Vivemos um momento histórico no Brasil onde a comunidade negra está assumindo sua negritude, sem perder o foco em seu desenvolvimento profissional. Temos novas narrativas para além da história das vítimas de preconceito, ou áreas onde já somos mestres, como música e esporte, porém ainda somos raros em cargos de liderança.
Com o objetivo de mostrar na prática, como os negros no Brasil estão avançando profissionalmente, a nova campanha do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) chamada “Você me Conhece” discute a falta de diversidade em altos cargos. Segundo pesquisa do Instituto Ethos, 1% é o percentual de mulheres negras e 5% de homens negros em cargos executivos.
Participaram da ação de lançamento da campanha a jornalista Glória Maria, a médica Katleen Conceição, o diretor executivo da AEGEA Josélio Raymundo, o rapper Jota Jr., a advogada Ana Carolina Lima, o dramaturgo Elísio Lopes e a diretora executiva do ID_BR, Luana Génot.
“Queremos mostrar que os profissionais negros precisam de mais visibilidade e oportunidades para potencializar suas carreiras e que as empresas têm um papel fundamental para mudar esse cenário”, explicou Luana Génot, diretora executiva do ID_BR.
Luana acredita que as empresas mais alinhadas com a realidade do Brasil, onde 54% da população é negra (IBGE), estão a frente no mercado. “O protagonismo na mudança desse cenário também se traduz em valor de mercado. Uma empresa com mais diversidade racial tem uma vantagem competitiva comparada as que ainda não priorizam a pauta ”.Os são de uma pesquisa da McKinsey & Company que revelam que empresas com índices altos de diversidade de raça têm 35% mais probabilidade de obter resultados acima da média.
Campanha quer te conhecer também
“Não conhecemos bons profissionais negros”. Para que essa afirmação não seja mais uma desculpa racista, para que população negra não ocupe cargos de liderança, o ID_BR convida á todos e todas para gravar um vídeo para a campanha “Você me conhece”. Basta seguir o roteiro abaixo e compartilhar usando a hashtag #vocemeconhece e #simaigualdaderacial
A edição histórica da Vogue com a Beyoncé é linda pelas fotos, mas a beleza mesmo está no depoimento da cantora, que revelou informações inéditas sobre suas dificuldades como parto e questões com o próprio corpo.
Todos esses aspectos do texto escrito pela própria cantora foram repercutidos em vários veículos, mas o que me chamou a atenção é o destaque que ela dá ao empoderamento negro e a importância da referência negra para os seus filhos.
Ela mesma tem sido uma criadora de referências para nós comunidade negra, com suas canções feministas no passado e mais recentemente, com seus últimos álbuns Lemonade e Everything is Love, projetos carregados de amor negro e provocações políticas, mas ela quer mais.
A filosofia “Black Bill Gate in the making” (Formation), se aplica na vida particular de Beyoncé que valoriza as influências negras fora do mundo artístico para seus herdeiros para que eles sonhem alto.
“Minha mãe me ensinou a importância não apenas de ser vista, mas de me ver. Como mãe de duas meninas, é importante para mim que elas também se vejam – em livros, filmes… É importante para mim que elas se vejam como CEOs, como chefes, e que elas saibam que podem escrever o roteiro de suas próprias vidas – que podem falar o que pensam”, escreve a cantora em seu texto em primeira pessoa.
Ela também não esqueceu do seu filho, Sir Carter. “Eu espero ensinar meu filho a não ser vítima do que a internet diz que ele deveria ser ou como ele deveria amar. Eu quero criar melhores representações para ele, de modo que ele possa atingir seu pleno potencial como homem, e ensiná-lo que a verdadeira magia que ele possui no mundo é o poder de afirmar sua própria existência”.
Para nós negros, não importa a classe social, precisamos de referência e também de lembrar dos que vieram antes de nós e abriram portas, afinal estamos sendo finalmente os contadores da nossa própria história e personagens vencedores dela também.
Com o objetivo de denunciar uma série de violências cometidas contra a religiosidade negra, mantendo o foco no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 494601 do Ministério Público do Rio Grande do Sul, que será votado pelo Superior Tribunal Federal, na quinta-feira (9), para contestar a legitimidade da lei gaúcha que, em 2004, declarou legal e constitucional o abate religioso, nas religiões afro-brasileiras, será realizada a Marcha das Religiões Afro-brasileiras pela Liberdade Religiosa, na quarta-feira (8), com concentração marcada para às 18h, no Vão do Museu de Arte de São Paulo (MASP).
A marcha, convocada por adeptos do candomblé e outras tradições de matriz africana tomará a Avenida Paulista no dia dedicado a Xangô, Orixá da justiça. Em São Paulo, são esperadas cerca de 3 mil pessoas, entre religiosos e ativistas dos direitos humanos. Cidades como, Rio de Janeiro, Salvador e Londrina confirmaram apoio e marcha em repúdio ao RE 494601 e ao racismo religioso.
De acordo com a organização da Marcha, “o Recurso representa um atentado direto à laicidade e ao Estado Democrático de Direito e ainda afirmam que se trata de racismo, pois o objetivo do RE não é o fim do abate religioso, uma vez que o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carne sacralizada das Américas e legitima o abate destinado aos rituais religiosos muçulmanos“.
Sensibilizando o STF
Na última quinta feira (2), os advogados Hédio Silva Junior, Antônio Basílio Filho, Jáder Freire de Macedo, Demétrius Barreto Teixeira e Júlio Romário da Silva, representantes das religiões afro-brasileiras, entregaram, nos gabinetes de todos os ministros do Supremo Tribunal Federal, um parecer jurídico sustentando a legitimidade, legalidade e constitucionalidade do abate religioso de animais.
Em vídeo, o Ex-Secretário de Justiça do Estado de São Paulo, Dr. Hédio Silva Junior, explica o histórico da ação
“Essa luta é de todo aquele que luta por igualdade de direitos, e por um estado laico de verdade, e por isso é importante que todos e todas somem esforços e repudiem o que pode ser mais um página de retrocesso na história da democracia brasileira”, alertam os organizadores e reforçam o chamado.
Na novela, As Aventuras de Poliana, a atriz Maria Gal interpreta a Gleice, uma mãe negra, trabalhadora, honesta e que sonha com um futuro grandioso para os seus filhos. Sim, ela faz parte do núcleo mais pobre da novela do SBT, trabalha como doméstica, mas sua personagem é rara por interpretar a matriarca de uma família completa, com pai presente e filhos, filhos estes que estudam em um ótimo colégio e têm um bom destaque na trama, assim como a Gleice. “Muitas têm deixando mensagens na página do Facebook da emissora falando como gostam das personagens do núcleo”, detalha a atriz.
Conversamos a atriz sobre famílias negras na TV, logo após a polêmica campanha do dia dos pais da marca O Boticário.
Mundo Negro: Você se lembra de alguma família negra na teledramaturgia que tenha te tocado?
Maria Gal: Família negra, pensando em novela em confesso que eu não lembro de alguma que tenha me tocado. Lembro de outros tipos de produções, mas não uma novela.
Por que você acha que não somos retratados como uma família normal e harmoniosa?
Essa questão está muito associada a um determinado padrão de pensamento inconsciente. É como se o negro não tivesse o lugar do afeto. Até no cinema, não temos comédias românticas protagonizadas por casais negros. É como esse lugar do afeto não fosse permitido para o negro. Os temas que estão alinhas à questão racial são sexo, violência, samba, mas afeto não.
E por que essa dissociação com negros e afetividade acontece?
Acho que tudo isso está muito no inconsciente coletivo porque infelizmente a gente viveu o mito da democracia racial por muito tempo. Questões tão urgentes que a gente está discutindo, falando e expressando agora, como a questão do empoderamento negro, feminino, colorismo, eram pare ter sido a discutidas há anos atrás, e falamos disso agora, em 2018.
A novela As Aventuras de Poliana, passa durante a semana no SBT às 20h45.
O 20º Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte (FESTCURTASBH) traz como tema principal o Cinema Negro. O evento, organizado pela Fundação Clóvis Salgado, será realizado de 10 a 19 de agosto, no Cine Humberto Mauro, na Sala Juvenal Dias e no jardim interno do Palácio das Artes, em Belo Horizonte (MG). A entrada é gratuita, com distribuição de ingressos 30 minutos antes de cada sessão.
A programação do Festival contará com sessões de cinema, seminário, oficinas e show. Ao longo de dez dias, o público terá acesso a uma amostra representativa da atual produção cinematográfica nacional e internacional em curta-metragem.
Este ano, o Festival exibirá 138 filmes, de 70 países e doze estados brasileiros, distribuídos ao longo de mais de 65 sessões. A 20ª edição do FESTCURTASBH recebeu 2.518 inscrições, sendo 405 brasileiras e 2.113 estrangeiras.
O Festival visa valorizar a produção curta-metragista em seus diversos contextos e abordagens, possibilitando reflexões sobre a contemporaneidade, permitindo ao público acompanhar como as produções têm expressado de forma inquieta e inventiva os processos históricos, urgentes e emergentes.
A coordenadora de Programação e Curadoria do Festival, Ana Siqueira, comenta a importância da temática e como ela será tratada no evento. “Com a fundamental participação do curador e crítico Heitor Augusto, o FESTCURTASBH volta seu olhar tanto para a pujante produção recente de cineastas negras e negros, quanto para a história dessa produção, largamente desconhecida e vítima da invisibilização que tem tradicionalmente acometido as diversas expressões artísticas e culturais da população negra no Brasil”.
Ana ainda aponta quais reflexões a organização espera provocar no público a partir dos filmes exibidos nessa edição. “Desejamos que o público tenha acesso a essa filmografia, e às discussões em torno dela, nas sessões, seminário e debates, permitindo o engajamento em torno do cinema negro de forma mais complexa. Dessa forma, buscamos contribuir para se pensar como esses trabalhos são realizados estética e politicamente, trazendo uma série de implicações para nosso olhar, nossa forma de perceber os filmes, além dos necessários questionamentos de como a história do cinema é construída, nunca de forma neutra, sempre atravessada pelos diversos processos políticos e sociais em curso”.
MOSTRAS ESPECIAIS
O FESTCURTASBH apresenta em 2018 três mostras especiais que se dedicam ao Cinema Negro. A primeira, voltada para a produção brasileira, com curadoria do pesquisador e crítico paulista Heitor Augusto, é “Cinema Negro: Capítulos de uma História Fragmentada”. A seleção, que está dividida em cinco programas (Família, Genocídio, Raízes, Diáspora e Corpo), reunirá 25 curtas realizados entre 1973 e 2018, a fim de esboçar uma possível árvore genealógica do cinema negro no Brasil.
INÉDITOS
As duas outras mostras especiais do 20º FESTCURTASBH permitirão ao público conhecer a obra de duas cineastas negras de diferentes países e gerações, cujos trabalhos serão exibidos pela primeira vez no Brasil.
A Mostra “Akosua Adoma Owusu” apresenta nove filmes da premiada cineasta e produtora ganesa-americana, cujo trabalho circula em festivais de cinema, museus, galerias, universidades em todo o mundo desde 2005. Seus filmes abordam questões relacionadas à cultura negra, atravessadas por outros temas como feminismo, queerness e imigração.
Já a Mostra “Tributo a Safi Faye” será dedicada à diretora de cinema e etnóloga senegalesa, que foi a primeira realizadora negra africana a dirigir filmes e lançá-los comercialmente. Serão duas sessões especiais apresentando curtas raramente exibidos e que expressam a força do trabalho dessa pioneira, atuante desde os anos 1970. Ao longo de sua carreira, Safi Faye dirigiu vários documentários e filmes de ficção com foco na vida rural no Senegal.
Akosua Adoma Owusu estará presente para comentar a sessão e debater com o público, Já as sessões do Tributo a Safi Faye contarão com o comentário da pesquisadora e curadora Janaína Oliveira, que tem desenvolvido um importante trabalho de discussão e difusão do cinema negro no Brasil, além de ser fundadora coordenadora do Fórum Itinerante de Cinema Negro (FICINE).
MOSTRAS COMPETITIVAS E PARALELAS
As já Mostras “Competitivas Minas, Brasileira e Internacional“, que trazem produções recentes nacionais e estrangeiras, premiarão os melhores curtas com prêmios em dinheiro e o Troféu Capivara. Os resultados serão anunciados no dia 19 de agosto, com a exibição dos curtas-metragens premiados no festival.
Numa seleção que propõe outras formas de articular debates em torno dos filmes contemporâneos, as mostras paralelas Atravessamentos – memória da matéria, acessos alterados; Extravasamentos – torções do artifício, maneiras de saltar e Mulher – Corpo Político abordam e friccionam temas que incidem fortemente no presente, mesmo quando recorrendo à memória: à guerra, à diáspora, à política dos corpos, às torções do artifício ou à necessidade de reparação histórica.
O público poderá conferir ainda as já aguardadas mostras Juventudes, Animação e Infantil, com curtas voltados para o público infanto-juvenil e Maldita, com filmes que exploram o horror, o terror e o humor negro e abordam de forma diferenciada diversos temas.
CABINES DE EXIBIÇÃO
Todos os filmes exibidos no FESTCURTASBH (exceto das Mostras Especiais) serão disponibilizados também em cabines individuais durante todo o evento. As cabines serão instaladas na antiga livraria do Palácio das Artes e sua utilização é gratuita.
OFICINAS E SEMINÁRIO
No festival também acontecerá algumas atividades formativas. “Filme como arte colaborativa – Oficina híbrida de mídia e performance” será ministrada pela realizadora norte-americana Lynne Sachs. A “Oficina de Crítica de Cinema – Por um deslocamento do olhar”, será realizada pela pesquisadora e crítica de cinema pernambucana Carol Almeida. E o Seminário “O negro e o cinema brasileiro: Representação e Representatividade, Presenças e Ausências”, terá como ministrante o crítico de cinema Heitor Augusto.
ABERTURA E PROGRAMAÇÃO ARTÍSTICA
A abertura acontece na próxima sexta-feira, dia 10 de agosto, contará com uma sessão dos filmes no Cine Humberto Mauro às 20 horas. Dialogando com a temática central do evento, a atração musical será o Bala da Palavra. A apresentação será às 22h30, no Jardim Interno do Palácio das Artes. Entre o fim do filme e o show, haverá discotecagem. Os ingressos tanto para a sessão de cinema quanto para o show poderão ser retirados a partir das 19h30, na bilheteria do Cine Humberto Mauro, mas sujeito a lotação dos espaços.
Unindo tambores melodias e rimas, o projeto Bala da Palavra propõe um mergulho na alma da música popular brasileira. O show traz releituras de grandes mestres da MPB como João Bosco, Chico Buarque, Milton Nascimento, Clementina de Jesus, Caetano Veloso, Marku Ribas, entre outros. Entre o rap, o baião, o ijexá, o reggae, o maracatu e o jongo, a magia das canções se desenrola tocando forte no público.
As informações sobre os filmes e programação completa estão disponíveis no site oficial: http://festivaldecurtasbh.com.br.
Motivado por entender quem são as mulheres negras que atuam no campo da tecnologia no Brasil, o Olabi, organização social criada em 2014, que democratiza a produção de tecnologia em prol da diversidade, lançou o estudo Pretalab, levantamento que traz entrevistas, dados, vídeos, histórias e um panorama geral do Brasil sobre representatividade de gêneros e raças no universo da inovação. O conteúdo pode ser acessado no link www.pretalab.com.
Com um mapeamento criado pela Olabi, a partir de um formulário respondido pelas entrevistadas de forma online, em quatro meses, 570 histórias de mulheres negras e indígenas de 17 a 67 anos, das cinco regiões do país, foram coletadas. Mesmo com as reclamações sobre racismo, machismo no ambiente de trabalho, falta de referências e em quem se inspirar, dificuldade de acesso a ambientes de ensino e aprendizagem, as participantes se mostraram entusiasmadas em ocupar cada vez mais espaços nessa área.
O estudo apresenta dados da realidade feminina dentro desse mercado: 20% das entrevistadas conheciam alguma iniciativa que ligava mulheres negras à tecnologia; apenas 22% entraram na área por meio de centro formal de ensino (como escola técnica e universidade); e pouco mais da maioria, 52%, acredita que a internet, grupos informais de apoio ou outras formas autodidatas são o melhor caminho para aprender assuntos ligados à tecnologia.
A diretora do Olabi e coordenadora do Pretalab, Silvana Bahia, reforça que “democratizar o acesso às tecnologias não é sobre ampliar o consumo, mas sobre a possibilidade de criar as aplicações. Se as mulheres negras não estiverem nesse processo, se não existirem ações para que elas estejam nesse processo, vamos perder totalmente nosso poder de integração no mundo“.Para ela, a ausência de mulheres negras e indígenas nos espaços voltados para área de tecnologia e inovação está ligada diretamente a dois fatores: acesso e falta de referência.
“Quase tudo relacionado a esse campo é caro, em inglês e são raras as políticas (públicas ou privadas) destinadas ao nosso ingresso e permanência nesses espaços. A falta de referência é outro fator determinante: se ser uma mulher nas tecnologias já é um desafio, imagina para nós, negras. A ausência de referências positivas sobre mulheres negras e indígenas é uma questão social que perpassa não apenas o mundo das tecnologias, mas os mais variados campos profissionais e de poder“, afirma.
Para mais informações sobre a organização, acesse o site http://www.olabi.org.br.
Não se deixem enganar pelos personagens engraçados e cara de menina da atriz Cacau Protássio. Ela é uma potência em termos de talento na TV e no teatro e agora está usando sua criatividade para investir no ramo da moda.
Ms Cacau, o seu empreendimento, fica no Shopping Downtown, na Barra da Tijuca, no RJ, mas envia para todo Brasil.
A loja tem modelos de roupas incríveis em tamanhos grandes, além de jóias e acessórios lindíssimos.
Confira alguns modelitos que a própria Cacau veste:
O projeto Dança das Águas no Ilê terá a apresentação final da residência artística com a dançarina baiana Bianca Santana neste sábado (4), às 19h, no Instituto Baobá de Cultura e Arte (IBAÔ), em Campinas (SP). A entrada é gratuita. O projeto foi iniciado no dia 4 de junho, especialmente com pesquisa local e concepção artística da vivência, visita a terreiros e atividades de dança afro para crianças e mulheres.
Concebido por Bianca Santana e com a co-produção da curadora Andrea Mendes, o projeto prevê uma apresentação coletiva com as alunas que participaram das oficinas abertas e gratuitas que aconteceram no Ibaô durante o mês de julho.
“Antes de realizar a residência, já sabia um pouco da realidade dos movimentos culturais de resistência afro em Campinas. A experiência só veio comprovar o quão rica é a cultura de matriz africana, que mesmo com as adversidades, violências sofridas e preconceitos, se fundamenta no acolhimento e no tempo de amadurecimento de cada indivíduo. E a prática da dança faz parte desse movimento eterno de reconstrução do povo negro”, reflete Bianca.
Foto: Raquel M Galvão
Nos dois meses que esteve em Campinas, a artista buscou referências para a criação da apresentação Dança das Águas no Ilê em visitas a terreiros como a Casa do Arco-Íris, liderada pela Mãe Dango, e a Comunidade da Tradição e Culto Afro Ilesin Ogun Lakaiye Osinmole / Instituto Cultural Baba Toloji, tendo também acompanhado festejos para Orixás, no Ilè Asé Obá Adákédájó Omí Aladò, guiados pelo Babalorisá Moacyr de Xangô.
Com a pesquisa aliada à educação e à cultura na região, a dançarina realizou oficinas de dança afro para crianças na Escola João Vialta, localizada no Jardim Metonópolis, em Campinas, e oficinas abertas no Museu da Imigração de Santa Bárbara D’Oeste.
“Todas as experiências que tive durante a residência artística me fizeram perceber o quanto a dança compõe a nossa história e como ela fortalece a identidade afro, a auto-estima das mulheres e a luta anti-racista no Brasil”, afirma a artista que dirige o espetáculo final, no qual presta a sua homenagem para as Orixás das águas, tão presentes nas manifestações culturais de matriz africana.
No encerramento do projeto, acontecerá, além da apresentação coletiva e um solo de Bianca, a exposição “Fronteiras com os Orixás – Só se encontra com Deus nos extremos“, do artista baiano André Mustafá e a projeção do filme “A Mulher da Casa do Arco-Íris“, de Gilberto Alexandre Sobrinho, que relata poeticamente a história da Mãe Dango.
O projeto Dança das Águas no Ilê conta com o apoio do Estado da Bahia e o retorno da dançarina será para a cidade de Caravelas, onde reside atualmente, e dará continuidade à pesquisa e criação em cultura afro-brasileira para a promoção da cidadania de crianças, jovens e mulheres.
O evento será no Ponto de Cultura e Memória Ibaô, na Rua Ema, 170, Vila Padre Manoel da Nóbrega, Campinas (SP). Mais informações, acesse: https://www.facebook.com/events/803065823150520.
Foto para Ilustração
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O Coletivo Patacori Audiovisual teve a ideia de registrar saberes tradicionais do Candomblé e da Umbanda a partir da necessidade de combater o preconceito contra estas religiões e pelo desejo de narrar estas histórias a partir dos próprios olhos. Desde 2011 foram registrados 559 ataques contra religiões de matrizes africanas Brasil afora.
“O candomblé é uma tradição baseada na oralidade dos mais velhos, que detém o saber. Nele, as tradições são passadas através das gerações e como não conseguimos parar o ciclo natural da vida, corremos o risco de não documentar todo o seu conhecimento quando eles morrem”, afirma Marcelo Morais, membro do Coletivo.
Audiovisual como auto-expressão
Para Marcelo, a intolerância está baseada no racismo e no desconhecimento sobre as práticas religiosas. “Só em contato com o diferente que vamos conseguir superar as diversas forma de opressão que estão postas”.
Através do Programa de Valorização de Iniciativas Culturais (VAI 2017), da prefeitura de São Paulo, o Coletivo realizou oficinas de produção audiovisual para jovens negros e periféricos frequentadores de terreiros e espaços religiosos de matrizes africanas em janeiro deste ano.
As oficinas deram origem a dois mini-documentários e a uma publicação, que serão lançados no dia 3 de agosto, em São Paulo, produzidos pelos próprios aprendizes. A publicação conta com poesias, histórias e contos de autoras como Jô Freitas, Thatá Alves, Anna Raquel, Webert Cruz, Priscila Preta, Marília Casaro e projeto gráfico de Luiz Matheus, com produção de Monique Lupi e Marcelo Morais.
Direito à própria voz
Por meio de ciclos de cultura, os participantes aprenderam a captar imagens, colher depoimentos e editar o material final. “O método está atrelado ao conceito de oralidade nos terreiros, já que com a expansão da internet e a produção de conteúdos, temos o audiovisual como principal ferramenta de disseminação de ideias e pautas da população negra”, afirma Monique Lupi, membro do Coletivo.
“O direito à narrativa da juventude negra se faz necessário para vocalizar nossa luta para que estejamos vivos, com equidade de raça, classe, gênero e liberdade religiosa”, resume Morais.
O lançamento dos curtas Patacori conta com coquetel, distribuição de publicação, debate e show da cantora Carú Bonifácio. O evento acontece hoje (3), na Alameda Nothmann, 1.135 – Sta Cecília, São Paulo – Cia da Revista. O evento é gratuito. Para informações, acesse: https://facebook.com/coletivo.patacori.audiovisual.
Ano após ano a comunidade internacional presta homenagens ícone e ex-Presidente da República da África do Sul, Nelson Mandela, no dia 18 de julho, durante o Mandela Day. Este ano, a comemoração teve a data alterada para agosto e ganhou outra conotação: será realizada no dia 4 de agosto, das 8h às 10h30h, no Parque Ibirapuera, quando “Madiba” completaria 100 anos.
As atividades serão capitaneadas pelo Consulado da África do Sul em São Paulo, com apoio da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), e propõe que os participantes transformem seus minutos em um tempo de transformação, da mesma forma como Mandela fez por seu país.
O tema escolhido foi “Seja o Legado: Comemorando o nascimento de um ícone mundial e uma vida servindo”. O evento será a Mandela Fun Walk, que propõe encorajar, inspirar e motivar pessoas de todas as idades e origens para melhorar sua saúde por meio do exercício.
Inspirados em Mandela, o intuito é fazer com que os participantes façam algo que os beneficiem, seja uma caminhada, seja um exercício, fazendo a diferença e mostrando como gestos simples do cotidiano podem contribuir para profundas transformações ao longo do tempo.