Luedji, Zudizilla e o filho de dois anos estavam com uma corretora branca no carro
A cantora Luedji Luna, 35, relatou nas suas redes sociais, no sábado (08), que sofreu racismo em uma abordagem policial. A ação aconteceu enquanto ela procurava por uma casa no centro de São Paulo.
A artista estava com seu noivo, o rapper Zudizilla, o filho de dois anos do casal e uma corretora de imóveis branca, quando foram parados pela polícia. Os oficiais apontaram uma arma para eles. No Twitter, ela questionou o motivo de um casal negro ser parado pela policia por estar com uma branca em um bairro “ok” de São Paulo.
“Procurando casa no meu bairro, a polícia nos para com arma apontada. Meu filho de dois, meu marido e a corretora (branca) dentro. Por que preto com uma branca no carro, num bairro ‘ok’ só pode ter assaltado a casa, e/ou sequestro. Estamos todos bem, vivos!”, disse a cantora em seu Twitter. A postagem foi apagada.
Dividir sua experiência de violência racial na internet é pedir pra ser violentado duas vezes. As pessoas realmente acham normal abordar com arma em punhos uma mãe de família, um pai de família, e uma criança de 2 anos. Essa semana volto pra África mais uma vez
Luedji ainda comentou sobre a experiência de dividir situações como essa na internet, ela disse que “é pedir para ser violentada duas vezes”. “As pessoas realmente acham normal abordar com arma em punhos uma mãe de família, um pai de família, e uma criança de 2 anos”, lamentou Luedji.
A cantora aproveitou o espaço para comentar sobre o apagamento da mídia hegemônica sobre suas conquistas. Ela é considerada um dos maiores nomes da música brasileira da atualidade, recentemente cantou no aniversário de Salvador ao lado de Gilberto Gil e foi citada em um artigo do Grammy como uma das artistas femininas do Brasil em ascensão global.
A funkeira Mc Carol publicou um tweet na noite do último domingo (9) onde escreveu que este deve ser seu ultimo ano como artista. “Pessoal esse é o meu último ano artístico! Ano que vem vou mudar de país, número e nome! Vou me abster de tudo e TODOS e, começar do zero e, quando me reconhecerem, vou pra outro país de novo e de novo!”, escreveu ela.
Pessoal esse é o meu último ano artístico! Ano que vem vou mudar de país, número e nome! Vou me abster de tudo e TODOS e, começar do zero e, quando me reconhecerem, vou pra outro país de novo e de novo!
Ao responder uma seguidora que recomendou que a Mc respirasse e fosse procurar um psicólogo, a cantora disse que a decisão já havia sido tomada há “muito tempo”. “Já respirei gata! Essa decisão foi tomada a mt tempo”.
Em outro tweet publicado hoje, pela manhã, ela refletiu sobre as relações do mundo artístico. “Imagine um lugar lindo, uma praia ensolarada. Está cheio de gente sorrindo, feliz, cantarolando, brincando dentro d’água e você fica eufórico para entrar tbm, mas quando você entra, você percebe uma lama te puxando, um monte de bicho te sugando… Assim é o mundo artístico”.
Imagine um lugar lindo, uma praia ensolarada. Está cheio de gente sorrindo, feliz, cantarolando, brincando dentro d’água e você fica eufórico para entrar tbm, mas quando você entra, você percebe uma lama te puxando, um monte de bicho te sugando… Assim é o mundo artístico
No início de março, Mc Carol fez uma série de publicações em suas redes sociais refletindo sobre suas experiências pessoas como mulher negra no funk. “Eu entendi o que eu ia passar/sofrer assim que decidi continuar cantando putaria, num mundo machista pra caralh-, que se diz religioso ainda. Eu tinha duas escolhas na época: continuar colocando currículo de menor aprendiz ou subir favela para cantar putaria. E, eu fiz minha escolha! Eu não deveria passar pelo o que eu passei, porque homens não passam por metade“, destacou Carol.
Nesta segunda (10), o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) completa 100 dias e, podemos dizer que, se comparado aos retrocessos do último governo, já podemos celebrar mudanças importantes no âmbito racial com a chegada de nomes negros ao grupo de ministros, com a nomeação de João Jorge Rodrigues para presidir a Fundação Palmares e com a garantia de reserva de 30% de cargos de confiança para pessoas negras.
Desde a formação de sua equipe de transição, composta em novembro do ano passado, pouco menos de um mês após o anúncio das eleições presidenciais, e já que incluía os nomes de Anielle Franco e Margareth Menezes, o governo Lula já dava sinais de que deveria incorporar militantes da luta negra para integrar permanentemente seu governo e que o recorte racial passaria a fazer parte dos temas que influenciam as decisões políticas.
Foto: Ricardo Stuckert
E assim foi feito. Nos 100 dias de governos, temos Marina Silva como ministra do Meio Ambiente, a professora, ativista e jornalista Anielle Franco como ministra do recém-criado Ministério da Igualdade Racial, o jurista Silvio Almeida à frente da pasta do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania e também temos de volta o tão aguardado Ministério da Cultura, comandado por Margareth Menezes, uma importante figura para a cultura negra da Bahia e do Brasil.
Para além da representação dessas personalidades e a importância que inegável de vermos pessoas negras ocupando esses lugares na alta cúpula do governo, o que conquistamos em avanços políticos até aqui também devem ser comemorados. Na área da cultura, uma das mais prejudicadas pelos anos de governo Bolsonaro, aliados à gestão desastrosa da pandemia, uma das primeiras medidas feitas pela ministra Menezes foi o desbloqueio de quase R$ 1 bi da Lei Rouanet. Recentemente, pasta lançou o Prêmio Carolina Maria de Jesus de Literatura Produzida por Mulheres 2023, que deve contemplar 40 obras inéditas escritas por mulheres com um investimento de R$ 2 mi, uma das maiores premiações literárias do país. O Minc também criou o Comitê de Gênero, Raça e Diversidade, “que vai subsidiar a elaboração de políticas públicas de cultura transversalizadas pela diversidade, promoção da igualdade de gênero, étnica e racial”.
O Ministério da Cultura também deu a posse do sítio arqueológico do Cais do Valongo, principal porto de entrada de africanos sequestrados e escravizados no Brasil e nas Américas, localizado no Rio de Janeiro (RJ), ao Comitê gestor do Cais do Valongo que deve implantar um Centro de Referência da Celebração da Herança Africana no Brasil. Outra medida foi a criação de um Comitê Interministerial que deve propor políticas públicas no âmbito federal que possam salvaguardar e promover o local.
Foto: Filipe Araújo/MinC
Na semana passada, dois decretos publicados no Diário Oficial da União (DOU) e assinados pelo presidente da Fundação Palmares, João Jorge Rodrigues, também sinalizam as mudanças positivas para o povo negro nesses primeiros 100 dias do novo governo. Uma é a revogação da portaria que proibia a homenagem da personalidades negras vivas no site da instituição e o outro ato do presidente foi a revogação da portaria 57, facilitando o processo de reconhecimento dos quilombos.
Já o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, sob o comando de Silvio Almeida será responsável por conceder a cada dois anos o Prêmio Luiz Gama de Direitos Humanos a pessoas físicas e jurídicas que tiverem realizado trabalhos notórios na promoção e defesa dos direitos humanos no Brasil. Ao criar o prêmio que homenageia o abolicionista negro, o governo federal revogou a medalha da Ordem do Mérito da Princesa Isabel.
No dia 21 de março, o presidente Lula assinou o decreto que estabeleceu uma cota mínima de 30% para pessoas negras em cargos comissionados e de confiança no governo federal, sem a necessidade de concurso público. “Em parceria com o ministério da gestão e inovação, comandado por minha querida Esther Dweck, daremos esse passo inédito que entrará para a história. negros e negras na ponta e no topo da implementação de políticas públicas no governo federal, um novo horizonte pra uma nova página desta gestão”, celebrou a Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, durante a cerimônia oficial no Palácio do Planalto em que a medida foi anunciada.
Uma mulher negra no STF?
A luta por cadeiras nos lugares de decisão continua a ser um desafio, principalmente no poder judiciário, um espaço praticamente masculino e branco. E agora, Lula terá pela frente o poder de escolher dois novos ministros para o Supremo Tribunal Federal (STF). Existe uma pressão para que o presidente indique uma mulher negra para a vaga, mas Luís Inácio já deu entrevistas apontando que um dos escolhidos deve ser o advogado Cristiano Zanin Martins, que cuidou dos processos criminais do presidente quando este enfrentava acusações da Lava-jato.
No dia 11 de abril a primeira vaga deve ser aberta com a aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowiski e no dia 2 de outubro é Rosa Weber quem deixa a Corte ao completar 75 anos. Será que este ano veremos uma mulher negra se juntar aos ministros do STF onde acontecem julgamentos tão importantes como o perfilamento racial em abordagens policiais são significativos para nossa sobrevivência?
Temos visto coisas importantes acontecerem, mas não deixamos de observar que as mudanças estão apenas começando e que ainda é preciso avançar muito porque não temos tempo ou vidas a perder.
A dinâmica para o paredão deste domingo (10), foi cheia de reviravoltas no BBB 23! Mas a formação ficou desta forma: O líder Ricardo Camargo indicou o Fred Nicácio, Bruna Griphao empatou com Sarah Aline pelos votos da casa e Ricardo emparedou a atriz, mas em seguida Amanda conseguiu indicar a psicóloga.
Apesar de Ricardo Alface indicar o Dr. Fred, sua equipe não está de acordo com a estratégia. “Jogo externo também é jogo! Vamos priorizar quem prioriza o Alface e, não vamos esquecer dos pontos mais importantes e difíceis da sua trajetória na casa. Nesse paredão, com a intenção de ajudar sua maior aliada, somos #ForaBruna! #FicaSarah”.
O Dr. Fred Nicácio já verbalizou a vontade de ir à final do BBB 23 com Sarah Aline e Domitila Barros, a colocando como prioridade no seu jogo. Sendo assim, neste momento, salvar o médico do paredão, também significa proteger a psicóloga para continuar rumo à final do reality show.
O ex-BBB Gabriel Santana, já afirmou no Twitter que também é ‘Fora Bruna’, apesar de sua amizade com ela. “Pensando em quem jogou junto comigo e sempre esteve ao meu lado no jogo, vamos apoiar a @saa_aline e o @NicacioFred“, explica o ator.
Pensando em quem jogou junto comigo e sempre esteve ao meu lado no jogo, vamos apoiar a @saa_aline e o @NicacioFred , e nesse paredão seremos Fora Bruna
Isabel Oliveira precisou tirar suas roupas para fazer suas compras e Vinicius de Paula relatou que recusaram a atendê-lo
Neste final de semana, dois casos de racismo aconteceram em diferentes estabelecimentos do Grupo Carrefour Brasil. No Atacadão, do Grupo Carrefour, uma professora precisou tirar suas roupas para fazer compras. Já no Carrefour, o cantor Vinicius de Paula, marido da jogadora de vôlei Fabiana, relatou que uma atendente se recusou a atendê-lo.
Em um novo caso de racismo em mercados, dessa vez no Atacadão, uma professora tirou suas roupas após ser seguida por um segurança do mercado. O ato foi feito como forma de protesto. “Não somos ameaça”.
A professora Isabel Oliveira estava fazendo compras no Atacadão do bairro Portão, em Curitiba, quando percebeu que estava sendo seguida por um segurança. O mesmo continuou até que Isabel foi embora do mercado. “Eu só entrei para fazer as minhas compras, eu não estava trazendo risco para ninguém”, disse Isabel em suas redes sociais.
Em forma de protesto, Isabel voltou para o supermercado e tirou suas roupas e ficou só de calcinha e sutiã e terminou de fazer suas compras. A ação foi transmitida em seu perfil no Instagram.
No vídeo, gravado pelo próprio marido, quando foi questionada por um homem no mercado o que estava acontecendo ela disse que estava fazendo aquilo para não ser seguida e mostrar que não ia roubar nada. Na postagem, ela disse “não somos ameaças”.
Em outro vídeo, bastante abalada, Isabel contou que foi seguida por mais de meia hora e se sentiu como uma marginal, ela chegou a questionar ao segurança o motivo de estar sendo seguida e o mesmo negou e disse que só estava cuidando do setor. Depois do ocorrido, ela ligou na delegacia, onde ouviu que o caso não se configurava como racismo e ele “só estava cumprindo o seu papel”.
“Eu tenho dois filhos, eu não quero que eles passem por isso”, disse a professora.
Em nota, o Atacadão disse que em uma apuração interna não houve indícios de abordagem indevida e que a empresa possui uma política de tolerância zero.
Outro caso de racismo no Carrefour
Em outro caso de racismo no Carrefour, o marido da Fabiana Claudino, bicampeã de vôlei pela Seleção Brasileira, Vinícius de Paula, relatou em seu Instagram que a atendente se recusou a atendê-lo.
Fui passar pelo caixa preferencial que não tinha ninguém aqui no @carrefourbrasil em Alphaville e a atendente disse que não podia me atender, pq se surgisse alguém preferencial ela tomaria uma multa. Eu disse que se isso acontecesse eu daria meu lugar na fila pra essa pessoa (+)
No Twitter, ele explica que passou em um caixa preferencial vazio em um Carrefour em Alphaville, São Paulo, e que a atendente disse que não poderia atendê-lo por ser preferencial, mesmo vazio, mas quando ele estava indo para outro caixa viu a atendente passar uma cliente branca não preferencial no lugar dele. Em outro tweet, Vinícius comentou que ficou bastante abalado e chegou a chorar de dor pelo ocorrido.
No vídeo, ele aparece com sua esposa e advogado, Hédio Silva Jr, e na postagem escreveu que vai tomar as medidas cabíveis.
“O Carrefour é uma empresa que não aprende e não esquece nada. Uma empresa que mata negros, que humilha, que ultraja, que constrange. O que o Vinícius de Paula passou ontem é crime. Está absolutamente traumatizado do ponto de vista emocional, psíquico, e pelo jeito, o Carrefour não implantou nenhum programa significativo e substantivo (para combater o racismo), e dessa vez isso não vai ficar impune”, comentou Hédio Silva.
No Twitter, o Carrefour fixou um tweet, do dia 4 de abril – antes do caso -, em que diz repudiar qualquer ato de intolerância e discriminação.
Formada pelos atores Flávio Bauraqui, Paulo Lessa e Camila Damião, a família de Gentil, interpretado por Bauraqui será formada por trabalhadores rurais. O patriarca da família terá papel fundamental na trama por esconder um segredo ligado a Antônio, personagem de Tony Ramos, que será um dos maiores produtores rurais da região de Nova Primavera, onde a trama de “Terra e Paixão”, próxima novela das 9 da TV Globo estará ambientada.
A novela também marca o retorno do ator Paulo Lessa, que interpretou o especialista em segurança Ícaro na novela “Cara e Coragem”, em que fazia par romântico com as personagens de Thaís Araújo, para as telas da Globo. Em “Terra e Paixão”, Lessa será Jonatas, filho de Gentil. O rapaz será um dos principais apoios da protagonista Aline (Barbara Reis), depois da morte de seu marido Samuel (Ítalo Martins), de quem Jonatas era primo.
Foto: Globo/João Miguel Júnior
“O Jonatas é um cara fundamental em um momento muito difícil da vida da Aline. É uma situação delicada, pois é primo do marido dela, e não consegue deixar de amá-la. Mas precisa guardar isso com ele, segurar esse sentimento. E é um grande incentivador nessa retomada de vida dela. Um personagem que tem uma função muito interessante”, comentou o ator.
Menah, a filha de Gentil, vivida por Camila Damião, trabalhará na escola da região e terá o apoio incondicional do pai em suas decisões. “Eu acho a relação dessa família muito bonita, é uma relação de amor, de confiança, de diálogo. Existe um jogo aberto nessas relações, uma proteção. Eles se cuidam, se admiram e também se questionam, o que eu acho uma parte bem interessante”, destacou Flavio Bauraqui ao comentar a relação da família de Gentil.
Escrita por Walcyr Carrasco, “Terra e Paixão” contará a história de Aline (Bárbara Reis), casada com Samuel (Ítalo Martins), um pequeno proprietário de terras da cidade fictícia de Nova Primavera, no Mato Grosso do Sul. Ela perde o marido após um atentado e se vê sozinha com o filho João (Matheus Assis). Ambos são amparados pela família de Gentil. Aline segue a trama movida pelo desejo de justiça, de manter o legado do marido, mas seu destino cruzará com a família de Antônio, maior produtor rural da região.
“Terra e Paixão” deve substituir “Travessia”e tem estreia prevista para o dia 8 de maio.
Por Jozi Lambert, Executiva de RH, Palestrante, Escritora, Especialista em Gente, Gestão e Desenvolvimento Humano e mãe.
Há quem critique o “trabalhe enquanto eles folgam”, mas fico pensando que é justamente isso que as mães fazem porque precisam fazer. Não foi dada outra opção. E se for mãe e empreendedora então, muito provavelmente vai impelir muito mais força e empenho para o tal do “dar conta”. É aí que o “respeitar as nossas fases” entra.
Considerando que cada um tem uma necessidade e uma trajetória, haverá momentos em que será possível dormir enquanto todos dormem – (e a gente se pergunta: quando será esse dia?) – E em outros apenas trabalhar, amamentar, cuidar, trocar, preparar para ir à escola, pensar no vestir, no que preparar para amamentar, escolher a melhor escola e as formas de chegar até lá, dentre outras muitas coisas que envolve o SER mãe. E tudo isso concomitante à culpabilidade e medo de não ser suficiente no trabalho e nos estudos.
A insegurança que rasga o peito vem nos momentos mais inesperados, sabendo que se você for CLT, mesmo estando “segurada” por um tempo no pós parto, nada garante que você não faça parte da estatística de mulheres que se tornam mães e demitidas 2 anos após dar a luz.
Foto: cookie_studio / Freepik.
Caso seja “dona e proprietária” do próprio negócio, o não saber o dia ou o faturamento de amanhã pode as colocar à prova com dúvidas e anseios por desistência. E ainda tem as que estão em busca de uma oportunidade e são barradas justamente por escolher ser mãe. E se for uma mulher, mãe e negra, podemos chamar de “combo de negativa na entrevista de emprego”. Por isso precisamos respeitar e acolher as nossas fases. Cada um sabe a hora de trabalhar mais por suas necessidades ou o tempo de se ausentar.
Para algumas mulheres, mães e trabalhadoras, chegou o momento de descansar, dormir até mais tarde, viajar mais a trabalho. Enquanto para outras, parece que existe uma névoa bem forte, densa e fria, que as impede de enxergar quando chegará o momento de ao menos poder sair para tomar café com as amigas, fazer exercício físico (aquele em que dizem que basta querer ou só se organizar) sem se preocupar com a hora da mamada, que decidiu ser livre demanda pela saúde e fortalecimento da criança, mas é uma verdadeira DEMANDA, de energia, esforço e doação! O que tende a piorar quando a amamentação não lhe é uma opção por diversos fatores, desde medicação, adaptação e outras emergências.
Em determinadas situações uma mãe pode se sentir muito produtiva, ouvindo podcast ou fazendo curso online enquanto amamenta ou faz a sua caminhada. Mas e se sentir que “apenas” deve ouvir frequência 432Hz, canção de ninar para relaxar ou um podcast para dar boas risadas, que não necessariamente precisa ensinar algo ou vir com um certificado de 48h de aprendizagem?
Uma pessoa que escolhe ser mãe, não é menor pelas condições físicas e emocionais que a maternidade impõe! Suas habilidades profissionais podem inclusive se enrobustecer com as vivências maternas, que dentre elas estão: auto gestão, administração do tempo, capacidade de solucionar conflitos, administração de recursos escassos, sustentabilidade, resolução de problemas, inovação, organização, flexibilidade, liderança, resiliência, aprendizagem rápida, multitarefas e inteligência emocional. Praticamente tudo o que o mercado apoia, admira e exige de soft skills!
Por esta razão, atualmente existem organizações formadas por mulheres mães (claro!), que perceberam o quanto as mulheres e mães podem e fazem muito pelos negócios, com uma imensa capacidade de inovação e criatividade que solucionam problemas do mercado e/ou da sociedade, empenhando recursos humanos, financeiros e coletivos.
Portanto, há que se dizer, que as pessoas que já entenderam que é preciso: respeitar o seu tempo, respeitar o tempo da criança, da gestação e puerpério, são as que mais fazem a engrenagem girar, pois não consomem tempo e energia pensando no que poderia ser ou no que há de vir. Sim, respeitar o seu tempo é uma estratégia de saúde mental e um bem comunitário.
Por isso, apoie uma mãe no mercado de trabalho, na fase que ela estiver e ajude-a a crescer na carreira e nos negócios. Afinal, uma sociedade não sobrevive sem mães saudáveis e mães não sobrevivem sem renda, que vem justamente da força de trabalho que para tanto, precisa-se de oportunidade! Vamos nessa?
O Censo da Educação Superior é uma pesquisa realizada anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) com o objetivo de colher dados sobre o ensino superior no país. O último Censo de 2021 apresenta um cenário promissor, mas algumas dificuldades ainda se impõem. A representação da população negra entre os professores universitários cresceu nos últimos anos: em 2010, os negros (grupo que engloba a população preta e parda) respondiam por 11,5% das vagas de docentes do ensino superior. Em 2017, os negros responderam por 16% do total. E no mais recente censo de 2021 os negros responderam por 24,1%, mostrando que a luta intensa dos últimos 10 anos começa a apresentar resultados positivos. O avanço se deve, em parte, a uma combinação de fatores: a instituição, por lei, de cotas nos concursos públicos, em 2008, e o lançamento do Reuni, o programa de expansão das universidades federais. O crescimento lento dessa representatividade indica que, se nada mudar, o Brasil levará décadas para que a proporção racial de servidores do ensino superior se equipare à da população brasileira, onde a maioria dos habitantes é negra. Não basta ser doutor, ter pontuação por publicação de artigo, a competição é muito elevada. Há um recorte que pesa sobre as pessoas negras. Como exemplo, temos a falta de oportunidades e de conhecimento sobre como funciona o sistema de acúmulo de capital acadêmico que, ao longo da história, gera uma oportunidade melhor.
Professor universitário em aula. Foto: Atlanta Black Star/ Reprodução.
A desigualdade racial também persiste na distribuição de bolsas de formação e pesquisa e, quanto mais prestigiada a bolsa, menos acessível ela é aos negros. Ter uma orientação durante a graduação faz muita diferença para a carreira acadêmica. Uma das 27 mulheres negras do Brasil com um título de doutorado em química, Anita Canavarro, dá um depoimento importante. Anita acumula exemplos de como quase foi escanteada pelo ambiente acadêmico. Ela chegou a ser aprovada no vestibular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) de primeira, mas na terceira chamada, e só descobriu depois do prazo. “A desinformação é muito grande. O edital tem normativas específicas em uma linguagem que a gente não compreende.” Para ela, o mundo universitário segue um “código simbólico de pertencimento” no qual os estudantes fora do perfil de apoio socioeconômico exigido no ensino superior não se encaixam.
Durante a graduação, para pagar o transporte até a faculdade, ela manteve diversos empregos, como vendedora em loja, shopping e polo de confecção, bibliotecária e técnica em química. Para entrar no mestrado, precisou tentar mais de uma vez o processo seletivo. Uma vez aprovada, conseguiu o apoio do orientador. “Fiz o mestrado sem computador. Meu orientador me deu a chave do laboratório, me deu todas as condições para que eu saísse dali em pé de igualdade”, diz a química.
Histórias como as da profa. Anita são exemplares para mostrar o quanto precisamos trabalhar para o apoio à assistência estudantil dos alunos cotistas. Não é suficiente você entrar na universidade, é preciso um apoio permanente para superar os obstáculos que estão sempre presentes para quem quer seguir a carreira acadêmica.
Recentemente, o governo Lula assinou um decreto que estabelece cota para pessoas negras em, no mínimo, 30% dos cargos comissionados e de confiança no governo federal. Medida muito importante, que por si só não será implementada, pois precisa ser monitorada diariamente. No governo Fernando Henrique Cardoso, ele assinou o decreto 4228 de 2002 com o mesmo propósito que nunca chegou a ser implementado, pois não foi previsto o monitoramento.
As cotas no serviço público sofrem diversos ataques e sabotagens, os adversários das ações afirmativas não descansam, mas a juventude negra e as familias negras estão promovendo o avanço da representação negra.
A série ‘Atlanta‘ chegou ao final em 2022 após 4 temporadas. Criada e estrelada por Donald Glover, 39, a obra foi aclamada pela crítica e se mostrou com números relevantes, provenientes de um público sólido e majoritariamente negro. As temporadas iniciais da série foram bem em audiência e conquistaram cada vez mais pessoas ao longo dos anos. A terceira temporada, no entanto, recebeu uma história diferente. A produção, lançada em 2021, foi vista com estranhamento, críticas e chegou a registrar queda de 61% em audiência.
Em entrevista para a revista GQ Magazine, Glover rebateu os comentários negativos direcionadas à 3ª temporada de ‘Atlanta’. “Como empresário, como artista, como alguém que adora fazer coisas para as pessoas… Estudei o suficiente para entender que as coisas são boas por causa do que vem antes e depois delas. Nós merecemos qualidade. Merecemos algo que não é fácil para todos digerir o tempo todo. Eu sabia que a terceira temporada não era fácil“, declarou o astro. Glover destacou ainda a forma como produtores negros possuem menos oportunidades em comparação com profissionais brancos. “Eu queria fazer como todos esses outros [autores]. Quentin Tarantino faz dois bons filmes e depois pode fazer um ruim. E as pessoas vão defendê-lo e dizer: ‘Eu sei do que ele é capaz‘”, destacou.
Foto: Fanny Latour-Lambert /GQ Magazine.
Apesar da recepção controversa do público, Glover também diz que não vê a 3ª temporada de ‘Atlanta’ como ‘ruim’. “Eu acho que comigo especificamente, as pessoas nunca me dão o benefício da dúvida. E eu precisava ver por mim. Isso não tem nada a ver com a arte, porque eu me certifiquei de que a arte fosse boa. Mas realmente foi uma exploração pessoal só para mim”, contou o astro. “Ninguém mais sabe disso, mas eu fiquei tipo, eu consegui? Eu cheguei ao nível de Kanye, Quentin Tarantino e Scorsese? Eu acho que as pessoas vão voltar e dizer, esta temporada é boa. Eu nunca me preocupei com isso“.
‘Atlanta’ segue a vida de Earnest “Earn” Marks (interpretado por Glover), um jovem rapper que retorna à sua cidade natal em Atlanta, Geórgia, para tentar se reconectar com sua ex-namorada e cuidar de sua filha recém-nascida. No entanto, ele acaba se envolvendo nos negócios de seu primo, Paper Boi (interpretado por Brian Tyree Henry), que está tentando se tornar um grande nome no mundo do rap.
No Brasil, ‘Atlanta’ está disponível no catálogo da Netflix.
Não importa o quão seja difícil, coloque o seu peito para fora, mantenha a cabeça erguida.
– Tupac Shakur
Na semana passada encontrei com um amigo de “milianos” no ônibus do bairro. Crescemos juntos na periferia da zona leste, e por conta da correria do dia a dia não trocávamos umas ideias com calma. Marcio era DJ quando mais jovem, hoje trabalha vendendo frutas nas ruas do centro da cidade. Nos anos 90, eu e dois dos seus irmãos – Marcão e Marcelo – tínhamos um grupo de samba que durou uns oito anos. Ambos morreram jovens, consequência do consumo excessivo de álcool e drogas. Não me recordo exatamente quais as idades da partida, mas com certeza não chegaram aos 30 anos. Sem dar muitos detalhes, Marcio disse que estava chateado, pois, a sua filha “entrou no caminho errado” e foi presa. Conversamos mais algumas coisas e na hora de cada um ir para o seu lado ele me disse “lembra do meu sobrinho, o filho da Ana?”, respondi “lembro!”, comentou “também está preso, faz uns dois anos”.
Após a nossa conversa fiquei bastante pensativo. Desde que acordei para a realidade do povo negro, a impressão é de que o sofrimento nunca terá ponto final. E não é para menos. Os testemunhos de amigos negros, as dificuldades na minha vida e da família, e o bombardeio de casos de racismo noticiados na imprensa e nas redes sociais, alimentam o pessimismo. Não à toa que os movimentos negros pontuam insistentemente que o racismo brasileiro é estrutural. Isso não significa surfar em um mero jogo de palavras, modismo ou uso irreflexivo do conceito, a despeito da banalização em curso. Afirmamos que esse racismo não é episódico, mas uma opressão arraigada nas relações sociais e em permanente reprodução e manutenção pelas instituições públicas e privadas, conformando a visão de mundo de brancos e negros. Com isso, o impacto direto na realidade concreta é proposital e inevitável diante da ordem estabelecida.
Durante a reflexão também rememorei o rolê no mês passado. Eu fui no samba da comunidade que acontece mensalmente no segundo sábado, pertinho da minha casa. O ambiente é de muita energia e descontração, a comunidade se diverte, troca ideia, dança, come e bebe, namora enquanto a roda de samba pega fogo ecoando clássicos de Candeia, Aniceto do Império, Jovelina, Clementina de Jesus e por aí vai. Fica lotado de pessoas. Sem confusão. Às vezes alguns se estranham, mas rapidinho o pessoal da organização desarticula a treta. Nesse dia encontrei com o Nego Beto, o homem estava emocionadíssimo e pagando cerveja para todo mundo. Camila, a sua filha mais velha, passou no vestibular da USP para cursar odontologia. Imagine a alegria dele “a brancaiada vai ter que engolir uma dentista preta” me disse. Eu rachei o bico e embarquei na mesma energia. Só quem é dos nossos sabe o sofrimento que antecede as conquistas.
Lembrar disso me trouxe certo conforto e deu um chega pra lá no pessimismo. Não que devamos negar a realidade dolorosa do racismo, mas é uma advertência para não esquecermos da existência de lutas individuais em paralelo às lutas coletivas. E conquistas acontecem aqui e acolá. Devemos celebrá-las mais e mais para inspirar outros negros que sentem a crueza do racismo e acham que a vida se encerra somente em dor e lágrimas. Tupac Shakur deu a ideia, ergamos a cabeça.