A empresária Detice Felix, com apoio do sócio Aguinaldo Alves, deu inicio ao projeto de beleza “Detice Coiffeur”, salão localizado no Shopping da Gávea, em um dos bairros mais charmosos do Rio de Janeiro. O espaço visa promover o equilíbrio, autoconhecimento e o poder da transformação, com um projeto de arquitetura feito por Carlos Augusto Graciano, que propôs aos clientes se conectarem aos três níveis do ser: instinto, intelecto e intuição.
Detice entrou no mundo da beleza há 20 anos, saiu de Itagi, na Bahia, com apenas 18 anos e traçou a vida profissional quando se mudou para o Rio. Para a empreendedora, a criação do espaço é uma grande conquista de todos os seus companheiros de trabalho. “É um empoderamento compartilhado. A realização desse sonho simboliza o sonho dos empregados que um dia se tornam patrões”, diz.
Foto: William Santos | Handone Fotografia | Fachada rústica e grafitada
A equipe do salão é composta por 13 mulheres que se demitiram de outros espaços de beleza, por livre e espontânea vontade, já que queriam estar envolvidas no projeto apresentado pela empreendedora.
O layout do salão permite que ele seja mais do que um local de estética. O lugar reúne a mística feminina e o simbolismo da história pessoal de Detice, fazendo com que as mulheres sintam-se ainda mais belas.
“O espaço é um ambiente atraente e dedicado a superação, ao reconhecimento e a aceitação das mulheres como iguais, além da renúncia da barreira normal no espaço da esfera da beleza. Passa o entendimento que, para protagonizarmos uma sociedade de pessoas livres, é necessário que as mulheres sejam reconhecidas e aceitas como iguais”, afirma Carlos Augusto, responsável pela arquitetura do projeto.
Foto: William Santos | Handone Fotografia
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A arquitetura do espaço é composta por elementos que possuem significados alquímicos, que simbolizam o autoconhecimento. Ainda segundo Carlos, cada elemento no ambiente busca mostrar a conscientização e as mudanças que devemos realizar. Mais informações, basta entrar em contato através da fanpageou do telefone (21) 3577-8900.
O Centro de Pesquisa e Formação do SESC, em São Paulo, apresenta um ciclo inspirado no episódio “Black Museum“, da série Black Mirror, e discute o racismo e a musealização do crime e do criminoso. O evento irá abordar temas como: questões éticas que se levantam na curadoria, como a exposição de restos mortais e objetos sagrados, além da relação da prática com a construção do esteriótipo do “selvagem” e do criminoso, legitimada por teorias racistas e pelo colonialismo.
A programação fica aberta de 9 a 23 de abril, segundas, das 19h30 às 21h30. A visita guiada, no dia 20 de abril, sexta, é das 11h às 13h. A atividade prevê também uma visita ao Museu da Polícia Civil de São Paulo.
Confira a programação:
09/04 – Os “zoológicos humanos”
Uma breve panorâmica histórica de exposições antropológicas, nas quais membros de diferentes comunidades indígenas eram exibidos publicamente, tanto para divulgação e popularização da ciência do período quanto para estudo ‘in vivo’ por parte de especialistas será apresentada. Serão revisadas as origens históricas de tais práticas e situadas em relação com os discursos teóricos sobre a diversidade humana das ciências da época, fortemente comprometidas com um imaginário eurocêntrico, racista e colonial.
Com Juanma Sánchez Arteaga, doutor em Biologia pela Universidade Autônoma de Madrid (UAM, Espanha). Atua como pesquisador e professor na UFBA.
16/04 –Lombroso e o nascimento da Criminologia Transitando entre o direito penal, a psiquiatria, a medicina forense, a saúde pública, o higienismo e a antropologia criminal, Césare Lombroso (1835-1909) pontua ainda a atual questão de pessoas acusadas de cometer crimes que possuem livre-arbítrio e são responsáveis por seus atos ou se são inimputáveis porque “doentes” (curáveis ou não) em decorrência de determinantes biológicos.
Com Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer, cientista social, antropóloga e advogada (USP). Professora doutora do Departamento de Antropologia (USP), coordenadora do Núcleo de Antropologia do Direito (NADIR-USP).
20/04 – Visita ao Museu da Polícia Civil de São Paulo Com Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer.
23/04 – Os museus do crime e a exposição de restos mortais A aula abordará propostas artísticas de remontagem da coleção abandonada de um museu da polícia e sua relação com a violência, o racismo e a perseguição religiosa. Também será objeto da aula as exposições de corpos humanos plastinados, produtos de um procedimento que reduz o corpo-pessoa a mero corpo-objeto e que refletem o esquema geral de uma modernidade onde os rituais relacionados à morte são cada vez mais deslocados para a margem da vida social.
Com Ana Pato, curadora e pesquisadora. Doutora pela FAU-USP. Foi pesquisadora-associada do Museu de Arte Moderna da Bahia (2015) e diretora da Associação Cultural Videobrasil (2000-2012).
Com Joon Ho Kim, cientista social, doutor em Antropologia pela USP. Pesquisou temas relacionados com a biocibernética e biomedicina. Sua tese foi agraciada com o Prêmio Capes de Antropologia e o Grande Prêmio Capes Sérgio Buarque de Holanda.
A recomendação etária é de 16 anos. O Preço do ingresso é de R$ 50,00 (inteira); R$ 25,00 (aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e professor da rede pública); R$ 15,00 (trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciado no Sesc e dependentes).
A tradução em Libras está disponível, com solicitação feita em, no mínimo, dois dias de antecedência da atividade através do e-mail: centrodepesquisaeformacao@sescsp.org.br. Informações e inscrições pelo site http://sescsp.org.br/cpfou nas unidades do SESC no Estado de São Paulo. Dúvidas: 11 3254-5600
Martin Luther King foi enterrado em Atlanta, Georgia, no dia 8 de abril de 1968, cinco dias depois do seu assassinato em Memphis. Muitos dos que estiveram presentes nos dois velórios de Dr. King eram ativistas, políticos, artistas e outras pessoas que estiveram ao lado dele em incontáveis marchas durante anos.
Porém a grande maioria, aproximadamente 10 mil pessoas, que caminharão ao lado do caixão do líder negro, eram pessoas normais, homens, mulheres, crianças , que estiveram presentes para prestar um homenagem final ao homem que deu sua vida, encerrada aos 39 anos, a árdua tarefa de lutar contra a injustiça e o racismo em uma época que brancos e negros não dividiam ônibus ou banheiro.
O Getty Images, respeitado banco de imagens, usou da data de 4 de Abril de 2018, 50 anos do assassinato do ativista, para divulgar algumas fotos raras, de Martin Luther King, do convívio com sua família até o dia do seu funeral. Ele nos deixou num passado não tão distante.
Após cumprir uma incrível temporada de apresentações em São Paulo, no SESC Campo Limpo, passando pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro, Frankfurt e Dresden (Alemanha) e em Paris, na França, a peça retorna ao Brasil e será apresentada no Teatro 1, do CCBB de Belo Horizonte (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários), do dia 12 a 30 de abril, sempre de quinta à segunda, às 20h.
PRETO tem direção de Marcio Abreu e traz no elenco Cássia Damasceno, Felipe Soares, Grace Passô, Nadja Naira, Renata Sorrah, Rodrigo Bolzan e Rafael Lucas Bacelar. O espetáculo mergulha na investigação e na reflexão em torno das diferenças.
Fotos: Nana Moraes
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Segundo o diretor, PRETO é uma peça criada a partir de perspectivas de pensar a coexistência, a afirmação das diferenças. “É uma obra sobre ela mesma, que se articula com autonomia promovendo possibilidades de leitura, fazendo emergir um leque de assuntos e temas diversos. Diante do que transforma o mundo, eu respondo artisticamente“, diz.
A montagem da peça se articula a partir da fala pública de uma mulher negra, uma espécie de conferência sobre questões que incluem racismo, a realidade do negro e da negra no Brasil hoje, o afeto e o diálogo, a maneira como as pessoas lidam com as diferenças e como cada um se vê numa sociedade marcada pela desigualdade. A trilha sonora ficou por conta do músico Felipe Storino. A dramaturgia é assinada por Marcio em parceria com Grace Passô e Nadja Naira.
Os ingressos podem ser adquiridos pela internet ou na bilheteria do espaço R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). A classificação do espetáculo é 14 anos. Mais informações: (31) 3431-9400.
Duas semanas passaram-se da morte da deputada Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes no Rio de Janeiro. A rotina do dia a dia e o silêncio da polícia em relação ao caso vão empurrando a notícia da primeira página para pequenas notas no interior dos jornais. Outros crimes covardes contra jovens pretos da periferia são notícia passageira e pouco a pouco naturalizamos a barbárie. Como sempre.
A investigação e a penalização dos culpados pela morte de Marielle é muito importante para a democracia no Brasil – uma democracia questionável frente ao tratamento dispensado aos homens e mulheres negros do país. Quase 80% dos jovens mortos nas periferias brasileiras são de cor negra, em idade produtiva, de 14 a 29 anos. E, na maioria das vezes, os crimes são arquivados, sem responsabilizar os culpados por esse verdadeiro genocídio.
Desde sempre as comunidades periféricas das cidades brasileiras são vítimas da opressão imposta pelo braço armado do Estado. Em combate com o crime organizado, a polícia vem ceifando a vida de cidadãos e cidadãs sem nenhum envolvimento com o crime. O processo de fabricação da violência é a execução de um plano de extermínio material e simbólico da população negra do país. Marielle morreu porque defendia os pobres, pretos e favelados, os mesmos que entram no estereótipo de quando se define quem é bandido no país.
Apenas 130 anos nos separam do fim da abolição da escravatura no Brasil. Os negros e mulatos de hoje são tataranetos de uma geração de escravos que de uma hora para outra ganhou a “liberdade” sem qualquer apoio do governo ou projeto de reintegração à sociedade. Para sobreviver, ex-escravos submeteram-se às mais vis ocupações. O Brasil deve uma reparação a esse contingente da população que, não por acaso, é o mais excluído da sociedade. A herança dos negros é a pobreza, o preconceito e a falta de escolaridade. A omissão do Estado é responsável pela falta de negros e negras nos palanques políticos, no alto escalão das empresas, nas faculdades e, até mesmo, nos espaços públicos.
Mas a morte de Marielle, ao invés de cortar a esperança dos negros que desejam ter uma representatividade política plenamente comprometida com essa causa, levanta um verdadeiro vendaval. Em discurso emocionado na frente da Câmara dos Deputados do Rio de Janeiro, a jovem negra Adaiane Silva, falou à multidão: “Marielle dizia o tempo todo: Avante, pretas! Quando a vida das mulheres negras começar a ganhar importância, o mundo será transformado”. Adaiane participara do evento “Jovens Negras Movendo as Estruturas” com Marielle, na noite anterior, minutos antes do covarde assassinato.
A morte de Marielle desperta mais negros e negras para a luta acirrada da dita democracia racial no país, ocupando os espaços de poder e legitimando a luta diária dos excluídos e abandonados pela pátria. Avante, pretos!
Érico Brás é ator e conselheiro do Fundo de População das Nações Unidas, agência da ONU líder em temas de demografia, juventude e saúde sexual e reprodutiva. Nascido em Salvador, iniciou aos 8 anos de idade sua relação com o teatro. Engajado em temas de juventude e raça, participa no canal no Youtube da web série “Tá Bom pra você?” (criada pela mulher, Kênia Maria, e a filha, Gabriela Dias), que trata da questão racial com humor inteligente, graça e leveza. Com participação em séries e programas de TV, Érico Brás busca estimular o debate e a reflexão sobre diversidade.
Vivemos hoje, talvez, a maior onda de empreendedorismo negro no Brasil. O povo negro, cada vez mais unido, do cabelo à escrita, aproxima-se cada vez mais de suas raízes. O desenvolvimento pessoal e econômico passa pela valorização dos saberes locais, e da união dessa população. Este fortalecimento tem acontecido em vários espaços e mais do que nunca em novos empreendimentos que abordam a temática racial.
Atualmente, o bem de maior valor agregado é a informação, informação esta que foi negada a uma grande parcela da população por muitos anos. Negros e periféricos têm muito mais barreiras para alçar voos, principalmente no que diz respeito à empregabilidade. Hoje ainda, as instituições públicas e privadas insistem em negar o óbvio: o racismo institucional. Este tipo de racismo não é sutil, é um crime e precisa ser combatido, principalmente no âmbito cultural organizacional. É sintomático que, num país em que mais de 109 milhões de pessoas (53,6% da população, de acordo com o IBGE) se declarem negras, não estejamos presentes nas principais esferas da sociedade (Congresso, comando de grandes empresas, televisão, universidades) e pior, quando se trata de rankings de desenvolvimento social a população negra permanece nas últimas colocações.
Os negócios sociais liderados por negras e negros têm papel fundamental na luta pela igualdade racial e confronta diretamente o racismo estrutural que perdura por séculos na sociedade, não somente brasileira. O que ainda falta é apoio, reconhecimento e uma ampla rede que seja sólida e que sustente a possibilidade de erro e aprendizado.
Infelizmente, parte desses negócios conduzidos por negros, que no caso representam cerca de 51% dos empreendimentos brasileiros, esconde um número negativo: apenas 29% desses empreendimentos empregam uma segunda pessoa (PNAD – 2016). Grande parte desses empreendimentos não é por opção e sim por necessidade.
Temos inúmeros exemplos de empreendimentos sociais que fazem a diferença. No Rio de Janeiro, a empresa “Era uma vez o mundo” trabalha o protagonismo negro através de suas bonecas e bonecos, e criam elementos positivos dentro do universo infantil, onde as crianças negras se veem como protagonistas na realidade que vivem, e através disso tem a possibilidade de reverberar essas narrativas na promoção da diversidade e de respeito. O trabalho da dupla é incrível e necessário.
Outra iniciativa, do jovem negro estadunidense Christopher Gray, é o Scholly, um app bem simples que ajuda estudantes a encontrar bolsas de estudo para graduação e mestrado. O aplicativo já ajudou centenas de estudantes e o valor arrecadado para este fim já ultrapassa US$ 15 milhões em bolsas. O acesso a crédito para estudantes de baixa renda é extremamente difícil, e impacta diretamente a comunidade negra. Segundo Christopher, um dos principais objetivos do aplicativo é ajudar o jovem periférico a ter melhor acesso à educação que eles precisam e tanto buscam.
Neste contexto, o ID_BR chega como uma consultoria que tem como um dos princípios trabalhar a cultura organizacional das empresas. Com foco na luta pela igualdade racial, a ONG desenvolve a campanha “Sim à Igualdade Racial”, cujo objetivo é a conscientização e engajamento de grandes organizações e da sociedade civil em prol de ações afirmativas e crescimento socioeconômico da população negra e periférica através da inserção no mercado de trabalho e na preparação técnica de jovens e adultos. O ID_BR dá ferramentas, como cursos de inglês, de gestão e de negócios, para que mais de 40 bolsistas hoje em cursos como o Brittania, Cel.lep e Fundação Dom Cabral, possam se desenvolver no mercado de trabalho formal com autonomia.
É importante que haja mais iniciativas que fundamentem suas ações na promoção da igualdade racial e luta contra o racismo. Esta deve ser uma pauta de todos; afinal, não foram os negros que criaram o racismo. Quanto mais empreendedores, principalmente negros, tiverem ferramentas suficientes para gerar emprego, reverberar a pauta racial e fazer com que seus negócios cresçam, teremos cada vez mais ganhos para toda a sociedade. A economia cresce e se torna mais dinâmica, a desigualdade diminui e a oferta por empregos aumenta, e assim, o enfrentamento das desigualdades históricas tende a diminuir. Pouco, mas diminuem. A geração e capilaridade do conhecimento, talvez seja, hoje, a maior ferramenta que temos para enfrentar a cultura estrutural e secular do racismo. Digamos juntos “Sim à igualdade racial”.
Ainda faltam negros na bancada do Roda Viva, mas a TV Cultura nos dá algo a ser celebrado: Joyce Ribeiro na bancada do Jornal da Cultura. Ela primeira mulher negra a assumir sozinha a bancada de um jornal diário e no horário nobre entre todas emissoras dos canais abertos.
Joyce nasceu, 23 de abril de 1979 em São Paulo, se formou em jornalismo pela FIAM,pós-graduada em jornalismo econômico e político pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Em 1998, começou sua carreira na Televisão como produtora e repórter na Boa Vontade TV da LBV. Em seguida, teve sua primeira experiência como apresentadora de telejornal na RIT.
Em 2002, Joyce foi para a Rede Record, onde atuou como repórter e apresentadora no Fala Brasil. Logo depois, apresentou um telejornal para Record Internacional. Em 2005 foi para o SBT, apresentou até março de 2006 a edição matutina do Jornal do SBT passando a apresentar a previsão do tempo do extinto SBT São Paulo.
A jornalista também apresentou o Aqui e Agora em 2008, o programa Boletim de Ocorrências, em 2011. Fez a cobertura do SBT Folia, depois a nova versão do SBT São Paulo. Em 2012 voltou para o SBT Manhã. Em 2016, Joyce passa a comandar o Primeiro Impacto novo telejornal da emissora. A jornalista ainda cobriu as eleições americanas no Jornal do SBT, em novembro.
Em 2017 é transferida para SBT Noticias num revezamento com outros cinco apresentadores no noticiário de mais de seis horas de duração. Nesse mesmo ano, após 12 anos na emissora a jornalista se desligou para tocar seus projetos pessoais no cinema e o livro “Chica da Silva”.
O começo de 2018 marca o lançamento do seu segundo livro “Deixa Enrolar: a história do cacho” junto com Karina Hollo.
Karina Hollo e Joyce Ribeiro (Foto: Laura Fernandez)
Jornal da Cultura
O programa vai ao ar na TV Cultura, se segunda à sábado, as 21:15 no YouTube, no Facebook e no aplicativo Cultura Digital.
“Cresci acompanhando a briga entre o Tupac e o B.I.G., a genialidade dos artistas empreendedores Run-D.M.C., Puff Daddy, Dr Dre, Jay Z, Beyoncé, Spike Lee.
Acompanhei a carreira de Martin Lawrence, Vivica Fox, Halle Berry, Queen Latifah, Eddie Murphy, Wesley Snipes, Denzel Washington, Will Smith, Samuel L Jackson, Loretha Devine, Ice Cube, Cuba Gooding Junior, Jada Smith, etc. A lista é MUITO grande”. Licínio Januário, ator angolano, residente no Brasil, gosta de falar sobre suas referencias negras, de como elas foram importantes para sua formação não somente como artista, mas como homem negro.
A importância da representatividade pode ser uma via de duas mãos e Licínio, já sabe da sua responsabilidade como modelo para crianças negras. “Tio, quando eu crescer eu quero ser como você”, foi uma das frases que ele escutou e que foi fundamental para sua mudança de carreira.
O ator angolano Licínio Januário (Foto: Facebook)
Seu lado artísticos, já explorado por meio de alguns trabalhos. Januário vinha de uma fase intensa, depois de ter acumulando vários empregos, “entre bicos em bares, animação e personagens vivos em festas, vendendo empanada argentina na Pedra Sal” , para pagar a mensalidade de 2 mil reais, do seu curso de Engenharia, aqui no Brasil.
“Mestra Magali, minha mestra, me ensinou a gingar dentro e fora da roda de capoeira. Ela foi é a minha maior inspiração na busca dos meus sonhos. Denzel Washington disse uma vez que “sonhos sem objetivos são apenas sonhos”. Juntei isso a minha quase formação em engenharia Civil e decide começar a escrever e produzir eu mesmo. Escrever aquilo que eu queria ver. Meu primeiro espetáculo eu dei o nome de “Todo Menino é um Rei”, com ele fui nomeado melhor ator no “Festival de Teatro do Rio de Janeiro”, isso logo após trancar a faculdade. Para mim foi um sinal”, descreve o ator.
Pantera Negra e o bom momento do cinema negro
“Eu me tornei um assíduo frequentador de teatro e vi que pelo menos no Rio de Janeiro, não tinha em cartaz peças que humanizam o corpo negro e desmistificassem a imagem que a televisão e o cinema passam sobre nós. Sendo eles uma das principais ferramentas para formação da sociedade, os 52% da população, que é negra não era representada”, detalha Licionio que junto com sua companheira, Sol Menezzes escreveu o seu segundo texto teatral, que se transformou no espetáculo “Lívia”.
Lívia conta a história de um casal, negro, da adolescência à velhice, sem permear diretamente pelo racismo. “Buscamos escrever o que não escrevem sobre nós: encontros e desencontros, amor, sonhos, família. Uma produtora assistiu ao nosso espetáculo e lançou a ideia de fazer um filme, desde que escrevesse apenas o argumento e deixasse o resto nas mãos de terceiros. Na hora pensei: os nossos irmãos nos estados já escrevem, produzem e dirigem há muito tempo. Me botei no lugar deles e disse não”.
Para o Angolano em tempos de “Pantera Negra”, quebrado recordes, “Corra” ganhando Oscar de melhor roteiro original, “Moonlight” ganhando melhor roteiro adaptado e melhor filme, sem falar do número elevado
de atores negros ganhado os prêmios mais aclamados mundialmente, embranquecer o seu texto, por meio da produção de pessoas brancas, não era uma opção.
Rafael Yoshida, um jovem diretor de cinema, branco paulistano, descendente de Japoneses foi convidado para assistir Lívia. Além de gostar da peça ele percebeu o potencial do roteiro para o cinema, e agora em Brasil, ele e a produtora Movioca estarão no evento Rio Creative Content, uma das maiores feiras de audiovisual a nível mundial para apresentar, juntamente com Januário o projeto do longa metragem Lívia para uma grande produtora.
“Para a Huawei e para a Decia Films (produtores de “O sal na Terra, indicado ao Oscar) apresentaremos o projeto de longa metragem de “Lívia” e para o Netfllix, o projeto da série “Malandragem”, meu primeiro roteiro audiovisual. Onde irei
contar a história do final do século XIX sob o nosso ponto de vista”, comemora o ator.
“Ás vezes eu penso que tive sorte nessa caminhada, mas sei que não é isso. Fiz tudo sem pressa, com trabalho árduo, fechando com as parcerias certas, sem grandes expectativas. Não sei o qual será o fruto dessas reuniões, e busco não premeditar isso. A única coisa que tenho certeza é que independente do resultado dessas reuniões eu não vou parar. O meu objetivo é que ver o Laranjinha e o Acerola se tornem reis de verdade, onde eles se formam na faculdade, se tornam empreendedores e passem isso para seus filhos. Mas sei que quem escreve cidade dos Homens nunca irá escrever isso, nunca irá entender a importância do Laranjinha e do Acerola para abrir a mente de quem mora em comunidade
Sei que se nós negros não escrevermos e reescrevermos as nossas histórias as coisas não irão mudar”, finaliza o ator.
Comemorando os 15 anos de existência, a Cia. Sansacroma leva ao SESC Campo Limpo, em São Paulo, uma programação especial com espetáculos, workshops, rodas de conversa e exibição de vídeos. Em duas das atrações (espetáculo Outras portas Outras pontes e Mesa de discussão) haverá interpretação em LIBRAS – linguagem de sinais, o que vai garantir a acessibilidade das pessoas surdas. A programação acontece de 8 à 14 de abril.
Todas as atividades são gratuitas, trazendo o que o grupo produziu até agora, permeadas pela temática principal da companhia que é a Dança da Indignação, conceito criado por Gal Martins, dançarina e coreógrafa da companhia. Tais ideias fazem parte do processo de pesquisa de linguagem estética da companhia. O ponto de partida das criações da Sansacroma são as poéticas e políticas do corpo negro.
Foto: Thais Kruse
Confira como será a programação:
Tenda Programa Retratos – Exibição de curtas | 8 de abril, das 18h às 19h30
Nessa 2ª edição o programa fará uma homenagem a figura dos “griots”, que tem a função primordial de educar e transmitir conhecimento. Haverá exibição de dois episódios, seguida de bate-papo com os homenageados Maria Rodrigues e Sebastião Biano e os intérpretes Ciça Coutinho e Érico Santos.
Espetáculo “Outras Portas Outras Pontes” | 10 e 11 de abril, das 19h às 20h Inicialmente, o espetáculo revela o olhar sobre o apartheid “gentil”, existente no Brasil, onde negros operários são tratados como sub-cidadãos e os espaços físicos geram separações. Já no segundo momento, as cenas mostram quando a consciência desta separação torna-se indignação e é transformada em materialidade poética, explorando questões como herança cultural e identidade do brasileiro. Este espetáculo terá interpretação em LIBRAS. O início será no ponto de ônibus em frente ao Shopping Campo Limpo, na Estrada do Campo Limpo.
Foto: Thais Kruse
Roda de Conversa – Poética da Indignação como Potência Artística | 12 de abril, das 20h às 21h30, na Tenda O conceito criado pela artista da dança, arte educadora. gestora cultural e futura Socióloga Gal Martins: “A Dança da Indignação” é tema da mesa parte da programação de celebração dos 15 anos da Cia. Sansacroma. Após a conversa será feito o lançamento do livro publicado em comemoração aos 15 anos da companhia. A mediação fica por conta de Anelise Mayumi, artista da Dança integrante do grupo Fragmento Urbano. Além de Gal, serão participantes Priscila Obaci, atriz e educadora de Dança Materna e Deise de Brito, artista e Pesquisadora da Dança. A classificação é livre.
Oficina Dança negra contemporânea para crianças | 14 de abril, às 14h
A oficina tem o intuito de aproximar os participantes da linguagem artística da dança, trabalhando a expressão corporal e a convivência. A metodologia tem como base a relação entre a prática da dança e o processo reflexivo do fazer.
As aulas são intercaladas com leitura de textos e diálogos sugeridos pelos mediadores. Como objetivo específico visa sensibilizar/provocar o contato com a dança de maneira lúdica, usando os pressupostos da lei 10639/13, aprovada em 2013, que pressupõe o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena. O foco é, sobretudo, os de história e cultura afro-brasileira. Tendo em vista a pesquisa da Companhia Sansacroma sobre o território periférico, negritude e suas implicações sociais, culturais e políticas, a oficina proporcionará a vivência e aproximação com o universo da Companhia.
Duração: 3h Participantes: 30 pessoas, entre 7 e 14 anos, não há necessidade de conhecimento prévio em dança. Mais informações: (11) 5510-2700.
O espetáculo teatral infantil “Bento Batuca” apresenta a história de um menino que batuca desde o berço e que parte em uma viagem histórica, passando pela Bahia, por Pernambuco e pelo Rio de Janeiro e é na Capoeira, no Samba, no Maculelê e no Frevo que reencontra suas origens.
A Oficina de Alegria apresenta o espetáculo, com estreia no dia 7 de abril, às 16h, no Teatro Jaraguá, localizado na Rua Martins Fontes, n° 71, em São Paulo. “Bento Batuca” traz referências à cultura brasileira, interagindo com música ao vivo e diversos ritmos regionais, com efeitos lúdicos e conduz o público a uma viagem divertida pela identidade cultural do país.
A peça terá, algumas sessões específicas com tradução em libras. No elenco, estão os atores: Sidney Santiago Kuanza (Bento), Fernando Oliveira, Lena Roque e Vitor Bassi. O texto é assinado por Daniela Cury e Mariana Elisabetsky, direção de Edu Leão e Luciana Ramanzini e direção musical do grupo Os Capoeira. Bento Batuca é apresentado também, pelo Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet.
Com homenagens a figuras emblemáticas, como Mestre Besouro Mangangá (lendário capoeirista baiano), Guerreiro Maculelê (lenda folclórica brasileira), Maestro Nunes (ícone do frevo pernambucano) e Tia Ciata (influente figura no surgimento do samba e também com grande representatividade dentro do candomblé), o espetáculo mostra a importância desses personagens.
A música ao vivo no palco é comandada pelos percussionistas Contramestre Leandrinho, Heverton Faustino “Bbzão“, Paulinho Percussão, Cauê Silva e Rogério Rogi. O repertorio transita entre cânticos de capoeira e ritmos como frevo, maculelê e samba, além de referências a canções da música nacional, como “Suíte dos Pescadores“, de DorivalCaymmi. Entre os instrumentos estão atabaques, berimbau, pandeiro, surdos, chocalhos e objetos sonoros.
O espetáculo é para toda a família e, por meio da linguagem poética, teatral e musical, enaltece os ritmos, sons e danças da cultura afro-brasileira. O público poderá embarcar junto a viagem de Bento de forma interativa, onde no final são convidados a cantar, dançar e tocar junto ao elenco.
A temporada vai até dia 13 de maio. Para obter informações sobre a compra de ingressos, acesse: ingressorapido.com.br.