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‘Achei importante que o mundo pudesse se concentrar na voz’, Beyoncé fala sobre a ausência de visuais em Cowboy Carter

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Foto: Bryce Anderson.

Beyoncé estrela da edição de outubro da revista GQ, revelando um novo capítulo em sua carreira multifacetada. A artista, que lançou seu oitavo álbum de estúdio, Cowboy Carter, no início deste ano, continua a quebrar barreiras e redefinir gêneros.

Em suas redes sociais, a diva compartilhou as imagens do ensaio, registrado pelas lentes de Bryce Anderson.

Na entrevista, ela ainda falou sobre a ausência de visuais: “Achei importante que, durante uma época em que tudo o que vemos são visuais, o mundo pudesse se concentrar na voz. A música é tão rica em história e instrumentação. Leva meses para digerir, pesquisar e entender. A música precisava de espaço para respirar por si só. Às vezes, um visual pode ser uma distração da qualidade da voz e da música. Os anos de trabalho duro e detalhes colocados em um álbum que leva mais de quatro anos! A música é o suficiente. Os fãs de todo o mundo se tornaram o visual. Todos nós ganhamos o visual na turnê. Então, ganhamos mais visuais do meu filme”, disse.

Ao falar sobre a fama de ser perfeccionista, ela afirma: “Eu crio no meu próprio ritmo, em coisas que espero que toquem outras pessoas. Espero que meu trabalho incentive as pessoas a olharem para dentro de si mesmas e chegarem a um acordo com sua própria criatividade, força e resiliência. Eu me concentro em contar histórias, crescimento e qualidade. Não estou focado em perfeccionismo. Eu me concentro em evolução, inovação e mudança de percepção. Trabalhar na música para Cowboy Carter e lançar este novo projeto emocionante não parece uma prisão, nem um fardo. Na verdade, eu só trabalho no que me liberta. É a fama que às vezes pode parecer uma prisão. Então, quando você não me vê em tapetes vermelhos, e quando eu desapareço até ter arte para compartilhar, é por isso”, revelou.

A diva também contou como se sente orgulhosa de ver todo o trabalho que realizou: “Tenho orgulho do que consegui fazer, mas também reconheço os sacrifícios — meus e da minha família. Houve um tempo em que eu me esforçava para cumprir prazos irrealistas, sem tirar um tempo para aproveitar os benefícios do motivo pelo qual eu estava trabalhando tanto. Não há muitos de nós do final dos anos 90 que foram ensinados a focar na saúde mental. Naquela época, eu tinha poucos limites e dizia sim para tudo. Mas paguei minhas dívidas cem vezes mais. Trabalhei mais duro do que qualquer pessoa que conheço. E agora trabalho de forma mais inteligente. No final, a maior recompensa é a alegria pessoal. O que criei levou outros a pensar livremente e acreditar no impossível? Se a resposta para essa pergunta for sim, então esse é o presente”.

Antes de ser nomeada ministra, Macaé Evaristo homenageou mulheres que preservam o acarajé em MG

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Foto: Henrique Chendes

Nomeada a nova Ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania nesta segunda-feira, 9, Macaé Evaristo (PT) estava atuando como deputada estadual de Minas Gerais. Na semana passada, ela defendeu o acarajé como símbolo cultural e religioso de matriz africana, destacando sua relevância durante audiência pública na Comissão de Cultura da ALMG (Assembleia Legislativa de Minas Gerais). Solicitada por Evaristo, a reunião deu ênfase à importância socioeconômica e cultural desse alimento ancestral, especialmente no contexto religioso, como forma de preservar as tradições afro-brasileiras no Estado.

Macaé Evaristo não apenas organizou o evento, mas também homenageou lideranças negras, em sua maioria ligadas a terreiros de candomblé de Belo Horizonte e Região Metropolitana, com diplomas de congratulação pelo trabalho em prol da valorização e preservação dessas tradições. Sua iniciativa foi elogiada como uma ação concreta de reconhecimento e apoio às práticas culturais de matriz africana. Na ocasião, os votos foram concedidos à Yalorixá Fabiana, Ekedy Kely, Mameto Kytaloya, Kelma Zenaide, Yalorixá Andreia e Mãe Ieda (in Memorian).

Durante a audiência, ela chegou a anunciar que seu mandato buscaria implementar uma legislação para proteger o acarajé. “Ele está incorporado à cultura do brasileiro, é uma comida de rua do Brasil e é uma comida de orixás nos terreiros de candomblé”, afirmou Evaristo. “Na luta pela abolição da escravatura, ele foi a forma de sobrevivência de muitas mulheres, que conseguiram sua alforria vendendo o alimento; é fruto de uma tradição, construída junto com a luta e a resistência, e que sobreviveu dentro das nossas casas”, relembrou. 

A nova ministra também alertou para a necessidade de preservar o modo tradicional de preparar o acarajé, utilizando azeite de dendê, como forma de evitar a descaracterização desse patrimônio imaterial, tombado em 2005. O projeto de proteção ao acarajé reforça a luta contra a modernização que ameaça apagar as técnicas ancestrais empregadas pelas mulheres negras na sua preparação.

O acarajé é feito com um bolinho de feijão-fradinho, temperado com cebola e sal, e frito no azeite de dendê. Após a fritura, é recheado com vatapá, vinagrete e camarão seco, sendo tradicionalmente servido com pimenta como acompanhamento.

Powerlist Mundo Negro 2024 celebra mulheres negras que transformam o Brasil

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O Mundo Negro apresenta a Powerlist Mundo Negro 2024: Mulheres Negras Mudam Histórias, um evento que celebra e reconhece mulheres negras que têm transformado suas áreas de atuação e impactado a sociedade de maneira significativa. A cerimônia, marcada para setembro, reunirá líderes que inspiram com suas trajetórias de superação e inovação.

Curada por Silvia Nascimento, editora-chefe do portal, a Powerlist se consolidou como uma referência na promoção da diversidade e inclusão. O evento deste ano conta com o apoio de marcas como L’Oréal Paris,  L’Oréal Groupe e Ambev, que compartilham do compromisso de dar visibilidade a essas mulheres extraordinárias.

Para Maíra da Matta, Diretora de L’Oréal Paris no Brasil, “apoiar um evento que dá visibilidade às trajetórias de mulheres negras é reafirmar o compromisso de L’Oréal Paris com a diversidade, equidade e inclusão, valores que estão no coração da marca. É inspirador ver tantas mulheres que, com coragem e inovação, estão mudando histórias e abrindo caminhos para um futuro mais justo e inclusivo.”

Michele Salles, diretora de Ecossistema e Inclusão da Ambev, complementa: “É fundamental valorizar o trabalho que contribui para a inclusão e para o aumento do potencial das pessoas, promovendo um maior sentimento de pertencimento e conexão com sua jornada. Por isso, a Powerlist Mundo Negro é tão importante. Ela inspira outras pessoas, fortalece o senso de representatividade e impulsiona a criatividade e a inovação. Além disso, essa visibilidade e reconhecimento estimulam nosso ecossistema e o crescimento compartilhado de brasileiros e brasileiras.”

A Powerlist deste ano homenageia mulheres de diferentes áreas que estão impactando a sociedade de maneira significativa. Entre as homenageadas estão:

  1. Samantha Almeida – Diretora de Marketing na Globo
  2. Camila Farani – Empreendedora e Investidora
  3. Vania Neves – CTO da Vale
  4. Íris Barbosa – Especialista em Recursos Humanos
  5. Marcelle Gianmarino – Especialista em Inclusão e Diversidade na área de Beleza
  6. Grazi Mendes – Especialista em Tecnologia e Educação
  7. Andreza Rocha – CEO da Afroya
  8. Bárbara Brito – Empreendedora e Comunicadora
  9. Gabriela Loran – Atriz, Influenciadora e Ativista
  10. Camila Rosa – Dermatologista

“A Powerlist Mundo Negro 2024 é mais do que uma celebração, é uma reafirmação do impacto das mulheres negras na construção de um futuro mais inclusivo e justo,” afirma Silvia Nascimento, destacando a relevância do evento.

Este será um evento fechado para convidados, mas o conteúdo será compartilhado em tempo real nas redes sociais do Mundo Negro, permitindo que um público mais amplo acompanhe os destaques e momentos especiais da cerimônia.

James Earl Jones, a voz de Mufasa e Darth Vader, morre aos 93 anos

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Foto: Jesse Dittmar / The Washington Post via Getty Images

James Earl Jones, considerado um dos maiores atores da história norte-americana, que deu a voz ao Mufasa no filme animado e live-action de ‘O Rei Leão’ e Darth Vader na franquia ‘Star Wars’, morreu aos 93 anos nesta segunda-feira, 9.

A informação foi revelada pelo site Deadline e confirmada por seus agentes. Ele faleceu em sua casa, em Nova York, nos Estados Unidos.

James integra o seleto grupo de artistas que conquistou o título EGOT — vencedor dos prêmios Emmy, Grammy, Oscar e Tony. Ele conquistou dois Emmy, um Grammy e três Tony. Em 2011, foi presenteado com o Oscar honorário.

A estrela já estrelou outros grandes filmes como ‘O Príncipe em Nova York 1 e 2’, ‘O Bom Filho à Casa Torna’ e ‘O Maior de Todos’.

Lellê retorna às novelas  como Silvia, uma herdeira criada na Europa, em ‘Volta por Cima’

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Foto: Guto Brown

Lellê está de volta às novelas da TV Globo após um hiato de nove anos. A atriz e cantora vai interpretar Silvia em “Volta por Cima”, a nova trama das 19h, que estreia no dia 30 de setembro. Silvia é uma jovem herdeira que volta ao Brasil após passar anos morando na Europa. Dono de um grande patrimônio, a personagem terá um papel importante na trama, especialmente ao se aproximar de Nando, vivido por João Gabriel D’Aleluia.

Conhecida por sua versatilidade artística, Lellê começou sua carreira no grupo Dream Team do Passinho e rapidamente conquistou espaço na música, no cinema e na televisão. Ela já atuou em produções como “Totalmente Demais” e participou de grandes eventos musicais, como o Rock in Rio, onde subiu ao palco ao lado de Alicia Keys. Agora, com a personagem Silvia, Lellê encara um novo desafio em sua carreira, ao viver uma personagem poderosa e financeiramente confortável, um espaço ainda pouco explorado por atrizes negras na teledramaturgia brasileira.

Para interpretar Silvia, Lellê buscou referências pessoais e mergulhou na ancestralidade africana, como ela revelou em entrevista ao Mundo Negro. “Eu precisei ir mais a fundo pra chegar em Silvia, me conectei com nossa história de pessoas negras que tinham suas riquezas e eram Rainhas e Reis. Foi aí que tudo fez sentido”, afirma a atriz. Com essa nova personagem, Lellê não apenas reforça sua versatilidade como artista, mas também sua habilidade de trazer camadas profundas e autênticas para seus papéis.

Mundo Negro –  Qual a influência das novelas na sua vida, e como você vê esse aumento da representatividade negra nas telas?

Lellê: Novela faz parte da minha vida. Minha primeira novela eu tinha 17 anos e aprendi muito sobre teledramaturgia. Apesar de não ter tido muito tempo para fazer teatro, eu fui aceitando as oportunidades na minha vida e fui aprendendo com as experiências reais. Esse aumento é resultado de toda luta dos que vieram antes de nós. Hoje minha geração vive e sente um pouco mais de conforto representativo, isso não quer dizer que ainda não exista suas problemáticas como o racismo e machismo. Mas fico feliz por fazer parte dessa história de quebrar barreiras e assumir meu lugar como artista e mulher preta.

MN: Silvia, sua personagem, é uma herdeira. Esse é um lugar onde as atrizes negras não aparecem muito aqui no país. Onde você busca referências?

Lellê: Eu vivi uma personagem rica com Malhação Sonhos, a Guta, tive essa oportunidade de interpretar alguém com conforto financeiro. Trouxe essa experiência comigo e também busquei algumas referências próximas, e uma delas foi Taís Araújo, por exemplo. Apesar dela não ter nascido herdeira, ela é uma mulher bem-sucedida e muito elegante. Mas eu tive que ir mais a fundo pra chegar em Silvia, precisei ir pro início de tudo, e me conectei com a nossa história de pessoas negras que tinham suas riquezas e eram Rainhas e Reis. Foi aí que tudo fez sentido e foi onde a potência de Silvia chegou em mim.

MN: Sobre o visual, o que podemos esperar? Você participa dessa construção sugerindo cabelos e roupas?

Lellê: Silvia é uma mulher realmente muito estilosa. Eu faço participação na criação dela e os profissionais de figurino me deixam muito à vontade pra criar junto com eles, são muito parceiros e priorizam o meu bem-estar. Adoro trabalhar com eles. Como Silvia é uma mulher preta, pensamos, com a caracterização, em ela estar sempre trocando de cabelos e penteados.

MN: Sobre a sua rotina, como gravar novelas altera o que você faz no dia a dia e como concilia com seus projetos e cuidados com a saúde?

Lellê: Depois de muitos anos de experiência na carreira e algumas novelas feitas, hoje eu priorizo demais a minha saúde. Mental, física e espiritual. Sem que isso esteja alinhado, não é possível funcionar, e eu aprendi na marra. Quando somos jovens, queremos fazer tudo de uma vez, e é importante que seja assim porque traz muita experiência. Mas depois a vida chama de volta e a gente começa a repensar nossas prioridades. Hoje minha prioridade é fazer aquilo que me faz feliz com saúde.

Conheça a trajetória de Macaé Evaristo, a nova ministra dos Direitos Humanos

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Foto: Divulgação

Macaé Evaristo foi anunciada como a nova Ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta segunda-feira, 9 de setembro. A nomeação será publicada ainda hoje em edição extra do Diário Oficial da União.

“É com muita honra que aceitei, nesta segunda-feira, o convite do presidente Lula para assumir o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Nosso país tem grandes desafios e esse é um chamado de muita responsabilidade. Temos muito trabalho pela frente e sigo esperançosa, com o compromisso de uma vida na luta por direitos”, celebrou nas redes sociais logo após o anúncio. 

Filiada ao PT, Macaé foi eleita deputada estadual de Minas Gerais em 2022, conquistando mais de 50 de mil votos. Em 2020, havia sido eleita vereadora de Belo Horizonte.

Macaé Evaristo iniciou sua carreira como professora aos 19 anos. Formada em Serviço Social, é mestre e doutoranda em Educação. Tornou-se a primeira mulher negra a ocupar os cargos de secretária municipal de Educação em BH, de 2005 a 2012, e secretária estadual de Educação em Minas Gerais, de 2015 a 2018.

Macaé também atuou no governo federal durante o mandato de Dilma Rousseff, ocupando, entre 2013 e 2014, o cargo de titular da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão no MEC (Ministério da Educação).

Ao longo de sua trajetória, coordenou importantes iniciativas, como a implantação das Escolas Indígenas, o programa de Escola Integral em Minas Gerais, a Escola Integrada em Belo Horizonte e as políticas de cotas para estudantes de escolas públicas, negros e indígenas no ensino superior, durante sua atuação no MEC.

“Aos 50, quem me aguenta?”, Edvana Carvalho fala sobre negritude, maturidade e o empoderamento feminino em seu primeiro solo no teatro

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Foto: Diney Araújo

Com mais de 40 anos de carreira, a atriz Edvana Carvalho estreia no Rio de Janeiro seu primeiro monólogo, “Aos 50, quem me aguenta?”, uma celebração ao poder feminino negro na maturidade. O espetáculo, que estreia em 11 de setembro no Teatro Glauce Rocha, traz reflexões bem-humoradas e críticas sobre temas como envelhecimento, racismo e a experiência de ser uma mulher negra e madura na sociedade contemporânea. Em entrevista exclusiva ao Mundo Negro, Edvana compartilhou suas vivências pessoais e o que a inspirou a escrever o roteiro, além de sua visão sobre a representatividade da mulher negra nas artes.

Quando questionada sobre a evolução da representatividade da mulher negra no teatro e na televisão, Edvana é direta: “Lenta, mas se movendo.” Com uma carreira que começou em Salvador e passou por importantes produções da Globo, como “Malhação” e “Renascer”, a atriz vê progresso, mas ainda pondera que essa evolução demorou para chegar. “Acredito que está sendo um pouco melhor para as mais jovens, e isto me deixa feliz. Elas não terão que esperar fazer 50, 60, 70 anos para terem reconhecimento na carreira, principalmente financeiro”, explica.

Inspirada por sua vivência pessoal e pelas obras de Conceição Evaristo, Edvana decidiu levar ao palco o que ela chama de “escrevivência”, conceito que resgata as histórias e experiências de mulheres negras, antes silenciadas. “Eu estava adoecendo nas escolas, precisava me desabafar. Politicamente, era um momento ruim também”, conta. “Depois de muita invisibilidade e silenciamento histórico, a escrevivência liberta mulheres negras como eu.” O espetáculo traz a maturidade como um ponto central, e, aos 56 anos, Edvana explora com humor e autenticidade os desafios e conquistas dessa fase da vida. “Aos 50, quem me aguenta?” revela, além de um desabafo pessoal, uma crítica à sociedade que ainda valoriza excessivamente a juventude, deixando de lado as ricas vivências das mulheres mais velhas.

Edvana acredita que a arte pode ser uma poderosa ferramenta para desconstruir tabus e, no caso dela, o humor é um aliado essencial. Ao falar sobre temas como envelhecimento e negritude de forma leve, a atriz acredita estar contribuindo para mudar a visão da sociedade sobre a visibilidade da mulher negra. “Cada um contribui com o que tem. Sou artista, então contribuo escrevendo ou atuando, além de outras contribuições, como a docência, criar filhos, cuidar da minha mãe.”

Como uma veterana no mundo das artes, Edvana tem um conselho direto para as futuras gerações de artistas negros e negras: “Estuda, mete o pé na porta e vai-te embora!” Para ela, o caminho da conquista é árduo, mas a preparação e a ousadia são essenciais para abrir espaço em uma indústria que ainda impõe desafios. Com uma postura otimista e segura, Edvana compartilha o que mais aprecia em sua maturidade: “Tentar cuidar do corpo, dar muitas risadas, ver a família crescendo com a chegada dos netos, ter amigas/os, ter orgasmos acompanhada ou não, e trabalhar com o que gosta!” A atriz, que também é avó, vive essa fase com empoderamento e leveza, provando que há muito a ser celebrado na maturidade.

Com “Aos 50, quem me aguenta?”, Edvana Carvalho não apenas comemora sua trajetória de 40 anos no teatro, mas também abre espaço para discussões essenciais sobre o papel da mulher negra na sociedade, especialmente quando se trata de envelhecimento e empoderamento.


SERVIÇO:
“AOS 50 – QUEM ME AGUENTA?”
Temporada: 11 a 26 de setembro de 2024
Local: Teatro Glauce Rocha, Rio de Janeiro
Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada)
Ingressos Antecipados: Sympla

Macaé Evaristo é a nova ministra dos Direitos Humanos

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Foto: Divulgação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta segunda-feira (9) a nomeação de Macaé Evaristo (PT), deputada estadual de Minas Gerais, como nova ministra dos Direitos Humanos.

Macaé, respeitada nas áreas de educação e debates sobre racismo, atua como professora desde os 19 anos e foi eleita deputada em 2022.

Ela assume o cargo no lugar de Silvio Almeida, demitido na sexta-feira (6) após ser acusado de assédio sexual, incluindo uma denúncia envolvendo a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.

Após demissão de Silvio Almeida, governo busca novo nome negro para Ministério dos Direitos Humanos

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A saída do ministro Silvio Almeida da liderança do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, em meio a acusações de assédio moral e sexual, gerou comoção na comunidade negra e abriu uma lacuna importante no governo Lula. A expectativa agora é que o presidente escolha outro nome negro para o cargo, mantendo o compromisso de um governo diverso e comprometido com a luta contra as desigualdades raciais no país.

Entre os nomes cotados estão o da deputada estadual por Minas Gerais, Macaé Evaristo, e o do ativista e educador Douglas Belchior, também conhecido como Negro Belchior. Ambos têm forte ligação com a pauta racial e são considerados por setores do PT como candidatos capazes de liderar a pasta neste momento delicado.

Segundo a jornalista e analista política Basília Rodrigues, a comunidade negra precisa transformar o sentimento de luto deixado pela saída de Almeida em um esforço de reconstrução, com a indicação de uma nova liderança que não seja apenas um símbolo de diversidade, mas que assuma a responsabilidade de continuar a luta contra as desigualdades raciais no Brasil.

Defensores de Macaé Evaristo, que é professora desde os 19 anos e tem uma trajetória acadêmica sólida, veem sua indicação como uma forma de dar continuidade ao trabalho na defesa dos direitos humanos, especialmente no contexto das desigualdades raciais. Por outro lado, a possível indicação de Douglas Belchior enfrenta resistências dentro do próprio partido, apesar de sua proximidade com Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial.

Enquanto o governo não toma uma decisão, a pasta está temporariamente sob o comando de Esther Dweck, ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, que assumiu a função interinamente após a demissão de Silvio Almeida na última sexta-feira (6). A ex-ministra Maria do Rosário também teve seu nome ventilado, mas está focada em sua campanha para a prefeitura de Porto Alegre.

O desenrolar dessa escolha será decisivo para a continuidade das políticas de direitos humanos no país e para a representação da comunidade negra no governo Lula.

Candidatos brancos recebem 70% da verba pública eleitoral, aponta pesquisa

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Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A pesquisa ‘As chances de ser eleito: branquitude e representação política‘, lançada nesta segunda-feira, 9, aponta que quem recebe maior financiamento tem mais chances de ser eleito no período analisado. No entanto, também destaca que candidatos brancos, independente do gênero, recebem 70% deste valor.

As informações foram levantadas pelo Observatório da Branquitude, com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O boletim analisa raça/cor, gênero e financiamento para deputados federais eleitos nos anos de 2018 e 2022.

A pesquisa surge em um período alarmante da política nacional, em meio à aprovação em dois turnos no Senado Federal, da “PEC da Anistia”: uma Proposta de Emenda à Constituição, que perdoa partidos políticos que descumpriram decisões do TSE em favor da diversidade racial e de gênero nas eleições, como a proporcionalidade de distribuição do fundo eleitoral e do fundo partidário e o tempo de propaganda eleitoral gratuita para candidaturas negras e femininas. 

Para a coordenadora de pesquisa do Observatório da Branquitude, Carol Canegal, é extremamente importante que essas correlações sejam feitas para se poder enxergar com nitidez o cenário que está posto e que precisa ser questionado. “Nosso estudo analisa as correlações entre o financiamento público, a raça e o gênero nas duas últimas eleições para deputado federal, quando já estavam vigentes as normativas em prol da diversidade nos parlamentos, amplamente descumpridas. A PEC da Anistia terá impacto considerável sobre a realização de corridas eleitorais mais equitativas do ponto de vista racial, sobretudo. Com a anuência de praticamente todos os partidos políticos, as candidaturas negras serão as grandes prejudicadas”, afirma. 

Financiamento eleitoral e partidário no Brasil 

O financiamento público de candidaturas se dá no Brasil por meio de dois principais fundos: o Fundo Especial de Financiamento de Campanhas (FEFC) e o Fundo Partidário (FP). Para incrementar a participação de candidaturas negras e femininas, passos importantes foram dados, tais como a Emenda Constitucional 111 de 2021, que estabelece a contagem dobrada de votos para candidaturas de negros e mulheres para fins de distribuição dos recursos; a Emenda Constitucional 117 de 2022, que fixa a reserva do mínimo de 30% do Fundo Especial de Financiamento de Campanhas e de parcela do Fundo Partidário para campanhas eleitorais de mulheres, na proporção do número de candidatadas de cada partido; e a decisão do TSE que determinou, a partir de 2022, a proporcionalidade da distribuição dos recursos e do tempo de propaganda eleitoral para candidatos negros de cada partido. 

Principais resultados 

O boletim As chances de ser eleito: branquitude e representação política indica que os esforços feitos para ampliar as oportunidades entre candidatos negros ainda são insuficientes. Isso ocorre mesmo diante do aumento de candidatos autodeclarados pretos e pardos em 2022, quando o número de candidatos declarados brancos diminuiu em relação a 2018. 

Crédito: Divulgação

A pesquisa revela que entre os partidos com maior representação negra estão o PCdoB e o PROS que, embora tenham a menor bancada na Câmara, apresentam mais da metade de deputados eleitos pretos e pardos, 66,67% e 66,67%, respectivamente. Todos os candidatos a deputado federal eleitos pelos partidos PSDB, PSC, Cidadania e Novo se declararam brancos. 

Já o PL e o PT, que performam atuações antagônicas e possuem maior representação na Câmara dos Deputados, se assemelham em um ponto: mais de 70% de seus candidatos eleitos são brancos. 

Crédito: Divulgação

Segundo a Imagem 01, que demonstra os resultados do modelo estatístico para a análise de chances de um deputado federal ser eleito, homens tinham 2,5 vezes mais chances de serem eleitos do que uma mulher em 2022 em comparação a 2018. A respeito do financiamento, o impacto da verba aumenta as chances em 6,6 vezes no mesmo período (2022) em relação aos que não têm acesso ao recurso, independente de gênero e raça.   

Ao correlacionar o quesito raça/cor dos eleitos e o financiamento público destinado em 2018 e 2022, nota-se um comportamento semelhante em ambos os pleitos: mais de 70% do financiamento dos candidatos eleitos se acumula entre os brancos. No gráfico 2, é possível visualizar a distribuição do financiamento que acumula a maior parcela da verba para candidatos brancos.

Gráfico 02 – Distribuição do financiamento (FEFC e FP) por raça/cor – % (2018 – 2022)

Crédito: Divulgação

Fonte: Elaborado pelo Observatório da Branquitude com dados do TSE (2024).

Sobre a distribuição dos recursos (Fundo Especial de Financiamento de Campanhas e Fundo Eleitoral), inserindo a variável gênero na análise, além de raça/cor, de um total de R$ 2.829.049.659 em números absolutos, os homens brancos foram os maiores beneficiados, acessando 44% do total

Crédito: Divulgação

Aqui, se observa que a verba destinada para os grupos subrrepresentados (homens e mulheres negras) é inferior ao percentual de candidatos: homens negros somam  30,20% do total e receberam 23,42% da verba, e entre as mulheres negras, esses números foram 18,08% e 14,34%.  O contrário acontece com os candidatos brancos – homens e mulheres — que acessaram um quantitativo maior de verba que o percentual de candidatos: os brancos eram 33,81% dos inscritos e receberam 44,05% dos fundos, e as brancas, 16,30% e 17,17%, na mesma ordem. 

Nayara Melo, pesquisadora do Observatório da Branquitude, aponta que essas disparidades são exemplos de manutenção das posições de poder com a branquitude: “Se observarmos o decorrer da história nas eleições no Brasil, vemos que há uma inclusão tardia de pessoas negras e de mulheres nos pleitos. Ao visualizar os resultados que temos para deputados federais, conseguimos ver essa discrepância entre um país de maioria populacional negra e uma Câmara branca. O descumprimento das medidas de incentivo para candidaturas negras e de mulheres sinaliza que ainda estamos mais próximos do passado de exclusão e distantes de uma câmara representativa e diversa.”, finaliza.  

Veja aqui o estudo completo!

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