Mais uma vez a comunidade vai as ruas para estimular a reflexão sobre o que é ser negro da sociedade brasileira de hoje. A Marcha da Consciência Negra traz para a Av. Paulista, um dos principais pontos da mais rica cidade da America Latina questões como racismo, genocídio negro, ações afirmativas e demais políticas inclusivas.
Muitos nomes importantes da comunidade negra usaram as redes sociais para convocar a sociedade a ir as ruas em nome de uma sociedade justa para as pessoas negras.
A décima quarta edição da Marcha acontece a partir das 13h no Vão do MASP na Avenida Paulista.
Por meio de perfis, a campanha #NegrasRepresentam tem o objetivo de apresentar os pensamentos de mulheres negras em diversas esferas sociais e como suas ações vem propondo mudanças na realidade racial do país.
Gestora de Comunicação do Fora do Eixo, Fundadora e integrante do Mídia NINJA e idealizadora do Faccion – Red Latinoamericana de Comunicación, Driade Aguiar, desenvolveu projetos institucionais de comunicação do Espaço Cubo, muitas vezes focado na difusão da moeda solidária Cubo Card e claro dirigiu a Casa Fora do eixo em São Paulo, além de uma atuação marcante em estados e cidades do Brasil junto a temas como: Juventude, negros, mulheres e integrantes da comunidade LGBTT.
1 – Sua formação é em letras, mas a conhecemos como uma grande articuladora de comunicação colaborativa. Como você percebe o impacto de sua atuação neste segmento?
Eu não tenho formação em letras, apenas em língua inglesa. Não passei por uma faculdade, ensino formal universitário. Mas percebo bastante o impacto através das publicações da Mídia Ninja. Não só porque me sinto empoderando outras histórias e pessoas, mas também porque através disso, de me ver mulher negra ali, ela sente que é possível.
2- Como você conseguiu essa formação? Foi natural? Fala um pouco desta trajetória?
Eu fiz um curso de inglês no método de Cambridge, no CEFET do meu estado. Eu me empenhei pra fazer isso porque eu sempre gostei de falar outras línguas, mas muito porque eu era uma criança que morria de medo de ser desempregada. Um dia eu ouvi numa palestra motivacional que se você não falar outra língua, você não teria um emprego no futuro. Voltei pra casa e pedi pra fazer curso de inglês, meu pai disse que não tinha dinheiro e chorei por dois dias por isso, sabendo que estava fadada ao desemprego (RS).
Então meu pai conseguiu uma bolsa numa escola particular que já vinha com inglês, dado pelo CCA e comecei ai a ver que realmente gostava disso. Depois disso, fui pra uma escola publica e conseguimos pagar meu curso por fora.
3– Como a comunicação colaborativa vem possibilitando a construção da sustentabilidade junto as organizações sociais?
Sustentabilidade é um lugar desafiador, pra todos nós que atuamos junto aos movimentos sociais. Acredito que estamos viabilizando potencias, o que facilita a captação e doações. Enfim, estamos mostrando as vitórias e isso atrai mais dinheiro eventualmente. Além disso, é através de uma campanha de comunicação que se arrecada fundos, num crowdfunding por exemplo.
3-A comunicação colaborativa possui como princípio a reciprocidade, que também é um princípio do diálogo. Como você percebe o impacto desta nos temas que você atua?
Percebo que para aqueles que assim como no dialogo estão abertos, tem feito maravilhas. Conhecer outras realidades através da comunicação é um atalho, então dá pra ver quando a pessoa está disponível, que ela percebe as diferenças de forma positiva. Talvez o que esteja cada vez mais em falta são pessoas dispostas a dialogar.
Vânia Fonseca é professora universitária e coordenadora do Bamidelê, Organização de Mulheres Negras na Paraíba. Tem experiência na área de Sociologia, atuando nos seguintes temas: mulher negra, educação e etnia, escola e sociedade, racismo e legislação. Sua contribuição acadêmica e social vem mostrando, a importância da mulher negra para a formação social brasileira em diversas esferas.
Ela é uma das intelectuais que vem reconstruindo a produção simbólicas que influenciam e reproduz o pensamento social, cujo valores reforçam os preconceitos e a discriminação racial reforçando assim a desigualdade sexual e trazendo prejuízos econômicos e políticos para a figura feminina.
1 – Sua trajetória acadêmica está bastante ligada a reconstrução da história e lutas negras através da academia. Como é produzir conhecimento acadêmico com recorte racial?
Produzir conhecimento na Academia nem sempre é fácil mas as dificuldades são diferentes a depender da Universidade e das pessoas que nela estão. No meu caso, tive experiências em Estabelecimentos de ensino superior, privado e publico. Nesses, onde havia no currículo as disciplinas específicas à questão racial negra , os embates ocorreram em sala de aula com estudantes e que julgo como salutares.Estudantes, muitas vezes pessoas negras que não se reconheciam, discutiam, relutavam e “se achavam” étnica, racialmente falando.
Vale ressaltar que os cursos de Pedagogia tem um lugar de destaque porque muitos atendem à Lei 10.639/03 nos seus currículos.
2- Sabemos da importância dos movimentos sociais que defendem minorias bem como “intelectuais” ou políticos. Em sua opinião enquanto pesquisadora, qual o benefício real que esses trouxeram para a vida das mulheres negras brasileiras?
Para mim, o trabalho da militância fora da Universidade foi fundamental para o meu “tornar-se negra”. Foi com discussões no bairro, iniciadas pelo Grupo de União e Consciência Negra; na Universidade, aprendi o caminho da leitura de autoras negras ou que escreviam sobre a Negritude.
3- O que é ser uma mulher negra na academia? Como suas produção acadêmica vem atuando nessa realidade?
A mulher negra na Academia , apesar de ainda de pequena proporção, é significativa e necessária. Na minha experiência tenho encontrado estudantes que começam a assumir a sua identidade de negra, questiona ser Parda, e muitas vezes, aliam à questão do feminismo negro.
A minha produção acadêmica acerca da Mulher Negra nem sempre é na forma escrita porque promovo Rodas de diálogos, cursos de extensão, discussões em disciplinas etc. O interesse pela temática “Mulher negra” vem em um crescimento que dá muita esperança de ver e sentir.
O dia 20 de novembro marca o “Dia Nacional da Consciência Negra”, data escolhida por ser o aniversário de morte de Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo do Brasil, um dos maiores do mundo – o quilombo de Palmares.
Para comemorar esta data, mais de 30 criadores de conteúdo, em uma ação colaborativa, publicarão em seus canais no YouTube vídeos dos mais diversos formatos: vlog, entrevista, paródia e etc; refletindo e se posicionando sobre questões como: o negro na sociedade, racismo, resistências, conquistas e o que ainda falta para a igualdade racial no Brasil.
Entre os criadores participantes estão negros e não negros. Entre os canais estão:“Um Bipolar”– canal de paródias,“Pretinho mais que Básico” – programa de entrevistas e discussões raciais;“Tati Sacramento”– Aborda bem estar, cuidados com o corpo, beleza; “Papo de Preta” – Vídeos com papos sobre autoestima, sociedade, beleza e questões raciais; entre outros.
Todas essas discussões não podem se restringir ao dia da “Consciência Negra , porém, existir uma data para refletir, conscientizar, valorizar o povo negro, além de colocar em questão a desigualdade e a discriminação racial no Brasil, é uma maneira de reforçar o debate e a luta por um país mais justo.
Acreditando nisso, influenciadores, de diversas idades, etnias, sexualidades e abordagens, convidam todos e todas a, no dia 20 de novembro, à partir das 10h da manhã, acompanhar a playlist “Consciência Negra”. Basta procurar no YouTube pelas hashtags #ConsciênciaNegra2017 #YouTubeBlackBrasil2017.
Lista completa do canais participantes:
1. Tati Sacramento
2.Pretinho Mais que Básico
3.Apto202
4.Luci Gonçalves
5. Dialogay
6. Patrícia Rammos
7. Ju Giampaoli
8. Amanda Farah
9. marias do brejo
10. Sapatão Amiga
11. O Que Eu Trouxe Na Bagagem
12. RPeriférico
13. Papo de Preta
14. Energia Positiva
15. Joyce Show
16. VaiTrazendo
17. Sorti
18. Nada Contra
19. AD Junior
20. Cleyton Santana
21. Tv Em Cores
22. Lucca Najar
23. Mola – O Lado Bom do Mundo
24. Spartakus Vlog
25. Jonathan Dutra
26. Nathália Braga
27. Daniel Bovolento
28. Abacaxi Azul
30 – Crespissimos Brasil
29. Crespissimos Brasil
30. Um Bipolar
Na próxima segunda-feira, dia 20 de novembro, é comemorado o Dia da Consciência Negra. Pensando nisso, o Canal Brasil celebra a data com programação especial durante todo o dia, exibindo produções dirigidas ou estreladas por artistas negros.
Entre as produções que serão apresentadas estão ficções, documentários de curta e longa-metragem, séries e programas. Entre esses estão títulos conhecidos como os longas-metragens “Cidade dos Homens” e “Antonia”; e outros nem tão populares como “Uma onda no Mar”, “Branco sai, Preto fica” e “Pele Suja Minha Carne”.
O especial mostra como o cinema brasileiro vem retratando as questões raciais ao longo dos anos. A programação tem início às 7h da manhã com “Ganga Zumba”, primeiro longa de Cacá Diegues, e termina com o “Espelho”, às 21h30, em que Lázaro Ramos entrevista a historiadora Giovana Xavier.
Para acessar a programação completa do Canal Brasil para o dia 20 de Novembro, basta acessar o site do canal, clicando AQUI.
A Universidade pública brasileira se configura como um espaço onde a predominância de alunos, funcionários, professores e pesquisadores, é branca. Vivendo isso diariamente, a cineasta Natasha Rodrigues, negra e graduada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), decidiu, no seu trabalho de conclusão de curso, lançar o olhar para os conflitos vivenciados pelos alunos negros nestes espaços.
A decisão veio quando Natasha soube da história de um aluno negro que, recém chegado ao campus, passou a ter mania de perseguição. Neste momento a diretora começou a pensar a relação do racismo com a saúde mental e destes questionamentos nasceu o “Cabeças Falantes”.
Neste filme ela expõe, na condução ficcional e nos depoimentos, as crises existenciais vividas pelos raros alunos negros da instituição, ao mesmo tempo que molda a perspectiva de uma nova realidade a partir da organização do Núcleo de Consciência Negra da Unicamp e da recente aprovação das cotas no vestibular da Universidade.
O “Cabeças Falantes” será exibido no dia 18 de novembro, às 18 horas, no Espaço Cultural TORTA – Rua Duque de Caxias, 537, Centro. Campinas/SP. Logo após a exibição do filme haverá bate-papo com Natasha Rodrigues (diretora; multimeios – Unicamp); Carolina Santos Pinho (pesquisadora; educação – Unicamp) e Day Rodrigues (realizadora e feminista negra). A entrada para o evento é gratuita. Saiba mais clicando AQUI.
A Feira Crespa é realizada pela “ Rainha Crespa” – que visa capitanear produções e soluções culturais, de entretenimento, moda ou sócio-educativas destinadas e protagonizadas por negros. O evento reúne arte, culinária, moda, rodas de conversa, entre outras atividades, em um só lugar.
Nesta edição a feira conta, no mês da consciência negra, com oficinas práticas, roda com vivências compartilhadas e trocas de experiências, desfiles com tendências e inspirações do afrostyle e intervenções artísticas; além de espaço para venda de produtos, muita música, comida e oficinas de dança com o grupo NPD Crew e percussão com o Bloco Coração Batuqueiro.
Novas marcas e outras já conhecidas pelo público como Negra Rosa, BelÁfrica Brincos e Acessórios, Amara Nega, AZmarias, Queens Hamburgueria Artesanal e Doce Magia, marcam presença no evento.
A 9ª edição da Feira Crespa acontece dia 19 de novembro, á partir das 13h, na Lona Cultural Arena Jovelina Pérola Negra – Praça Enio, Pavuna, Rio de Janeiro (RJ). A entrada é colaborativa. Acesse a programação completa do evento, clicando AQUI.
Assim como a luz do dia afugenta a escuridão, da mesma forma o homem branco desmanchará todos os nossos costumes (Chinua Achebe).
“A Flecha de Deus”, escrito por Chinua Achebe e “O leão e a Joia”, de Wole Soyinka, foram dois livros que me permitiram viajar pela Nigéria, por terras e culturas africanas igbó e yorubá respectivamente. Estes dois belos livros trazem tantos conhecimentos, sabedorias, costumes de suas tradições. As riquezas de provérbios destas culturas costuram brilhantemente cada página e capítulo e vão dando o tom da viagem.
A Flecha de Deus de Chinua Achebe
Por outro lado, permitiram sentir, de maneira especial, o como o sequestro de nossos ancestrais, o racismo, colonialismo e colonialidade nos mantém distantes e estranhos a muitos aspectos da riqueza cultural, filosófica, social, política das sociedades africanas. Dentre muito desses elementos gostaria de pensar sobre o distanciamento e estranhamento cultural que tive ao ler histórias nas quais os personagens possuíam nomes africanos.
Ezeulu, Matefi, Nwafo, Oduche, Akueke, Obika, são alguns dos nomes dos personagens, na língua igbo, presentes em “A fecha de Deus”. Sidi, Lakunle, Baroka e Sadiki, nomes yoruba dos personagens que conduzem nossa viagem pelo “O leão e a Joia”. Certamente, todos estes nomes são desconhecidos por quase todos, para não dizer todos, nós negras/os no Brasil.
Muito me inquietou as dificuldades, por exemplo, de identificar quem era o homem, a mulher, a criança, o filho, o marido, a esposa, bem como, inclusive em gravar o nome de cada um e cada uma, sobretudo no romance de Chinua Achebe, rico em personagens. É impressionante o como, inversamente, ao ler um livro, naturalizamos os nomes de língua inglesa, francesa, espanhola, portuguesa e, se “dé mole”, até nomes alemães e russos. Contudo, somos o país com o maior número de negras/negros, povos de ascendência africana no mundo depois da Nigéria, Estado de onde coincidentemente abrigam ambas as histórias.
Não podemos achar normal que 52% de negras/negros de um país, simplesmente desconheçam nomes de línguas de povos que descendem. Ou então que quando conhecem, acham estranho, zoam e fazem chacota daquelas/es que tem a honra de carregar estes nomes. Exemplo disso, é quando eu me apresento como Obalera (origem yorubá) para uma pessoa e ela franzi o rosto imediatamente, ou então quando entro numa sala de aula de escola pública, no qual mais de 90% dos estudantes são negras/os. O estranhamento, risadas e menosprezo dos estudantes são automáticos. Não sei se conseguem perceber a violência e perversidade do racismo incutida nisso. Não podemos considerar isso normal! Isso tudo me faz lembrar Molefi Asante quando vai falar, em seu livro “Afrocentricidade: a teoria de mudança social”, que a mudança e utilização de nomes de origem africana, geram ao mesmo tempo um processo de rejeição e aceitação. Diante deste processo, Asante também vai pontuar algo que considero muito potente e que queria evidenciar: “o que muda com a mudança de nossos nomes é a maneira como percebemos a nós mesmos e como os outros nos percebem” (2014, p. 47).
Impossível também não lembrar de um trecho do romance “Um defeito de cor”, de Ana Maria Gonçalves, que certamente ilustra bem esta ideia de como o próprio nome interfere no processo de identificação e percepção de nós, bem como o nosso desconhecimento e estranhamento está umbilicalmente associado a escravidão e ao colonialismo. Kehinde, personagem principal, é quem conta:
“Nós não víamos hora de desembarcar também, mas, disseram que antes teríamos que esperar um padre que viria nos batizar para que não pisássemos em terras no Brasil com a alma pagã. Eu não sabia o que era alma pagã, mas já tinha sido batizada em África, já tinha recebido um nome e não queria trocá-lo, como tinham feito com os homens. Em terras do Brasil, eles tanto deveriam usar os nomes novos, de brancos, como louvar os deuses dos brancos, o que eu me negava a aceitar, pois tinha ouvido os conselhos de minha avó [Dúrójaiyé]. Ela tinha dito que seria através do meu nome que meus voduns iam me proteger, e que também era através do meu nome que eu estaria sempre ligada à Taiwo [sua irmã], podendo então ficar com a metade dela na alma que nos pertencia”.
Acredito que esta passagem, tão significativa, evidencia a força e importância dos nomes para as tradições africanas, bem como a violência colonial-escravista-racista-cristã implicada na retirada, negação e apagamento dos nomes de origem africana de nossos ancestrais na escravidão e, por conseguinte, a continuidade e atualidade desta violência em nós.
Seguindo estes caminhos, os ensinamentos de nosso intelectual, afroepistemólogo Ògìyán Kàlàfó Olorode (Jayro de Jesus), potencializam ainda mais esta reflexão. Segundo ele, os nomes para a cultura tradicional africana e afrodiaspórica (nas comunidades-terreiro) possuem elementos que configuram a existencialidade do Ser/Pessoa, isto é, constituem o “projeto biomítico-social ancestrálico”.
Esta perspectiva e compreensão acerca do papel e significado dos nomes próprios para culturas africanas e afrodiaspóricas se coloca como uma possibilidade de repensar nossa condição social, nossa forma de Ser e Estar no mundo por meio de nossa própria localização cultural, epistemológica e psicológica negra.
Este movimento, de algum modo, permite que nos reapropriemos de nossas perspectivas e culturas negras, assumindo a nossa centralidade ancestral e histórica, e assim romper com o referencial branco-ocidental que nos relega a um lugar marginal e subalterno. Neste sentido, a utilização de nomes africanos, o ato de nomear nossas filhas e filhos de Oyakemi, Amadi, Akinyi Babatundé e etc. também se apresenta como parte do processo de aceitação, afirmação e pertencimento de nossa identidade e reestabelecimento de nossa humanidade e dignidade negra. Nome é raiz, é história, é pertencimento, é através dele que existimos. Como canta o rapper Thiago Elnino: “Busque sua raiz, vai! Busque a sua raiz, vai! Ou morra pela raiz”
*Cientista social formado pela PUC-RIO, integrante do Coletivo Nuvem Negra e coeditor do Jornal Nuvem Negra
Por meio de perfis, a campanha #NegrasRepresentam tem o objetivo de apresentar os pensamentos de mulheres negras em diversas esferas sociais e como suas ações vem propondo mudanças na realidade racial do país.
Camila de Sousa Lima é Mestre em Geografia. Sua construção como mulher negra, ficou fortalecida ao sair Pernambuco e ir morar em Porto Alegre estado onde essas diferenças se tornarão mais latente.
Ao atuar como doula, foi se atentando para como o racismo se estruturava, uma vez que não via ou tinha clientes gestantes negras. Uma forma de alterar essa realidade foi disponibilizando acompanhamento gratuito para mulheres negras que não tinham condições de arcar com os custos. Com o tempo, vendo diversos casos de violência obstétrica e a diferença de tratamento nos partos, resolveu atuar como palestrante em temas como empoderamento feminino.
O que te motivou a escolher a carreira de coach?
A Carreira de COACH foi abraçada porque nela vi a possibilidade de chegar em qualquer Mulher que morasse até longe e precisasse de ajuda de uma forma prática e objetiva.
Como seu trabalho ajuda mulheres negras na escolha de suas profissões?
Meu trabalho ajuda Mulheres a se sentirem mais livres para fazer suas escolhas, e beneficia todas elas. As Mulheres negras, ao encontrarem outra Mulher Negra acabam por acreditar e realizar o que desejam. Essas inconscientemente, se veem como uma pessoa que faz o que diz. Tenho cases lindos dessas realizações, e o contato com essas histórias é que torna gratificante atuar com essas .
Como é ocupa esse espaço enquanto mulher negra?
Ocupar esse espaço enquanto Mulher Negra é as vezes sufocante, porém tenho muito orgulho do trabalho que venho desenvolvendo com todas e da forma como minhas clientes acabam falando por mim, o que me deixa muito mais forte para lidar com o dia a dia do empreendedorismo em si. É um duplo desafio… como Mulher e como Negra… mas nada me impede de chegar onde quero
“Usar roupas de princesa Disney tudo bem, mas o cabelo tem que ser crespo e natural.” Em entrevista para o site Yahoo News a atriz Viola Davis destacou seus esforço e atenção para que sua filha Genesis ame sua negritude, sua cor e seu cabelo.
Apesar da vencedora do Oscar assumir que costumava querer ter o cabelo da Oprah e o corpo da Diana Ross, ela está ensinando a sua filha a não querer coisas dos outros.
Na entrevista ela explica que apesar de não se opor que a filha use vestidos de princesas da Disney ou de heroínas de histórias em quadrinhos, ela insiste para que sua filha, de 6 anos, use seu cabelo natural e crespo ao invés de usar perucas. “Eu meio que forço mesmo, mas explico que ela pode ser uma Mulher Maravilha mas com o seu cabelo, pode ser a Elsa, mas tem que ser a Elsa com o seu cabelo natural”.
Em casa, a atriz de 52 anos reforça essa mensagem com livros infantis com meninas negras, que mostram imagens positivas de jovens garotas negras de cabelo crespo e pele negra.
“Você pode fazer qualquer coisa se você começar com uma paleta de amar que você é”, diz Davis.
E é o que vemos na prática. No Instagram , Viola que arrasou usando seu afro durante as premiações do Oscar em 2012, mostra na prática o que prega e sua herdeira é vista em todos os looks possíveis, mas sempre com seu cabelo natural.