O jornalista e roteirista Adalberto Neto viralizou na internet ao denunciar Noemi da Silva Araújo, 29, aprovada no concurso do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) pelo sistema de cotas raciais. Sempre com um tom de humor no vídeo, ele mostra diversas fotos para provar que ela fraudou o sistema se passando por uma mulher negra. 

Depois da repercussão do vídeo, Adalberto recebeu uma notificação extra judicial do advogado da servidora pública para que apagasse o vídeo. Apesar de no primeiro momento, afirmar que não apagaria, o roteirista precisou obedecer uma determinação judicial. “Eles venceram dessa vez e eu tive que apagar os vídeos”, relatou no Instagram, na noite desta quinta-feira (5).

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Durante o vídeo, o roteirista afirma que não é um pedido de desculpas. “Eu falei que não ia deletar o video porr* nenhuma, mas deletei sim porque sou uma pessoa obediente (sic) e que cumpre as leis”.

Cena do vídeo apagado (Foto: Reprodução)

“Isso dói demais porque me dá uma sensação de impotência, aquela sensação que convive com a gente e que pessoas brancas por mais que se acham pardas, nunca vão saber o que é […] a gente não pode apontar o dedo porque a gente já tá errado por ser preto. A gente tem que ter o dedo apontando pra si e foi isso que eu fiz. Eu apontei o dedo e me ferrei”, lamenta Adalberto.

O roteirista argumenta como é sério uma pessoa que finge ser negra para conquistar um cargo e a diferença de tratamento quando se trata de uma pessoa negra cometendo um crime. “A gente vê preto que rouba um saco de feijão pra dar de alimentar um filho que tá passando fome, tendo sua cara exposta nos jornais, nas redes sociais e nos comentários das pessoas falando: ‘tem que matar’, ‘bandido bom é bandido morto’. Mas numa situação hipotética, se um branco rouba o direito de um preto num concurso público por meio de cotas, tá tudo certo. O que não pode é preto apontar o dedo e dizer ‘opa, tá errado’, que aí ele vira duplamente culpado”, relata. 

Adalberto também pediu para que todos os grupos minorizados se unam contra o patriarcado e finalizou com um agradecimento. “Obrigada a todo mundo que falou ‘não deleta’, ‘a gente faz uma vaquinha e todo mundo arca com seus prejuízos’. Não gente, eu vou fazer a coisa certa. Deletei, até a próxima, porque eu não vou parar”.

Cena do vídeo apagado (Foto: Reprodução)

Entenda o caso

Nesta semana, Adalberto publicou um vídeo acusando Noemi de fraude no sistema de cotas raciais no TJDFT para o cargo de analista judiciário, para receber um salário de R$ 12.455,30. Na primeira tentativa, a autodeclaração foi recusada, mas ela contestou que era uma mulher parda e foi aprovada.

Em nota obtida pelo G1, Noemi reclama da exposição na internet. “Foi com grande consternação que recebi a notícia de que minha imagem estava sendo exposta de maneira vexatória e irresponsável. Desde sempre eu me vejo como mulher parda, e me declaro como tal muito antes da Lei de Cotas”, disse a servidora.

Ainda segundo o G1, a Fundação Getúlio Vargas (FGV), responsável pelo concurso, pediu para que a imprensa procurasse o tribunal, responsável pela contratação da banca. Já o TJDFT afirma que a autodeclaração e a heteroidentificação são de responsabilidade da FGV.

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