Boa notícia para negros, indígenas e alunos de escolas públicas que fizeram o ENEM. A partir de 2018 o curso de direto da USP, um dos mais respeitados do país, irá aderir ao sistema de cotas em seu vestibular.
“Anos de luta do movimento negro, movimento de cursinhos comunitários e dos estudantes de luta da SanFran, finalmente a direção da Faculdade de Direito da USP aprovou, por muita pressão”, comemora o Douglas Belchior, professor da Uneafro Brasil.
Foto: Divulgação Facebook
A partir de 2018 vai ser assim:
20% Pretos, Pardos, e Indígenas vindos de Escola Pública (ENEM)
10% Escola Pública (ENEM)
70% FUVEST
O resultado vem de anos de luta do movimento negro, entre eles os coletivos UNEAFRO e EDUCAFRO, que já oferecem cursinhos e bolsas de estudos para alunos negros e carentes.
Do Outro Lado do Atlântico trata da ponte entre Brasil e África por meio das histórias de vida de estudantes de países africanos de língua oficial portuguesa que estudam ou estudaram em universidades brasileiras. As trocas culturais, os imaginários e espelhamentos criados nos dois lados do Atlântico revelam temas que projetam um olhar para o passado, presente e futuro das relações entre o Brasil e os cinco países africanos representados pelos estudantes no filme – Guiné-Bissau, Cabo Verde, Moçambique, Angola e São Tomé e Príncipe –, além do Timor Leste.
Dos temas tratados, o filme destaca o impacto que a formação superior desses estudantes no Brasil representa para a realidade dos seus países de origem, ao levarem tanto os conhecimentos acadêmicos aqui adquiridos, quanto as suas experiências de vida, expressando ainda as diversas formas que suas identidades são afetadas pela questão racial, ao passarem a viver em um país predominantemente negro e mestiço, embora marcado por grandes desigualdades, negação de sua negritude e forte discriminação racial e social.
Sequence_DOLA_foto de Chico Alves
Dessa forma, os relatos são marcados, sobretudo, pelas narrativas que expressam a difícil decisão de deixar o país, os familiares, amigos, amores, entre outras coisas, em busca do sonho da formação superior e de uma vida melhor, bem como o desfio da adaptação no Brasil, onde, muitas vezes, são vistos com desconfiança, fato que é contrastado com a imagem prévia e ilusória de um país livre de preconceitos.
Sequence_DOLA_foto de Chico Alves
Em decorrência desse debate, o documentário propõe uma reflexão sobre os conflitos identitários e tensões raciais vividos pelos estudantes no Brasil, porém sem esquecer os encontros culturais, que também ocorrem por meio das relações de amizade, afetivas e amorosas (namoros, casamentos), e como esses encontros acabam modificando todos os envolvidos nessas relações (tanto africanos, como brasileiros). É na interação cotidiana entre os jovens das várias nacionalidades e os brasileiros, dentro e fora do ambiente universitário, que se desperta o interesse mútuo acerca das relações históricas entre o Brasil e a África, surgindo questionamentos sobre processos de escravização, miscigenação, formação da cultura afro-brasileira, discriminação racial e desigualdade, possibilitando ainda quebrar com estereótipos criados sobre o continente como um lugar atrasado e primitivo.
Do Outro Lado do Atlântico estreia comercialmente em São Paulo no dia 30/03, com sessão especial de lançamento – aberta e gratuita – seguida de debate no CCSP, e segue em cartaz até 05 de abril na sala CineOlido, do circuito SPCine.
O filme também está disponível para qualquer pessoa e/ou instituição que queira organizar uma exibição coletiva em seu espaço, por meio da plataforma de distribuição alternativa Taturana Mobilização Social: www.taturanamobi.com.br. Basta se cadastrar e agendar a sessão.
Serviços
30/03, às 19h30 – Estreia especial aberta e gratuita no CCSP – Sala Paulo Emílio
Com a presença dos diretores e convidados
Os ingressos serão distribuídos na bilheteria com uma hora de antecedência
Endereço: Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso – SP.
Debatedores:
Rogério Ba-Senga, jornalista, mestre em ciências humanas e professor.
Marcio Farias, professor da PUC-SP, coordenador do Núcleo de Estudos Afro Americanos (Nepafro), e integrante do Núcleo de Educação do Museu AfroBrasil.
Maria Fernanda Pascoal, estudante de psicologia, contadora de história e integrante da ONG África do Coração.
O filme seguirá em cartaz na sala CineOlido, até 5 de abril (horário a confirmar)
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De maioria negra, com muitas crianças e idosos, a Comunidade Nelson Mandela, em Campinas despertou nessa terça-feira (28), com a chegada da Polícia Militar em uma operação de reintegração de posse. Eram seis horas da manhã quando famílias foram obrigadas a deixar as suas casas sem ter para onde ir, onde deixar os móveis e documentos pessoais, já que o prefeito da cidade, Jonas Donizete se negou a oferecer algum espaço para os desabrigados, mesmo depois que uma comissão de deputados e vereadores tentaram convencê-lo a usar o ginásio da cidade como abrigo.
Em reação a ação truculenta da polícia e da omissão das autoridades em relação ao destino dessas 600 famílias, moradores se revoltaram e chegaram a ferir um PM.
Todo esse clima de caos e desespero, foi registrado por imagens de celular pelo morador da comunidade, Reginaldo Nascimento Leal.
“Pedimos que a prefeitura cedesse um ginásio para as famílias, mas a prefeitura se negou e está colocando famílias com idosos e deficientes na rua”, diz o jovem tendo ao fundo a imagem de objetos queimados, usados para dificultar a ação da polícia e dar tempo para que as famílias pensarem em alguma solução.
Nessa noite, não sabemos onde essas pessoas comerão ou dormirão. mas a coragem (sim porque a polícia não é muito “amigável ” com jovens negros) de Reginaldo mostra que a tecnologia pode e deve ser usada para denunciar afronta aos direitos humanos e denunciar o descaso das autoridades.
Comunicadores e artistas no Fórum Negros & Negritude na Mídia na Globo (Foto - Muro Pequeno)
A diversidade na publicidade tem aumentado sim e cabe agora aos meios de comunicação seguirem essa tendência de trazer a normalidade para massa, que não se vê na TV brasileira e quando se veem aparecem em narrativas carregadas de esteriótipos.
Mas é aí, como aumentar essa representatividade na maior emissora do Brasil? O Fórum Negros & Negritude na Mídia realizado no Projac, estúdios da Rede Globo, no dia 24 de março, reuniu jornalistas como Flávia Oliveira, o cineasta Joelzito Araújo, o Youtuber Murilo Araújo, do canal Muro Pequeno, o casal de atores Lázaro Ramos e Taís Araújo, entre outros convidados gabaritados para falar sobre o tema.
“Foi sensacional a Globo chamando criadores e produtores negros pra falar e se colocando na plateia pra ouvir a gente dizer. Foi um primeiro bate papo que a gente tá interessado em manter ativo, pra ver como isso pode se converter em ações. Lázaro e Tais tão fazendo um papel importantíssimo de cobrar e manter a discussão acesa. Fiquei bem feliz de ter participado”, relata Murilo Araújo que será um dos entrevistados da nova temporada do programa Espelho, no Canal Brasil.
Durante o evento também foram debatidas formas de ter mais representatividade nos bastidores e nos setores de criação e pesquisa. Tá aí Shonda Rhimes para provar que negros nos bastidores também tem papel fundamental para trazer a diversidade para às produções de TV.
Racismo no mercado de trabalho não é novidade para ninguém. Agora um homem branco poderoso denunciando e levando seus seguidores a refletirem sobre como muitos profissionais negros, altamente competentes e gabaritados, são descartados durante processo seletivo só por pela cor da pele, aí já é algo raro, porém necessário. E foi isso que presidente da Bayer aqui no Brasil, Theo Van Der Loo fez em seu perfil no Linkedin, neste último domingo, 26 de março.
“NÃO ENTREVISTO NEGROS” Ontem, dia 24 de Março, ouvi uma história inaceitável e revoltante. Um conhecido meu, afro-descendente, com uma excelente formação e currículo, foi fazer uma entrevista. Quando o entrevistador viu sua origem étnica disse à pessoa de RH que ele não sabia deste detalhe e que não entrevistava negros! Eu disse ao meu amigo para fazer uma denúncia. Aí outra surpresa! A resposta: “Pensei, mas achei melhor não fazer, pois posso queimar minha imagem. Sou de familia simples e humilde custou muito para chegar onde cheguei”.
Veja a postagem abaixo.
Imagem Linkedin
Loo também se mostrou muito perplexo com a atitude do amigo em não expor o ocorrido, o que é muito compreensível. Apesar de soar cômodo, o covarde (isso não foi sugerido no post), às vezes escolher se calar para não ser descartado em outros lugares é uma das decisões mais penosas, sobretudo para quem tem formação e experiência. Não é engolir sapo. É estratégico. E é sofrido.
Racismo é crime, mas é também é uma violência. Cada vítima reage de uma forma, mas há casos de pessoas que mesmo cientes dos seus direitos, sabem que também, são o lado mais vulnerável e podem comprometer sua carreira de forma irrecuperável, até porque a denúncia seria um caso de polícia.
Há poucos negros em cargos de liderança que possam levantar essa bandeira no sentido de mostrar que denunciar o racismo no meio corporativo e nos processos seletivos, especificamente, não é uma sujeira que deve ser jogada debaixo do tapete. Isso não pode ser uma luta solitária de um candidato discriminado, nem do único executivo negro da empresa. Também não é uma causa somente negra.
Por isso atitudes como Van Der Loo são preciosas. Líderes brancos não serão demitidos por denunciar racismo, machismo, ou qualquer tipo de afronta à lei e aos direitos humanos. As pessoas param para ouvir, repercutem e é assim que as coisas mudam.
Acredito na união de forças para avanços mais amplos e efetivos, homens e mulheres, negros e brancos. Afinal de conta se nós não criamos o problema, porque eliminar o racismo é tarefa só nossa?
Martin Luther King Jr. | Design | Graphic Design & Publishing Center
Os ensinamentos sobre paz e tolerância deixados pelo ativista Martin Luther King nunca foram tão necessários para humanidade como agora. Para refletir sobre seu modo pacifista em lidar com conflitos durante a luta pelos direitos civis dos afro-americanos, a Associação Palas Athena realiza junto ao Sesc, com a cooperação da UNESCO e do Consulado Geral dos Estados Unidos da América em São Paulo, a 14ª Semana Martin Luther King . O evento acontece no dia 4 de abril, terça-feira, no SESC Vila Mariana, em São Paulo.
“Violência Não Abre Caminho” será o tema principal do evento que terá abertura de Jenna Paisley, vice-cônsul dos Estados Unidos. A mesa temática trará Carlos Machado, escritor, professor e mestre em História Social – USP e Cláudia Adão, assistente social e mestranda do Programa de Mudança Social e Participação Política – USP, que vão partilharão suas pesquisas, vivências e inspirações sobre o tema. A abertura artística terá a cantora Andreia Bal acompanhada do músico Rick Udler. O encerramento será feito pelo grupo Denna e as Mandigas.
Há 13 anos a Semana Martin Luther King acontece no dia 4 de abril, data do assassinato de Martin Luther King com eventos que visam manter seus ensinamentos presentes. Neste ano, sua morte completa 49 anos.
Serviço:
14ª Semana Martin Luther King Data: terça-feira, 4 de abril de 2017 Horário: 19 horasEntrada Franca
Local: Sesc Vila Mariana
Endereço: Rua Pelotas, 141 – Vila Mariana, São Paulo (SP)
Mais informações: (11) 3050-6188 | 3266-6188
Retirada de ingressos nas bilheterias do Sesc no dia do evento a partir das 14h.
Demorou mais finalmente chegou ao Brasil, via Netflix, a série “black” Greeleaf produzida pela OWN Network, emissora comandada pela apresentadora e magnata do entretenimento americana Oprah Winfrey.
Nos EUA a produção causou polêmica com sua história focada nos segredos profundos e pecaminosos de uma família de pastores.
Cena de Greenleaf
A série foi escrita e produzida por Craig Wright, ele mesmo um ex-pastor. “A trama veio das minhas questões existenciais sobre a religião organizada”, disse Wright à Entertainment Weekly. “Encontramos uma forma de falar sobre fé, e é uma fé muito real, mas é também complicada. Eu genuinamente acredito que esses personagens estão lutando com questões cósmicas na história”.
Na série, a própria Oprah, indicada ao Oscar por A Cor Púrpura, interpreta a sábia tia da protagonista, vivida por Merle Dandridge (The Night Shift). Dandridge, uma ex-pastora que cortou relações com a família, volta para investigar o súbito desaparecimento de sua irmã Faith, mas os pais (feitos por Keith David e Lynn Whitfield) não parecem dispostos a abrir os segredos da família.
Cena de Greeleaf : Divulgação
No Brasil só os episódios da primeira temporada estão disponíveis pela Netflix. A segunda temporada estreou neste mês de Março nos EUA. Mais informações sobre a produção podem ser obtidas pela página de Greenleaf no Facebook.
Há um tipo de jornalismo que nós negros deveríamos consumir mais. Conteúdo sobre Direitos Humanos são mandatórios para uma parcela da população tão exposta à abusos diretos e indiretos, físicos, mentais e institucionais. A Ponte Jornalismo vem em um crescente desde seu lançamento em 2014, com um jornalismo investigativo por meio de reportagens sobre Segurança Pública, Justiça e Direitos Humanos tendo dado vários furos, denunciado casos assédio sexual e e até libertado um jovem negro preso injustamente pela polícia, por meio de uma das suas matérias”.
” Falamos muito sobre os crimes da polícia, pois nosso foco é cobrir violência do estado. E a polícia militar é o braço armado do estado. Não somos contra a instituição, queremos melhorá-la. Cobrimos, sempre de acordo com nossa possibilidade, temas relacionados a racismo e igualdade de gênero também”, explica Antônio Junior (Junião), artista gráfico e jornalista da Ponte Jornalismo,
O Brasil é um dos países que mais mata por arma de fogo e os jovens negros são as maiores vítimas. Porém isso não é pauta para grandes veículos até porque exige coragem, visto que a polícia, persegue e ameças jornalistas.
“As ameaças são constantes, sempre veladas, mas constantes. São feitas via postagens de haters e perfis falsos nas redes sociais. Elas não chegaram a ser físicas, mas as mais preocupantes são as armadilhas institucionais, essas são sempre as mais perigosas, pois estão apenas esperando uma informação ou acusação errada nossa para cair com todo o peso do Estado sobre a gente” explica Junião.
Buscando justiça por meio da comunicação de forma voluntária
Todos esse trabalho incrível da equipe de Ponte Jornalismo é feita de forma voluntária, ou seja, eles bancam os próprios custos para oferecer informação de forma gratuita aos seu leitores.
Como o portal cresceu, a equipe se organiza para manter a qualidade e para isso precisam de ajuda. Com doações a partir de R$ 25 reais, feitos pela plataforma de financiamento coletivo Catarse é possível contribuir para a campanha da Ponto que tem como meta a arrecadação de 130 mil reais. 60% desse valor, vai para o custos da produção das reportagens, como texto, ilustração, fotos, vídeos, transporte da equipe, telefone, entre outros. As recompensas também são incríveis.
Inclusão de negros na publicidade é caso de justiça sim. Quando os publicitários não conseguem perceber as desigualdades nas formas como negros e brancos aparecem nas propagandas o Estado pode colaborar para fomentar a discussão desse tema tão importante para o resgate da identidade brasileira.
E é isso que o Ministério Público do Estado de São Paulo tem feito desde setembro do ano passado, convocando publicitários e pessoas influentes da comunidade negra para discutir a presença de afro-descendentes na publicidade.
Foto – Divulgação
Nesse (21/03), Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, a Promotoria de Justiça de Direitos Humanos da Capital, área de Inclusão Social, lança a nova fase da campanha “Por que só um tom de pele?”, na página do Facebook do MPSP, em que questiona a baixa participação dos negros em peças publicitárias. O projeto é parte de inquérito civil instaurado pela Promotoria de Justiça para apurar o tema. A primeira fase da campanha foi realizada em setembro de 2016 (confira aqui).
Durante três dias, o Ministério Público de São Paulo proporá um debate, por meio de vídeos, entre produtores de conteúdo, estudantes de publicidade, anunciantes e a sociedade em geral ao questionar por que as propagandas sempre apresentam um mesmo padrão étnico-racial. A locução dos vídeos foi realizada pela promotora de Justiça Beatriz Fonseca, uma das idealizadoras do projeto.
O último levantamento do IBGE, de 2015, aponta que 54% da população brasileira é composta por negros e pardos. Além disso, pesquisa sobre afro consumo realizada pela consultoria Etnus mostra que a população negra brasileira movimenta aproximadamente R$ 800 bilhões ao ano. Apesar disso, em 2016 apenas 24% dos comerciais com protagonistas crianças ou casais eram negros ou pardos, concluiu estudo da agência de propaganda Heads, em parceria com a ONU Mulheres.
“A publicidade não é apenas uma atividade econômica, mas também uma expressão cultural. Por isso, deve refletir a pluralidade étnica e cultural brasileira. Além disto, o negro cada vez mais amplia sua capacidade de consumo e parece que os publicitários não conseguem dialogar com ele. A busca da plena igualdade racial, nos termos do Estatuto da Igualdade Racial, passa por este aspecto”, afirma Eduardo Valério.
Acompanhe todos os vídeos da campanha por meio da página do MP no Facebook.