extremos para dar a devida atenção a ele.
Mas com tantas campanhas importantes sobre o tema, em especial o Setembro Amarelo, podemos jogar luz às informações que ajudam não só a apagar incêndios, mas que possam colaborar para que tenhamos mais saúde mental dentro da nossa rotina.
Em conversa com Marleide Soares, psicoterapeuta, supervisora clínica e institucional, com enfoque antirracista, falamos sobre como é fundamental que pessoas negras olhem para suas questões emocionais e que consigam cuidar da saúde mental.
Foto: arquivo pessoal
Quais medidas podemos adotar na nossa rotina que ajudam a manter a mente saudável? Isso é possível?
Eu poderia listar aquilo que é básico para uma vida adequada: alimentação, cuidados com a saúde global, lazer ou consumo de cultura e arte. Mas, isso não é o suficiente para evitar o adoecimento emocional e mental.
Para isso, também se faz necessário sempre atentar-se aos próprios sentimentos e as emoções cotidianas, pois são elas que afetam positiva ou negativamente a nossa saúde mental. Entender como determinada pessoa ou situação interfere no bem estar emocional e a forma como se absorve isso é o que determina o equilíbrio e previne uma sobrecarga emocional. Isso é possível? É sim. Olhe e respeite o que sente, dialogue e encaminhe no objetivo de que aconteçam as mudanças daquilo que desequilibra, ainda que a mudança não seja de imediato como gostaria.
Pensando na maioria da população, que acorda cedo e tem pouco tempo ou dinheiro, como cuidar da saúde mental mesmo com limitações?
O cuidado com a saúde mental começa com a identificação dos fatores que desencadeiam o desequilíbrio emocional e que tiram a pessoa do seu eixo de bem-estar, para que possa seguir no dia a dia sem grandes impactos no seu estado psicológico. A identificação pode ser feita no momento da locomoção para os compromissos diários ou na hora banho, por exemplo, se o fator for o tempo escasso. Se não possuir recursos financeiros para cuidar da saúde mental e, considerando que saúde é um direito de todas as pessoas, e que o Estado tem por dever a promoção do acesso, busque as Unidades de Saúde e já tenha consigo a compreensão de que cuidar da saúde mental é igual a cuidar de outras áreas de sua saúde, para tanto, recorra a esse direito. Mas, se nos referimos à prevenção de doenças mentais, procure espaços públicos de convivência social que promovam lazer, arte, cultura e sobretudo o importante sentimento de ser pertencente a um grupo e que sua vida faz mais sentido junto as outras pessoas.
Sabemos que o racismo afeta a saúde mental. Mas existe uma forma de estarmos psicologicamente preparados para lidar com possíveis situações racistas? Como é possível trabalhar essa questão do ponto de vista da psicologia?
Sim, já está amplamente divulgado para a sociedade o quanto o racismo adoece as pessoas atingidas por esta violência, seja de maneira direta ou indireta como nos casos das pessoas inseridas em relações interraciais e que tenham consciência e letramento racial. Há ainda uma grande parcela da população que nega a existência do racismo e das consequências deste, porém ainda assim existem prejuízos nas relações sociais que desembocam em consequências psicológicas ruins.
Dizer-se preparado psicologicamente para o enfrentamento de agressões e situações do racismo é uma resposta bastante relativa que depende do nível e do ineditismo da agressão. Sendo algo acima do esperado ou previsto e que não se tenha estrutura emocional para suportar, estamos diante de um fator traumático, me oriento pela teoria psicanalítica de Masud Khan e faço um paralelo de que as pequenas agressões do cotidiano, são como microtraumas cumulativos. Sendo assim, podemos nos preparar para as situações previstas no contexto do racismo estrutural, e esse preparo vem da autoconsciência racial, com um letramento racial sempre em construção e sobretudo com o autoconhecimento, fator este do qual a psicoterapia pode auxiliar muito. Com relação aos casos inesperados, não há controle, porém toda base já construída fornece um subsídio psicológico e principalmente político para lidar com a situação. Ressalto que consciência política e letramento racial não são adquiridos apenas e exclusivamente nos espaços acadêmicos. Não me refiro à letra que vem só por meio dos livros, e sim à que vem principalmente por meio de discussões em qualquer lugar em que duas ou mais pessoas estejam reunidas para falar sobre racismo, seja na escola das nossas crianças, no trabalho de nossas filhas, filhos e filhes jovens, no nosso trabalho ou na comunidade em que vivemos!
A psicologia é uma aliada fundamental para cuidar dos efeitos altamente nocivos do racismo na vida das pessoas, uma vez que afeta primeiramente a subjetividade e o sentimento existencial, que imprime na pessoa atingida o sentimento do não-ser existencial, do não se sentir pessoa como são todas as outras. Por ser a psicologia uma ciência que tem como premissa básica o entendimento da mente e comportamento humano e a relação destes com o ambiente externo no âmbito físico e emocional, é um dever profissional atentar-se às consequências do racismo e trabalhar considerando este importante fator. No Código de Ética do profissional de psicologia, consta como princípio básico que “O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. Mais uma vez é reforçado o quanto todas/os/es profissionais da psicologia precisam trabalhar estas questões, tendo como principal ferramenta o conhecimento sobre o racismo na vida das pessoas e, ao prestar serviço a uma pessoa, sendo ela de um grupo racial ou étnico vulnerável ao racismo, atente-se ao quanto ela é afetada, ainda que nem mesmo essa pessoa tenha consciência disto.
A terapia pode ser adotada como um cuidado preventivo para o desenvolvimento de doenças que afetam a saúde mental, como a depressão?
Sim, a psicoterapia é um excelente recurso preventivo a qualquer doença mental incluindo a depressão, que uma vez diagnosticada deve ser tratada com medicamentos e tendo a psicoterapia como forte aliada. É na psicoterapia que as pessoas têm a preciosa oportunidade de ter a consciência dos fatores, lugares e pessoas que afetam sua saúde mental, e também de se perceberem como sujeito de sua própria história, assim como a forma como deve lidar nas relações sociais e intrapessoais (relação consigo mesma).
SDGs in Brazil debate o avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (SDG em inglês) no país
O Brasil está representado por diversos CEOs e executivos negros brasileiros no SDGs in Brazil, evento programado pelo Pacto Global da ONU no Brasil, que tem como objetivo reunir lideranças nacionais e internacionais para debater o avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS, SDG em inglês) no país. O encontro, que aconteceu neste sábado em Nova York, nos Estados Unidos, foi realizado durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, que vai até dia 27 de setembro.
Entre os convidados estão Juliana Oliveira, CEO da agência Oliver Press, Rachel Maia, conselheira administradora e fundadora da RM Consulting, Adriana Barbosa, CEO da Plataforma PretaHub e Presidente do Instituto Feira Preta, Kwami Alfama, CEO da Tereos Amido & Adoçantes Brasil, Fernanda Ribeiro, co-fundadora e CCO da Conta Black, Sérgio All, co-fundador e CEO da Conta Black, e Jandaraci Araujo, CFO da 99jobs.
Na ocasião, os participantes discutiram temas ligados à Agenda 2030, como clima, água, equidade de gênero, equidade racial, salário digno, saúde mental e anticorrupção, além de estimular projetos de colaboração entre empresas de diferentes países.
“Importantíssimo estar aqui na Assembleia Geral da ONU, por estabelecer conexão com o ecossistemas de impacto, com empresas , gestores públicos, organizações do terceiro setor que estão comprometidos com uma mudança sistêmica”, disse Adriana Barbosa, CEO da Pretahub e Fundadora da Feira Preta.
Para Kwami Alfama, CEO da Tereos Amidos & Adoçantes e Presidente do Instituto Pactuá, o encontro foi memorável. “Importante conhecer o que está discutindo no mundo e em várias empresas do pais oara que a gente possa levar para dentro das nossas empresas. Uma semana incrível, em um lugar incrível, com pessoas incríveis”, concluiu.
Após ‘BREAK MY SOUL’ tomar conta da internet, com centenas de milhares de vídeos, Beyoncé agora está vendo ‘CUFF IT’ disparar nas redes sociais e plataformas de streaming. Lembrando os bailes disco dos anos 80, a nova canção, que faz parte do recém lançado álbum ‘RENAISSANCE’, vem conquistando usuários através da dança e do ritmo. Mesmo sem clipe ou qualquer menção de divulgação, a música também começou a apresentar crescimento nas paradas musicais pelo mundo.
“Criar este álbum me permitiu um lugar para sonhar e encontrar uma fuga durante um período assustador para o mundo”, contou Beyoncé assim que lançou o ‘RENAISSANCE’. “Isso me permitiu me sentir livre e aventureira em uma época em que quase ninguém estava se movendo. Minha intenção era criar um lugar seguro, um lugar sem julgamento”.
Beyoncé para o ‘RENAISSANCE’. Foto: Divulgação.
No Spotify, principal plataforma de música do planeta, ‘CUFF IT’ já possui mais de 50 milhões de streams, figurando a lista das 100 canções mais escutadas do globo. Nesta semana, a menção à faixa foi parar entre os assuntos mais comentados do mundo Twitter. Todo o crescimento ao longo dos últimos dias se deu de forma orgânica. No TikTok, já são mais de 100 milhões de visualizações para a tag ‘#CuffItChallenge’.
Enquanto os fãs esperam por novidades, Beyoncé continua guardando maiores informações sobre seu novo projeto em segredo. Especula-se que os visuais do ‘RENAISSANCE’ sejam lançados posteriormente. Essa é a primeira vez, em muitos anos, que a cantora decide lançar um registro musical sem a imediata união em vídeo.
Na estreia da segunda temporada do podcast ‘Fala Diversas‘, a jornalista e CEO do Mundo Negro, Silvia Nascimento, recebeu a candidata à presidência da República, Vera Lúcia (PSTU) para falar sobre a candidatura, a invisibilidade das candidaturas negras na eleição, os desafios das mulheres negras brasileiras, planos de governo e um pouco sobre hobbies.
Vera Pereira da Silva Salgado é natural de Inajá, cidade localizada no Sertão de Pernambucano. Tem 54 anos, é casada, tem duas filhas e uma neta. É formada em Ciência Sociais pela Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Sua primeira passagem partidária foi no PT, mas rompeu com eles em 1992 e se juntou à construção do PSTU, fundado no ano de 1994. Em 2018, Vera foi candidata à presidência e teve como vice o professor Hertz Dias, do Maranhão. Juntos, formaram a primeira chapa 100% negra a disputar à presidência do Brasil.
Vera Lúcia foi a primeira candidata a criar uma chapa 100% negra à presidência (Foto: Romerito Pontes)
No mês passado, a Band exibiu o primeiro debate com os presidenciáveis para discutir o futuro do Brasil. Mas a candidata Vera e o Léo Péricles (UP), os únicos candidatos negros na eleição deste ano, não foram convidados. E o encontro resultou em nenhum aprofundamento sobre as questões raciais que atingem os brasileiros.
“A política no Brasil é controlada pelo poder econômico e os negros e negras da classe trabalhadora estão à margem desse poder. Nós somos muito e embora nós sejamos responsáveis pela pela produção da riqueza desse país, desde que chegamos aqui na condição de escravizados e hoje continuamos fazendo isso, a decisão que é tomada em nosso nome, sobre nossas vidas, nós não decidimos e nas eleições isso fica mais evidente”, afirma a candidata.
Candidata Vera Lúcia e a vice Kunã Yporã (Foto: Romerito Pontes)
“Nós temos partidos próprios da classe trabalhadora e esses partidos estão à margem. Desses partidos, inclusive o PSTU que não é o mais antigo, mas conseguiu minimamente pontuar nessas eleições, e mesmo assim nós não somos convidados para os debates, para as sabatinas mais importantes, nos grandes veículos de comunicação de massa. Essa é uma forma de discriminar as nossas organizações e de não levar em consideração a realidade que nós vivemos e nem o projeto que nós estamos apresentando nessas eleições”, completa.
Em defesa do partido e do socialismo, Vera garante que o projeto dela de governo “responde a realidade que são nossas, da classe trabalhadora que é majoritariamente negra, feminina, as LGBTs, indígenas, ou seja, dos setores oprimidos da atuação”.
Ela também criticou a postura da candidata Simone Tebet (MDB), que se apresentou na sabatina do Jornal Nacional da TV Globo, como a primeira candidata mulher. “Desconsiderar a nossa existência é uma forma de discriminar. Eu disse ‘Não é verdade!’. Inclusive o lançamento da minha pré-candidatura foi bem antes dela e é 100% negra e indígena”, ressalta.